COMEMOREMOS PETRÓPOLIS
José Afonso Barenco de Guedes Vaz, Associado Titular, Cadeira n.º 11 – Patrono Henrique Carneiro Teixeira Leão Filho
Esta abençoada terra, berço de tantas figuras de destaque em diversos cenários do país, está comemorando mais um aniversário, eis que no próximo dia 16 de março completará 180 anos de sua fundação.
Em razão de sua tradição resultar justamente do Império que aqui se instalou, é lembrada e procurada à visitação por milhares de turistas, sejam brasileiros ou estrangeiros, que chegam à nossa terra com a finalidade de conhecerem os principais pontos relacionados com a história de Petrópolis, além de aproveitarem para respirar o ar puro da serra e apreciarem as belezas naturais, dádivas do Pai Maior.
Assim, dentre a grande quantidade deles, o do mais alto significado a destacar, o Museu Imperial residência da Família Imperial, que faz abrigar incomensurável acervo, verdadeiras preciosidades relacionadas com o passado, como a Coroa Imperial cravejada de pedras preciosas e guardada sob cuidados extremos.
Muito próxima, a Avenida Koeler e a antiga residência da Princesa Isabel, ponto turístico que não pode ser olvidado, sem falar nos Palácios Rio Negro, residência de verão que serviu a diversos Presidentes da República, e Sérgio Fadel, sede da Prefeitura Municipal, local onde funcionou, por muitos anos, o tradicional Colégio São José.
A Catedral de São Pedro de Alcântara, monumental edificação, onde estão guardadas à direita, as criptas do Imperador Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina e à esquerda, as da Princesa Isabel e do Conde D’Eu; frente a Catedral, a Avenida Koeler que nos faz recordar o grande responsável pelo projeto urbanístico da cidade, sem que não nos esqueçamos do Mordomo Paulo Barbosa incumbido pela concretização das atividades referentes a aspectos contábeis, financeiros e administrativos, personagem que, como Koeler, recebeu a justa homenagem de ter o seu nome dado a tão importante via de nossa terra, a rua Paulo Barbosa.
O Palácio de Cristal, conhecido mundialmente, obra construída sob iniciativa do Conde D’Eu, presente oferecido à esposa, Princesa Isabel, a Redentora, ponto turístico buscado por todos que visitam a cidade, como a Casa onde residiu o Barão de Mauá, Irineu Evangelista de Souza, responsável pela construção da primeira estrada de ferro do país, na Serra da Estrela. Tantos outros prédios de conotação histórica, tais como, o Palácio Amarelo, sede do Legislativo Municipal; a casa de Santos Dumont, “A Encantada” residência do Pai da Aviação, Alberto Santos Dumont; a Casa onde morou o casal Stefan Zweig e sua esposa, situada na confluência das ruas Saldanha Marinho e Gonçalves Dias. Também, digna de registro, a edificação que abriga o Palácio Itaboraí, residência de José Joaquim Rodrigues Tôrres, o Visconde de Itaboraí, imóvel que mais tarde acolheu, já o país sob regime republicano, diversos governadores do antigo estado do Rio de Janeiro; o Palácio Grão Pará, residência do Duque do mesmo nome, não podendo se esquecida a Casa do Colono, que faz recordar àquelas famílias que aqui chegaram, oriundas da Alemanha, nunca esquecidas, ao contrário, constantemente homenageadas.
Cabem ser trazidos à colação, também, bustos e estátuas de ilustres figuras que aqui nasceram ou residiram e que merecem os maiores encômios, tal como a estátua de D. Pedro II situada à praça que recebeu o nome do Imperador.
Importantes alusões que ainda devem ser feitas, relativamente ao Trono de Fátima, à Igreja do Sagrado Coração de Jesus e ao Palácio Quitandinha.
Já noutra época, vem a lembrança da construção do Obelisco quando prefeito o Dr. Flávio Castrioto de Figueiredo e Mello, inaugurado com a presença do Presidente Juscelino Kubistchek de Oliveira.
Enfim, Petrópolis, cidade que por inúmeras razões merece ser visitada por todos aqueles que se interessam por sua história, berço que foi de tantos personagens de inestimável valor, a esta altura, entretanto, não só marcada por traços do passado, mas em razão do tempo decorrido e do crescimento que aqui se operou, tudo a colaborar no sentido de que a cidade se expandisse – lamentavelmente de forma desordenada – e viesse a se tornar uma das mais importantes do estado do Rio de Janeiro, não só na condição de um lugar tranquilo para o trabalho e residência, sem falar na gastronomia e demais atividades de natureza comercial que aqui brotaram e prosperaram fazendo resplandecer, ainda mais, o seu nome, mundo afora.
Contudo, é justo e oportuno recordar com relação àqueles que prezam a história e consequentemente a vida e obra de tantos notáveis, dos mais diferentes segmentos profissionais, que nestas paragens deixaram seus nomes marcados, valendo por conseguinte serem relembrados, dentre muitos, o grande jurista Ruy Barbosa; José Maria da Silva Paranhos, o Chanceler Barão do Rio Branco, que tanto fez elevar o nome do nosso país; o cientista Oswaldo Cruz; os professores Afrânio Peixoto e Pedro Calmon, o abolicionista Joaquim Nabuco, o escritor Alceu do Amoroso Lima, o cientista Antônio Cardoso Fontes, o pediatra e professor Mário Olinto e o comediógrafo Cláudio de Souza.
A cidade de Pedro merece ser festejada também com relação a centenária Academia Petropolitana de Letras, sem falar de outras entidades congêneres de igual valor e destaque, que aqui atuam em prol da cultura, da história e da educação, coirmãs da APL.
Ao terminarmos esta singela homenagem, após compilar o livro “o Médico e a Serra” de lavra do escritor Armando Paiva de Lacerda, vale ressaltar o que ficou consignado pelo autor na obra em questão: “…Outro jornalista conceituado, Júlio Pompeu Albuquerque, da Associação Brasileira da Imprensa, em seu Álbum da Cidade de Petrópolis”, fez descrever: “Há a Petrópolis do verão dominada pelos habitantes temporários das lindas vilas e soberbos palacetes, que orlam as faustosas avenidas que fazem o orgulho não só dos petropolitanos como do Estado e do Brasil inteiro e a Petrópolis do inverno, a Petrópolis unicamente e deliciosamente serena e não meio carioca como a outra, a Petrópolis dos meses em que a cidade se sente só e plácida na sua temperatura frígida, quando o ruço é substituído pela geada e quando os petropolitanos da velha guarda relembram saudosos e melancólicos, os passeios matinais de D. Pedro II, o velho príncipe tão grande e tão simples, cuja estátua de bronze parece ainda sorrir para o rio, as árvores e as flores da cidade de seu nome”.
É certo, que muitos eventos ocorridos em Petrópolis fizeram com que tivéssemos que olhar a cidade sobre óticas diferentes do passado, todavia para nós petropolitanos, esta pedra preciosa incrustada na serra continuará sempre a brilhar e com D. Pedro II “ainda a sorrir para o rio, as árvores e as flores da cidade de seu nome”, para eternidade.