A imigração italiana em Petrópolis

Enrico Carrano, Associado Titular, Cadeira n.º 3 – Patrono Antônio Machado
Pedro Paulo Aiello Mesquita, Associado Titular, Cadeira nº 5 – Patrono Ascânio Dá Mesquita Pimentel

 

A imigração italiana em Petrópolis aconteceu entre o final do Século XIX e o início do Século XX, e se concentrou, basicamente, em Cascatinha e no Alto da Serra; teve por objetivo fornecer mão-de-obra operária para as indústrias têxteis da época.

Em Cascatinha, sede da Companhia Petropolitana de Tecidos, que data de 1873, os italianos respondiam por cerca de 40% (quarenta por cento) da população local.

Em 1903, foi fundada, no Alto da Serra, a Fábrica Cometa, que também, em larga medida, valeu-se do trabalho de italianos que, por não possuírem um lugar para residência, foram morar, muitos deles, na vila operária de Cascatinha.

Desde a chegada ao Brasil, as condições desses estrangeiros não eram favoráveis, até porque inexistiam leis trabalhistas que lhes assegurassem direitos.

Por isso, movidos por sentimentos de solidariedade étnica, foi que os italianos criaram sociedades de mútuo socorro, que visavam manter a união entre eles, ao mesmo tempo em que buscavam suprir as carências que encontravam em uma Petrópolis em ritmo crescente de urbanização e industrialização, com toda a dificuldade que esse processo traz para a vida da população.

Duas das quatro sociedades de italianos existentes em Petrópolis funcionavam em Cascatinha: a Società Operaria Italiana di Mutuo Soccorso di Cascatinha, de 27 de outubro de 1902 e, também, a Società Italiana de Beneficenza Principe di Piemonte, di Cascatinha, Stato di Rio de Janeiro, instituída em 06 de agosto de 1905.

Assim, a história de Petrópolis deve ser contada tanto à luz da colonização germânica no 1º Distrito, quanto da imigração italiana, operária e proletária.

É preciso manter vivas as tradições que nos foram legadas pelos italianos, e que podem ser constatadas até hoje em nosso cotidiano: a tradição católica, que muito enriqueceu de festas e devoção desses bairros italianos, os jogos de bocha, que até a bem pouco tempo era praticado na Praça de Cascatinha, e no ponto mais visível para a maioria das pessoas, que é a gastronomia, com as tradicionais massas feitas com receitas caseiras que perpassam gerações.

Muitos são os exemplos da vida em sociedade tendo os italianos em destaque no clássico livro “Os Italianos em Petrópolis” de José de Cusatis, que traz em uma narrativa livre e de um interesse quase literário, o legado de tantas famílias italianas, seus valores individuais e também os “causos” divertidos que animam o senso comum quando se fala da espontaneidade e da alegria dos italianos. 

Nesse quadro, a Serra Serata representa uma ocasião para rememorar a presença dos italianos em nossa História, e trazer à baila a importância desse povo que tanto lutou no momento da consolidação urbana de nossa Cidade Imperial.

REFERÊNCIAS

MESQUITA, Pedro P. Aiello. A Formação Industrial de Petrópolis. Curitiba: Editora Prismas. 2014

BATALHA, Cláudio. A Formação da Classe Operária: um fenômeno econômico. In: O Brasil Republicano. São Paulo: Difel, 2002

CAMPINHO, Inês. Bairro que nasceu em torno da fábrica vive das lembranças da Companhia Petropolitana. Folha de Petrópolis. 1995

COMPANHIA PETROPOLITANA. História da Companhia Petropolitana Relatórios da Diretoria

CUSATIS. José. Os Italianos em Petrópolis. Petrópolis. Edição da Câmara Municipal. 1993