CENTENÁRIO DO CONVENTO DE LOURDES DE PETRÓPOLIS
Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette
Neste ano de 2008, estamos comemorando 150 anos das aparições de Nossa Senhora de Lourdes a Bernadete Soubirous na gruta de Massabielle, em Lourdes, na França (1858).
Em Petrópolis, comemoramos 100 anos da fundação do Convento de Lourdes, inaugurado a 21 de dezembro de 1908, em cerimônia religiosa oficiada pelo Bispo de Niterói D. Agostinho Benassi, em prédio localizado à Rua 7 de Abril.
Este prédio, é importante ressaltar, tem grande importância histórica, já que nele funcionou o primeiro hospital de Petrópolis, criado pelo governo provincial, ainda no regime colonial da localidade, dirigido pelo Dr. Thomaz José da Porciúncula.
Nele também funcionaram, segundo nos informa Fróes: “o Colégio Canezza, dirigido pelo professor Luís Hipólito Canezza, e o Colégio São Luiz, dirigido pelos professores Antonio Afonso de Almeida Albuquerque e José Ferreira da Paixão” (1), este último um dos mais competentes educadores que militaram em nossa cidade.
Funcionou ainda, no referido prédio, o conceituado Hotel Alexandra, de propriedade de Madame Lentz, no qual, segundo nos informa a Gazeta de Petrópolis, foi fundado um Clube de Tênis, em 1896, tudo indicando teria sido o primeiro do gênero em Petrópolis.
Em 1908, a então proprietária do imóvel, D. Maria Carolina Evangelista de Souza, Baronesa de Ibiramirim, filha do Visconde de Mauá, fez a doação do mesmo à Congregação de Nossa Senhora de Lourdes. A ilustre senhora, nascida a 28 de outubro de 1854 e falecida a 10 de novembro de 1941, “era casada com José Luiz Cardoso de Sales Filho, Barão de Ibiramirim, nascido em Nice, na França, a 6 de novembro de 1840 e falecido na mesma localidade, em 30 de março de 1904, filho do Barão de Itapuã e Cônsul do Brasil na França, durante cerca de 30 anos” (2).
(1) FRÓES, Gabriel. Anotações. Disponível em Acervo Histórico de Gabriel Kopke Fróes, www.earp.arthur.nom.br.
(2) MOYA, Salvador. Anuário Genealógico Brasileiro. São Paulo: 1941, p.6.
A baronesa era proprietária de inúmeros imóveis em nossa cidade, a saber: na Rua Silva Xavier nº 167, na Rua Paulino Afonso nº 355, na Rua Fabrício de Matos s/n, e um terreno no Quarteirão Renânia Inferior.
A ilustre dama, extraordinariamente religiosa, enquanto viveu, acompanhou com grande interesse o desenvolvimento de sua grandiosa obra, desenvolvendo intensa atividade em favor da mesma.
Comprovam este fato os requerimentos dirigidos ao Prefeito Municipal em 17 de março de 1926, no qual solicita dispensa da cobrança do imposto correspondente a dois dias de funcionamento do Cinema Centro Católico, nos dias 20 e 21 de março, para que no mesmo fosse realizado um festival em benefício da Capela de Nossa Senhora de Lourdes, bem como o requerimento dirigido ao então Prefeito Paula Buarque, em 12 de janeiro de 1928, solicitando licença para a venda de medalhas, nos dias 11 e 12 de fevereiro, pelas vias públicas e subúrbios da cidade, como também para colocar cartazes e anúncios nas paredes e casas comerciais. Os recursos obtidos foram utilizados na futura construção da almejada Capela.
Em 1920, Madre Marie Therezia requereu à Prefeitura Municipal licença para construir um jardim e um nicho para colocar uma imagem da Imaculada Conceição.
Posteriormente, a primitiva Capela, cedeu lugar a uma outra, mais ampla, que no dizer de J. Magini “constitui um valioso exemplar da arquitetura contemporânea […], uma feliz realização do projetista arquiteto e construtor Jorge Simão” (3).
(3) MAGINI, G. A Capela do Convento de Lourdes. Petrópolis, Jornal de Petrópolis, 25 de fevereiro de 1969, p.6.