VESGA HOMENAGEM

Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira
Leio em nossa imprensa a notícia. A Fundação de Cultura e de Turismo, administradora do bem municipal antigamente denominado Teatro Dom Pedro e popularmente já conhecido e rebatizado de Teatro Municipal de Petrópolis, está para inaugurar a Casa de Espetáculos agora para valer.

Positivo! Finalmente Petrópolis terá o seu Teatro Municipal funcionando!

No complemento da boa nova vem um absurdo, uma bobagem, uma coisa estranha e muito esquisita, sem pé e nem cabeça e que está provocando protestos de toda a classe artístico-cultural do Município. A atual administração municipal deliberou que o Teatro Municipal de Petrópolis será oficialmente chamado de Paulo Gracindo.

Ninguém admira mais o ator Paulo Gracindo do que eu e uma legião de brasileiros batendo palmas; o grande nome do teatro, rádio, cinema e televisão, um “showman” completo, Pelópidas (Paulo) Gracindo merece muitas e muitas homenagens de todo o País.

Porém, meus senhores do governo petropolitano, conferir ao ator o nome do Teatro é um ato da mais impertinente bobagem. E o será, ainda, se nominarmos a Casa de qualquer outro nome.

O Teatro Municipal é o Teatro Municipal de Petrópolis, e pronto! Tal como os teatros municipais espalhados pelos brasis afora. Não tem que levar patronímico nenhum.

E muito menos do grande ator Paulo Gracindo, cuja passagem por Petrópolis sempre foi fugaz e apressada, sem nenhum vínculo com a cidade, embora um cidadão e artista da maior expressão.

Mesmo entendendo que o Teatro Municipal de Petrópolis assim deve ser, sem homenagens pessoais, ainda poderia aceitar se mantivesse o nome primeiro, de batismo, dado pelo construtor João D’Ângelo: Teatro Dom Pedro.

O ideal, no entanto, é ser Teatro Municipal de Petrópolis e pronto!

Quando o imóvel foi escolhido para Teatro Municipal, aventava-se a idéia de homenagear, em um espaço nobre do Teatro, o edificador do prédio João D’ Ângelo, para reafirmar aos pósteros a nossa gratidão pelo importante bem cultural. Aí, sim e, também, a outras figuras de nossa cultura artística em outras dependências internas. Não caberia, nem ai, homenagem a Paulo Gracindo. Se ele esteve no elenco de um ato ligeiro encenado no Teatro na inauguração, tudo bem! Parabéns para ele e Petrópolis pela honra. Mas, e Leopoldo Fróes, o internacional Raul Roulien, Jaime Costa, Jararaca e Ratinho, Orestes e Leonor Mattos, Alda Garrido, Linda Batista, Vicente Celestino, Almirante, Noel Rosa, Cacilda Becker, Henriqueta Brieba, Procópio e Bibi Ferreira e muitos outros nomes ilustres que representaram ou deram espetáculos ali? E os nossos grandes atores e atrizes petropolitanos? E o nosso extraordinário compositor e maestro Otavio Maul que regeu a orquestra na abertura do Teatro Dom Pedro em 1933?

Sejamos conscientes e práticos, justos e bem intencionados, esquecendo essa diatribe municipal lançada a troco de alguma coisa de coisa nenhuma e sem benefício para Petrópolis, de uma forma ou de outra.

E, coitado do grande e extraordinário Paulo Gracinco lançado gratuitamente no meio de uma celeuma dessa que obriga o bom senso, pela vez primeira, a rejeitar e vaiar o nome do ator.

Com tanta gente para emprestar nome, o melhor e adequado, correto e justo é simplesmente: Teatro Municipal de Petrópolis.

Abram-se as cortinas para o começo do espetáculo!