ANIVERSÁRIO DE 80 ANOS DO IHP
Ontem na sessão solene comemorativa do aniversário de seus 80 anos, o Instituto Histórico de Petrópolis recebeu a historiadora Lúcia Maria Paschoal Guimarães, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ e 1ª secretária do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, que proferiu a conferência “RECORDANDO: CASOS E PERFIS”. PETRÓPOLIS NA CRÔNICA DE MAX FLEIUSS.
A Dra. Lúcia Guimarães discorreu sobre a trajetória de seu bisavô, dando ênfase em sua relação com a cidade de Petrópolis e com o nosso Instituto. Selecionamos aqui alguns trechos de sua conferência.
Max Fleiuss, Bacharel em direito pela Faculdade do Rio de Janeiro. Max Fleiuss colaborou em órgãos da imprensa, mas dedicou-se, sobretudo, ao magistério e aos estudos históricos. Sua carreira de historiador teve início em 1900, com a monografia “Centenários do Brasil”, apresentada para admissão no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro-IHGB. Max “entendia a história como uma espécie de totalidade. Não no sentido que mais tarde seria definido por Fernand Braudel, cabe esclarecer. Mas sim como um complexo sistema, cujas engrenagens são interdependentes.” Deixou volumosa produção bibliográfica, que ultrapassa cinquenta títulos, afora as colaborações na imprensa e um conjunto de textos redigidos sob o pseudônimo Frederico Martins.
Max visitava Petrópolis desde a juventude. No período imperial, secretário-particular do ministro dos Estrangeiros, conselheiro Rodrigo Silva, costumava acompanhá-lo nos despachos com o visconde de Ouro Preto, que aqui veraneava. Depois passou a frequentar os almoços domingueiros da Vila Petiote, no Alto da Serra, onde residia o seu amigo e compadre, o conde de Afonso Celso. Mais tarde, já como primeiro secretário do IHGB, subia a serra constantemente para se avistar com o barão do Rio Branco, que na época exercia a presidência do Instituto.
Em 1937, convocado pelo prefeito Yeddo Fiuza, integrou a Comissão do Centenário de Petrópolis. Logo depois, como membro desta Comissão foi convidado e aceitou ingressar como sócio fundador do Instituto Histórico de Petrópolis.
Teve participação na campanha em prol da transferência dos restos mortais dos imperadores para o Brasil, liderada pelo IHGB desde 1905. Conde de Afonso Celso e Max Fleiuss cumpriram papéis meritórios, na qualidade de presidente e de primeiro secretário do IHGB, na organização do cerimonial de desembarque e recepção dos ataúdes de D. Pedro II e de D. Teresa Cristina, no Rio de Janeiro, em 8 de janeiro de 1921, assim como do cortejo que os levou à antiga Catedral da Sé.
Em 5 de dezembro de 1939, nas solenidades que marcaram a inauguração do panteão dos Imperadores, na Catedral São Pedro de Alcântara em Petrópolis, coube a Max discorrer sobre o sentido político da efeméride e sublinhar a relevância de D. Pedro II no desenrolar da história pátria. Sua oração foi proferida na escadaria do antigo palácio, hoje Museu Imperial, no momento da saída dos ataúdes rumo ao mausoléu.
Max Fleiuss, infelizmente, não subiu a serra para comparecer à inauguração do Museu Imperial, em 16 de março de 1943. Nem tampouco assistiria a transferência do Arquivo da Família Imperial guardado no Castelo d’Eu (França) para o Museu, em abril de 1948, duas demandas por ele defendidas em suas crônicas. Faleceu em 31 de janeiro de 1943.
A conferencista finalizou dizendo: “Mas onde quer que esteja, deve sentir-se vitorioso nas causas que abraçou. Hoje mais contente ainda por ser lembrado aqui no Instituto Histórico de Petrópolis, do qual foi fundador. Creio que esta Casa ofereceu-lhe um verdadeiro presente de aniversário, já que daqui a 8 dias comemora-se o sesquicentenário do seu nascimento”.