ANTHERO PALMA, A FAMÍLIA E A POESIA

José Afonso Barenco de Guedes Vaz, Associado Titular, Cadeira n.º 11 – Patrono Henrique Carneiro Teixeira Leão Filho

 

Não pude conhecê-lo uma vez que deixou essas paragens em 24 de agosto de 1951.

Todavia, passei a tomar conhecimento de sua excepcional figura através de Maria Carolina Azevedo Avellar Palma, sua esposa, e dos filhos Décio Elísio, Maria Helena e Maria de Lourdes, esta última que passou a residir com a família na cidade de Niterói.

A mãe, carinhosamente tratada por d. Chuchinha e a filha, na intimidade chamada por Fita.

Com meus pais, a família Avellar Palma sempre a fazer alusão à figura de Anthero, pai e esposo amado.

Residiram por longos anos no bairro do Valparaiso à Rua Marcílio Dias.

Entretanto, com o passar do tempo partiram deste mundo deixando um grande vazio para uma plêiade de amigos que frequentavam sua casa.

A vida e obra de Anthero Palma, contudo, jamais deixaram de ser lembradas, vez que se tratava de exímio poeta e jornalista, além de chefe de família exemplar.

A propósito, vale ressaltar o nome de uma das grandes figuras que faz rememorar poetas que viveram nesta terra, o professor, poeta e escritor Paulo César dos Santos, membro da Academia Petropolitana de Letras, além de outras instituições, ao publicar, em 2016, a obra “Poetas Petropolitanos – Uma Saudade”, na qual figura, justamente, Anthero Palma.

Mineiro, nascido em Rio Pomba em 26 de março de 1878, mudou-se para Petrópolis em virtude de integrar os quadros dos Correios e Telégrafos, passando aqui, por conseguinte, exercer suas atividades.

Nesta cidade, foi agraciado com uma rua, Travessa Anthero Palma, situada nas imediações da Avenida Pibanha.

O ilustre professor Paulo César dos Santos faz recordá-lo, também, como colaborador com a imprensa local utilizando-se dos pseudônimos de João Mentira e Asaphinse.

Por outro lado, evoca que Anthero foi um dos fundadores da Associação Petropolitana de Ciências e Letras, atual Academia Petropolitana de Letras, tendo sido o primeiro ocupante da cadeira nº 24, patronímica de Bernardo Guimarães.

Em 1919 fez publicar a obra “Reminiscências de minha terra”, justamente com a finalidade de rememorar tempos de meninice em sua terra natal.

Digna – diga-se de passagem – de ser ressaltado o texto levado a cabo por parte do mesmo, além de tantos outros, “Dramas da Vida”, que fez dirigir à filha querida Maria Helena, que integra a Revista nº 4, da APL ano IV – dezembro de 1936, e mais recentemente a esplêndida coletânea das Revistas da Academia Petropolitana de Letras, página 237, edição comemorativa dos cem anos de sua criação.

Neste mesmo texto, de início, Anthero Palma, num feliz momento, vale-se do escritor Alvarenga Peixoto, notável poeta e jurista, transcrevendo uma belíssima trova que, sem dúvida, faz lembrar a filha.

 

“Amada filha, é já chegado o dia,

Em que a luz da razão, qual tocha accesa,

Vem conduzir-te a simples natureza;

É hoje que o teu mundo principia.”

 

Na realidade, os aconselhamentos partidos do pai nunca foram olvidados pelos filhos, que sempre se orgulharam da efetiva participação do mesmo junto às Letras de Petrópolis.

Seus filhos, constantemente, a demonstrarem gratidão, apreço e carinho com relação à cidade que o recebeu de braços abertos!

O filho, Décio de Avellar Palma, seguindo a trajetória do pai, jornalista que por muitos anos colaborou com a imprensa de sua terra natal.

A irmã Maria Helena, na condição de professora e poeta, apreciadora da boa leitura, por isso mesmo tendo recebido a importante missão de gerir, por anos, o acervo da Biblioteca Municipal.

E mais, um feito que muitos desconhecem relacionado com a Academia Petropolitana de Letras, eis que foi autora da logo original da instituição.

Finalmente, Anthero Palma retratado na poesia, assim se expressa através do belíssimo texto denominado “Petrópolis”.

 

PETRÓPOLIS

 

Petrópolis, terra adorada,

onde tudo nos sorri:

a criancinha loura,

o velho, o cansado ancião,

a cascata nos montes,

a cristalina água nas fontes.

 

Como teus dias são lindos,

nas frescas manhãs de maio,

no gorjear de teus pássaros,

no balouçar de tuas árvores!

 

Como são lindas as tuas noites,

como estrelado é o teu manto,

como azul é o teu céu,

que noites! Que encanto!

Petrópolis, serrana bela,

entre as cidades gentis;

nenhuma outra te iguala,

nenhuma outra me fala

do aroma de tuas flores.

de teus palácios tão lindos!

Tens a magia dos deuses

a dirigir os teus fados.

 

Petrópolis, terra de meus filhos,

onde os vi nascer, onde os vi crescer,

és o encanto de meus olhos,

és o meu Eden, é todo meu céu.

Petrópolis, rainha das serras!

Petrópolis, rainha das flores!

Petrópolis, rainha das rainhas!

Petrópolis, rainha dos meus amores!”

 

Alvíssaras, ao acadêmico professor Paulo César dos Santos, pela feliz iniciativa de rememorar inúmeros poetas que souberam projetar o nome de nossa amada cidade.