A FACULDADE CATÓLICA DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS – CINQÜENTENÁRIO DE SUA FUNDAÇÃO
Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette
Cerca de um ano após a instalação auspiciosa da Faculdade de Direito, nova Faculdade foi inaugurada em 29 de abril de 1955 – a de Filosofia, Ciências e Letras.
A solenidade de instalação foi realizada na sala de sessões da Câmara Municipal, comparecendo à mesma as seguintes autoridades: Dr. José Pedro Ferreira da Costa, representante do Exmo. Sr. Ministro da Educação; Dr. Firmino Machado, representante do Exmo. Sr. Governador do Estado; Dr. Flávio Castrioto de Figueiredo e Mello, prefeito municipal; Prof. Nelson Romero, representante do Conselho Nacional de Educação e outros.
Na ocasião fizeram uso da palavra Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra, Dr. Arthur de Sá Earp Neto, Profa. Nair Fortes Abul Nehry e Prof. Nelson Romero. Este último salientou a verdadeira posição da Igreja Católica nos misteres intelectuais e morais, pois, afirmou, “Cristo ensinou o mundo a filosofar”.
Instalada no bairro do Retiro, à Rua Vidal de Negreiros, 97, onde já vinha funcionando a Faculdade de Direito, a nova unidade de ensino iniciou suas aulas em 2 de maio de 1955, com o funcionamento simultâneo de três cursos: o de Filosofia, o de Geografia e História e o de Línguas Neolatinas.
A exemplo do que acontecera com a Faculdade de Direito, seus professores foram recrutados entre educadores de notório saber e com larga experiência de ensino de nível superior, destacando-se: Padre José Fernandes Veloso, Frei Boaventura Kloppenburg, O.F.M, Antonio Rezende Silva, Gerardo Dantas Barreto, Eduardo Prado de Mendonça, no Curso de Filosofia; Maria Yeda Leite Linhares, Arthur César Ferreira Reis, Décio José de Carvalho Werneck, Fernando Miguel Pinho de Almeida, Speridião Faissol, Jorge Zarur e Maria Laís de Moura Mousinho, no Curso de Geografia e História; Germano Müller, Emília Navarro, Maria da Glória Rangel Sampaio Fernandes, Maria José Trindade Negrão, Mario Camarinha da Silva, Silvestro Sanfilippo, Joaquim Matoso Câmara Júnior e Silvio Edmundo Elia, no Curso de Letras.
Estes professores da primeira hora souberam criar condições favoráveis à formação de uma consciência pedagógica, propiciando, destarte, o desenvolvimento das atitudes necessárias à formação do verdadeiro mestre em seus alunos.
Em 1956, as Faculdades Católicas Petropolitanas se mudavam para o centro da cidade, para as confortáveis instalações do prédio do antigo Palace Hotel, à Rua Barão do Amazonas, adquirido graças ao oportuno auxílio financeiro do Governo do Estado, auxílio este completado com uma generosa doação do Dr. Guilherme Guinle.
O novo prédio, com suas raízes históricas, pois havia abrigado sucessivamente no passado o Hotel Orleans, o Palácio do Secretariado (quando Petrópolis foi capital do Estado), a Escola Normal Livre de Petrópolis, o Ginásio de Petrópolis e o Palace Hotel, segundo afirmam alguns, estava fadado a ser sede de uma Universidade, pois teria sido nas dependências do mesmo que, por ocasião da visita do rei Alberto da Bélgica, se reuniram as autoridades que resolveram acelerar a criação da Universidade do Rio de Janeiro, pois era mister conceder ao heróico e estimado soberano o título de “Doutor Honoris Causa”.
Assim, a 10 de março de 1956, após a benção das novas instalações pelo bispo D. Manoel Pedro da Cunha Cintra e das homenagens prestadas ao governador do Estado, Dr. Miguel Couto Filho e ao benemérito Dr. Guilherme Guinle, o desembargador Narcélio de Queirós ministrou a aula inaugural que versou sobre o tema “Massa e Poder”.
Logo dois novos cursos se juntaram aos já existentes, o de Línguas Anglo-Germânicas e o de Pedagogia. A nova Faculdade crescia, sendo a formação de seus alunos complementada por expoentes da filosofia, das ciências e das letras que, visitando a Faculdade, nela proferiram eruditas palestras. Entre estas deixaram gratas recordações as de monsenhor Maurílio Teixeira Leite Penido, ex-professor da Faculdade de Friburgo, na Suiça, que discorreu sobre o tema “Itinerário Espiritual de Bérgson”, a do renomado escritor e professor Alceu de Amoroso Lima, que abordou o tema “Proust e Machado de Assis”, a do Dr. Milton Campos, expressivo conferencista, que discorreu sobre o cativante tema “Rousseau e a ambigüidade de sua influência” e tantas outras.
Finalmente, em 28 de fevereiro de 1959, em expressiva solenidade realizada no Teatro Mecanizado do Hotel Quitandinha, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras formava sua primeira turma de professores, depois de tê-los capacitado humana e profissionalmente, pelo saber e pelo ser, para o exercício da nobre missão de ensinar.