PARAÍBA DO SUL

Antônio Izaías da Costa Abreu, Associado Titular, cadeira nº 3 –

DISTRITOS: Paraíba do Sul (1º – sede); Salutaris (2º); Inconfidência (3º); Werneck (4º)

EMANCIPAÇÃO: Decreto Geral de 15 de janeiro de 1833.

INSTALAÇÃO: 15 de abril de 1833.

ELEVAÇÃO À CIDADE: Lei prov. nº 1.653, de 20 de dezembro de 1871.

A história do município de Paraíba do Sul está intimamente ligada à abertura do “Caminho Novo”, quando ao final do século XVII, o legendário Garcia Rodrigues Paes, autorizado pela Coroa, que objetivava com mais segurança e rapidez transportar das Gerais para a Corte o quinto do seu ouro, deu início, à sua própria custa, apenas auxiliando pelo cunhado Domingos Rodrigues da Fonseca Leme, à construção dessa via. Mais tarde o Sargento-mor Bernardo Soares Proença, investido da Provisão de 1725, para encurtar o trajeto e evitar as rampas de aclive, veio a ultimar a variante que partindo do Ponto da Estrela, alcançando o “Córrego Seco”, hoje Petrópolis, Fagundes e Cebolas, ia findar-se na freguesia de N. Sª da Conceição, atual Paraíba do Sul. Segundo os cronistas, vindo de Borda do Campo (Barbacena) na execução da “picada”, ao chegar às margens do Paraíba, aí se fixou provisoriamente Garcia Rodrigues até que se provesse de abastecimentos e novos recursos para prosseguir os trabalhos. Na área compreendida entre os rios Paraíba e Paraibuna, fincou o bandeirante os pilares de sua fazenda, inicialmente cognominada “Sítio de Garcia Rodrigues” e, mais tarde, “Meia Jornada”, por situar-se na metade do percurso daquele caminho. Logo a seguir procurou também despertar a fé cristã, mandando erigir uma capela dedicada ao culto de N. Sª da Conceição e aos apóstolos Pedro e Paulo, a qual receberia em 1719 o predicamento de curada; arruinado este templo, manda Pero Dias Paes Leme, filho de Garcia Rodrigues, edificar outro, mais afastado, à margem esquerda do rio Paraíba, sendo para ali transferida em 10 de novembro de 1745, a sede do curato. Passagem obrigatória para aqueles que se dirigiam a Minas e pouso natural de abastecimento, o povoado progride e, onze anos mais tarde, é elevado à categoria de freguesia graças ao alvará de 02 de janeiro de 1756. Por apresentação de 05 do mesmo mês e confirmação de 25 de junho seguinte, é nomeado dirigente da paróquia o padre Antonio Pereira de Azevedo, este pouco permanece no cargo, sendo substituído por sacerdotes amovíveis até 18 de janeiro de 1880, quando o padre Jacinto Corrêa Nunes passa a servi-la na condição de pároco colado. Após a independência, transformadas as capitanias em províncias, impunha-se o quanto antes a reforma administrativa, emergindo esta, no entanto, somente em 12 de agosto de 1834, com a edição do Ato Adicional. A partir daí, são injetadas na Província Fluminense grandes melhorias, mormente no que diz respeito à malha rodoviária com a abertura de estradas em todos os quadrantes do seu território, resultando na construção de inúmeras obras de arte, entre elas a ponte da vila de Paraíba do Sul, com projeto e início de execução pelo major Júlio Frederico Koeler em 1836, e entregue ao tráfego em 13 de dezembro de 1857, eliminando o precário e ineficiente transporte por balsas até então praticado. Se a exploração agrícola esteve assentada inicialmente na cultura chamada “lavoura branca” ou de “custeio”, especialmente na do milho, destinado na maior parte à alimentação dos animais, fazendo do “Sítio de Garcia Rodrigues” ponto obrigatório de tropeiros e viajantes que transitavam por aquele caminho, entretanto, a partir do século XIX, é na cultura cafeeira que o município toma posição de destaque figurando ao lado de Vassouras e Cantagalo como os maiores produtores da província, originando riquezas consideráveis que tornaram os seus titulares respeitáveis representantes da aristocracia rural da época. Na inexistência ainda de um corporativismo agrário, a mão-de-obra para a movimentação dessa economia apoiava-se no trabalho servil, cuja população negra predominava, justificando fosse o Vale do Paraíba cognominado de “O Vale da Escravidão”. Os benefícios do progresso rural daquelas paragens preluziam nas vivendas senhoriais que se ombreavam com os mais suntuosos palácios da Corte, sustentadas pela opulência de proprietários afortunados, sempre propensos a uma hospitalidade fidalga, honrados quase na totalidade com títulos de nobreza. Tal o progresso da localidade que, reconhecendo o Governo ter ela condições para gerir administrativamente o seu destino, concede-lhe a autonomia em 15 de janeiro de 1833, com a edição do decreto geral dessa data, que cria a vila de Paraíba do Sul. A instalação verificou-se em 15 de abril seguinte, com solenidade altamente prestigiada pelo que havia de mais representativo no palco político-social da Província. Ressentida a Vila pela falta de transporte, vem, no entanto, a 11 de agosto de 1867, a Estrada de Ferro Dom Pedro II, atual RFFSA, trazer-lhe essa melhoria com a inauguração de tráfego promovedor de célere escoamento a toda produção agrícola da região. Quatro anos mais tarde, pela lei provincial nº 1.653, de 20 de dezembro de 1871, adquire Paraíba do Sul foros de cidade. Com a abolição da escravatura, a economia rural da região, para sobreviver, desvia-se para a pecuária de corte e leite, fazendo do município um forte fornecedor, perdurando essa atividade como a principal até o presente. Além do distrito-sede, conta ainda o município de Paraíba do Sul com mais os seguintes: Salutaris, Inconfidência e Werneck.