FREI LEÃO

José Afonso Barenco de Guedes Vaz, Associado Titular, Cadeira n.º 11 – Patrono Henrique Carneiro Teixeira Leão Filho

          Após os terríveis temporais que se abateram sobre a nossa cidade, ceifando vidas e destruindo moradias em vários bairros em especial no Alto da Serra, nos dirigimos àquele local sem poder acreditar no que estávamos vendo em razão de tamanha destruição.

           Do alto da Igreja de Santo Antônio, uma vez que a rua por nós percorrida dá acesso à parte lateral do templo, saltamos do carro e voltamos em seguida a vislumbrar o Morro da Oficina.

            Total caos!

       Cabisbaixo, já no interior da igreja, lembramos com absoluta precisão das salas existentes no pátio onde recebemos os ensinamentos com vistas à primeira comunhão.

            Naquele mesmo momento voltamos o pensamento a um passado longínquo e nos veio à mente a figura de Frei Leão.

          Estudávamos no Grupo Escolar Rui Barbosa e constantemente nos dirigíamos à Igreja, juntamente com colegas do colégio, para estudo do catecismo indo ao encontro do bom sacerdote.

            Mas afinal, quem foi Frei Leão? Muitos ainda indagam!

            Figura nunca esquecida que teve atuação marcante em nossa terra.

           Nascido em Wuppertal, na Renânia, Alemanha, em 21 de novembro de 1897, tendo chegado ao nosso país na cidade de Blumenau, Santa Catarina, ainda muito jovem, porém já com idéias pré-concebidas no sentido de criar instituições de amparo em prol dos necessitados, por isso mesmo tornando-se incansável na ajuda aos mais pobres e bem assim aos enfermos.

              Missão que recebeu das Alturas já determinada pelo Pai, àquela época.

        Frei Leão foi ordenado sacerdote em 1925 quando completou 27 anos sendo que sua primeira missa foi celebrada na cidade de Amparo, estado de São Paulo.

            Permaneceu em Petrópolis cerca de trinta anos sempre na busca de cuidar dos pobres, nesta altura já pároco da Igreja de Santo Antônio do Alto da Serra.

           Sua atuação foi extraordinária eis que dotado de espírito empreendedor e voltado à religião que abraçou, fez construir a Igreja de São Sebastião, no bairro do mesmo nome.

        No bairro Morin, também uma Igreja e um colégio, sempre contando com apoio das comunidades que o respeitavam e admiravam como fiel discípulo de São Francisco de Assis.

           Não satisfeito, no chamado Morro do Turco, construiu também uma capela e uma escola para a população local.

            Em determinado momento de sua vida, constatando que o Hospital Santa Teresa não comportava mais o número de doentes que demandavam abrigo, Frei Leão construiu um pavilhão junto ao hospital com 64 leitos.

            Deixou a cidade de Petrópolis, fato notório, bastante entristecido, depois de uma longa permanência e de incessantes atividades desenvolvidas em prol da Igreja.

                Transferido para São Paulo, capital, teve atuação na paróquia de Santo Antônio do Pari.

            Em 1970 Frei Leão adoeceu seriamente padecendo de doença que acabou por levá-lo à morte em 31 de outubro de 1996, após permanecer seis anos numa cadeira de rodas.

             Petrópolis, especialmente as comunidades do Alto da Serra, Morin e São Sebastião, através da geração de pessoas com quem o franciscano conviveu, sua figura e atuação são reconhecidas por muitos, vez que passou por esta vida terrena nunca descuidando do amparo aos pobres, aos doentes, aconselhando os jovens e afagando os não crentes em Jesus.

              Nesta cidade, por inteira justiça, é nome da praça; por outro lado, recebeu o título de cidadão petropolitano no dia 17 de outubro de 1957, além de haver sido agraciado com a Medalha Koeler e a Cruz de Honra pelos serviços prestados à Petrópolis.

                 Frei Leão, exemplo da prática do amor e da caridade, exemplar discípulo de São Francisco de Assis.

         Recordo-me quando de sua passagem, quase que diariamente, a caminhar pelas ruas situadas nas proximidades dos bairros Alto da Serra, Castelânea e outros, sempre a ouvir e afagar àqueles que tanto o apreciavam e por isso mesmo fundamentado no Santo de Assis, exatamente nos termos da Primeira Regra, fez perseguir: “Os irmãos devem se regozijar de estar entre pessoas de baixa condição, desprezadas, pobres, enfermos, leprosos ou mendigos de rua”.

               Assim foi a bela trajetória de Frei Leão em nossa querida cidade.

            Construiu belíssima história que devemos contá-la aos nossos amigos e familiares, vez que sua figura nunca poderá ser apagada.