SÍRIO-LIBANESES EM PETRÓPOLIS (OS)
Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira
(sob estudo de Yedda Maria Lobo Xavier da Silva, uma saudade imensa de todo o coração petropolitano)
A colonização alemã é muito estudada, a portuguesa revivida e a sírio-libanesa teria ficado esquecida no registro de nossa história se não fosse a saudosa e querida professora, bibliotecária e historiadora Yedda Maria Lobo Xavier da Silva, que escreveu e publicou na Revista do Instituto Histórico de Petrópolis, páginas 97 a 107, edição do ano de 1989, o artigo “Imigração Sírio-libanesa”.
O levantamento foi feito pela professora, ela descendente direta da família Mitri Dib, que veio para o Brasil com 5 integrantes, os irmãos Anibal, Felippe, Elias, Teófilo, João e Helena, originários de Tartus, na Síria. Segundo narra Yedda, foi assim que Mitri Dib virou Lobo: “Por decisão do Serviço de Imigração e para regularização de seus documentos tiveram seu nome transformado em “Lobo” – os irmãos Lobo”. Continuando sua narrativa, a historiadora revela: “Os primeiros a vir para o Brasil em 1908 foram Anibal e Elias e em 1911 chegam Felippe e João, ficando todos sediados no Rio de Janeiro. Em 1913 Elias volta para a Síria e com o surgimento da 1ª Guerra Mundial não retorna mais. Em 1920 Anibal vem para Petrópolis e começa a trabalhar aqui no comércio ambulante de flores, trazendo logo depois seus irmãos para nossa cidade. Em 1923, Felippe volta à Síria, lá permanecendo por um ano. Retorna ao Brasil em 1924 trazendo seus irmãos Teófilo e Helena e sua mãe Labib-Dib”.
A reminiscência histórica da professora Yedda narra a odisséia da sua família, sua fixação na cidade, o sucesso na atividade comercial e, em especial, seu pai Felippe vence com a conceituada “Flora Oriental”, a qual, com seu falecimento em 1974 continuou por muitos anos sob a direção da viúva Angelina..
Sempre com base no estudo de Yedda, recordemos e louvemos o trabalho, principalmente no comércio, de algumas importantes famílias sírio-libaneses que ajudaram e ajudam a escrever a melhor história de Petrópolis: Nassar (imigrante Salim Jorge Nassar, Líbano 1889), ramo da armarinho; Nassif (imigrante Euzébio Nassif, Djoubeil, 1893), ramo de tecidos e armarinho, a famosa “Casa do Galo”; Cury (imigrantes Afonso, Amim, Abdala, Roa, Sofia, Maira, Zilda, Marta e Amelin, oriundos de Mazrait-Yachuch) de dedicados e diversos ramos do comércio a varejo e atividades industriais; Firjan (imigrante Pedro Firjan), numerosa clã; Latuf (imigrantes os irmãos José, Saul e Jorge); Abichedid (imigrante José Jorge, oriundo de Hamut, vindo só e depois buscando a família); Mcauchar (imigrante Nagib Gabriel), barbeiro; Haddad (imigrantes Nahim e esposa Saada, depois os irmãos Saydé e Bechara e, por fim, George Youssef); Salomão (imigrante Magid e, mais tarde José Miguel e esposa Tamyne; Pachá (imigrante Alfredo e esposa Elvira Bittar, trazidos pelo irmão Miguel que já estava estabelecido em Petrópolis); Bailune (imigrante Saba Bailune, a esposa Vidoca Pachá e filhos Clara Elias e Jorge); Nicolau (imigrante Antônio e seu irmão José).
Yedda cita, ainda em seu artigo, outros grupos de famílias que se estabeleceram em Petrópolis, em fluxo contínuo de imigração nas 5 primeiras décadas do século XX: El Kaddoun, Iabrudi, Mussi, Geigi, Neffer, Urdan, Charif, Fiani, Somenson, Salim-Farah, Chehab, Daher, El-Karin, Abi-Daud, Zarzur, Murad, Simão, Tayar e tantos outros.
As famílias sírio-libanesas, por trato afável, sólida formação familiar e extremada capacidade de trabalho, lograram integrar-se de coração e alma a Petrópolis Hoje não poderíamos pensar em nosso desenvolvimento sem a elas atribuir uma fundamental contribuição ao desenvolvimento comercial de todo o Município. De famílias sempre numerosas, os descendentes dos pioneiros, que o imaginário histórico chamava de “primos”, por casamentos no seio das famílias imigrantes, constituem hoje uma sociedade só, a petropolitana de tantas influências e resultante de muitos povos de todo o globo terrestre. Obviamente, com os sírio-libaneses despontando como expressivos formadores do povo petropolitano.