D. Pedro II, nosso ícone
Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, cadeira nº 14 –
O mês de janeiro de 2013 assinala um fato histórico de bela lembrança significativa para a cultura petropolitana:o 80º aniversário da inauguração do Teatro D. Pedro. O auspicioso fato ocorreu a 2 de janeiro de 1933, com a presença do Prefeito-Interventor Dr. Yeddo Fiuza, completada com as presenças de outras altas autoridades municipais, atendendo ao convite da “Empresa D´Ângelo & Cia. Ltda.”, criada e gerida pelos irmãos João, Donato, Domingos Antônio, Alexandre, Nicola e do primo Rocco Gentile.
O seleto grupo assistiu cinema e teatro, a partir das 15 horas e 30 minutos, tudo constante da extensa programação, onde não faltaram discursos, filmes na tela, cenas teatrais, canto lírico, bailado e abrindo a tarde a execução do Hino Nacional Brasileiro pela Orquestra de Professores de Música regida pelo Maestro Octavio Maul, a qual interpretou, também, a protofonia da ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes, como era de praxe em solenidades do gênero.
Os edificadores do conjunto de prédios, compreendido pelo Teatro e anexo para funcionamento de hotel e abertura de lojas comerciais, vindos da Itália, apreciadores do bel-canto, desejavam uma casa para exibições musicais e cinema, dotando o prédio de todas as condições técnicas para ambas as atividades, com palco completo, plateia, camarotes, sob decoração especial e o máximo possível de conforto para os espectadores e usuários.
Por ali, a vida artística foi intensa, passando o arrendamento por algumas mãos. A última arrendatária foi a empresa exibidora cinematográfica de Luiz Severiano Ribeiro, que explorou, por muitos anos, além do “D. Pedro”, as melhores salas no Centro Histórico: os teatros-cinemas “Capitólio” e “Petrópolis”.
Decaindo o cinema exibido nas grandes casas, foi fatal e terrível o fechamento dos três cinemas, por desistência da empresa Severiano Ribeiro. O “Capitólio” virou estacionamento; o “Petrópolis”, igreja evangélica; e o “D. Pedro” acendeu a velha pretensão da cidade de ter um Teatro Municipal, o que deveria obter apoio e ação do Poder Público para que a Casa não assumisse as atividades impróprias e inaceitáveis dos outros dois extintos teatros-cinemas.
Sensibilizado, o Poder Público promoveu a desapropriação do Teatro D. Pedro, através do Decreto nº 55/89, de 29 de junho de 1989, na administração de Paulo Gratacós. O projeto sofreu alguns desdobramentos e ajustes, porém estava garantido o espaço para a concretização do acalentado sonho petropolitano, assumindo os prefeitos seguintes as negociações e final êxito, com a instalação do Teatro Municipal.
No princípio ocorreram equívocos quanto à denominação oficial da Casa, desde “Teatro Imperial” até “Teatro Paulo Gracindo”, ambos inadequados e inaceitáveis, diante do desejo de João D´Ângelo, idealizador, com seus irmãos, de denominar TEATRO D. PEDRO, em justíssima homenagem ao fundador da cidade, frequentador dos teatros e patrono maior de Petrópolis.
Felizmente o Teatro D. Pedro, o nosso Municipal, retomou sua verdadeira denominação e, a partir de então, tornou-se uma casa real de difusão das artes cênicas.
E fica, ainda, para discussão, uma brecha no ar arquitetônico de nosso Centro Histórico: onde está o letreiro que ficava no alto da fachada do Teatro, componente da arquitetura do conjunto, retirado e nunca mais reposto?
O que aconteceu com ele, bonito, sugestivo, marcante e parte integrante do prédio? Terá o IPHAN algo a ver com isto? O que motivou o desaparecimento da peça?
Espero que o Prefeito Rubens Bomtempo, em seu retorno, deixe a sua teima antiga de rebatizar o teatro com o nome do grande artista Pelópidas, já que ele nunca esteve, verdadeiramente, comprometido com a tradição e o futuro de Petrópolis.
Por último, no momento de novas definições, que se atente para o fato de que é D. Pedro II o grande ícone petropolitano, nome que atrai os visitantes de todo o Planeta. Está presente na História como – anotem – no presencial da Capela Imperial, no Museu Imperial, na belíssima estátua de sua praça, em denominações várias de muitas atividades, no projeto turístico maior nosso, para todo o sempre.
Se Petrópolis assume sua vocação para o turismo histórico, o nome e a presença do Imperador D. Pedro II se impõem em tudo o que represente divulgação atrativa e objetiva.
Jamais podemos, também, ignorar o nome da Princesa Isabel e seu romântico Palácio de Cristal, as narrativas dos veraneios presidenciais, a esplendorosa história do Palácio Quitandinha, a “Maria Fumaça”, os grandes personagens eletivos da vida petropolitana…
Tudo isso embalado pela cultura em todas as manifestações, com muita música trinada por maviosas vozes, teatro de qualidade, dançarinas nas sapatilhas apoiadas no ruço mágico e os projetos sociais redimindo a gente.
Uma “Cidade Imperial”, também “Republicana”, de tantos mitos e ícones, só precisa de conscientizar seu próprio nariz, até agora meio Pinóquio porém ainda romântico como o nasal de Cirano de Berjerac.