NO SEU DIA, AMIGO!

Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira

Maior que o dia das mães ou o dos pais, assim é o Dia do Amigo, comemorado hoje, 20 de julho.

“Mãe só tem uma!” – diz tudo o fraseado popular. A mãe, porém, não é uma escolha, é destino e, por vezes (ah, tristeza!) ela não corresponde aos anseios do filho.

O pai, ah! este é mesmo difícil porque, antes do DNA dizia-se que “pai é uma presunção” e nem sempre valia o que estava escrito na certidão do filho, como não vale para muitos registrados com testemunhas e tudo nos cartórios da especialidade.

O amigo… ah!, o amigo, este sim é uma escolha, sua ou dele; é um consentimento para o relacionar pelo resto da vida entre pessoas sem vínculos de parentesco ou, até, sob esta circunstância. Existem irmãos amigos e inimigos, parentes serpentes, mães, pais e filhos que não transitam juntos pela mesma porta.

A amizade contém o sagrado; a devoção à sinceridade, à franqueza, ao dar-se à confidência e mesmo entregar-se àquele da devoção amiga. Não se trata de relacionamento sexual, onde a paixão carnal dos sentimentos predomina; antes de tudo, a amizade traduz pureza, aliança, alegria, mãos estendidas…

Amigos estão fora das grandes estatísticas; contam-se pelos dedos das mãos, não caem como chuva do céu da imaginação, chegam pelo sentimento aliado à bondade.

Para o amigo a distância não existe, nem o tempo do célere calendário, nem a proximidade mais estreita; a amizade, por vezes, não tem cumprimento de mãos nem cumplicidade de olhares e, até, transpõe os limites da morte.

O amigo por perto é excelente; mas ele pode estar muito distante no tempo e no espaço e a lembrança boa e sincera dele perdura; se falecido, uma lágrima furtiva, uma lembrança enternecida, o ouvir de sua voz de aconselhamento e de ajuda, mantém eterno o sentimento e reforçam a saudade.

Tive amigos, tenho amigos, sou feliz porque os possuo.

Meu pai, felizmente, foi o meu maior amigo e, com minha mãe, sob esforços inimagináveis, forjaram o que sou. Ainda os ouço e sigo.

E, para deixar registro, um amigo não parente, verdadeiro amigo meu e de todos à sua volta, merece citação, porque seu exemplo de figura humana perdura além do limite da morte e, assim, na lembrança através dos vindouros tempos: o Pedro Rubens Pantolla de Carvalho, colega nas profissões de bancário e magistério, nas letras e na sensibilidade artística, no amor ao próximo conforme o ensinamento de Cristo. Foi perfeito e sensível amigo. De verdade, de comportamento, de estrutura digna no ser e agir.

O amigo que ampliou a distância física após o chamado de Deus, mas ficou como exemplo a ser seguido e definido na conceituação de amizade pura, desprendida, serena, útil e enfeixada nas palavras santas do maior profeta da Humanidade: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo!”

A Pedro Rubens a minha lágrima amiga de muita saudade!

E, finalizando, cito um amigo de todos, um outro bancário e professor que soube dar-se sem cobranças e que partiu recentemente: o Luiz Carlos do Carmo Malheiros, tal como Pedro Rubens, uma amizade sem distâncias, sem tempos, sem rupturas, aquela que fica no coração, mesmo que longe de todos os sentidos.

Ao eterno amigo o coração eterno..