HÁ ALGO ERRADO!

Aurea Maria de Freitas Carvalho, ex-Associada Titular, Cadeira n.º 4 – Patrono Arthur Alves Barbosa, falecida

Há algo errado na psicologia das eleições e, sobretudo, uma mentalidade imediatista que conta com a memória curta dos possíveis eleitores. Sempre ouvi dizer que véspera de eleição é época de político fazer mil promessas que, na sua maioria não poderão e não serão cumpridas, mas há interesse da parte dos candidatos de satisfazer os desejos dos eleitores. Entretanto não é isso que vem ocorrendo.

Eu faço parte, como Conselheira de Preservação, da Ama Centro Histórico, e como tal participei da entrega do abaixo-assinado entregue ao Prefeito, no palácio Fadel, com inúmeras assinaturas de moradores da rua Ipiranga ou não em 30.03.03, pedindo a criação do Parque Ecológico, e do lançamento da pedra fundamental deste, situado no final da rua Ipiranga, no dia 31 de março de 2002, se não me falha a memória. Bonita cerimônia, diga-se de passagem. Com direito a discurso do Prefeito e o comparecimento de várias autoridades. Foram feitas muitas promessas na ocasião: cercar o parque, colocar guarita para evitar invasão, demarcar a área etc… Fiados em todas estas promessas, organizamos já vários eventos no local, com a presença de representantes de várias ONGS, de colégios e de bastante público, pessoas interessadas em terem um local amplo, livre de poluição e de trânsito que possibilite caminhadas tranqüilas, seguidas de um descanso livre de descargas de ônibus e de carros.

A nossa parte de divulgação tem sido feita com grande êxito. Qual não foi o nosso espanto ao constatarmos, que da parte das autoridades não foi acrescentado no papel um ponto sequer ao que fora prometido assim como na prática nada fora feito. E, isto, agora, nas vésperas das eleições! Parece-me um contra-senso uma vez que isso garantiria, quando nada, algumas dezenas de votos pela confiança que daria no cumprimento do prometido! Parece que os candidatos preferem nesta época lançar mão de um artifício de angariar votos mais rápido, mais fácil e menos dispendioso que é distribuir cestas básicas para as famílias mais carentes que, passadas as eleições, eles esquecem e pronto!

E não se fale na criação de trabalho e de empregos que trazem as construções, na maioria feitas irregularmente em terrenos de preservação permanente (como é o caso do Parque Ecológico), porque estas, além de não serem bem remuneradas, também chegam ao fim. O ideal, portanto, seria que se conseguissem bons empregos, mais bem remunerados e duradouros como seria o caso de colocações em setores de turismo e preservação pois além do ordenado inicial permitiriam o crescimento e a expansão. O número de turistas cresce a cada ano e, com imaginação, pode-se criar novas fontes de renda como tem sido feito no mundo inteiro.

Do mesmo modo, como vice-presidente do Instituto Histórico de Petrópolis tive oportunidade de participar da elaboração de um documento solicitando um melhor tratamento dado ao Arquivo Histórico e à Biblioteca Municipal que dividem espaço com várias repartições públicas que não têm nada a ver especificamente com a cultura. Corremos o risco, desse modo, de perder a nossa história e assim o nosso passado. Este assunto já é do interesse de outro tipo de pessoas interessadas em estudar, não só o passado do ponto de vista da história e da cultura mas também, da economia, da política, da educação, da formação étnica etc.

Seriam mais alguns votos garantidos, pela compreensão do papel relevante dessas instituições. Com muita surpresa fui informada que o Prefeito não estava marcando compromissos atualmente! Procuremos, então, outras portas que tenham mais sensibilidade!.