PETRÓPOLIS, O NAVIO E O CARNAVAL
José Afonso Barenco de Guedes Vaz, Associado Titular, Cadeira n.º 11 – Patrono Henrique Carneiro Teixeira Leão Filho
Nossa cidade, no transcorrer dos anos, foi palco de inúmeras realizações nos mais diversos setores, que possibilitaram os petropolitanos aqui residentes, como também os intitulados “veranistas”, a desfrutarem de proveitosos momentos, particularmente relacionados com diversões, as mais variadas e a cultura, por outro lado, sempre atuante.
Assim é que muitos dos “veranistas” frequentavam nossa terra a exemplo de Itaipava, Araras, Secretário, Pedro do Rio, Posse e outras áreas que lhes pudessem proporcionar descanso no período de férias, exatamente nos meses de verão, além de longos períodos de feriados, sem nunca deixarem de ocupar imóveis no centro histórico e bairros, na condição de antigos proprietários.
O que pudemos perceber, contudo, após o período a que se faz referência, é que tanto nós, que aqui residimos, como aqueles que chegavam à cidade, oriundos de outras paragens, em especial do Rio de Janeiro, entristeciam-se com o desaparecimento de tantas inesquecíveis distrações que certamente lhes estimulavam a visitar Petrópolis.
A tal propósito, a pista de patinação do Marowil, situada nas imediações da Praça da Liberdade, local em que se encontravam muitos jovens como também os mais idosos, mas que apreciavam a patinação, saudável meio de distração e de novas amizades que vinham a se concretizar.
Lamentavelmente, o tempo aliado a novos hábitos e costumes fizeram que se encerrassem tão prazerosas atividades no local.
Outra situação a ser destacada, os “barquinhos” que eram conduzidos por nós a pedaladas, no lago fronteiro ao Hotel Quitandinha.
Momentos de descanso para apreciar a natureza e até de voltar os olhos para a suprema obra construída por Joaquim Rolla, o Hotel Quitandinha.
Tudo desapareceu sem nos dar adeus!
Incrível que pareça, porém realidade, com relação àqueles que desconhecem a trajetória da cidade no passado, eis que foi também palco de circuitos automobilísticos, momentos de diversão, que nunca poderão ser olvidados.
A cidade simplesmente parava de forma a possibilitar a passagem de inúmeros corredores a conduzirem veículos fabricados naquela época, os DKW-Wemag, os Daufini, os Simca Chambord, além de outras marcas que também se apresentavam para participarem das competições. Os petropolitanos Bianchi e Mário Olivetti sempre a lograrem vitórias!
O tempo demonstrou, entretanto, que tais corridas não poderiam mais ocorrer, até pelo aspecto de segurança em razão do rápido crescimento da cidade.
Não poderíamos deixar de fazer referência no tocante aos namorados, como também a nossos pais, que frequentavam constantemente os cinemas Petrópolis, Capitólio, Casablanca, Dom Pedro, além de outros que desapareceram do cenário, lamentavelmente.
Boas e inesquecíveis recordações dos clubes Petropolitano e Serrano, em especial a piscina sempre muito procurada pelos associados do Petrô, localizada na sede do clube no bairro Valparaiso, à Avenida Portugal!Finalmente, vale relembrar a recente conversa mantida com um amigo próximo, ensejo em que o mesmo fez-nos recordar a propósito do bairro Bingen e trazendo à colação o nome de… “Mariza da Silva Gomes, Membro Honorário do Instituto Histórico de Petrópolis (IHP), e ex-chefe do Arquivo Histórico de Petrópolis, localizado na Biblioteca Municipal Gabriela Mistral.
O Jornal Bauerzeitung – Boletim da Colônia Alemã de Petrópolis, abril de 1998 – Edição nº 19”.
E para os que desconhecem, ainda que nascidos nesta terra, o conteúdo da matéria versada no Jornal em questão, talvez fiquem pasmados, vez que… “quem passa pelo Quarteirão Bingen, na altura da Fábrica Werner, não consegue imaginar que bem ali, defronte à Rua Afrânio Peixoto havia um navio “ancorado” no meio do rio Piabanha…”.
E prossegue: “Na verdade não se tratava de navio autêntico. Era uma construção feita em alvenaria, cujo formato foi propositadamente projetado para dar a idéia de uma embarcação navegando nas águas rasas do Piabanha”.
Na verdade, o navio Armazém/Boate, local onde circularam até nomes de artistas à época os mais famosos!
Entretanto, em decorrência do barulho da alta música e a insatisfação dos moradores próximos, tudo isso aliado a brigas que também ocorriam no interior do “NAVIO”, acabaram que as atividades desenvolvidas em seu interior fossem encerradas.
Foi a “pique” no ano de 1968, felizmente sem que tivessem ocorrido “náufragos” águas abaixo do rio em questão.
A grande realidade, é que o conturbado momento que todos vimos atravessando, considerando o passado transcorrido com paz, alegria e segurança, sugerimos, como alento, que devamos aproveitar o período carnavalesco e nada melhor que valermo-nos do reinado de Momo para reler Jorge Amado, in “O Brasil o país do Carnaval”.
Enquanto isso, nossa cidade continua lutando ferozmente, ainda que sem o “navio ancorado”, em decorrência das recentes enchentes do Rio Piabanha.