GLÓRIA, SAUDADES, GRATIDÃO

José Afonso Barenco de Guedes Vaz, Associado Titular, Cadeira n.º 11 – Patrono Henrique Carneiro Teixeira Leão Filho

 

      Valho-me deste ensejo para voltar ao passado, que já vai distante.

     Imagino, não duvido, que muitos hão de estar indagando por que razão volver a período tão remoto, vez que tantos eventos já devem estar esquecidos?

       Todavia, continuo a admitir vez que quem não cultua o passado dificilmente irá reconhecer o futuro.

     Por isso mesmo, não foi sem qualquer razão e fundamentos – especialmente de ordem familiar e de modo a preservar a cultura e tantos outros bens a nós outorgados pelas Alturas – que os escritores e acadêmicos Paulo César dos Santos e Fernando Costa publicaram a obra “Tributo aos Acadêmicos de Ontem”.

      Louvado em tais preceitos ainda não me esqueci – e não hei de esquecer-me – da festividade que programei a qual, para meu gáudio, foi coberta de sucesso ante a quantidade de pessoas amigas que fizeram comparecer ao evento relacionado com o lançamento do livro “Vida e obra do poeta Osmar de Guedes Vaz”, idos de 2013, portanto decorridos quase 10 anos.

       Recordo-me que tal festividade no entender da então presidente da

       Academia Petropolitana de Letras, a escritora, poeta e jornalista Christiane Michellin, poderia ter sido realizada na Casa de Cláudio de Souza, em razão de o homenageado haver integrado os quadros da instituição, ocupante da cadeira 28.

       Todavia, após agradecê-la decidi que viesse a se dar num espaço apropriado do condomínio onde residíamos.

     Assim é que, primeiramente, desejo renovar os votos de agradecimentos, sem dúvida emocionados, que fiz dirigir à plêiade de amigos que se fizeram presentes, como os brilhantes acadêmicos Roberto Francisco; Carmem Felicetti; Joaquim Eloy Duarte dos Santos e Gustavo Wider, ora descrevendo o primeiro e o último, respeitosamente, In Memoriam, porém nunca esquecidos.

      Destaco, ainda, com o coração batendo forte, o momento em que usaram da palavra, primeiramente, o notável professor, poeta e trovador Roberto Francisco, logo após, a destacada professora Carmem Felicetti.

        As palavras proferidas por Carmem foram objeto de publicação na obra “Retalhos Diversos”, da minha autoria.

       A fraterna amiga desde logo fez questão de lembrar a inesquecível amizade de seu pai para com o poeta.

     E mais, “…conheci-o através de meu pai, seu amigo e admirador”. Valeu-se do momento, também, para ler inúmeras trovas da autoria do poeta.

       O decano da Academia Petropolitana de Letras, professor Joaquim Eloy, a seguir fez discorrer sobre a vida e obra do homenageado e, ao final de suas palavras, para deleite dos presentes, leu, sob o título “Trovas ao Trovador”, todas elas rimadas com o poeta Guedes Vaz, merecendo, ao final da leitura, demorados aplausos dos presentes, vez que nunca as esqueci!

           Ei-las:

“Uma rima eu busquei

para Osmar de Guedes Vaz.

Foi muito fácil; achei

o seu amor pela paz.

 

Trovador de rima forte

no seu estilo loquaz;

lindo poeta; de porte

era o Osmar de Guedes Vaz!

 

Ele adorava a trova

na sua verve mordaz

e a Eternidade comprova

o seu talento, que jaz.

 

Foi Osmar de Guedes Vaz

excelente criatura,

um poeta e muito mais

além do amor e ternura.

 

Inteligência brilhante

no seu jeito perspicaz,

engraçado a todo instante

belo Osmar de Guedez Vaz.

 

Audaz, capaz, eficaz

e outras palavras mais

rimando com Guedes Vaz,

fino poeta loquaz.

 

Foi Osmar de Guedes Vaz

Lindo poeta, de porte,

no seu estilo loquaz

trovador de rima forte!

 

E neste instante tão lindo,

a homenagem se faz

em trova, sempre sorrindo

nosso Osmar de Guedes Vaz”.

 

        Recordo-me das palavras de agradecimento que fiz dedicar aos estimados Joaquim Eloy Duarte dos Santos e bem assim à Carmem Felicetti os quais, pela graça de Deus, continuam a nos proporcionar novas obras, amizades eternas, além de alegrias a seus confrades e confreiras da Academia Petropolitana de Letras mas, também, a familiares e amigos apreciadores da boa leitura.

          Os mesmos agradecimentos fiz chegar à prima, professora, pianista, além de inspirada poeta, Lucília Gabrich Barenco.

          Finalmente, uma palavra de louvor, saudades e gratidão, no tocante à figura do professor Roberto Francisco o qual, de invejável improviso, prestou, outrossim, marcante homenagem ao poeta.

       Justamente, em razão do improviso de que se valeu, não poderia deixar de relembrá-lo em “Miscelânea”, publicação no Jornal de Petrópolis, período de 10 a 16 de junho de 2017, quando assim se fez expressar com relação a um livro lançado por este que ora lhes escreve.

“Os que, como eu, tiveram a honra de conviver com o cronista e poeta Osmar de Guedes Vaz, foram beneficiados por Deus com sua lhaneza de trato, bom humor, simpatia e alto nível intelectual. Foi meu professor de TROVAS a que me afeiçoei e adotei, desde 1966, tendo a honra de haver recebido de suas mãos sábias e operosas, a direção da UBT, em 1966, neste enriquecedor cargo desde então”.

        O mestre Roberto Francisco, com o coração que quase não lhe cabia no peito, ainda completa: “Livro se abre com o desejo de obter entendimento e se fecha com um beijo por ter aproveitamento”.

       Restariam, outrossim, as inesquecíveis recordações que nos legou o poeta, contista e cronista Gustavo Wider que, infelizmente, não pôde se pronunciar durante o evento, por questão de saúde, entretanto, minha palavra de lembrança dirigida ao mesmo e aos céus, onde certamente habita ao lado dos seus queridos pais e amigos.

         Para tanto, faço transcrever do seu livro “Caminhos e Descaminhos”, a poesia que segue:

 

“Cheia, redonda e muito pálida

ia a lua se deitando, ao findar a madrugada

quando subitamente, a surpreendi

com o mesmo assustado enleio

com que se surpreende

uma mulher pelada

com a mão no seio.

Por um instante paramos,

ambos surpreendidos e enleados.

Mas logo ela, puxando sobre si

uma veste de seda

(e fingindo não me ver)

seguiu seu caminho

até desaparecer na alvorada

– como uma mulher, pelada”.

         Aos que já partiram, e foram muitos, acredito, piamente, que brilham nas Alturas como estrelas de primeira grandeza, em razão de tantos gestos de amor e carinho praticados nestas paragens de provas e expiações.