DISCURSOS – Homenagem ao Major Koeler, em 29 de junho 2019.
Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva
Dignas autoridades, senhores, senhoras.
O convite para falar aqui, em nome do Clube 29 de Junho, muito honra e a mais me obriga. Uma especial e cordial saudação aos organizadores.
Estamos ao pé do monumento, criado para guardar os restos mortais de Koeler.
Queremos homenagear quem planejou e construiu a cidade.
É nossa manifestação pública de admiração e respeito por ele, por sua obra na qual vivemos.
Coisa particular a admirar é haver ele sabido ler a natureza, haver ele considerado tão perfeitamente a conformação física do território em que plantaria o palácio de Pedro II e a povoação adjacente.
Deste atento exame surgiu ponto básico do projeto de Koeler e da sua execução.
Pelo planejado e pelo feito, ou seja, por aquilo que planejou e por aquilo que fez, podemos vê-lo a pensar:
a sede da Fazenda do Corrego Seco está em nível acima de trecho de rio cujas bordas não são bastante largas – tal sede ficava na hoje denominada Rua Mal. Deodoro – mas cursos d’água formados nestes vales vão se unir em uma área razoável e suficientemente plana e ampla para localização do palácio e da povoação circundante.
É onde estamos – área plana onde se localizam Catedral, Rodoviária-Estação de Transbordo, Rua do Imperador, da Imperatriz, Koeler, Roberto Silveira, Palácio de Cristal, Treze de Maio -, denominações atuais.
Por aqui andamos sem subir uma rua.
Nos quarteirões, bairros, se deparam áreas mais apertadas entre as elevações. Mas ali sempre descobriu o responsável pelo planejamento espaço bom às margens dos rios, riachos … para caminhos e construções.
Seguindo o sentido da vazante das águas, a partir dos pontos mais afastados da cidade, se chega ao centro, à Praça da Confluência.
Basta pensar nas concretas conclusões de Koeler para sabermos que os rios são da maior importância em Petrópolis.
Importância para o bem e para o mal. Para o bem da população resultariam áreas livres para luz, ventilação, arborização, circulação. Sim, circulação invejável, até hoje. De fato, se tivéssemos querido, poderíamos ter mão única em quase todas as ruas da cidade.
O resultado da assim formação da cidade seria o mal de possíveis enchentes, quando a força da natureza superasse o previdente cuidado humano.
Salvo dois excepcionais casos – assunto para outra ocasião – não existiam ILHAS em Petrópolis.
De algum tempo para cá, várias existem e tem sido até bem tratadas!
O ideal está em de novo termos leitos dos rios limpos, com areia nivelada, excessos retirados.
Por incrível que hoje pareça, os rios da cidade de Petrópolis já foram palco de pesca, de uso de barcos, de Festa de Gôndolas, da retirada de areia, atividade que proporcionou o sustento de muitos e a formação de riquezas.
O olhar deste dia de hoje mostra que é preciso acertar as margens, seguir os encostos tão bem feitos com blocos de pedra, acabar com os assoreamentos e suas ilhas.
As calhas livres certamente aliviarão o problema das enchentes e o nivelamento do fundo deixará sempre água corrente, evitando o mau cheiro.
Repita-se, o que já foi há muito apontado, pena que infrutiferamente, a sugestão de formar turmas permanentes de limpeza e conservação dos rios.
Correlatamente ao pessoal da limpeza das ruas, tais turmas, em um ir e vir sempre recomeçado, trabalhariam dentro dos rios. E, para a instrução e a informação geral, os componentes destas turmas usariam as indispensáveis roupas, ostentando a identificação Bacia do Quitandinha, Bacia do Palatino, Bacia do Piabanha, conforme o caso de tratarem da hidrografia de determinada região.
Também por dentro dos riachos ou rios cobertos, capeados.
E se dedicariam à limpeza e ao acerto das calhas dos mesmos.
Até as finanças do Município disto se beneficiariam, não sangradas pelas esporádicas, enormes e espetaculares operações ditas de dragagem dos rios petropolitanos.
O cuidado com nossos cursos de água, das três bacias, será a verdadeira homenagem a Koeler.
Não adianta, neste 29 de junho de 2019, estarmos aqui, virarmos as costas à estátua de Koeler e nada fazermos.
Poucos dias atrás, o Cristo Eucarístico passou pelo monumento.
O Cristo nos ensina e convoca a principalmente fazermos aquilo que for o bem para todos e cada um.