SANTOS-DUMONT – 130 ANOS

Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira

Palmira, em Minas Gerais, foi o cenário do nascimento do menino Alberto, filho do fazendeiro de café engenheiro Henrique Dumont, descendente de franceses e da senhora Francisca dos Santos Dumont. O dia: 23 de julho de 1873, há exatamente 130 anos. O local exato foi a Fazenda Cabangu no distrito de João Aires, em momento no qual o engenheiro Henrique empreitara obras para a Estrada de Ferro Central do Brasil e se achava residindo em Cabangu. Hoje Palmira é o Município de Santos-Dumont.

Passou a infância na Fazenda Dumont, que o pai adquiriu em Sorocaba, São Paulo, para dedicar-se à lavoura do café. Hoje o território da fazenda transformou-se no município paulista de Dumont com a sede municipal na casa de fazenda que pertencera à família Dumont.

Estudou no afamado Colégio Culto à Ciência, em Campinas, em seguida no Instituto Kopke e, por fim, no Colégio Morton. Concluídos esses preparatórios, matriculou-se na Escola de Minas, em Ouro Preto. Não terminou o curso superior.

O jovem era prático, inventivo, apreciava a vida ao ar livre, amava as aventuras narradas nas obras de Julio Verne, vendo seu pai que ele deveria estar na capital cultural e científica do Mundo, naquele final do século XIX, para alar sua prodigiosa imaginação a feitos extraordinários. Colocou-o em Paris. O diminuto jovem, magrinho, esguio, leve, elegante, logo conquistou a simpatia da cidade e do povo parisiense e meteu-se em galpões para participar da febre da conquista do espaço que Paris abrasava no coração dos pioneiros.

Não deu outra. Em pouco tempo estava Santos-Dumont construindo e testando balões, arriscando a vida em experiências, assustando transeuntes urbanos com estripulias aéreas, sob o objetivo de dar asas à criatura humana. A partir de 1897 o “petit Santos” (seu apelido carinhoso em Paris) criou vários balões em escala crescente de aperfeiçoamento e o seu primeiro e pequeno balão individual recebeu o batismo de “Brasil”. Animado pelo lançamento de um concurso destinado a provar ser possível dar dirigibilidade aos balões, levou poucos anos aperfeiçoando suas criações, inscrevendo o seu balão-dirigivel n° VI, conquistando o “Prêmio Deutsch de La Meurthe” na memorável tarde na qual a Comissão Julgadora e curiosos viram Santos-Dumont sobrevoar o céu parisiense, contornar a Torre Eiffel e pousar no solo coberto de aplausos. Estava resolvido ser possível dirigir os balões pelo espaço.

Prosseguindo seus estudos, construiu, testou, caiu, levantou, quase afogou-se, mostrando no céu de Paris toda a sua criatividade e muita coragem, agora objetivando a criação de um aparelho voador, livre dos balões e tal era o empenho de alguns pioneiros franceses, com eles Dumont, que foi instituído o “Prêmio Ernest Archdeacon”, este um milionário norte-americano, para aquele que levantasse vôo com recursos do aparelho, voasse acima de 25 metros e pousasse no mesmo local; ao mesmo tempo o Aero-Clube da França instituiu um prêmio ao primeiro aparelho que levantasse vôo e percorresse 100 metros e pousasse também no mesmo local. Foi admirável a tarde de 23 de outubro de 1906 quando o primeiro avião do mundo, já projetado sob aerodinâmica perfeita, correu 200 metros na pista do Campo de Bagatelle, elevou-se ao ar em 50 metros, voou mansamente e pousou no mesmo campo. Foi um delírio, o povo acorreu para recebê-lo a carregá-lo em triunfo. Santos-Dumont recebeu o Prêmio Archdeacon e o primeiro brevê de piloto do mundo. Era oficial sob atestado do Aero-Clube da França e da população parisiense testemunha da proeza. Nos dias seguintes a imprensa parisiense e européia noticiou o louvou o feito e a vitória da conquista do espaço pela Criatura Humana.

Seguiram-se outras naves, outras invenções, enquanto eram aperfeiçoados os aviões, haja vista que Santos-Dumont nada patenteou, entregando o resultado de sua inventiva ao domínio público.

ENQUANTO ISSO…

Enquanto Santos-Dumont provava publicamente seu feito e recebia o 1° brevê de piloto do mundo, obscuros mecânicos norte-americanos, os irmãos Orville e Wilbur Wright, fingiam que voavam com recursos de um trancalho, quando, na verdade, catapultavam seu engenho, arremessando-o ao ar e retornando flanando como folha perdida ao vento. Pretensamente espertos, fotografaram os vôos, o que derrotou a pretensão pois são nítidos, nas fotos, os recursos primários que empregaram em sua experiência. Em viagem à Europa, tentaram impingir seu trabalho, que não teve, sequer, o apoio da própria mídia americana de seu tempo. Patentearam o “invento”, após aprenderem na Europa como livrarem-se da catapulta, impedindo, assim, a expansão aeronáutica de seu país por largo tempo, enquanto o verdadeiro invento de Santos-Dumont projetava a Europa no aperfeiçoamento e expansão da aviação.

A VERDADE

Aproximando-se o centenário do vôo do 14-Bis (23 de outubro de 1906) deve o Governo Brasileiro, desde já, iniciar um trabalho de divulgação internacional, comparsando-se com o Governo da França, a fim de que a verdade ganhe a internacionalidade devida e França e Brasil divulguem e firmem definitivamente que a aviação foi inventada na França, com os aeronautas franceses e, com eles, Alberto Santos-Dumont, a luz maior de todo o processo e aquele que provou ser possível a conquista do espaço como meio de integração dos povos.

Aos norte-americanos fique o bico de despeito e a pecha de mentirosos, porque essa glória de Santos-Dumont e do pioneirismo francês não há-de de prevalecer por muito tempo.

Honra a quem a merece e desprezo aos tolos fraudadores da verdade histórica!

Comemoremos com alegria, respeito e muita luta em favor da verdade, os 130 anos do nascimento de nosso gênio ALBERTO SANTOS-DUMONT.