Francisco José de Ribeiro Vasconcellos, Associado Emérito –
Augusto de La Rocque, paraense de Belém, foi grata contribuição do norte brasileiro à grandeza de Petrópolis.
Não seria a única. Aqui pontificaram o Barão de Mamoré, Ambrosio Leitão da Cunha e, seu
filho, também Ambrosio, brilhante advogado; e um outro causídico, morto prematuramente em 1926, Emílio Malcher Nina Ribeiro, avô do ex-deputado e também advogado Emílio Antonio Souza Aguiar Nina Ribeiro, que por longos anos teve residência à Av. 1º de Março, hoje Roberto Silveira.
Augusto de la Rocque nasceu a 2 de agosto de 1851. Seu pai, Henrique de la Rocque, era súdito francês que emigrou para o Porto, em Portugal quando das guerras napoleônicas, de onde passou ao Pará onde fez carreira bem sucedida no comércio.
Foi o jovem Augusto educado na Alemanha e na França. Estando em Paris em 1870 tratando de negócios do pai, Augusto de la Rocque assistiu à rendição da pátria de seus ancestrais, ao findar a guerra franco-prussiana. Voltando a Belém, Augusto desenvolveu atividades comerciais e industriais e foi presidente do Banco Comercial do Pará. Dirigiu as companhias das águas e dos bondes de Belém.
Em 1908 deslocou-se para o sudeste brasileiro, fixando sua residência na Chácara das Rosas aqui em Petrópolis, onde dedicou-se ao cultivo de flores e frutos.
Gozando de enorme prestígio social em Petrópolis, Augusto de la Rocque não era homem de exibicionismos ou de proselitismos mundanos. Era uma alma simples, com aquele despojamento natural dos espíritos superiores.
Morrendo a 23 de março de 1929 nesta urbe, dispensou as pompas fúnebres, tendo sido sepultado no cemitério municipal sem alarde, sem convites, em cerimônia praticamente restrita à família.
Caridoso por natureza, sensível às angústias do próximo, la Rocque não hesitou em hospedar na Chácara das Rosas as religiosas portuguesas expulsas de seu país quando da revolução republicana de 1910.
Augusto de la Rocque era casado com D. Maria José Pereira de la Rocque e deixou os seguintes filhos: Augusto de la Rocque Junior, Emília de la Rocque Mac-Dowell, casada com o Dr. Afonso Mac Dowell, Alice de la Rocque, Jorge de la Rocque e Maria Augusta de la Rocque da Costa, mulher do Dr. Alberto da Costa.
O primogênito, que levava o nome do pai, casou-se com Isabel Teixeira Leite Guimarães e Jorge com a irmã desta, Emília Teixeira Leite Guimarães. Eram portanto dois irmãos casados com duas irmãs, todos fortemente vinculados a Petrópolis. Isabel e Emília eram filhas de Francisco Teixeira Leite Guimarães (1862/1941) de tradicional família de Vassouras e de Emília de Carvalho Guimarães (1871/1962), filha dos Barões do Rio Negro, proprietários do palácio do mesmo nome que abrigou o executivo fluminense quando a capital do Estado esteve aqui em Petrópolis, passando depois a ser residência de verão dos presidentes da República. A cerimônia nupcial de Francisco e Emília ocorreu na então Matriz de Petrópolis a 7 de janeiro de 1889.
As filhas do casal, Mercedes, Isabel e Emília, nasceram no Rio, mas os verões da família eram desfrutados nestas serras em casas alugadas, até que em 1904 Francisco Teixeira Leite Guimarães adquiriu da família Monken um prazo de terras na Avenida Piabanha, onde construiu confortável vivenda, inaugurada no verão de 1905. Ali os Teixeira Leite Guimarães usufruíram dos ares de Petrópolis até 1932.
Augusto de la Rocque Junior e Isabel Guimarães casaram-se no Rio de Janeiro ao findar a primeira década do século XX. Ele médico, dedicado à ginecologia e à obstetrícia, depois de uma semana passada na casa da Piabanha, viajou com a mulher para a Europa, a fim de fazer especialização em Viena.
Por volta de 1913 Jorge de La Rocque casar-se-ia com Emília Teixeira Leite Guimarães, nascendo o primeiro filho do casal a 7 de maio de 1914.
Um mês depois vinha ao mundo Maria Isabel, filha de Augusto de la Rocque Junior e de Isabel Guimarães. Esta menina, hoje uma senhora de 98 anos, moradora desta cidade, é viúva do escritor paraibano e Ministro do Tribunal de Contas João Lyra Filho. Membro das academias paraibana e carioca de letras, escreveu aqui em Petrópolis a apresentação da obra “Gente de Minha Vida”, de autoria de Emília Guimarães de la Rocque, editada em 1977, de onde tirei boa parte das informações contidas nesta matéria.