FREI LEÃO E A IGREJA DE SÃO SEBASTIÃO

Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette

Ao ensejo das comemorações de mais um aniversário da fundação da Igreja de São Sebastião, no bairro do mesmo nome, é de plena justiça evocar a memória de Frei Leão Hessling, sem dúvida o grande animador de sua construção.

Nascido a 21 de novembro de 1897, na Alemanha, veio para o Brasil ainda moço, fazendo seus estudos iniciais, de 1912 a 1918, em Blumenau, Santa Catarina, sendo ordenado sacerdote a 10 de agosto de 1925, em Petrópolis.

Exercia suas atividades sacerdotais em Santa Catarina, quando foi acometido por grave enfermidade, vindo, por ordem de seus superiores, convalescer em nossa cidade, no Convento do Sagrado Coração de Jesus.

Recuperado, foi-lhe confiada a 21 de março de 1929, a assistência religiosa no Santuário de Santo Antônio do Alto da Serra, então simples Capela, já que sua elevação à dignidade de Paróquia, só ocorreu em 1933, diga-se de passagem, graças aos cuidados que lhe dispensou o zeloso franciscano.

Frei Leão desenvolveu intensa atividade pastoral, sendo responsável pela fundação da Liga Católica Jesus, Maria, José, em 8 de outubro de 1933; da Pia União de Santo Antônio; da Escola Paroquial e do Ambulatório de Santo Antônio, que tantos benefícios prestou à população desprovida de recursos.

Incansável, percorria todos os recantos de sua imensa Paróquia, que inicialmente abrangia o território que gerou mais tarde a Paróquia de São Norberto e as regiões do Indaiá, Cremerie, Independência, Quarteirão Worms, Grota Funda, Morin, Meio da Serra e outros recantos mais afastados, prestando assistência material e religiosa aos necessitados e enfermos.

Em 1953, iniciou uma obra que demonstra muito bem seu espírito empreendedor e sua confiança na proteção divina: a construção da igreja de São Sebastião, no bairro então denominado Indaiá.

O citado bairro tem seu desenvolvimento ligado à construção da rodovia Washington Luiz, que liga Petrópolis ao Rio de Janeiro, já que a afluência de trabalhadores para atender à necessidade de mão-de-obra para a construção da mencionada rodovia, foi o grande fator responsável pela ocupação daquela região, antes um pequeno recanto conhecido como Cortiço.

Em abril de 1929, segundo ele mesmo informa, Frei Leão Hessiling, então Capelão do Santuário de Santo Antônio do Alto da Serra, foi chamado para prestar assistência a um doente que havia contraído febre na Baixada.

A partir daí, toda aquela comunidade passa a fazer parte da vida apostólica de Frei Leão, que desenvolve intensa atividade, acolhendo os doentes, os jovens e as crianças, visitando as famílias, batizando, legitimando casais.

A seu pedido, o Prefeito Municipal, Dr. Mario Aluízio Cardoso de Miranda funda na região a Escola Municipal André Rebouças que, a 13 de maio de 1938, se instala no prédio situado à Rua São Sebastião, número 714.

A construção da Escola contribuiu para tornar ainda mais regular a assistência religiosa à população do bairro, já que o Prefeito Municipal permitiu que o zeloso franciscano administrasse o culto divino, numa de suas salas, ao mesmo tempo em que o Bispo de Niterói, Dom José Pereira Alves concedia o privilégio de altar portátil e o direito de celebrar a Santa Missa e administrar os sacramentos na escola.

Em 1950, segundo dados estatísticos, a população do bairro foi calculada em aproximadamente 2.730 almas, aumentando consideravelmente o número de fiéis que buscavam assistência material e espiritual e tornando imperiosa a construção de um templo que abrigasse todos os fiéis.

A este fato devemos acrescentar também o fervor religioso despertado pelas Santas Missões, pregadas pelo Padres Redentoristas, no bairro, entre 10 e 20 de maio de 1951, como tendo fortalecido ainda mais a idéia da construção de um templo na região.

Assim, por ocasião de sua visita pastoral ao bairro, o Bispo D. Manoel Pedro da Cunha Cintra exortou os moradores a darem início à construção de uma Igreja, nomeando para tal fim, a 1 º de junho de 1951, uma Comissão que ficou assim constituída: Presidente: João Arnaldo Theóphilo; Vice-Presidente: José Francisco Nicolau; 1 º Secretário: Augusto Francisco Albino; 2 º Secretário: José Assumpção Dutra; 1 º Tesoureiro: Cristóvão Macedo; 2 º Tesoureiro: Custódio Ferreira da Costa; Diretores: Manoel Haubrich, Carlos Forster; Conselheiros: Manoel Corrêa, Francisco Clemente, José de Almeida, Felício Giovani, Francisco Figueiredo, João Francisco Catalda, Alcides Leandro, Francisco da Cruz, Alfredo Carvalho e Francisco Solano Rabelo.

Em terrenos doados pelos senhores Custódio Ferreira da Costa e Bento González Pazzos, acrescidos de mais uma área de terras adquirida pela Mitra Diocesana, tiveram início as obras sob a orientação do construtor Walter Nascimento, conforme planta de autoria do Dr. Oséas Otávio Vilela de Andrade, com modificações posteriormente sugeridas pelo Dr. A. Floderes, em outubro de 1952.

A 1 º de maio de 1953, D. Manuel Pedro da Cunha Cintra lançou a Pedra Fundamental da nova igreja, dedicada a São Sebastião.

O empenho da Comissão, a dedicação de Frei Leão e as doações dos fiéis contribuíram para que a Igreja fosse construída em tempo recorde, já que a 23 de janeiro de 1955, por ter o dia 20, em que se comemora a festa de São Sebastião, caído num dia útil, o Bispo Diocesano procedia à Benção e Inauguração da Igreja em tocante cerimônia que contou com a participação de um grupo de cantores do Convento do Sagrado Coração de Jesus, executando os hinos litúrgicos, sendo a Santa Missa celebrada pro Frei Leão.

A Igreja de São Sebastião esteve sob os cuidados de Frei Leão até sua transferência para São Paulo. Com a criação da Paróquia de São Sebastião, no dia 10 de agosto de 1966, foi a mesma entregue aos Padres Capuchinhos, sendo seu 1 º Vigário Frei Jorge de Módica.

O território da nova Paróquia foi desmembrado das de Santo Antônio do Alto da Serra e de São Norberto do Valparaiso, abrangendo as seguintes localidades: Indaiá, Siméria, Quitandinha, Independência, Taquara e Cremerie.

Nem bem havia concluído a Igreja de São Sebastião, Frei Leão já se encontrava envolvido em outro empreendimento igual, a construção da igreja de Nossa Senhora da Glória, no Morin, cujas obras foram iniciada em 1957, seguindo planta elaborada pelo Dr. Glasl Veiga e concluídas a 5 de junho de 1959.

Frei Leão passou os últimos anos de sua vida em São Paulo, onde faleceu a 31 de outubro de 1976, sendo sepultado no Cemitério da Consolação, no Jazigo dos Franciscanos. Em 31 de outubro de 1993, seus restos mortais foram transladados para Petrópolis, e colocados no monumento levantado em sua honra, na praça defronte a Igreja de São Sebastião.

Nota: No dia 27 de dezembro de 2001, por determinação do Padre José Nilton Dias Granito, os restos mortais de Frei Leão foram transladados para o interior da Igreja de São Sebastião e colocados ao lado do altar. Isto ocorreu devido ao fato de que na praça estavam ocorrendo alguns abusos e desrespeitos.