ACADEMIA PETROPOLITANA DE LETRAS – 88º ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO

Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira

Na próxima terça-feira, dia 03 de agosto, é o 88º aniversário de fundação de nossa querida APL. Por isso, a coluna de hoje será inteiramente dedicada à sua história.

Reproduziremos trecho do discurso proferido pelo Acadêmico Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos, um de seus fundadores, proferido no dia 03 de agosto de 1942, quando a Academia completava 20 anos.

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Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos
(a partir do acervo do autor)

São palavras do Acadêmico Joaquim Heleodoro:

“Nasceu a então Associação Petropolitana de Ciências e Letras, mais tarde simplesmente Associação de Ciências e Letras e hoje Academia Petropolitana de Letras em 3 de agosto de 1922.

Foram seus idealizadores um punhado de pessoas, ainda jovens e que sonharam dotar Petrópolis de um Centro de Cultura Intelectual, não somente das letras, mas também abrangendo a ciência e a arte, em suas múltiplas manifestações.

Poucos anos antes, refulgira no céu petropolitano um astro de primeira grandeza: o Círculo de Imprensa. Mas passara como um meteoro. Surgira amparado pelos mais eminentes vultos do jornalismo e de letras destas serras, esparzira a mancheias os raios de uma fulguração invulgar, mas desde logo empalideceu e desapareceu na noite do passado. João Roberto D’Escragnolle, aquele ancião de espírito juvenil que todos conhecemos e admiramos e que, embora enfermo, com os movimentos tolhidos por insidiosa paralisia, era uma oficina viva de energia criadora, fora um dos seus idealizadores. Para ele não era possível conceber que tantos homens ilustres e tantas energias moças que formavam o Círculo de Imprensa o tivessem deixado perecer. E resolveu reorganizar o Círculo de Imprensa. Não mais uma associação, uma obra de muitos, mas o esforço de um só, dele D’Escragnolle.

E então montou o Círculo numa saleta da então Pensão Petrópolis, depois Hotel Savóia (atual Edifício Marchese).

Ali, em torno de uma mesa, reunia ele todos os dias os jovens que gostavam de brincar com as letras e os homens que já sabiam manejá-las.Havia ali livros e jornais à disposição de todos e, melhor ainda, o conselho e estímulo de sua palavra amiga.

D’Escragnolle não era rico. Não possuía, mesmo, nenhum bem de fortuna. Todo esse seu idealismo saía-lhe grandemente pesado. Entretanto, dava-se por imensamente feliz, se esse seu sacrifício fosse compensado com a frequência cotidiana do Centro.

A princípio assim foi, mas, depois, foi rareando e, ao fim, dias se passavam sem nenhuma visita à sala do Centro, sem uma só consulta aos seus livros e jornais, sem um pedido de parecer à experiência e ao saber do velho jornalista.

Dias depois, D’ Escragnolle realizava em sua casa uma reunião a que compareceram Henrique Mercaldo, Reynaldo Chaves e Joaquim Heleodoro quando os quatro trocaram idéias para a concretização da fundação em Petrópolis, de uma sociedade de Letras.

A 3 de agosto, na sala do Centro de Imprensa, sob a presidência do Dr. Eugênio Lopes Barcellos, jornalista e literato ao tempo em exercício como Prefeito, que havia sido para isso especialmente convidado, realizava-se a sessão de fundação da Associação Petropolitana de Letras”.