BREVE HISTÓRICO DA CATEDRAL SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA

Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette

Pelo Decreto de 16 de março de 1843, que foi, no dizer do saudoso historiador Alcindo Sodré, “a certidão de batismo, o ato oficial e político, que promoveria a criação de Petrópolis” (1), quis o Imperador determinar desde logo o levantamento de seu primeiro templo católico, sob a invocação de São Pedro de Alcântara, padroeiro do Império e seu próprio patrono.

Em conseqüência, na planta elaborada pelo Major Júlio Frederico Koeler, em 1846, ficou reservado, conforme disposição do Decreto Imperial, o terreno onde deveria ser edificado o referido templo, isto é, uma área triangular compreendida entre as atuais avenidas Tiradentes e Ipiranga e a Rua Raul de Leoni.

Tratava-se de uma obra grandiosa que demandava tempo e avultados recursos, por isto os atos religiosos católicos, segundo nos informa Fróes “eram realizados numa sala preparada para tal fim no antigo barracão de obras provinciais, na Rua do Imperador” (2), até que ficou resolvida a construção de uma pequena Capela provisória, na Rua da Imperatriz, em frente ao Palácio Imperial, inaugurada em 1848 e que funcionaria como Matriz até 1925.

D. Pedro II, “enquanto durou o seu permanente contato com Petrópolis, manifestou sempre, por atos e ações, o seu interesse pelo culto católico na sua querida cidade” (3).

Assim, a 12 de março de 1876, por ocasião das comemorações da data natalícia da Imperatriz D. Tereza Cristina que, no dia 14 daquele mês, completava 54 anos, num pavilhão anteriormente armado no morro do Belvedere, o Internúncio Apostólico, Monsenhor Luís Bruschetti, coadjuvado pelos padres Nicolao Germain e Theodoro Esch, celebrou missa e procedeu a sagração do terreno.

(1) SODRÉ, Alcindo. D. Pedro II e a Paróquia de Petrópolis. Vozes de Petrópolis, setembro-outubro, 1946, p. 649.

(2) FRÓES, José Kopke. A Velha e a Nova Matriz de Petrópolis. Tribuna de Petrópolis, 30 de novembro de 1985, 2º Caderno.

(3) SODRÉ, Alcindo, op. cit., p. 649.

Compareceram à cerimônia o Imperador D. Pedro II, o Conde D’Eu e a Princesa Isabel, os ministros da Fazenda, Justiça e do Império, respectivamente Barão de Cotegipe, José Bento da Cunha Figueiredo e Diogo Velho Cavalcante de Albuquerque; o Presidente da Província, Conselheiro Pinto Lima; o Presidente da Câmara Municipal, Paulino Afonso Pereira Nunes, todos os vereadores petropolitanos e a Irmandade do S.S. de São Pedro de Alcântara.

Na ocasião foi colocada a Pedra Fundamental, juntamente com uma caixa contendo a ata da cerimônia, os jornais do dia, exemplares de todas as moedas de ouro, prata e cobre cunhadas no Império, cuja chave foi entregue ao Presidente da Câmara Municipal, o qual encerrou a solenidade “levantando os vivas do estilo à Família Imperial”(4).

O primeiro projeto para a construção da Catedral, elaborado pelo arquiteto italiano Federico Roncetti, em estilo românico, só ficou pronto um ano depois, em 1877.

Tal projeto, provavelmente encomendado pelo próprio Imperador, não tardou a ser preterido por outro, em estilo gótico, de autoria do engenheiro Francisco Caminhoá, concluído em 19 de fevereiro de 1883 e orçado em 1.000:000$000.

(4) BRETZ, Walter João. A Nova Matriz e o Hospital Santa Thereza. Tribuna de Petrópolis, 12 de março de1926.

Não são bem conhecidas as razões pelas quais o projeto Roncetti foi abandonado e o projeto gótico, com todas as dificuldades de execução, acabou prevalecendo. É possível que ele correspondesse melhor ao espírito votivo, cumprimento de voto ou promessa. Também o fato da arquitetura gótica “ser uma das mais claras flamas do espírito cristão, de simbolizar melhor que qualquer outra a aspiração da alma, o mistério da fé cristã, o sentido da imanência do Divino”(5), contribuiu, sem dúvida, para explicar a preferência pelo projeto gótico.

A construção da nova Matriz, é preciso que se reconheça, teve na Princesa Isabel a alma, a inspiradora e sua maior benfeitora. Regressando de uma longa viagem à Europa, onde fora resolver assuntos particulares, foi ela que insistiu junto ao Presidente da Província do Rio de Janeiro, Conselheiro Bernardo Avelino Gavião Peixoto, no sentido de que fossem tomadas as providências necessárias ao andamento da obra.

Inicialmente, havia ficado deliberado que a Matriz seria construída com a fachada voltada para a Rua da Imperatriz, mas, na ocasião resolveu-se alterar sua posição, voltando-se a fachada para a Rua D. Afonso, hoje Avenida Koeler.

Esta alteração encontra explicação no fato de que a orientação das Catedrais possuía um profundo significado “a fachada principal dirige-se para oeste, para o por do Sol, afim de haurir a última luz do dia. O sacerdote, defrontando o altar, dirigia-se para Leste, isto é, para o nascente. O pórtico Norte e Sul, frio e quente, eram mais ou menos simbólicos do Velho Testamento e do Novo: ao sul cabia simbolizar a vinda de Cristo” (6).

(5) CHENEY, Sheldon. História da Arte. São Paulo: Liv. Martins, vol.II, p. 239.

(6)_______________., op. cit, p. 255-256.

A referida alteração, comenta Fróes, “obrigou a compra do terreno e casa do Barão do Flamengo, construída havia tempos, no começo da atual Avenida Ipiranga, pela importância elevada de 30 contos de réis, aprovada pelo Presidente da Província Gavião Peixoto, que ordenou o adiantamento da quantia por conta da verba votada”(7).

O Imperador autorizou a entrega à Comissão da quantia de 10:979$000, de seus rendimentos particulares e as obras tiveram novo alento. A altura do terreno foi reduzida de seis para três metros, iniciou-se a construção dos alicerces e o capeamento do Rio Almeida Torres.

A 18 de maio de 1884, foi lançada a 2ª Pedra Fundamental, assentada no local do altar-mor, para onde foi também transladada a 1ª. Três dias mais tarde o Encarregado de Negócios da Santa Sé, Monsenhor Felici, celebrou missa solene, após o que a Princesa Isabel, através de um Livro de Ouro, angariou donativos para as obras.

Com o advento da República, as obras foram interrompidas até 1899. quando o Bispo D. Francisco do Rego Maia encarregou o padre lazarista Júlio Clavelin de reiniciar os serviços. Apesar dos esforços do zeloso sacerdote, a falta de recursos só permitiu que as obras continuassem até 1901, quando sofreram nova paralisação.

O substituto de D. Francisco do Rego Maia, D. João Francisco Braga muito pouco pôde fazer para dar continuidade aos trabalhos, em virtude da grave crise econômica atravessada pelo Estado do Rio de Janeiro, na ocasião. Limitou-se a mandar construir rampas de acesso, ajardinar a praça fronteira e cercar todo o terreno, em volta da construção.

Coube a Monsenhor Teodoro da Silva Rocha, vigário da Paróquia desde 1901, retomar o projeto com a ajuda da Princesa Isabel, então no exílio, mas sempre interessada no prosseguimento das obras.

Com o auxílio da Princesa Isabel que doou 410 apólices, no valor de mais ou menos oitocentos mil réis cada uma e vários terrenos de sua propriedade, avaliados em 400:000$000, a execução do projeto foi retomada, mas a 1ª Grande Guerra provocou uma alta nos preços de todos os materiais de construção, dificultando a continuidade da obra.

(7) FRÓES, José Kopke. A Catedral de Petrópolis.Tribuna de Petrópolis, 1º de janeiro de 1975, 2º Caderno, p. 8.

Em 1918, a Baronesa de São Joaquim, a fim de encorajar a comissão encarregada da construção, prometeu doar 100:000$000, desde que os trabalhos fossem reiniciados.

Este donativo não tardou a tornar-se efetivo e a Baronesa ainda leiloou diversas porcelanas e objetos de arte, de sua propriedade, resultando mais um donativo de 40 contos de réis que permitiram ao arquiteto Heitor da Silva Costa levantar as paredes, o teto, parte do altar-mor, as colunas e, assim, foi surgindo vagarosamente a Catedral, onde já se realizavam algumas cerimônias religiosas.

Cumpre porém assinalar que as obras reiniciadas em 1918 já não obedeceram ao primitivo plano de construção só em granito, sendo usados tijolos e argamassa, naturalmente para adequá-lo à capacidade financeira da Comissão.

Em 29 de novembro de 1925, a Catedral, ainda inacabada foi aberta ao culto pelo Bispo Dom Agostinho Francisco Benassi, após solene cerimônia, cujo ponto alto foi a transladação, em procissão solene, do Santíssimo Sacramento da velha Matriz para a nova.

Alguns meses antes, em 22 de fevereiro de 1925, falecera no púlpito da velha Matriz, Monsenhor Teodoro Rocha que, durante tantos anos não mediu sacrifícios para ver concluídas as obras do magnífico Templo. Faleceu, quando no púlpito, fazia uma apelo a seus paroquianos de auxílio pecuniário para a conclusão das obras da nova Matriz.

Em 1928, chega a Petrópolis o Padre Francisco Gentil Costa, designado pelo Bispo D. José Pereira Alves, para assumir a Paróquia.

No ano seguinte, iniciou este sacerdote, nova campanha para a conclusão da fachada, das capelas Batismal e Imperial e mais quatro pavimentos da torre.

Na oportunidade, foi constituída uma comissão formada pelo Padre Gentil, Oscar Weinschenck, Glasl Veiga e Guilherme Pedro Eppinghaus.

Após uma demorada pesquisa do solo “foram construídas as escadas de acesso ao piso do coro, estrutura do corpo da fachada, compreendendo os pisos do terraço que cobrem as capelas laterais, os pináculos, o frontão, a rosácea gótica que está sobre a torre, foram colocados os vitrais, instalada a pia batismal, que foi aproveitada da antiga Matriz, datando de 1848, foi construído o altar da Capela Imperial, doação da Baronesa de Muritiba e, finalmente, foi colocada a porta que veio de São Paulo, da Escola de Aprendizes e Artífices, composta de duas folhas de madeira com almofadas em zinco lavrado e pesando cada uma 2.400 kg., com desenho de Glasl Veiga e, construído o muro que cerca o templo e as escadas de granito”(8).

É interessante assinalar que entre 1060 e 1150, o Ocidente foi praticamente coberto de Igrejas, o que demonstra o espírito de fé do povo da época. A construção desses edifícios dependia do esforço dos fiéis que forneciam o material e contribuíam com o trabalho necessário à obra.

“A arte é a neta de Deus”, escreveu Dante — e seus contemporâneos compreenderam muito bem o que o poeta queria dizer. O homem medieval tinha a crença de que existe uma relação entre a Criação e sua própria criatividade. Deus fez o homem; e, portanto o que o homem faz, está d’Ele apenas à distância de um grau, e lógicamente deve estar à Sua altura”(9).

A Idade da Fé, como ficou conhecida historicamente a Idade Média, realizava assim suas obras, não só sob o princípio da “arte pela arte”, mas, acima de tudo, para a maior glória de Deus. As diversas artes tinha deste modo, uma única finalidade “exprimir, pelas coisas criadas, a glória do Criador”(10).

(8) EPPINGHAUS, Guilherme Pedro. A Catedral. Revista do Instituto Histórico de Petrópolis, 1984, p.9-10.

(9) FREMANTLE, Anne. Idade da Fé. Biblioteca de História Universal Life. Rio de Janeiro: Liv. José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1970, p. 117.

(10) _________________. op. cit., loc. cit.

Desempenhava ainda a arte medieval duas outras funções não menos importantes: a tentativa de registrar tudo o que o homem da época sabia, ou em que acreditava, seus ideais, suas fantasias e medos, sua ciência e história — e até mesmo seus protestos. Por outro lado, o homem sendo homem, tinha o seu orgulho; através das obras de arte, procurava demonstrar que ele e seus concidadãos eram mais devotos e, portanto, mais merecedores das dádivas do Senhor. Em conseqüência, as flechas de sua catedral deveriam ser as mais altas, os adornos de sua Catedral os mais esplêndidos.

Ao lado da arquitetura, as pinturas sobre temas cristãos eram não apenas verdadeiras obras-primas, mas representavam um triunfo sobre o velho preconceito: “Abstei-vos de representar a Face de Cristo”— conforme recomendava Asteirus de Amasia, no século III— “Já foi suficiente a humilhação por Ele sofrida submetendo-se espontaneamente à encarnação, por amor de nós” (11).

Entretanto, no século VI, o Papa Gregório Magno afirmou “que as pinturas podiam representar para os analfabetos o que os escritos representavam para os que sabiam ler” (12). Deste modo os miniaturistas puderam trabalhar tranqüilos, sabendo que seus esforços serviriam para propagar a fé.

Este Papa foi também quem deu novo impulso ao uso da música na Igreja, introduzindo o canto gregoriano que ainda é a música litúrgica oficial da Igreja Católica Romana.

O estilo gótico foi assim chamado, com uma intenção pejorativa, pelos artistas da Renascença, fazendo referência aos bárbaros godos ou góticos, por não terem os artistas góticos se submetido aos padrões clássicos da Grécia e de Roma.

O estilo gótico apresentava uma nova técnica de construção, baseada no emprego de arcos ogivais, “os quais permitiam uma disposição variada, com diversos arcos cruzados, repousando sobre colunas. Cada coluna suportava a extremidade de um arco. Dando muita solidez à construção os arcos ogivais permitiam por isso paredes mais leves e cheias de vitrais que davam ao ambiente uma fulgurante iluminação”(13).

(11) FREMANTLE, Anne. Idade da Fé. Biblioteca de História Universal Life. Rio de Janeiro: Liv. José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1970, p.119.

(12) _________________. op. cit., p. 120.

(13) ARRUDA, José Robson. História Antiga e Medieval. São Paulo: Ática, 1976, p.478.

A arte do vitral, estimulada pelo estilo gótico, por volta de 1140, chegou ao auge meio século mais tarde, graças aos artífices de Chartres, cidade localizada a 87 quilômetros de Paris.

Na fabricação dos vitrais, os vidreiros usavam areia, sal e cinzas. O vidro colorido era feito com o aquecimento dessa mistura até derreter, e então se coloria a massa derretida com óxidos metálicos — cobre para o vermelho, ferro para o amarelo, cobalto para o azul. Pequenos fragmentos de vidro colorido eram inseridos na calha de molduras maleáveis de chumbo, formando painéis. Só depois que todos os painéis haviam sido montados na janela do vitral, podiam os artífices julgar o brilho das cores, no vidro, e o impacto do desenho.

Os vitrais contam sempre uma história, apresentam sempre uma mensagem e, do ponto de vista artístico, são verdadeiras jóias de luz e cor.

Os vitrais da Catedral São Pedro de Alcântara não fogem à regra. Segundo nos informa o saudoso professor Lourenço Luiz Lacombe, “os vitrais que representam São Pedro de Alcântara, São Francisco de Assis, Santa Isabel e Santa Teresa, foram oferecidos pela Família Imperial e fabricados em Paris (Champigneulle)”, os demais foram fabricados na Casa Conrado (São Paulo) e no Rio de Janeiro (Casa Alberto). Estes vitrais foram colocados à medida em que iam sendo entregues.

Entre eles merecem destaque:

a) vitral representando a Imaculada Conceição, protetora do Brasil e do Império. Na parte superior pode ser vista a cruz, reprodução exata daquela que serviu à missa celebrada em 1846, na Praça da Confluência e na qual o vigário, Monsenhor Teodoro Rocha, mandou introduzir as armas da paróquia, para que ficasse em memória daquela notável solenidade. Sob a cruz podem ser vistos dois sinos (símbolos da Oração), o “São José” e o “Ângelus” da antiga Matriz.

b) vitral representando o Sepultamento de Jesus como símbolo do sepultamento do Imperador. Ao fundo podem ser vistos ciprestes e palmeiras para caracterizar o clima de Petrópolis que permite a existência simultânea destas plantas. No alto as iniciais P.II., ladeadas pelos símbolos da Justiça e Sabedoria (Lei e Balança).

Nos letreiros: no do centro, as datas da morte do Imperador e da Imperatriz; no da esquerda o Decreto do poder legislativo n.º 4.129, de 3 de setembro de 1920, revogando o banimento e autorizando a transladação dos restos mortais do Imperador e da Imperatriz; no da direita o Decreto n.º 21.270, de 11 de abril de 1932, do Governo Provisório, abrindo o crédito de 300 contos de réis para o Mausoléu. Estes decretos são historicamente muito significativos pois simbolizam a participação oficial do País nas homenagens prestadas a D. Pedro II. Em baixo, podemos ainda observar as armas imperiais e o soneto “Terra do Brasil”, de autoria de D. Pedro II.

c) vitral representando São Pedro de Alcântara e Santa Teresa D´Avila, santos protetores dos Imperadores. Na parte superior podemos observar as Constelações Cruzeiro do Sul, Triângulo e Centauro. Na parte inferior hortênsias e os brasões do terceiro e quarto Bispos da Diocese de Niterói, a que Petrópolis esteve subordinada, respectivamente Dom Agostinho Francisco Benassi e Dom José Pereira Alves.

d) vitral simbolizando a abolição da escravidão. O ato, certamente inspirado pela idéia cristã, é simbolizado pela Crucificação de Cristo, cujo sangue redentor, quebra as correntes do escravo. Podem ser lidas as palavras do Salmo 56, versículo 4 – “Misit de Coelo et liberavit me” (Mandou do Céu e me libertou). Ao fundo, à esquerda, aparece a “Serra” dos Órgãos e à direita o Morro Alcobaça e a Matriz de Petrópolis, como foi deixada pela Princesa Isabel. Na frente, entre flores de maracujá, “A Rosa de Ouro” com a qual o Pontífice Leão XIII, cujo retrato também aparece, quis premiar o ato redentor da Princesa. Na base os dizeres que acompanharam a oferta “Celsissimae princip. Imp. Elizabeth Brasiliae Regenti P.P. Leo XIII – In Nonas Maias MDCCCLXXXVIII”. Abaixo os retratos do Imperador, da Imperatriz e da Princesa Isabel.

Em nossa Catedral encontramos ainda dois painéis laterais, decorados pelo renomado artista Leão Veloso. O primeiro representa a Missa celebrada em 30 de junho de 1846, na Praça da Confluência, pelo Internúncio Monsenhor Bedini, convidado para este fim pelo Major Júlio Frederico Koeler. No local foi montado um altar de madeira e colocada uma cruz, também de madeira, que durante longos anos, ali permaneceu. Em primeiro plano aparecem o Imperador D. Pedro II, a Imperatriz D. Teresa Cristina, o Mordomo Paulo Barbosa, figura de grande relevo na fundação de Petrópolis e o Major Júlio Frederico Koeler, autor do planejamento urbanístico da povoação e diretor dos trabalhos. Ao fundo podem ser vistos os rios Piabanha e Quitandinha e as choupanas cobertas de sapê e samambaias, dos primeiros colonos alemães.

O segundo painel representa o Símbolo do Brasil. No primeiro plano, três figuras de homens apertam as mãos em sinal de aliança, simbolizando as raças branca, negra e amarela, que, unidas na mesma Fé Católica (cujo símbolo aparece nos céus), formavam o povo brasileiro. No segundo plano vê-se um episódio da catequese dos índios, pelo Pe. José de Anchieta. Na parte inferior podemos ler versos de Fagundes Varela (O Evangelho nas Selvas – Canto X-I e VII).

Há ainda dois quadros ou painéis de autoria do famoso pintor Carlos Oswald: “Proclamação de D. Pedro II Imperador” e “Partida para o exílio”, os quais retratam dois momentos culminantes da vida do Imperador D. Pedro II.

Concluindo, podemos afirmar que a Catedral de Petrópolis simboliza a glorificação de Deus, num verdadeiro tesouro artístico, o entusiasmo religioso do povo brasileiro que superou todas as dificuldades e obstáculos a sua construção.