Discurso de saudação ao Padre Thomas Andrade Gimenez Dias
Enrico Carrano, Associado Titular, Cadeira n.º 3 – Patrono Antônio Machado
Há pouco mais de vinte anos, em data que a lembrança não consegue precisar, mas por volta do ano de 2002, Dom José Carlos de Lima Vaz, S.J., em visita ao estado natal, Minas Gerais, vai celebrar na Matriz de Nossa Senhora do Pilar, em São João del Rei. O então Bispo de Petrópolis encontrava-se à sacristia, rodeado de crianças, as quais – todos sabemos – devotava especial carinho e atenção. Falava com cada uma delas, cumprimentando-as com a mão, até que diante de um menino de menos de dez anos de idade, bateu levemente na cabeça dele e disse, profeticamente: ”este vai ser padre!”. O menino, naquele instante, não compreendeu a distinção, e até mesmo ficou chateado porque não foi saudado da mesma forma que os demais, Foi a primeira e única vez em que Dom Vaz e aquele menino estiveram juntos.
Minhas senhoras e meus senhores,
O infante protagonista desse místico episódio, nascido em São João del Rei, mas criado na cidade vizinha de Ritápolis, tempos depois, sente o chamado de Deus para o serviço da Igreja e ingressa no Seminário Menor da Arquidiocese de Mariana, isso em 2011. Em 2013, firme na vocação que o inspira, passa para o Seminário Maior, ainda em Mariana, e em 2014 transfere-se para o Seminário Nossa Senhora do Amor Divino, em Corrêas. Em 2019 é ordenado diácono e em seguida sacerdote na Catedral de Petrópolis, agora pela imposição das mão de Dom Gregório Paixão, O.S.B., nosso bispo Diocesano e confrade, por sobre a cabeça dele.
Senhora Presidente,
Nesta noite de alto inverno, o Instituto Histórico de Petrópolis abre as portas da Casa de Claudio de Souza para receber e dar posse a um novo associado titular, o Pe. Thomas Andrade Gimenez Dias, a criança do episódio que narrei, para tomar assento na Cadeira de nº 33, a idade de Cristo, e que tem por patrono um outro padre, o Padre Antônio Tomás de Aquino Correia, proprietário da porção de terras em que hoje situa-se, exatamente, o nosso Seminário, e que foi o berço da devoção a Nossa Senhora do Amor Divino, padroeira da Diocese, a partir da quase tricentenária capela da Fazenda dos Correias.
Padre Thomas sucede a professora Ruth Judice, transferida, em jubilação honrosa, para o quadro de associados eméritos.
O empossado é bacharel em Filosofia (2015) e Teologia (2019), ambos pela Universidade Católica de Petrópolis, tendo ao final desta última graduação apresentado notável monografia sobre “A formação do clero diocesano no Brasil Colônia”. Possui pós-graduação em Direito Matrimonial Canônico, também pela UCP, e Arquivologia, pela Faculdade de Venda Nova do Imigrante. É membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Ritápolis, onde ocupa a Cadeira de nº 29, patronímia do Padre Crispiniano Antônio de Souza.
Na Diocese de Petrópolis, Padre Thomas exerceu o diaconato na Paróquia de Santana de Inconfidência, em Paraíba do Sul (2019) e foi vigário paroquial de São Pedro, em Pedro do Rio (2020-2021). Atualmente é vigário paroquial de São José de Itaipava, e também o cerimoniário oficial, além de ser o diretor espiritual da Comunidade Jesus Menino e o diretor do Arquivo Histórico e Eclesiástico.
Meu caro Padre Thomas,
Faço votos de que o convívio entre nós seja-vos útil na troca de ideias, conhecimentos, saberes e informações acerca da história da Cidade Imperial, que há quase um decênio o acolhe e abraça como filho adotivo, e sirva de estímulo para a perseverança no reto caminho e nos bons propósitos, a serviço de Deus, da Igreja, do povo e da história.
O amigo ainda é bastante jovem, e tem uma longa estrada a percorrer, com muitas conquistas e realizações pela frente, com muitos talentos a multiplicar, como o servo bem e fiel da parábola.
Que a sua presença nesta Casa seja, por outro lado, fator de enriquecimento dos demais associados, com o muito que por certo tem a ensinar e partilhar, no contexto da fraternidade intelectual que a partir de agora começa a existir.
Eminentes confrades,
A investidura de um novo integrante em um sodalício de cultura assinala um encontro de gerações, na ideia da imortalidade acadêmica.
Nesta sessão solene, temos viva a memória do Padre Antônio Tomás de Aquino Corrêa, conjugada com a terna recordação da professora Ruth Judice, a propósito do benfazejo ingresso do Padre Thomas Andrade Gimenez Dias no Instituto Histórico de Petrópolis.
Memória viva, como disse.
Comecei e termino com Dom José Carlos de Lima Vaz: “A fé cristã é essencialmente uma memória do passado (Fazei isto em memória de Mim!). Essa memória é que dá sentido ao presente e é a base da construção do futuro. A Igreja nunca poder moderna no sentido estrito da palavra, porque seu único presente, seu aqui e agora, é o evento histórico de Cristo, Filho de Deus feito homem, o qual, na sua Ressurreição, se tornou o presente permanente da Igreja. A fé cristã se constrói através dos tempos pela verdade revelada, guardada fielmente e transmitida de geração em geração, tornada viva pela presença misteriosa de Cristo e do Seu Espírito. Ela é uma memória histórica.”
Obrigado a todos pela atenção, bem vindo Padre Thomas.