PAÇO MUNICIPAL – O SOLAR DA RUA DOM AFONSO, 260
José De Cusatis, ex-Associado Titular, falecido –
O Solar da rua Dom Afonso, 260, hoje é o Paço Municipal. Mas, a sua história é longa e interessante. Tudo começou em 1872, quando o Visconde Silva, futuro Barão do Cattete, requeria à Câmara Municipal que fosse marcado o alinhamento do terreno que comprara para a casa que pretendia construir.
Koeler, dividiu a cidade em Quarteirões (bairros atuais) e denominara o Quarteirão Central de Vila Imperial.
Os lotes da Vila Imperial foram reservados para aquisição por nobres, diplomatas e homens de negócios. Uma das principais vias do Quarteirão Vila Imperial era a rua Dom Afonso, nome dado por Koeler em homenagem ao primogênito de Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina, Dom Afonso Pedro, nascido no Paço de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, no dia 23 de fevereiro de 1845, tendo falecido no mesmo palácio, em 11 de abril de 1847. A rua Dom Afonso iniciava na praça São Pedro de Alcântara, hoje praça Princesa Isabel e ia até o início da atual rua Barão do Amazonas, atravessando a atual praça da Liberdade, na época chamada largo Dom Afonso. Então, Dom Afonso era uma denominação dupla: rua e largo Dom Afonso.
O Major de Engenheiros Júlio Frederico Koeler, casado com Dona Maria do Carmo de Lamare Koeler, primeiro Diretor da Imperial Colônia de Petrópolis, deu início à construção da rua Dom Afonso, rua que veio a ser o principal núcleo arquitetônico do centro histórico da cidade, constituindo um conjunto de construções do início da segunda metade do século XIX até o início do século XX. Essas construções são grupáveis em três estilos arquitetônicos: as neoclássicas, as da fase romântica dos chalés e as de estilos eclético, que tem como belo exemplo o Nº 260 da rua Dom Afonso a casa do Visconde Silva e Barão do Cattete , prédio do atual Paço Municipal. Aliás, na arquitetura petropolitana não se encontram estilos definidos, mas um hibridismo geral que levou ao ecletismo arquitetônico do Solar do Barão do Cattete.
Com o advento da República a Câmara Municipal baniu os nomes dos logradouros que lembravam a Monarquia deposta (05/12/1889). A partir de então, a rua Dom Afonso passou a ser chamada de avenida 28 de Setembro.
Somente em 31 de agosto de 1895 é que a antiga rua Dom Afonso recebeu a denominação de Avenida Koeler, determinada pelo Governo Municipal.
A antiga rua Dom Afonso, com ajardinamento e paisagística de Antônio Maria Glaziou, junto com o seu conjunto arquitetônico, foi tombada por inteiro pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, bem representado isto, o grande valor patrimonial e cultural dessa via do centro histórico de Petrópolis.
O Barão do Cattete – com Grandeza –, Dr. Joaquim Antônio d’Araújo e Silva, era médico. Nasceu no Rio de Janeiro no dia 25 de dezembro de 1828, onde morreu. Filho do Capitão João da Silva e de Dona Rosa Maria do Sacramento e Silva, foi casado com Dona Maria Carolina da Piedade Pereira Bahia, viúva do Marquês de Abrantes e filha dos Barões do Merity. O Barão do Cattete acumulava dois títulos de nobreza, o de Barão com Grandeza, concedido pela Princesa Isabel em 28 de junho de 1876 – Grandeza em 13 de outubro de 1887 – e o de Visconde Silva, concedido pelo Reino de Portugal em 25 de janeiro de 1872. Portanto, foi Visconde, depois Barão e, finalmente, Visconde e Barão, com Grandeza. Era médico pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, formado em 1849, tendo dirigido o Hospício Dom Pedro II e o Instituto Nacional de Oftamologia. Foi Vereador e Delegado de Instrução Pública do Rio de Janeiro e, em Petrópolis, como médico, presidiu a Sociedade Mantenedora do Hospital Santa Teresa, época de grande êxito para a administração desse Hospital. O Dr. Joaquim Antônio d’Araújo e Silva, Visconde e Barão do Cattete, com Garndeza, era Comendador da Ordem de Cristo, de Portugal e de N. Sa. da Conceição de Vila Viçosa e Oficial – I, da Ordem da Rosa. Como Visconde, era Fidalgo Cavaleiro da Casa Real de Portugal.
É dupla a ordem das sucessões ocorridas no atual Paço Municipal, antigo Solar do Barão do Cattete:
PROPRIETÁRIOS DO IMÓVEL
1872 – Aquisição do terreno e construção pelo Barão do Cattete
1903 – Arrematado em leilão por Cândido Graffé
1904 – Comprado Eduardo Guinle
1907 – Adquirido pelos Padres de Sion
1958 – Vendido pelos Padres de Sion a Eduardo Simão
1984 – Adquirido pela Companhia Industrial Santa Matilde
1994 – Comprado pela Prefeitura Municipal de Petrópolis
UTILIZAÇÕES DO IMÓVEL
1872 – Residência do Visconde Silva, Barão, com Grandeza, do Cattete, Dr. Joaquim Antonio d’Araújo e Silva
1898 / 1902 – Usado para veraneio presidencial pelo Pres. Campos Sales
1902 / 1906 – Usado para veraneio presidencial pelo Pres. Rodrigues Alves
1907 – Instituto de Ensino São José de Petrópolis, dos Padres de Sion, posteriormente transferido ao Prof. Napoleão Esteves para realizar uma fusão com o Ginásio Pinto Ferreira, surgindo, então o Colégio São José ; em 1960/61, o Colégio São José passou a direção do Prof. Mário Mesquita, tendo funcionado no Solar do Barão do Cattete até 1970, quando foi transferido para rua Monte Caseros. Em 1972, no Solar, passou a funcionar outro estabelecimento de ensino, então, com o nome de Ateneu.
1984 – Sede Administrativa da Cia. Industrial Santa Matilde
1996 – Sede da Prefeitura Municipal
Ora pois, a casa agora muda de título e no rumo da história.
Pelo sim ou pelo não; pelo acerto ou pelo erro da decisão, aqui fica o registro e que sirva o que de melhor se opere em torno da Casa do Barão do Cattete, o Visconde Silva, agora transmudada em Palácio Koeler. Sim, por incrível, Palácio Koeler é o novo nome da sede da Prefeitura. Sic transit gloria mundi. Como são transitórias as glórias do mundo! …