A PAINA, BELEZA CAÍDA DO CÉU
Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva
Os ventos de agosto e setembro estão espalhando pelo ar os levíssimos flocos de paina.
Duvidamos que alguém não sinta a melhor sensação de gostosura, se se der ao trabalho de tocar num pouco de paina.
É tão difícil reprimir a agradável surpresa, como é quase impossível definir com palavras o que seja “fofo”.
As paineiras, nesta época do ano, já começam a estar cheias de suas características bolas de lã. Repare-se, por exemplo, naquela que existe ao lado norte da ponte de pedestres em frente ao Museu. Ou naquela perto do Inamps, no Bosque do Imperador.
E pelo chão, em meio à sujeira que o Senhor Prefeito se esforça por recolher e que a pouca educação de nossa gente continua jogando pelas ruas, se encontram os felpos brancos, finíssimos.
Serve isto como lição de vida.
Entre restos de papel, copos usados, caixas quebradas, tampas de garrafa, vidros partidos, dejetos mal-cheirosos, sacos plásticos, panorama constante da civilização que dizemos ter, se pode descobrir o produto da natureza, como neve de pureza surpreendente.
Se quisermos olhar, sempre poderemos encontrar beleza em qualquer ambiente ou situação. Ou nas coisas ou no coração das pessoas.
Está tendo animador desenvolvimento o plano de, com fins muito mais amplos, interessar alunos na elaboração do Catálogo das Paineiras de Petrópolis. O Colégio Werneck já está trabalhando nisto.
Há tesouros que advirão daí. Dos bons petropolitanos do futuro muitos identificarão no amor por sua terra uma das mais vivas fontes de sabedoria e de felicidade, encarnadas na indispensável poesia.