MINISTRO ROCHA LAGÔA
Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel
Petrópolis é um celeiro de intelectuais e acolhe em seu panteão celebridades, exemplo: Ministro Rocha Lagôa. Dispensa apresentações. Ainda que de forma tênue, tentarei resumir sua longa e rica trajetória. Até o dia 10 de junho de 2013, aos 94 anos, quando exalou seus últimos suspiros, nos presenteou com espantosa lucidez.
Desde os primórdios foi dedicado à pesquisa médica, posteriormente ao ensino e à medicina coletiva. Nasceu em 16 de outubro de 1919, originário de tradicional família mineira, radicada há mais de quatrocentos e cinquenta anos em Ouro Preto, dela, sobressaíram insignes nomes da cultura e da política a exemplo do ministro Bernardo de Vasconcellos – Ministro do Primeiro Império e o Primeiro Presidente de São Paulo –, Visconde de Congonhas do Campo, Lucas Monteiro de Barros, dentre outros, oriundos de suas raízes portuguesas.
A memória do ministro Rocha Lagôa o tornou um verdadeiro arquivo vivo de passagens memoráveis de nossa história de um modo geral, e da história de Minas Gerais, de maneira especial. Era delicioso ouvir seus relatos, trazendo acontecimentos inéditos, só conhecidos pelos que tiveram o privilégio de vivenciá-los. Necessário que ele escrevesse ou gravasse suas memórias para que material tão precioso não se perdesse na poeira do tempo.
O professor Dr. Francisco de Paula da Rocha Lagôa diplomou-se em Medicina, em 1940, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense e especializou-se através do Curso de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz.
Sua grande capacidade de comunicação e a necessidade de levar ao próximo o conhecimento que adquirira, tornaram-no professor, primeiramente da Escola Nacional de Veterinária e, posteriormente, professor de Imunologia no Curso de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz, professor de Virologia e Imunologia Aplicadas na Escola Médica de Pós-Graduação da P.U.C. do Rio de Janeiro e Membro do quadro permanente de pesquisadores e professor catedrático do Instituto Oswaldo Cruz.
Além das atividades didáticas, exerceu inúmeras funções de direção, chefia, coordenação, orientação e pesquisa, tanto no setor público, quanto privado. Pela excelência de sua atuação sempre competente, humana e eficaz, foi alçado, em 1969, ao mais alto posto dentro de sua área: o de ministro de Estado dos Negócios da Saúde, honroso cargo que exerceu até 1972.
Como ministro de Estado desincumbiu-se de várias tarefas oficiais no exterior, dentre elas: missões científicas, conferências, congressos, etc. Por seu grande valor foi laureado e condecorado por 23 vezes, inclusive com a Grande Medalha da Inconfidência e também com 12 Grã-Cruzes, não só no Brasil como no exterior. O ministro Rocha Lagôa integrou, ainda, vários e importantes Conselhos e Comissões e faz parte de Comitês e Sociedades ligadas à Medicina, não só no Brasil como nos Estados Unidos e Bélgica. Produziu 66 trabalhos de grande importância científica, quase todos publicados. Integrou o Conselho Superior de Desenvolvimento da U.C.P. durante 40 anos, por nomeação dos Bispos Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra e Dom José Carlos de Lima Vaz.
Em 1990, tornou-se membro titular do Instituto Histórico de Petrópolis na cadeira nº 6, patronímica de Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho e, em junho de 1999, foi eleito para a Academia Petropolitana de Letras, tomando posse um ano depois.
O Doutor Francisco de Paula Rocha Lagôa foi um homem extremamente agradável, capaz de a todos cativar, por sua inteligência, simpatia e simplicidade. Essa criatura maravilhosa, com tão brilhante currículo, poderia ter escolhido como lar, qualquer parte do mundo. No entanto, para nossa alegria, ele elegeu nossa cidade, onde viveu com sua doce e elegante Beatriz, companheira da vida inteira, sempre presente e atenta. Do enlace trouxeram à luz os filhos João Alfredo Rocha Lagôa, engenheiro e professor e Maria Beatriz Rocha Lagôa, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro.