A FAMÍLIA KOPKE E SUA OBRA EM PETRÓPOLIS (Introdução)

Carlos O. Fróes, Associado Titular (falecido)

Há 150 anos atrás — por volta do final de 1847 — os irmãos Guilherme e Henrique Kopke fizeram suas primeiras incursões à Imperial Colônia de Petrópolis, onde pretendiam dar execução a um audacioso projeto concebido por eles em Sabará para a construção de um modelar estabelecimento de ensino particular. Ambos eram portugueses de nascimento com origem germânica. Três anos antes, Henrique obtivera uma carta de naturalização brasileira, ao que tudo indica, para se qualificar, ante a legislação do País, ao exercício da direção de um colégio.

Naquela remota, precária e futurosa colônia que mal acabava de se estruturar e ensaiava os primeiros passos como povoado, adquiriram um grande terreno onde iniciaram a construção de um majestoso conjunto arquitetônico, absolutamente adequado aos requisitos escolares propostos.

Em seguida, cuidaram de fixar residência nas proximidades do local da obra. Ali, Henrique ampliou e criou sua prole, o que deu origem a cinco ramos de família.

O ” Collégio de Petrópolis “, concluído em meados de 1849 e inaugurado a 1.I.1850, obteve amplo sucesso e foi consagrado sob o nome de “Collegio Kopke “.

O Engenheiro Guilherme Kopke, deixou Petrópolis logo aos primeiros anos da década em curso, a fim de cuidar de seus negócios na Europa.

O Professor e Advogado Henrique Kopke integrou-se desde o início à emergente comunidade, participando efetiva e intensamente do processo embrionário de formação social, política e cultural da localidade que muito breve desabrocharia como cidade.

Todos os seus filhos receberam a formação primária e secundária em Petrópolis e, a partir de 1875, foram deixando a cidade, paulatinamente, em busca de novas oportunidades, implantando seus ramos em Bemposta, São Paulo, Rio de Janeiro e Niterói.

Dentre eles, o que permaneceu mais tempo em Petrópolis foi Henrique Kopke Jr. que, seguindo os passos de seu pai, exerceu diversas funções e cargos de grande expressão no Município, inclusive, presidindo por dois mandatos a Câmara Municipal. Já no período republicano, culminou pelo exercício do cargo de Diretor da Secretaria do Interior e Justiça do Estado do Rio de Janeiro, ocasião essa em que ocupou – interinamente e por quase três anos – a pasta do Interior e Justiça.

Em decorrência do retorno da Capital do Estado para seu local de origem, ele se transferiu com a família para Niterói, em 1904, deixando de acompanhá-lo, apenas, uma filha, D. Annita Kopke Fróes — née Anna Bauer Kopke — que se casara com o Professor Antônio Gabriel Coutinho Fróes.

A continuidade deste ramo ainda vem sendo mantida por um neto, dois bisnetos e dois trinetos de Henrique Kopke Jr. que vivem fora de Petrópolis. Os últimos remanescentes da linhagem, legitimamente petropolitana, a ostentar Kopke em seus sobrenomes foram os irmãos Gabriel e José Kopke Fróes.

Os Kopke que, atualmente vivem em Petrópolis são provenientes do ramo de Henrique Augusto Kopke, retornados posteriormente a esta cidade.

O presente ano de 1997 que tantas lembranças de família fez evocar, nos propiciou, ainda, uma feliz coinscidência, qual seja o centenário de nascimento de Gabriel Kopke Fróes que dedicou sua vida inteiramente à família e à tão querida terra natal. Como cidadão, homem público e historiador, prestou inestimáveis serviços à Petrópolis e à preservação da história local.

É justo, pois, que a memória deste, também ilustre, Kopke seja enfocada neste momento.

Dessa forma, o autor que, orgulhosamente, ocupa no Instituto Histórico de Petrópolis a “Cadeira Gabriel Kopke Fróes”, viu-se estimulado e, por que não dizer, compelido a prestar uma despretensiosa homenagem ao pai e patrono, através do aperfeiçoamento e ampliação dos conhecimentos sobre seus ancestrais, a começar pelo tronco Kopke.

É certo que muita matéria de excelente qualidade já foi produzida a respeito desta família e sua obra. Todavia, entendemos que surgiu um momento extremamente propício para retornar ao assunto, objetivendo uma integração das informações disponíveis que nos pareciam muito dispersas e, em alguns casos, vagas, incompletas ou, até mesmo, equivocadas.

O trabalho proposto, realizado através de paciente pesquisa e criteriosa análise, além de ter alcançado todos os objetivos pré-fixados, propiciou o resgate de diversos dados e fatos inéditos.

” A FAMÍLIA KOPKE E SUA OBRA EM PETRÓPOLIS”, elaborada em caráter de Ensaio, foi estruturada em cinco partes :

Parte I – ” INTRODUÇÃO “

Parte II – ” OS KOPKE — DE HAMBURGO A PETRÓPOLIS “

Parte III – ” O COLLEGIO KOPKE “

Parte IV – ” A DESCENDÊNCIA DO PROFESSOR HENRIQUE KOPKE “

Parte V – ” CONTRIBUIÇÃO DOS KOPKE À COMUNIDADE PETROPOLITANA “

Dentro de uma proposta mais abrangente, o presente Ensaio poderia constituir o elemento informativo inicial de uma possível ação preparatória para a comemoração da Efeméride Petropolitana que acontecerá logo ao primeiro dia do próximo milênio, ” OS 150 ANOS DO ENSINO PARTICULAR EM PETRÓPOLIS “.

Como é notório, o “Collegio Kopke” , fundado solenemente no dia 1.I.1850, foi o marco pioneiro do evento a ser celebrado.

Para o autor tornar-se-ía extremamente importante e gratificante verificar que produziu um informe condensado, de fácil leitura e, razoavelmente, completo sobre um assunto que, no dizer do saudoso historiador Gabriel Kopke Fróes, seria tratado como “um fato interessante da História de Petrópolis”. Fato este que desencadeou um sadio processo de disputa pela primazia da Instrução Primária e Secundária Particular, iniciado, antes mesmo, de Petrópolis ser uma Cidade. No ardor daquela disputa surgiram diversos e excepcionais colégios que, certamente, foram o embrião da tradição Petropolitana no que se refere à instrução de elevado nível que vem se mantendo inabalável por quase 150 anos nesta privilegiada Cidade Serrana.