ESCOLA MUNICIPAL JOHANN NOEL

Paulo Roberto Martins de Oliveira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 10 – Patrono Carlos Grandmasson Rheingantz, falecido

Sras., Srs., Jovens e prezados parentes da família NOEL.

Sinto-me honrado pelo convite da minha própria e estimada família, para representá-la nesta solenidade e, ao mesmo tempo, representando também o Instituto Histórico de Petrópolis e o Clube 29 de Junho de Tradições Germânicas, para a inauguração desta escola, situada à margem direita do principal rio de Petrópolis, o “Piabanha”, neste Quarteirão Bingen e que terá o nome do nosso patriarca, o colono germânico JOHANN NOEL.

Primeiramente, quero externar através da nossa família, os nossos mais sinceros agradecimentos ao Sr. Marcos Novaes (Ex-Diretor da Comdep), pela iniciativa de homenagear os nossos colonizadores, e também ao nosso atual Prefeito, o ilustre médico Dr. Rubens José França Bomtempo, por acatar tal sugestão, demonstrando a sua sensibilidade no reconhecimento dos nossos valores históricos.

Apresentarei um breve histórico biográfico do meu ancestral. Na qualidade de trineto, posso expressar toda a minha admiração a este parente maior, que viveu momentos heróicos pelo sacrifício a que se submeteu, pelo ideal de luta, para conseguir meios melhores de subsistência, para a sua família, deixando para trás o berço natal, para aventurar-se nestas terras petropolitanas, onde viveu os últimos 14 anos de sua vida.

JOHANN NOEL foi um simples trabalhador de profissão lenhador/carvoeiro que, com a sua família, habitava a pequenina Aldeia de Neuhüten, situada entre a margem direita do Rio Mosel e a margem esquerda do Rio Rhein, no Bispado de Trier, na grande Região do Hunsrück da antiga Prússia-Renânia – Alemanha, onde nasceu em 04/11/1801, filho de Johann Noel (o 1º) e de Anne Margareth Krämer.

Atraído pela oferta do Governo Brasileiro para a formação da colonização de Petrópolis, juntou-se a outros patrícios para tentarem melhor sorte de vida no Brasil. Venderam o que puderam dos seus bens e pertences, arrumaram as malas, despediram-se com tristeza e emoção dos seus parentes e amigos, para numa viagem inóspita, finalmente chegarem ao topo da Serra da Estrela, na iniciante Imperial Colônia de Petrópolis.

Johann Noel, veio para Petrópolis com sua esposa Elisabeth Catharine Mathieu e seus 6 filhos: Johann, Catharine, Marie, Nicolau, Marianne e Peter. Chegaram à Petrópolis no final do mês de agosto de 1845. Provisoriamente, com outros colonos, ficaram abrigados num barracão da Colônia, onde hoje é o Convento de Lourdes, no antigo Caminho Colonial, mais tarde denominado como Rua dos Artistas (atual Rua 7 de Abril), aguardando, enquanto era demarcado o seu prazo de terras no Quarteirão Mosela.

No dia 30/08/1845, (segundo consta numa das primeiras relações de trabalhadores da Colônia) Johann NOEL e seu filho mais velho (o Júnior) foram trabalhar como ajudantes de pedreiro, nas obras do Imperial Palácio (hoje Museu Imperial) e depois nas demais obras públicas, nos aterros, desaterros e nas canalizações dos rios do centro da Vila Imperial.

Em meados do mês de setembro de 1845, após a limpeza do seu prazo de terras n.º 847, onde hoje estão os números prediais 455, 511, 555 e 557 da Rua Mosela, no Quarteirão Mosela, instalou-se com sua esposa e os seus 6 filhos, numa humilde casinha, que construíram com o material que o próprio terreno oferecia. Ali, em 1847, nasceu a sua filha Elisabeth, que foi a primeira petropolitana da família Noel e a única dos filhos nascida no Brasil.

Com a diminuição das obras públicas, rareavam os serviços e as dificuldades financeiras surgiam. Foi então que lançou mão de sua antiga profissão de carvoeiro e, junto aos filhos maiores, iniciou a industrialização do carvão vegetal, primeiro explorando as matas do seu próprio terreno e mais tarde as dos arredores de Petrópolis.

Devido a uma enfermidade pertinaz, o seu derradeiro dia ocorreu em 10/07/1859, aos 58 anos de idade, deixando a viúva Elisabeth e seus 7 filhos, sendo 3 casados e 4 solteiros.

Por volta do ano de 1890, uma parte da família Noel resolveu sair do Quarteirão Mosela, pois o terreno onde moravam era íngreme, rochoso, desmatado e impróprio para o cultivo e não mais oferecia meios para subsistirem. Alguns vieram para o Quarteirão Bingen e outros foram para o Quarteirão Woerstadt.

Neste Quarteirão Bingen, onde hoje estamos, encontram-se alguns descendentes do Johann Noel, que exploram o ramo mobiliário e o da construção civil, pois aqui, há muitos anos, iniciaram as suas atividades e hoje são grandes empresários, colaborando com o desenvolvimento econômico de Petrópolis.

Muitos outros descendentes encontram-se em varias localidades de nossa cidade, periferia e cidades vizinhas, sendo muitos com formação de nível superior, que são advogados, engenheiros, médicos, professores, e outros menos favorecidos pela sorte, porém são honestos trabalhadores, operários e artífices.

Não somos descendentes de ramos maiores, de altas prosápias e nem de progênie nobre e rica, mas sim de um homem simples que, com sua esposa e filhos, iniciou a grande linhagem dos NOEL em Petrópolis.

Aproveito a oportunidade para manifestar um voto de pesar por um ente querido nosso, que há poucos meses nos deixou. A saudosa Maria Teresa Noel, que foi uma dedicada professora, de uma das nossas escolas municipais, que com certeza, hoje aqui estaria presente aprovando este belíssimo acontecimento de merecida homenagem, que é o nome do nosso trisavô no frontal desta escola.

Vale ressaltar que estamos na nona geração da família e hoje somos mais de dois mil descendentes do colono Johann Noel.

Para finalizar, reservo uma saudação especial e rendo as minhas homenagens ao colono JOHANN NOEL e a todos os pioneiros colonos germânicos, dos quais grande parte do povo petropolitano descende. Eu, como um dos descendentes deste colono germânico, sinto-me honrado e agradecido por estar participando desta solenidade e estar contribuindo para o resgate da nossa história.