JOSÉ KOPKE FRÓES, A FILATELIA E A HISTÓRIA

José Afonso Barenco de Guedes Vaz, Associado Titular, Cadeira n.º 11 – Patrono Henrique Carneiro Teixeira Leão Filho

             Desde muito jovem já guardava entusiasmo pela filatelia.

           É bem verdade que o maior incentivo que recebi no sentido de concretizar a ideia partiu de um tio querido, destacado e zeloso colecionador.

            Por esta e por tantas outras razões sua memória nunca foi por mim olvidada.

          Dele mesmo recebi, para iniciar a coleção, selos comemorativos do Brasil e, mais tarde, já detentor de maior conhecimento sobre o assunto, parti para colecionar selos de outros países – diga-se de passagem, muito bem impressos e de uma beleza incomum – como os suíços, portugueses, espanhóis e de alguns países africanos.

            Pouco a pouco, ainda sob o incentivo do tio filatelista e mais adiante por parte de José Kopke Fróes, passei a adquirir os famosos “olho de boi” e “olho de cabra”, impressos ao tempo em que reinava o Império em nossa terra.

            Decidi, após, pela aquisição de outros selos daquela época – peças raras – muitas vezes quase que impossíveis de serem obtidas, justamente pelo alto valor, vez que muitas eram consideradas verdadeiras relíquias.

            A iniciativa como colecionador teve início na década de sessenta, estendendo-se, ainda, por muitos anos.

            Passei a colecionar também quadras e bem assim aquelas contendo carimbos – as famosas de primeiro dia de circulação.

            Tudo se constituindo para mim em momentos de aprendizado a respeito de selos, não só impressos no país, como em outros países cujas figuras denotavam não somente beleza, mas cultura.

            Aos sábados, o compromisso era comparecer à sede dos Correios – à época em que o prédio cultivava um padrão de beleza e trato – e lá nos encontrávamos com muitos filatelistas, momentos de trocas e, por outro lado, de incentivo àqueles que lá compareciam para dar início às suas coleções.

            Ambiente acolhedor que reunia pessoas das mais diferentes gerações, moços e cidadãos grisalhos, exatamente como o sempre lembrado historiador José Kopke Fróes.

            A propósito, com o mesmo, no bairro do Valparaíso, onde residia à Rua Gonçalves Dias, esquina com à Avenida Portugal, perdíamo-nos no tempo vez que sua coleção era simplesmente extraordinária.

            Foram sem dúvida agradáveis momentos que compartilhamos a presença da figura do Sr. Fróes, como assim todos o chamavam.

            No mais, em nossa casa, pesquisando catálogos, conferindo filigranas e tudo o mais que dizia respeito a selos.

            Bela e inesquecível época de minha vida, através da qual tive oportunidade de auferir conhecimentos, granjear novas amizades e relacionar-me com pessoas aficionadas pela filatelia.

            Sempre presente José Kopke Fróes, personalidade que os petropolitanos nunca poderão esquecer, vez se tratar de ilustre figura intimamente relacionada com à história de Petrópolis, tendo, inclusive, presidido o Instituto Histórico e a Academia Petropolitana de Letras, ocupante da cadeira nº 26.

            A se destacar, outrossim, que o mesmo teve importante atuação como bibliotecário da Biblioteca Municipal de Petrópolis, por longo espaço de tempo.

            Os selos, com certeza, fizeram parte integrante da vida dessa pessoa ímpar que cuidou, por outro lado, com pertinácia, da preservação da cultura em nossa Petrópolis.

            Embora muitos anos hajam transcorrido e a filatelia não mais faça parte do meu dia a dia, todavia asseguro que muitos ainda propugnam pela sua constância.

            Por isso mesmo, o filatelista, professor, pesquisador da história da cidade de Pedro e colaborador na imprensa local, José Kopke Fróes, há de estar contente, ainda que distante destas paragens, não somente pela sua inegável atuação em prol da cultura em nossa terra mas, também, na condição de incentivador daqueles que até hoje continuam na salutar atividade – colecionar selos.