ATIVIDADES SOCIAIS
A primeira associação dos colonos, nasceu no ano de 1854 – a GEWERBE VEREIN, voltada para os estudos das artes e ofícios.
Com o término da Imperial Colônia Germânica em 1859, deixou de existir a “Caixa de Socorro”mantida pela mesma. Em substituição; Pedro Müeller (diretor do Semanário Germânia) fundou em 01/11/1864 a Sociedade Beneficente “Deutsch Brasilianisch Krankenkasse Brunderbund”.
A seguir, outros entusiastas da Colônia, fundaram a Cecilien Verein no Quarteirão Nassau, a Liedertafel no Quarteirão Bingen e em 07/09/1898, Pedro Hilgert fundou a Turnverein de Petrópolis.
Após o regime colonial, surgiram as sociedades recreativas, musicais e dançantes.
Em 1863, o Professor Frederico Stroelle, fundou a “Saengerbund Eintracht” (denominada mais tarde por Coral Concórdia).
Em seguida surgiram outras associações. Sendo algumas instaladas nos Quarteirões: Nassau, Bingen e Mosela.
Cada associação criava o seu próprio coral, outras atividades artísticas, esportivas e musicais. Além de organizarem passeios, piqueniques e outros eventos..
Em 11/11/1894 foi fundada a “Deutscher Verein” e em 05/05/1895 pelo Sr. Carlos Kling Sobrinho (neto do colono George Magnus Kling), foi fundada a “Harmonie Moselthal” que mais tarde passa a denominar-se Sociedade Recreativa Harmonia Brasileira. Apesar das muitas dificuldades comuns a qualquer clube, vem esta sociedade resistindo até aos dias atuais, com um quadro de sócios que ainda na maioria, são descendentes dos nossos colonizadores.
Vale ressaltar que por volta de 1874, os Srs. Carlos Latsch e Pedro Kneipp, mantinham uma casa de bailes no local ainda conhecido como Duas Pontes (entre as Ruas Washington Luiz e Cel. Veiga).
A parte recreativa dos primeiros tempos da Colônia, tinham mais caráter familiar de festas escolares e religiosas e geralmente aconteciam nos quarteirões, sempre longe da Vila Imperial.
Em 1854 existiu um coral formado por 20 à 25 colonos, sob a regência do também colono Jacob Müller, cujo trabalho teve por início o ano de 1849. A princípio com cânticos religiosos, quando das apresentações nas missas dominicais.
Quanto a parte musical, tem-se notícias de que a primeira banda de música dos colonos, surgiu em novembro de 1845 (apenas 5 meses após o início da Colônia) e composta por l2 pessoas. Porém por mais que pesquisei, não consegui descobrir os nomes destes colonos.
Com certeza, sabe-se que o primeiro musicista que apareceu na Colônia, foi o Sr. Gustavo Eckardt – natural de Hesse e competente afinador de pianos. Era casado com uma das filhas do colono Valentim Scheid, moradores do Quarteirão Westfália. Com os poucos rendimentos da arte musical, trabalhava também como carpinteiro nas obras da Colônia. Nas horas dedicadas ao lazer, organizou um conjunto musical que mais tarde transformou-o numa banda. Esta banda além do regente Gustavo Eckardt, era composta pelos irmãos Henrique, Pedro e Frederico Esch, Francisco Vogel e Pedro Jacobs.
Passado alguns anos e por divergências. Gustavo Eckardt saiu da banda e foi substituído na regência pelo escrivão José Schaefer que denominou o grupo musical por “Banda Schaefer”.
Em seguida, Gustavo Eckardt criou um novo grupo musical com os seus oito filhos: Alberto, Arthur, Carlos, Eduardo, Gustavo Filho, Henrique, João e Teodoro, formando a seguir a famosa “Banda dos Gustavos”. Apresentavam-se nos finais de ano no Palácio Imperial e habitualmente às quartas-feiras e domingos no centro de Petrópolis, no lugar denominado “Bacia”, na confluência dos Rios Quitandinha e Palatino. Apresentavam-se também em quase todas as solenidades da antiga Petrópolis. Esta banda existiu até ao final do ano de 1896.
Vale ressaltar que surgiram outros grupos musicais e entre tantos a “Banda Maul”, composta pelos descendentes do colono Martim Maul.
ARTES
Entre os colonos haviam os que tinham grandes habilidades manuais e artesanais e que destacaram-se na Colônia com trabalhos de fino acabamento. Por exemplo: os ferreiros Jacob Monken e Luiz Echternacht, os marceneiros Jacob Nicolai, Henrique Brahm, Henrique Luiz Jaeger e Theodoro Eppinghaus, e o funileiro Adão Boller.
PEDRO Hees (filho do colono Cristiano Hees), desenvolveu a arte fotográfica em Petrópolis, produzindo fotos com vistas da cidade, fotos do Imperador D. Pedro II e muitos trabalhos fotográficos.
Guttmann Bicho (descendente do colono João Guttmann), teve grande participação nas artes plásticas e deixou belíssimas obras.
Além dos colonos e seus descendentes, outros do povo germânico vieram às suas próprias custas, agregaram-se aos colonos e deram suas contribuições nos campos das artes.
Carlos Spangenberg, renomado escultor germânico, chegou à Petrópolis em 1846 e dedicou-se à fabricação de bengalas que pela qual ficou famoso. Porém celibrizou-se nesta cidade pela perícia e bom gosto com que trabalhava a madeira, produzindo muitos objetos. Sendo que alguns fazem parte do grande acervo do Museu Imperial de Petrópolis.
Henrique Sieber, outro germânico e hábil lapidário de vidros que aproveitando-se da matéria prima, cuja extração era feita no final do Quarteirão Mosela, em 1857, abriu uma loja e oficinas na Rua de Bourbon (hoje Rua Dr. Nelson de Sá Earp) e mais tarde transferiu-se para a Rua do Imperador. Muitas de suas obras figuram-se em museus: copos, cálices, garrafas, jarros, enfim em muitos objetos de vidro e cristais, deixou gravados magníficos desenhos. – muitas foram as reproduções do Palácio Imperial e da Igreja Matriz de Petrópolis. Além de inscrições e figuras humanas.
Ernesto Papf – fotógrafo, grande artista e pintor, estabeleceu-se em Petrópolis no final do século passado. Além da arte fotográfica, pintou belíssimos retratos a óleo, adornados por ricas molduras douradas de alguns filhos e netos de colonos e também de outras personagens da sociedade petropolitana.
Outros do povo germânico e alguns descendentes dos nossos colonizadores, ainda integram o quatro artístico de Petrópolis. Onde muitos já consagraram-se no vasto campo das artes.
HÁBITOS E COSTUMES
Petrópolis, cidade relativamente moderna, foi-se formando, crescendo e evoluindo sob o trato dos colonos germânicos. Estes trouxeram para a sua segunda pátria alguns hábitos e costumes do país de origem.
Através depoimentos dos descendentes mais idosos dos nossos colonizadores, posso descrever alguns hábitos e costumes que permaneceram na cidade até ao princípio deste século e que hoje a maior parte, são apenas recordações dos bons tempos de Petrópolis.
Segundo depoimentos do saudoso Sr. Jacob Pedro Haubrich (bisneto do colono Jacob Haubrich e falecido recentemente, no sábado dia 14 deste mês em curso), darei um breve resumo do procedimento de um namoro, noivado e um casamento do princípio deste século.
As filhas eram sempre muito bem vigiadas pelos pais, pois nunca deixavam que ficassem sozinhas com os namorados, para que jamais cometessem deslizes.
Por época do noivado, o noivo comprava a palha de milho e toda a família reunia-se num cômodo da casa e desfiavam essa palha para a confecção do colchão. Colcha e travesseiros, eram feitos com as penas macias das aves domésticas.
Um mês antes do casório, os noivos íam de casa em casa para convidar os parentes e os amigos. Sendo que raramente os convites eram feitos em gráficas.
Os casamentos geralmente eram realizados aos sábados na antiga Igreja Matriz (situava-se em frente ao atual Museu Imperial).
Carros de cavalos (charretes e outros veículos muares) formavam o cortejo que conduziam e acompanhavam os noivos, familiares e amigos, no percurso de ida e volta das casas.
Os casamentos eram realizados com muita pompa. A casa da noiva, geralmente sediava a festa; tudo muito limpo, o quintal varrido, era tudo muito bem arrumado e enfeitado com palmeiras, arcos de bambus, flores e ramagens.
As casas mais simples e que situavam-se no final dos antigos quarteirões, não tinham iluminação elétrica. Porém velas e lampiões, faziam clarear todo o ambiente da festa.
A animação, ficava a cargo da sanfoneiro que tocava vários tipos de músicas: polkas, mazurcas, valsas e algumas de motivos germânicas. Além de muitos que independente do sanfoneiro, cantavam cantigas da época dos colonos.
Todos os salgados, doces e pães eram feitos em casa. Também serviam o vinho que eram feitos das frutas do pomar. As bebidas compradas, eram apenas as cervejas e os refrigerantes que para resfria-las, usavam a água corrente.
As festas terminavam no raiar do dia seguinte. Porém neste mesmo dia e na parte da tarde, todos reuniam-se novamente para comerem, beberem e dançarem até por volta das 21:00 h.
No sábado seguinte à noite, repetiam a festa e esta era denominada de segundo casamento. Todos da família e convidados, reuniam-se novamente, seguido de mais comes e bebes, sanfoneiro e muita dança que ía até a madrugada. O mais interessante, é que era justamente neste dia, que os noivos então, recebiam os presentes.
Muitos outros hábitos e costumes, eram comuns nos velhos tempos: crenças, rezas, simpatias e fórmulas mágicas que trazidos pelos colonos germânicos, foram introduzidos nos meios familiares da grande família petropolitana.