INSTITUTO HISTÓRICO QUER SER A MEMÓRIA DE PETRÓPOLIS (O)

Ruth Boucault Judice

O título parece pretencioso. Mas analisando veremos que o tempo do verbo quebra a dúvida. Não dissemos é, e sim quer ser.

Constatamos tristemente que nossa memória está fraca e, além disso, subdividida. Esparsa entre órgãos municipais, federais e particulares. Alguma coisa escrita, muita coisa contada e outras, na memória de nossos pesquisadores e dos velhos contadores de casos. Antigamente… começam eles; ou no tempo do… em sucessão desordenada, as idéias vêm aparecendo em forma de história, ou “casos”. Quanta coisa interessante! E tudo isso correndo o risco de se perder, se não começarmos a organizar, cadastrar, pesquisar, arquivar, informar, criar enfim uma Memória. É a nossa proposição como presidente do Instituto: começar a ser a Memória de Petrópolis.

É o nosso primeiro passo para a conscientização da nossa gente por seus valores. Tudo posto no papel, em forma de imagem, de crônica, de narração, começa a ser de fato, acervo. Acervo de usos, costumes, fatos curiosos, arte em geral, arquitetura em particular, folclore. Vamos nos dar conta que já temos um passado histórico, digno de preservação.

A minha proposição foi bem aceita pela diretoria da TRIBUNA DE PETRÓPOLIS e melhor ainda pelos membros do Instituto que se prontificaram, cada um na sua área e na sua especialização, dentro de seus conhecimentos, a escrever um artigo semanal, nessa coluna que a TRIBUNA nos oferece.

É mais um passo dentro de toda programação que estamos fazendo.

O jornal é um veículo próximo do público, que entra indiferentemente dentro de todos os lares, sejam eles pobres ou ricos, cultos ou incultos, independente de ideologias e partidos. Nada mais neutro nem mais próprio para ser nosso instrumento, veículo de nossa cultura.

Começaremos hoje informando sobre o próprio Instituto.

Foi fundado a 24 de setembro de 1938, portanto anterior a fundação do Museu Imperial, que só surgiu em decorrência do decreto de 29 de março de 1940, e só foi instalado mais tarde, quando o prédio foi liberado pelo Colégio São Vicente de Paulo, no atual endereço.

Sua ata de instalação foi solene feita no salão nobre da Municipalidade. Em seguida (por volta de 1939) passam a se reunir no Museu Histórico, com sede no Palácio de Cristal. Até então, suas reuniões eram feitas no Arquivo do Museu Imperial.

Depois de nossa posse na presidência do Instituto Histórico, a primeira providência foi a mudança para a Casa de Cláudio de Souza na Praça da Liberdade (Rua Barão de Amazonas, n° 9), onde estaremos de portas abertas diariamente, – menos domingos e segundas, – das 14 às 18 horas, à disposição dos interessados não só em informações, como em contribuições de trabalho e até doações.

Contaremos com o apoio financeiro da P.M.P. através da Secretaria de Educação e com a colaboração de trabalho dos alunos da UCP, trabalho precioso, que nos ajudará mais depressa a organizar não só o nosso cadastro, como também toda a pesquisa histórica, arquitetônica e de valores artesanais e folclóricos da cidade, dentro dos usos e costumes de nossa gente.

É nossa intenção também continuar o trabalho iniciado pelo nosso recém-falecido membro Gustavo Bauer. Analisando a correspondência que nos veio às mãos, vimos que ele chegou a dialogar com uma cidade de origem dos nossos primeiros colonos, Rhein-Hunsrück.

Encontraremos o elo, seguiremos a cadeia, e haveremos de colher algum fruto. Já dissemos a alguém, que somos daqueles, que não se incomodam de plantar castanheiros, – árvore que quase centenária vai produzir seus frutos. Outros colherão é certo, mas teremos o mérito de plantá-los!