JOSÉ HAMILTON LOPES (IN MEMORIAM)
Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette
No dia 31 de julho de 2007, faleceu, aos setenta anos, o Prof. José Hamilton Lopes, sem nenhum favor, uma das figuras mais expressivas da educação e da cultura em nossa Petrópolis.
Nascido na cidade do Rio de Janeiro, a 18 de abril de 1937, era filho de Raymundo Cyrino Lopes e Bernadette Vieira Lopes, naturais do Ceará.
No Grajaú, bairro em que foi criado, recebeu sólida formação religiosa do Padre Alberto Teixeira Ferro, Vigário da Paróquia da Arquidiocese de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Grajaú.
Tal orientação fez dele um católico modelar e explica, sem nenhuma dúvida, a maneira resignada com que suportou os sofrimentos que a saúde, abalada por pertinaz enfermidade, lhe impôs, nos últimos momentos de sua vida.
Apaixonado por Petrópolis, aqui fixou residência e completou seus estudos, bacharelando-se em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis, em 1966 e licenciando-se em Pedagogia, pela mesma Universidade, em 1977.
Dedicou-se à advocacia com notável empenho e dedicação, porém mais que a carreira jurídica apaixonou-se pela carreira docente, lecionando, com invulgar brilho em vários colégios petropolitanos, as disciplinas Educação Moral e Cívica, Organização Política e Social Brasileira e, na Universidade Católica de Petrópolis, a disciplina Estudo dos Problemas Brasileiros.
Ainda no campo da educação distinguiu-se como Diretor-Presidente do Instituto Saul Carneiro, órgão destinado à Orientação Pedagógica para deficientes da audição e da fala, animando-o com a força vigorosa de seus ideais.
No magistério, é preciso que se reconheça, sua conduta lapidar, marcada em desprendimento e patriotismo, o elevou no conceito de seus alunos, de seus colegas professores e de todos que o conheciam.
Outra grande paixão de sua vida foi a poesia, que, para ele, significava encantamento, alegria e vivência cotidiana. Deixou-nos uma intensa e extensa obra poética, na qual destacamos o inspirado poema “Via Sacra de Brasília”, inspirado nos quadros da Via Sacra de Brasília, de Marlene Maria Godoy Barreiros, doados à Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro daquela cidade, e inúmeros outros, publicados na imprensa petropolitana e nas Revistas da Academia de Poesia Raul de Leoni, na qual ocupou a cadeira nº 9, patrocinada por Arthur Barbosa e da qual era, atualmente, o Presidente, com inspirada atuação.
Marcante também foi sua atuação como dirigente internacional do Elos Clube, procurando sempre criar elos de fraternidade entre brasileiros e portugueses. Foi um dos idealizadores e um dos maiores incentivadores do “II Colóquio de Língua e Literatura da Cidade de Petrópolis”, realizado em 1997, e que reuniu várias nações de língua portuguesa como Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e outras, propugnando pela necessidade de uma reforma ortográfica, objetivando unificar a língua portuguesa escrita em todos os países, cujo idioma é o português.
Membro do Sindicato dos Professores de Petrópolis, desde a sua fundação, ocupou vários cargos junto à direção do mesmo, mostrando-se sempre um defensor intemerato dos direitos da classe, preferindo sempre o diálogo, as soluções conciliatórias, ao confronto estéril. Este ano chegou à presidência do referido sindicato, com uma consagradora votação.
Possuidor de uma inteligência privilegiada, brilhante orador, dotado de prodigiosa memória, fonte de inspiração e grandes recursos, sempre procurando abrir novos rumos na formação intelectual, moral, cívica, social e política de seus alunos, conseguiu manter até o fim de sua luminosa existência, sempre acesa a chama de seus ideais de servir e engrandecer nossa Petrópolis.
Sua morte, ocorrida ao entardecer do dia 31 de julho, deixa-nos uma grande dor e um grande vazio. Perdemos um grande amigo sincero e leal. Resta-nos o consolo de tê-lo conhecido e de ter com ele convivido.