UM ENGENHEIRO PETROPOLITANO

Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira

JOSÉ MARIA DA SILVA VELHO nasceu em Petrópolis a 31 de agosto de 1875, filho de José Maria da Silva Velho (médico e amigo íntimo do Imperador D. Pedro II) e de Carolina Monteiro da Silva Velho, neto paterno do Conselheiro José Maria Velho da Silva, (Mordomo da Casa Imperial que firmou a portaria que legaliza o Ato de 1º de abril de 1846, firmando as instruções sobre o aforamento perpétuo das terras petropolitanas e que consta em todas as Cartas ainda hoje emitidas pela Cia. Imobiliária de Petrópolis) e de Leonarda Maria Velho da Silva e neto materno de Manoel Rodrigues Monteiro (Conde da Estrela) e de Eugênia Bastos Monteiro.

Passou a infância na Corte do Rio de Janeiro, no prédio do hoje Palácio do Itamarati, então propriedade de seus ascendentes e onde residiam os pais. Ele nasceu, durante um dos veraneios da família, em Petrópolis, onde a família mantinha residência estival.

Seus estudos iniciais ocorreram no Colégio Pedro II, na capital do Império. Na exata data da proclamação da República o menino de 14 anos prestaria os exames finais no Educandário, mas pela ocorrência do feriado inesperado, não pode realizá-los e só mais tarde ali completou o Curso de Humanidades. Seu ideal, no entanto, não encontrava eco nas disciplinas do curso pois se apaixonara pela grande novidade científica daqueles dias, a eletricidade. Sua família mostrava-se contrária ao desejo do jovem, preferindo que ele seguisse uma carreira tradicional na família, a diplomacia ou a política e mesmo porque não havia curso médio e nem superior daquela maravilhosa e nova tecnologia.

Contrariando a todos ingressa como simples operário na empresa “Mitchel & Cole”, representantes no Brasil da “General Eletric Company”, alimentado pelo desejo de aprender tudo sobre energia elétrica e sua gradativa introdução na vida brasileira.

Iniciado o século XX, ano de 1901, o jovem segue para os Estados Unidos, com uma carta de recomendação de Mr. James Mitchell, chefe da “General Eletric” no Brasil, para trabalhar na mesma empresa em Schenectady, onde, nos primeiros meses de trabalho galga posto de chefia, mesmo sendo estrangeiro.

Regressa ao Brasil, entrega-se de corpo, alma e competência ao trabalho de engenharia elétrica, tornando-se o grande pioneiro da implantação da energia elétrica no país.

Conclui com sucesso seu primeiro trabalho na cidade de Campos, o primeiro município brasileiro a possuir iluminação elétrica nos logradouros públicos. Em seguida contempla Petrópolis, sua terra natal com o importante melhoramento. Numa sucessão impressionante de trabalho e competência instala energia elétrica em Cachoeira Paulista; a ligação elétrica entre as partes alta e baixa de Salvador, na Bahia; montagem da Usina de Ribeirão das Lajes, no Rio de Janeiro; eletricidade na Cia. Docas de Santos; montagem da usina elétrica de Piracicaba; primeiras subestações da Cia. Paulista de Estradas de Ferro de Sorocaba, empresa que serve por quase 19 anos, de 1º de abril de 1921 até 15 de fevereiro de 1940, quando se aposenta.

Aposentado, ainda assim não deixa a sua paixão e presta decisiva assessoria e colaboração na eletrificação da Estrada de Ferro Sorocabana, no Estado de São Paulo. Prossegue o trabalho até falecer, aos 76 anos de idade, a 18 de novembro de 1951, na cidade de Jundiaí. Aquele município, onde residiu por muitos anos, até o final da vida, onde está sepultado, homenageou-o com nome em uma avenida no bairro do Anhangabau, onde existe uma placa que diz:

“AVENIDA ENGENHEIRO JOSÉ MARIA DS SILVA VELHO – PIONEIRO DA INDUSTRIALIZAÇÃO DA ELETRICIDADE NO BRASIL”.

Pela Lei nº 963, de 9 de abril de 1976 a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo denominou “Engenheiro José Maria da Silva Velho” a Subestação das Centrais Elétricas de São Paulo (CESP) em Cabreúva.

Na passagem do centenário de seu nascimento, no ano de 1975, foram-lhe prestadas grandes homenagens pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e pela Câmara Municipal de Jundiaí, estando seu nome inscrito no Estado de São Paulo nos anais do maior respeito e consideração pelo seu pioneirismo.

Aqui, em Petrópolis, não é conhecido e nem aparece na listagem de grande vultos de nossa terra, mesmo que tenha eletrificado Petrópolis, seu segundo grande trabalho profissional.

Casou com Marcelina da Silva Velho, três filhos: René e Gilberto, com carreiras militares e Ruy, técnico eletrônico.

Apontamento cronológico de sua brilhante carreira: 1893 a 1901, no Brasil, na “Mitchell & Cole” ; 1901 a 1902, nos Estados Unidos, na General Eletric Co.; 1903 a 1911, no Brasil, na Guinle & Cia. De 1911 em diante, em diversas empresas, onde estivesse um grande investimento em eletricidade no Brasil, como as “The São Paulo Transway Light and Power Company Limited” ; “The Rio de Janeiro Tramway Light and Power Company Limited” ; “Sociedade Comercial e Industrial Suiça”, no Brasil.

(Agradecimento: para a elaboração do presente artigo o autor colheu informações e cópias de documentos com a senhora Maria Campos da Silva Velho, nora do biografado, residente na cidade paulista de Jundiaí, ela conhecida, admirada e premiada poeta e trovadora).