PARÓQUIA DE CASCATINHA (A)
Enrico Carrano, Associado Titular, Cadeira n.º 3 – Patrono Antônio Machado
Na semana que passou, mais precisamente no dia 26 de julho, a Paróquia de Cascatinha comemorou o dia dos padroeiros, Sant’Ana e São Joaquim.
Convém, a propósito, relembrar datas e fatos importantes da vida religiosa católica do 2.° Distrito, para a preservação da história e da memória do bairro, diretamente ligadas à imigração italiana em Petrópolis.
A Igreja de Sant’Ana e São Joaquim foi inaugurada em 1898, e a Paróquia de Cascatinha criada em 1913, tendo como primeiro vigário o padre Aquiles de Mello, que desde outubro de 1903 vinha atendendo a primitiva capela.
Monsenhor Aquiles de Mello (o título veio mais tarde) permaneceu em Cascatinha até 1914, e hoje dá nome à praça onde se situa a Matriz. Transferido para Paraíba do Sul, exerceu até 1932 as funções de pároco da cidade e foi, de acordo com informações do Instituto Histórico e Geográfico desse Município, o responsável, em 1928, pelo periódico Alvorada.
É de registrar que o “Apostolado da Oração”, movimento religioso com sede principal em Tolouse, na França, estabelece-se em Cascatinha a 4 de novembro de 1900.
Em setembro de 1914 toma posse o segundo vigário, padre Lucio Gambarra, que um mês depois deixava a Paróquia. Assume, em novembro de 1914, o padre Francisco Antonio Acquafreda. Em outubro de 1917, Acquafreda é substituído pelo padre Lucio Gambarra que, em junho de 1918, é substituído pelo antecessor. Em julho de 1920, padre Gambarra retorna, e permanece em Cascatinha por 17 anos.
Padre Lúcio Gambarra veio do Rio Grande do Norte, onde de 1907 a 1914 atuou na hoje Paróquia Santuário de Santana dos Matos. Dá nome àquela que talvez seja a principal rua da Cidade.
Foi “o responsável pela construção da maior parte da Matriz (de Santana dos Matos, RN). Ele conseguiu que dos Estados Unidos, por intermédio do Coronel Cascudo, [viesse] um forro de zinco esmaltado e em relevo, de linda padronagem, que hoje cobre todo o teto interior da Igreja”.
Padre Gambarra foi advogado militante em Petrópolis e no Rio de Janeiro. Ocupou a Cadeira de n.° 29 da Academia Petropolitana de Letras (sucedido por Claudionor de Souza Adão, Mauro Carrano e Castro e Gerson Valle).
Em julho de 1937, chega padre Francisco Maria Berardinelli.
Em 30 de outubro de 1938 é criada a Liga católica Jesus, Maria e José.
Sucederam o padre Berardinelli, o frei Segismundo Klaphech, OFM (vigário substituto), em fevereiro de 1943; padre José Monteiro Luiz, em junho de 1943; e em junho de 1945, padre Geraldo Batalha, afilhado de Crisma e antes secretário particular do então bispo de Niterói, Dom José Pereira Alves.
Aliás, e a propósito da tradicional festa de Sant’Ana e São Joaquim e de Dom José Pereira Alves, o “Jornal de Cascatinha”, em edição de 02 de junho de 1944, traz a seguinte manchete e reportagem:
“TODOS À CASCATINHA
Visita Pastoral na Paróquia de Sant’Ana e São Joaquim.
De 8 a 16 de julho de 1944.
Festa em honra de Sant’Ana e São Joaquim nos dias 9 e 16 de julho.
(…)
Com o novo futuro Bispado de Petrópolis, o nosso queridíssimo Dom José Pereira Alves vai perder a jurisdição episcopal canônica sobre a Paróquia de Cascatinha e, como grande Amigo e Bom Pastor que foi, quer S. Excia. Revma. despedir-se desse ótimo povo Cascatinhense. Vinde operários, louvar o Senhor, nestes dias de favores especiais.“
Em agosto de 1944, padre Monteiro concluiu a primeira grande restauração do templo.
Naquela época, a Paróquia contava com as seguintes agremiações: Apostolado da Oração; Pia União das Filhas de Maria; Congregação Mariana; Liga Católica Jesus Maria e José; Vicentinos; Cruzada Eucarística; Obra das Vocações Sacerdotais; Arquiconfraria do Rosário; e Associação das Almas do Purgatório.
Recordo-me de Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra, primeiro bispo de Petrópolis, ter dito, certa vez e em homilia, que a primeira paróquia que visitou após ter tomado posse na Catedral, em 1948, foi a de Cascatinha.
Sucedeu ao padre Geraldo Batalha, o padre Monteiro, que permaneceu em Cascatinha até 1965, quando da chegada de monsenhor Cirilo de Calaon, que retornou para a Itália em 1978.
Fontes de consulta: além das já referidas no texto: “Tribuna de Petrópolis”, 07/07/1946, pág.5; “Jornais de Paraíba do Sul”, na “página” que o Instituto Histórico e Geográfico de Paraíba do Sul mantém na Internet; Plano Municipal de Cultura de Paraíba do Sul, novembro de 2012; “página” da Paróquia Santuário de Santana dos Matos-RN; jornal “A Noite”, edição de 15/08/1946, pág.4.