AREAL

Antônio Izaías da Costa Abreu, Associado Titular, cadeira nº 3 –

DISTRITOS: Areal ( 1º e único)

EMANCIPAÇÃO: Lei nº 1.986, de 10 de abril de 1992.

INSTALAÇÃO: 01 de janeiro de 1993.

O desbravamento do território da região onde se situa o município de Areal deu-se à mesma época em que se processou a do território de São José do Vale do Rio Preto. Embora o homem branco desde os primórdios do século XVIII, com a abertura do Caminho Novo, já houvesse nele penetrado, contudo, somente ao apagar do século seguinte, com o desenvolvimento da cultura cafeeira na Província do Rio de Janeiro, passou a ser efetivamente colonizado. A ocupação, presume-se, foi processada, inicialmente, através dos sesmeiros Francisco Nunes Pereira (26-XI-1797); Lourenço de Souza Meireles (24-XI-1797); Damaso Moreira de Carvalho (02-IX-1799); José de Souza Santos (13-III-1799); Bento José Magalhães Bastos (02-IV-1799); Francisco Xavier da Cruz (19-XI-1800); José Correia Rangel Bulhões (24-XI-1800); Inácio de Souza Werneck (30-IX-1805); Luiz da Silva França (02-VII-1805), e com a colonização das quadras de sesmarias que lhes foram concedidas no vale e sertão do Rio Preto. Posteriormente, os colonos de origem mineira, partindo das Três Barras (Três Rios), local atualmente conhecido por “PONTAL”, seguindo o curso do Piabanha, no sentido leste-oeste, desbravando-o, passaram a ocupar gradativamente o seu vale até alcançarem a barra do Rio Preto, hoje, Areal. Posteriormente, outros colonos foram chegando, fixando-se, também, no vale do Rio Preto, surgindo, tempos depois, no seu médio curso, um próspero povoado que não tardou a ser elevado pelo Alvará de 25 de novembro de 1815 à freguesia, com o nome de “São José da Serra Acima” e, depois, São José do Rio Preto, cuja jurisdição eclesiástica abrangia, também, Areal. Das inúmeras famílias, que levadas pela amenidade do clima e fertilidade do solo, pouco antes de 1800, se estabeleceram na região, citam-se, entre outras, os Pinto de Souza, os Gonçalves, os Clemência e os Barroso Pereira. Entretanto, somente por volta de 1815, ali vem se fixar o Sargento-mor José Vieira Afonso, cidadão de grande prestígio e abastado proprietário em Sardoal, Secretário no atual município de Petrópolis, quando, nessa época, adquiriu a Fazenda São Silvestre do Rio Preto (Fazenda Velha), cuja sede construiu, pouco mais de 2 quilômetros, ao norte da barra do referido rio, na estrada que vai para Bemposta. Na mesma ocasião, erigiu, também, uma capela que dedicou ao culto do padroeiro e uma necrópole, onde veio, em 27 de janeiro de 1852, a ser sepultado, bem como, posteriormente, inúmeros de seus descendentes. Com o objetivo de ampliar os seus domínios naquela paragem, não mediu esforços José Vieira Afonso, adquirindo assim as glebas pertencentes a M. Antônio Barroso Pereira e da viúva Quitéria e seus herdeiros, no lugar denominado “Serro”, incluindo nesta última uma pequena ilha. Ao lado dessa, no início deste século foi construído um hotel, sendo inaugurado em 01 de janeiro de 1906, vindo, posteriormente, o Sr. Marinho, ao adquiri-lo, emprestar-lhe o nome, o qual ostentou por longos anos, servindo o prédio, atualmente, como sede da Prefeitura deste município. Com a alienação da Fazenda do Córrego Seco da Serra Acima a sua Majestade Imperial Dom Pedro I, em 06 de fevereiro de 1830, a partir daí teve José Vieira Afonso sua atenção voltada, quase exclusivamente, para a grande Fazenda de São Silvestre do Rio Preto, onde passou os anos restantes de sua vida. Em parte dessas terras adquiridas por João Bernardo Wieschers, bem mais tarde, tem assento a cidade de Areal, havendo, aquele e sua mulher dona Maria Catarina Wieschers, em 28 de setembro de 1890, feito a doação do terreno em que se acha erigido o templo dedicado ao culto de N. Sª. das Dores, conforme escritura lavrada pelo Tabelião Manoel Inácio Vieira Machado, da Comarca de Paraíba do Sul e transcrita no Livro de Tombo da Igreja Matriz de Cebolas. Atraídas pela mesma causa, outras famílias, posteriormente, se estabeleceram no local, entre elas, os Bravo, os Veiga Soares, os Médici e os Marinho e, bem antes desses, Julio Frederico Koeler, por volta de 1843, na Fazenda Julioca, pouco abaixo, à margem esquerda do Piabanha, dedicando-se ao cultivo do café. Com relação ao nome Areal, adveio de uma praia de areia existente no local da atual igreja matriz, denominação oficializada em 17 de dezembro de 1895, com a criação do distrito pela Lei nº 217, dessa data, em substituição ao então topônimo “Barra do Rio Preto”. O Povoado, no entanto, maior desenvolvimento alcançou após 1861, com a inauguração da Estrada União e Indústria, tendo sido beneficiado, inclusive, com uma estação de diligências. Esse meio de transporte serviu eficientemente à comunidade durante 39 anos, até quando a Estrada de Ferro Grão-Pará, em 24 de maio de 1900, estabeleceu o tráfego com a localidade de Entre Rios. Nove anos mais tarde, passa a distrito a figurar no Estado como fornecedor de energia elétrica, com a inauguração, em 16 de abril de 1909, da Usina de Alberto Torres, cujo evento contou com a presença do então Presidente da República, Dr. Afonso Augusto Moreira Penna. Contudo, embora produtora de energia elétrica e ter merecido através da Deliberação nº. 159, de 07 de junho de 1916, autorização da Câmara Municipal de Paraíba do Sul, para a contratação e instalação do serviço de iluminação pública, somente em 21 de setembro de 1924 passou a comunidade arealense a contar com esse melhoramento. Durante 43 anos esteve Areal ligado ao município de Paraíba do Sul, na condição de um de seus distritos, e outros 53 anos ao de Três Rios. Muito embora alguns próceres políticos, entre eles Otávio Quintela, Antonio Viçoso Jardim e João da Veiga Soares, tenham em reunião de 30 de agosto de 1957 manifestado o desejo de autonomia administrativa do distrito com a criação do município de Barra do Rio Preto constituído dos territórios de Areal, São José do Rio Preto, e do povoado da Posse, todavia, tal movimento malogrou na sua fase embrionária em face da oposição imediata desencadeada pelos habitantes do distrito petropolitano, que não acolheram com simpatia e conveniência a anexação à pretendida unidade municipal. Somente nos últimos anos o anseio de autonomia novamente se manifesta em seus habitantes e se avulta de tal modo que logo contagiou a todos, havendo a consulta plebiscitária de 24 de novembro de 1991 traduzido, de forma inequívoca, esse anseio separatista da população, o qual é, finalmente, formalizado pela lei nº. 1986, de 10 de abril de 1992, criando o município de Areal. A nova unidade municipal é constituída de um único distrito e a sua instalação verificou-se em 01 de janeiro de 1993, com solenidade altamente prestigiada pelas autoridades locais e dos municípios vizinhos.