MIAMI OU PETRÓPOLIS?

Luciano Cavalcanti de Albuquerque, Associado Correspondente

Nos anos 1920 — período conhecido como entre-guerras —, surge um estilo que foi muito adotado nas grandes metrópoles do mundo, como Rio de Janeiro, Nova York, Chicago, e em alguns centros urbanos não tão importantes e industrializados assim, como Miami, ou Petrópolis.

Art dèco, esse nome tão curto e delicado, é, na verdade, a abreviação de Exposition des Arts Dècoratifs et Industriels Modernes, que aconteceu em Paris em 1925 e adotou como padrão traços mais funcionais e geométricos, tão importantes quanto a estética por finalidade. 

Misturava materiais exóticos, como folhados brilhantes, cromados, aço, laqueados e ebanizados. Tons pastel, marrom, preto, cinza-escuro, eram as cores preferidas para decorações internas, salvo raras exceções.

Em Paris a costureira Jeanne Lanvin foi grande colecionadora e encomendava muitas peças aos designers da época. Sua casa era toda em art dèco, decorada por Rateau, grande nome do estilo em França.

Era uma época em que se havia passado pela 1ª Guerra Mundial, e as pessoas estavam ávidas para aproveitar esse período de paz, antes que outra guerra pudesse acontecer, como afinal ocorre nos anos 40.

Davam-se grandes festas, as saias e os cabelos das mulheres encurtaram, a Coco Chanel ou a la garçon, o joelho, até, começou a aparecer, eram as melindrosas, que, enquanto dançavam o charleston rodopiavam enormes colares de pérolas, qual laços de cowboys, nos novos salões da burguesia ascendente do período do pós-guerra.

No revestimento arquitetônico usou-se muito o pó de pedra, hoje em desuso, pela dificuldade de restauração sem deixar marcas, portanto, na maior parte das recuperações arquitetônicas dessa época e estilo prefere-se pintura, abandonando o pó de pedra, como foi feito, inteiramente, no distrito art dèco de Miami, um dos maiores conjuntos preservados nesse estilo do mundo, onde foram usadas cores claras e suaves.  Na nossa Petrópolis encontramos pequenos conjuntos, como o da foto, espalhados pelo Centro Histórico, principalmente na Rua do Imperador, quase um patchwork de estilos arquitetônicos.

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Rua do Imperador, 834 a 842

Se bem ou mal comparando não sei, mas em Miami temos a praia logo à frente do conjunto, enquanto aqui o rio Quitandinha corre sorrateiro por entre pequenos trechos em art dèco, provando, assim, a face metropolitana da Cidade Imperial.