REGISTROS SOBRE KOELER (1)

Thalita de Oliveira Casadei, Sócia Correspondente, falecida –

No Relatório de 1837, Koeler diz que “segundo as ordens de V. Exa. acha-se aberta a arrematação do conserto do edifício do Registro da Paraíba para só concluir assim que chegue à Vila para aonde parto amanhã ou depois”. O Registro velho serve de escola de primeiras letras, de cadeia, de quartel da guarnição da barca, etc. Em 1837, o Governo por solicitação da Câmara Municipal da Paraíba pediu seu conserto por ser próprio Nacional. Conseguiu fazer os consertos. Retalhou-se a casa, rebocou-se e assoalhou-se o quarto do patrão da barca, etc. Assoalhou-se de novo as casinhas e comprou-se taboas de angelim a João Gomes Ribeiro Avelar.

Datado do Registro do Paraibuna a 24 de novembro de 1839, o Escrivão do Registro e Administrador interino, João Nepomuceno Simon Borges, dirige-se ao Presidente da Província do Rio de Janeiro, Paulino José Soares de Sousa, em resposta ao ofício que recebera pedindo que “desse cômodo aos empregados do Registro de Minas”.

A resposta foi assim redigida: “contendo esse edifício cinco moradas e um mirante, foram duas moradas dadas pelo governo à Câmara da Vila da Paraíba para se estabelecer um colégio, cujas chaves foram entregues pelo Administrador deste Registro ao Presidente daquela Câmara conforme a Portaria do Exmo. Ministro da Fazenda e Presidente do Tribunal do Tesouro Público de 30 de setembro de 1837 e o ofício de V. Exa. de 13 de setembro do dito ano, foram igualmente entregues duas moradas, e um mirante para cômodos dos empregados da barreira de Minas, pelo Capitão Julio Frederico Koeler autorizado por este Governo, e que foi comunicado ao Ilmo. Administrador deste Registro, em ofício de 26 de julho de 1938 fazendo aquele os competentes e entregando o cômodo que se podia dispensar, ficando por esta divisão sem cômodo o Escrivão deste Registro pois só ficou o cômodo do Administrador, único que existe, tanto que eu não ser aqui morador e servir-me de minha morada, não tenho cômodo.”

“Tenho mostrado a V. Exa. que não há meios de acomodar mais algum, salvo se for determinado que os empregados desta Província fiquem na rua para se dar toda a casa aos daquela Província.”

Bernardo Jacinto da Veiga, Presidente da Província de Minas, enviou um ofício datado de Ouro Preto, ao Presidente da Província do Rio de Janeiro em data de 11 de dezembro de 1839, sobre o edifício Nacional na Paraibuna pretendendo acomodar os empregados da barreira e Recebedoria, Bernardo Jacinto indicou o engenheiro Fernando Halfeld sobre a divisão do edifício.

Koeler cuidou também do edifício do Registro do Porto do Cunha e combinou ir com o Coronel Inácio Gabriel para ver a necessidade do Registro.

Em 1836, foi pedido ao engenheiro Koeler “com toda a urgência uma circunstânciada informação de quais as estradas ou pontos dela, por onde entram o café e o açúcar das Províncias vizinhas para a do Rio de Janeiro; se nesses pontos havia algum edifício nacional ou ainda particular, no qual se pudesse comodamente estabelecer um registro necessário para a boa arrecadação de certos impostos”.

Em relação a Mar de Espanha foi aprovado o plano e foi mandado escolher o local em que se deveria colocar o Registro, mas logo foi suspensa a construção desse Registro, e logo depois voltaram a exigir a construção do dito Registro.

A PONTE DO PARAIBUNA

No Relatório de 1835, Koeler se refere à ponte do Paraibuna como “a sólida ponte do Paraibuna” e ali principia a Província de Minas.

Diz Koeler que a ponte foi “construída debaixo da administração e direção do Tiramorros e custou 187 contos”. Acrescenta que o único merecimento desta ponte consiste na sua excelente madeira – a forma é errada (esboço).

No ano seguinte, 1836, Koeler esteve doente e explica ao Presidente da Província, Paulino José Soares de Sousa, que “padecendo de um ataque nervoso não posso ainda pegar em instrumentos de desenhar” e assim não mandou a planta da ponte do Paraibuna.

No relatório de 1837, Koeler torna dar notícia sobre a ponte em questão: “acha-se o conserto feito às expensas do Governo Geral em o mais vivo andamento – retalhou-se o telhado da ponte, furaram-se 50 minas de 3 palmos de fundo com o fim de rebentar as pedras que obstruíam o acesso da ponte. As obras do conserto da ponte foram suspensas por causa das enchentes.”

A ponte do Paraibuna estava a cargo do Ministro do Império e depois de muitos ofícios a obra está sendo administrada pelo Capitão Joaquim José de Sousa, mestre carpinteiro que foi da Fábrica de Pólvora.

Em setembro de 1840, o Ministro Antonio Carlos Ribeiro Andrada Machado dirigiu-se ao Presidente da Província do Rio de Janeiro nos seguintes termos:

“Contendo a conta corrente que acompanhou o ofício dessa Presidência de 11 de setembro do ano passado, e foi apresentada, com data de 5 do mesmo, pelo engenheiro Julio Frederico Koeler, encarregado do conserto da Ponte do Paraibuna, o engano da quantia de oitenta e um mil reais, contra o dito engenheiro, na parcela de trezentos e um mil oitocentos e vinte e nove réis, que dá como despendida no mês de dezembro de 1837 quando pela conta, ou folha desse mês, por ele remetida a esta Secretaria de Estado, se vê ter montado a despesa a trezentos e oitenta e dois mil e oitocentos e vinte e nove réis: Manda Sua Majestade o Imperador assim comunica-lo a V. Exa. a fim de que faça constar ao referido engenheiro aquele engano, para que o retifiquem e possa depois expedir-se Aviso ao Tesouro Público mandando pagar-lhe o saldo, que justamente se lhe dever.

Deus Guarde a V. Exa. Palácio do Rio de Janeiro, em 23 de setembro de 1840″.

OUTRAS OBRAS DE KOELER NA REGIÃO

Foi designado para as obras de conserto da Ponte do Rio Preto e, em 9 de setembro de 1840, o Ministro do Império em Ofício ao Presidente da Província do Rio de Janeiro comunica que se expediu ordem à Repartição da Fazenda para se abonar ao Major de Engenharia Julio Frederico Koeler a quantia de dois contos oitocentos e noventa e nove mil e quatrocentos réis em que foi orçada a despesa com o conserto da citada ponte.

Destacou-se na conservação de igrejas arruinadas como a do Inhomirim e ao referir-se à Vila da Paraíba diz textualmente: “em piores condições está a Vila da Paraíba do Sul que nem templo tem; antiga Matriz caiu e já dela não resta vestígio algum. Há porém uma subscrição, bastantemente forte, aberta por várias pessoas para construção de nova Igreja e parece-me igualmente mui conveniente que V. Exa. encarregasse ao cidadão João Gomes Ribeiro de Avelar, Vereador à Câmara Municipal e Major da Guarda Nacional, para promove-la a fim de poder V. Exa à vista da sua importância resolver convenientemente”. Essas palavras são do Relatório de Koeler de 14 de junho de 1838, ao Vice-Presidente da Província, Manoel José de Oliveira.

Em 1837 foi Koeler encarregado de determinar os limites do Termo da Vila de Paraíba do Sul com os de Valença e Cantagalo. Do mesmo modo foi encarregado pela Câmara da Vila de Paraíba do Sul, de determinar, de acordo com os respectivos Juízes de Paz, os limites dos Curatos de Matozinhos e Cebola.

Depois de muito trabalhar, subindo e descendo a serra, cuidando de assuntos os mais diversos, foi, em 1844 desligado do serviço da Província e, no ano seguinte, chamado para dirigir a construção do Palácio de verão de Petrópolis.