O VISCONDE DA PENHA – O CHEFE DO ESTADO-MAIOR DE CAXIAS NA GUERRA DO PARAGUAI E O HERDEIRO DE SUA INVICTA ESPADA

Cláudio Moreira Bento, associado correspondente

Sumário

O Conceito de Caxias do Visconde da Penha
– Visconde da Penha recebe por testamento de Caxias a sua invicta espada de 6 campanhas e suas armas e cavalo encilhado com os seus melhores arreios.
– Visconde da Penha um herói esquecido.

A criação do Centro de Doutrina do Exército em 10 de agosto de 2010
– Visconde da Penha patrono de cadeira especial na Academia de História Militar Terrestre do Brasil, como pioneiro em Comunicações em combate a serviço de Caxias.

O Visconde da Penha e seu pai o Marques da Gávea
– O Visconde da Penha e sua esposa a Viscondessa D. Maria da Penha e sua formação na bicentenária Academia Real Militar do Largo de São Francisco.
– Condecorações por campanhas militares e títulos no Império.
– Obras que produziu e foram divulgadas.
– O Contra-Almirante (post mortem) Caetano Taylor Fonseca Costa o doador da espada de Caxias, em 1925, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
– Caminhos da invicta espada de Caxias depois de sua morte.

O Marques da Gávea o Ajudante General do Exército de 1872 a 1888

Saudade e gratidão da Princesa Isabel ao Visconde da Penha e Senhora

Síntese da carreira no Exército do Visconde da Penha 1841- 1842-1890

O Conceito de Caxias do Visconde da Penha

O Marquês de Caxias, assim se referiu a este esquecido personagem o Marechal de Exército João de Souza Fonseca Costa e Visconde da Penha, conforme registramos em nosso livro Caxias e a Unidade Nacional (Porto Alegre: AHIMTB, 2003), ao tratarmos do Espadim de Caxias, arma privativa dos cadetes do Exército, e cópia fiel, em escala, da invicta espada de 6 campanhas do Patrono do Exército e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil.

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Visconde da Penha e Marechal de Exército João Manoel da Fonseca Costa que como Tenente foi Ajudante de Ordens de Caxias, na Guerra contra Oribe e Rosas, 1851-52, e como Coronel e Brigadeiro foi o Chefe do Estado Maior de Caxias na Guerra do Paraguai, 1866-1868, e para quem ele deixou em testamento a sua invicta espada de 6 campanhas que comandou, da qual o Espadim de Caxias, arma privativa dos Cadetes do Exército e cópia fiel em escala desta relíquia . Foto cedida por João Simões Lopes Filho por intermédio do acadêmico da AHIMTB Ten R/2 Eng Luiz Alberto da Costa Fernandes(D. Beto)

Herói esquecido que como Tenente fora o Ajudante de Ordens de Caxias na Guerra contra Oribe e Rosas, 1851-1852, e mais tarde, como Coronel e Brigadeiro, o seu Chefe de Estado-Maior na Guerra do Paraguai, 1866-1868, e que recebeu de Caxias o seguinte elogio antes dele deixar vitorioso o comando das forças do Império, depois da conquista do objetivo político da guerra a conquista de Assunção.

“Prestou-me como chefe de meu Estado-Maior a mais dedicada cooperação em tudo quanto tem dependido de seu alto emprego, não só na condução regular de todos os negócios de meu serviço político a seu cargo, como nas batalhas e combates a que tem assistido sempre a meu lado, recebendo e transmitindo minhas ordens e expondo-se com sangue frio e abnegação aos riscos e perigos decorrentes”.

Visconde da Penha recebeu por testamento de Caxias a sua invicta espada de 6 campanhas e suas armas e cavalo encilhado com os seus melhores arreios

Tanto era o apreço de Caxias pelo então Barão da Penha que em seu testamento em 1874, assim manifestou sua vontade e a enorme consideração que dispensava ao seu heróico Chefe de Estado-Maior na Guerra do Paraguai.

“Deixo ao meu amigo e companheiro de trabalho João de Souza Fonseca Costa, como sinal de lembrança, todas as minhas armas, inclusive a espada com que comandei seis vezes, em campanha, e o cavalo de minha montaria, com os arreios melhores que tiver no momento de minha morte”.

O Duque de Caxias, além deste destaque ao seu Ajudante de Ordens na Guerra contra Oribe e Rosas, 1851/52, e mais tarde seu Chefe de Estado-Maior na Guerra do Paraguai, fez mais as seguintes determinações testamentárias:

Não permitir ser embalsamado e a feitura de convites para seu sepultamento e nem honras militares E, em lugar disto, que mandassem soldados antigos e de melhor comportamento para pegar nas argolas de seu caixão e no fim de enterro dar a cada um 30.000 reis de gratificação. Os nomes destes soldados estão inscritos sob o busto de Caxias na Academia Militar das Agulhas Negras.

Deixar a seu criado Luiz Alves (seu homônimo), toda a roupa de seu uso e quatrocentos mil réis. Criado no sentido de filho de criação e não de empregado. Seu criado fora um pequeno índio órfão que trouxera do Maranhão e batizara com o seu nome e o criara no seio de sua família.

Deixou para a irmã Baronesa de Suruí, as condecorações de brilhantes da Ordem de D. Pedro I. A seu irmão o Visconde de Tocantins deixou candeeiro de prata (castiçal) que herdara de seu pai. A seu amanuense (escrivão) leal Capitão Salustiano deixou seu relógio de ouro. A sua afilhada Anna Eulália legou dois contos de reis. E o que mais possuía foi repartido com suas filhas Anna e Luiza.

O amanuense de Caxias era o escrevente de sua correspondência, o equivalente hoje a um datilografo ou digitador.

O Marechal de Exército e Visconde da Penha, ao contrário de seu pai, o Tenente General Manoel Antônio da Fonseca Costa e Marquês da Gávea, não foi focalizado pelo Capitão Alfredo Manoel da Costa Pretextado na obra Generais do Exército Brasileiro. Rio de Janeiro: M. Osório, 1907. E nem focalizado em outras sínteses biográficas de generais do Exército Brasileiro no Império e nem em livros de outros autores. Só foi focalizado por Laurénio Lago em Os Generais do Exército Brasileiro 1860 a 1869. (Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,1942. p.62ss) conforme sintetizamos ao final sua carreira militar.

Visconde da Penha um herói esquecido

Foi esquecido e permanecia sob espessa camada de pátina dos tempos de onde estamos tentando resgatá-lo em homenagem ao seu amigo patrono do Exército Brasileiro e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Instituição esta que há 14 anos estamos tentando implantar com os seus alevantados objetivos, a serviço do desenvolvimento de uma Doutrina Militar Terrestre Brasileira genuína como a sonhou Caxias em 1861, no exercício de suas funções de Ministro da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros. Nesta ocasião adaptou às realidades operacionais sul-americanas que vivenciara em 5 campanhas vitoriosas, a Doutrina Militar Terrestre de Portugal, de influência inglesa, feita para as realidades operacionais européias. E enfatizou: “até que o Brasil disponha de uma Doutrina Militar Terrestre genuína”. E sonho ainda por realizar!

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Brasão da Academia de História Militar Terrestre do Brasil onde aparece invicta espada de campanha do Duque de Caxias, pioneiro do estudo crítico de nossa História Militar, ao realizar estudo crítico da Batalha do Passo do Rosário a pedido do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro de que era membro honorário e como pioneiro do desenvolvimento de uma Doutrina Militar Terrestre do Brasil, genuína, em 1861, como Ministro da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros. (Desenho realizado pelo falecido acadêmico Coronel Geraldo Levasseur França, segundo nossa concepção e sugestões do falecido acadêmico General Plínio Pitaluga)

A criação do Centro de Doutrina do Exército em 10 de agosto de 2010

Assunto que esperamos que venha ser dinamizado pelo Centro de Doutrina do Exército criado pelo Comandante do Exército General de Exército Enzo Martins Peri, pela sua Portaria n.º 691 de 10 de agosto de 2010. Centro vinculado ao Estado-Maior do Exército para aprimorar o Sistema de Doutrina Militar Terrestre (SIDOMT).

Assim pela primeira vez vamos tentar preencher esta lacuna da vida e obra deste notável soldado esquecido, que partilhou como Ajudante de Ordens e Chefe de Estado-Maior de todas as glórias conquistadas por seu chefe amigo, companheiro e primo nas guerras contra Oribe e Rosas, 1851-52, e a do Paraguai de 1866 a 1868 e na própria pacificação da Revolução Farroupilha.

Visconde da Penha patrono de cadeira especial na Academia de História Militar Terrestre do Brasil, como pioneiro em Comunicações em combate, a serviço de Caxias

Pesquisando fontes diversas conclui-se relativamente ao nosso esquecido herói, consagrado patrono de cadeira especial da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, que foi pioneiro em Comunicações, em combate, a serviço do comandante do Exército Brasileiro, em duas guerras externas. E na guerra do Paraguai de Tuiuti até entrada vitoriosa em Assunção do Exército Aliado ao comando de Caxias.

João nasceu no Rio de Janeiro em 30 de abril de 1823 cerca de 8 meses da Proclamação da Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822. Faleceu em Paris, em 9 de janeiro de 1902, com cerca de 78 anos. Cidade para onde imigrara para acompanhar o exílio da Família Imperial, decorrente da Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, e levando com ele seguramente a invicta espada e armas do Patrono do Exército recebidas por testamento 9 anos antes.

O Visconde da Penha e seu pai o Marques da Gávea

Marquês da Gávea e Marechal do Exército Manoel Antônio da Fonseca Costa, pai do Visconde da Penha (Foto com os mesmos créditos da foto do Visconde da Penha).

O Visconde da Penha era filho do Marquês da Gávea e Marechal de Exército Manoel Antonio da Fonseca Costa que fez carreira na Cavalaria, no hoje Regimento dos Dragões da Independência de Brasília e que comandou um esquadrão e atuou no combate à Confederação do Equador em 1824, ao comando do pai de Caxias, o então Coronel Francisco Lima e Silva, seu parente. E a seguir foi seu Ajudante de Ordens, em 1828, no Comando da Armas de São Paulo.

Com a abdicação de D. Pedro I, foi Ajudante de Ordens do tio de Caxias, o Visconde de Magé que comandara o Batalhão do Imperador e o Exército Libertador da Bahia em 1824.

Na Revolução Liberal de São Paulo, em 1842, atuou como Ajudante de Ordens do então Barão de Caxias e como encarregado de Detalhe (nome de Boletim Interno da época).

Seu filho João viria a ser o Ajudante de Ordens de Caxias, no posto de Tenente, na Guerra contra Oribe e Rosas, 1851-1852, e seu Chefe de Estado-Maior na Guerra do Paraguai.

Vê-se a ligação estreita dos Fonseca Costa com os Lima e Silva. A mãe de João era a Marquesa Maria Almeida de Mendonça de Corte Real.

O Visconde da Penha e sua esposa a Viscondessa D. Maria da Penha e sua formação na bicentenária Academia Real Militar do Largo de São Francisco

João se casou com D. Maria da Penha de Miranda Montenegro, sua prima, filha dos Viscondes de Vila Real da Praia Grande.

Bacharelou-se em Ciências Físicas e Matemáticas pela Escola Militar do Largo de São Francisco, bicentenária em 2011 (início). E por nós focalizada em nosso livro recém lançado: 2010-200 anos da criação da Academia Real Militar a Academia Militar das Agulhas Negras. (Resende:AHIMTB,2010)

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A esposa do Visconde da Penha, a Viscondessa da Penha D. Maria da Penha de Miranda Montenegro, sua prima, filha dos Viscondes de Vila Real da Praia Grande.

Condecorações por campanhas militares e títulos no Império

Por ações em campanhas militares o Visconde da Penha foi agraciado com as medalhas da Campanha do Uruguai de 1852, a da Guerra do Paraguai 1866-68 e mais a Medalha do Mérito, ao deixar o Teatro de Guerra com Caxias em 1869.

Foi Conselheiro de Guerra junto com seu pai, Comandante do Corpo de Estado-Maior de 1ª Classe, Ajudante de Campo do Imperador D. Pedro II, titulado Grande do Império, Veador de S.M. a Imperatriz e Moço Fidalgo com exercício na Casa Imperial e Dignitário da Ordem Imperial do Cruzeiro, Grã Cruz da Imperial Ordem de São Bento de Aviz, Oficial da Imperial Ordem da Rosa e Cavaleiro da Ordem de Cristo.

Obras que produziu e foram divulgadas

O Visconde da Penha escreveu os seguintes trabalhos:
Compromisso da Irmandade Santa Cruz dos Militares. Rio de Janeiro 1853, 49 páginas e também assinado por Antônio Manoel de Mello, Conrado Jacob Niemayer e José Gonçalves Victória;
Projeto e Regulamento para prisões militares. Rio de Janeiro, 1847 – (32 páginas com 2 tabelas);
Prisões Militares. Rio de Janeiro, 1847;
Caxias e seu Chefe de Estado-Maior na Guerra do Paraguai solucionaram o problema de Prisões Militares em campanha. As encontraram em acampamentos, cuja vigilância e guarda era um suplício para os encarregados de as vigiar e guardar e evitar fugas que ocorriam com freqüência com as punições decorrentes aos seus guardas. Em decorrência Caxias adotou o sistema de prisões em navios de nossa Marinha.
Posição das Forças imperiais por ocasião da ação de Ponche Verde. Trabalho que escreveu quando participou como jovem oficial da pacificação da Revolução Farroupilha (O IHGB possui o original em aquarela que lhe foi doada pelo Imperador D. Pedro II).

Caminhos da invicta espada de Caxias depois de sua morte

A espada de campanha do Duque de Caxias que lhe coube por testamento, supõe-se que ele a manteve consigo por 12 anos na França.

Em 1902, esta relíquia que figura no brasão da AHIMTB, como a mais representativa espada do Brasil, teria retornado e ficado por cerca de 23 anos em poder de seu neto, o Contra-Almirante (post mortem) Caetano Taylor Fonseca Costa, Oficial que num gesto de nobreza e patriotismo decidiu doá-la em 1925, através do Dr. Eugenio Vilhena Morais ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

E lá a foi encontrar em 1930 o Coronel José Pessoa Cavalcante de Albuquerque, Comandante da Escola Militar do Realengo, para a copiar. E com apoio do Ministro de Guerra General Leite de Castro criar a sua semelhança, o Espadim de Caxias, arma privativa dos Cadetes do Exército, para que segundo os citados Coronel José Pessoa e o General Leite de Castro, ambos veteranos da 1ª Guerra Mundial no Exército da França:

“Caxias, O Duque da Vitória, pairasse no seio dos cadetes do Exército, de igual forma que Napoleão no seio dos cadetes de Saint Cyr”.

E foi no Largo do Machado na Praça Duque de Caxias e defronte a casa onde residiu o Visconde da Penha (em local onde hoje se ergue o Edifício Visconde da Penha) que teve lugar, em 16 de dezembro de 1932 a 1ª entrega a cadetes do Espadim de Caxias junto a Estátua Eqüestre do Duque de Caxias (hoje defronte ao Palácio Duque de Caxias para onde ela foi transferida).

Cerimônia que detalhamos em Histórico da Espada e do Espadim de Caxias em nosso já citado livro Caxias e a Unidade Nacional às p.175/181 e em artigos O espadim dos cadetes do Exército, histórico, tradições, simbolismo na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (326-93-105, jan/mar.1980) e na Revista A Defesa Nacional, volume 114,1978, jul/set., no Jornal Agulhas Negras ago 1978 e em Letras em Marcha, n.º 82, agosto 1978. Assunto disponível em Artigos no site da AHIMTB www.ahimtb.org.br .

E do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, onde se encontra há 85 anos, ao que sabemos somente de lá saiu levada por oficiais do Exército, seus sócios, e com pompa e circunstância, conforme exigia o saudoso Presidente Pedro Calmon.

A primeira até a Escola Militar do Realengo, em 1939, levada pelo historiador Tenente Coronel Jonas de Morais Correa Filho, professor de nova cadeira – Revisão de Português e colocada defronte o Corpo de Cadetes formado e tendo ao lado a espada do General San Martim trazida por Cadetes argentinos em visita ao Brasil.

A segunda e terceira vez foi por mim levada na condição de oficial instrutor de História Militar da Academia Militar das Agulhas Negras e de sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e no comando de uma Guarda de Honra e Segurança integrada por Cadetes. E, do Instituto à AMAN. Em 1978 em homenagem ao Presidente João Figueiredo, o primeiro detentor do Espadim de Caxias a atingir a Presidência da República. E, em 1980, no Centenário da morte do Duque de Caxias, comemorado nacionalmente na AMAN.

A invicta espada de 6 campanhas do Duque de Caxias que a levamos até a Academia Militar das Agulhas em 1978 e 1980, no comando de uma Guarda de Honra e de Segurança integrada por cadetes, na cerimônias comemorativas relativas a homenagem ao Presidente João Figueiredo e do centenário da morte do Duque Caxias, ali comemorado nacionalmente.

O Marques da Gávea o Ajudante General do Exército de 1872 a 1888

O Marquês da Gávea era o Ajudante General do Exército em 1888, na ocasião em que o Clube Militar através de seu Presidente, o Marechal Manoel Deodoro da Fonseca enviou protesto contra o uso do Exército como Capitão de Mato, na perseguição de escravos fugidos. Protesto que equivaleu a abolição de fato da escravatura, proclamada de direito pela Lei Áurea de 13 de maio de 1888, assinada pela Princesa Isabel, a partir deste momento consagrada como a Redentora e o Exército por algum tempo, de Redentor. Razão de algumas vezes denominarmos o Clube Militar de A casa da Abolição e da República, desde que ali em 1987 em seu Centenário fomos o seu Diretor Cultural e de sua Revista..

Estudamos o Marquês da Gávea em nosso citado livro Caxias e a Unidade Nacional. p. 97/99. E nele a função de Ajudante General do Exército, criada pelo Marquês de Caxias em 1855. Função que em realidade comandava o Exército e diretamente a Guarnição da Corte. Cargo que o Marquês da Gávea exerceu de 1872 -1888, por 16 anos, período em que ocuparam o Ministério 19 Ministros, e dentre eles Duque de Caxias, General Osório, General Câmara, Barão de Loreto (o fundador da Biblioteca do Exército) e Tomaz Coelho (o criador do Colégio Militar do Rio de Janeiro). E o Marques da Gávea se projetou na execução das obras destes 19 ministros conservadores ou liberais, no Ministério de Guerra. Existia no Refeitório de Oficias da 1ª Região Militar até 1989 dois óleos enormes, lado a lado. Um do Duque de Caxias e outro do Visconde da Gávea.

O Contra-Almirante (post mortem) Caetano Taylor Fonseca Costa, o doador da espada de Caxias, em 1925, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

O Contra Almirante (post mortem) Caetano Taylor da Fonseca Costa que doou a invicta Espada de Caxias em 1925 ao IHGB, era filho do magistrado João Manuel Fonseca Costa, nascido no Rio em 9 de junho de 1851, quando o pai estava no Uruguai como Ajudante de Ordens de Caxias, e falecido em São João Del Rei, em 28 de abril de 1907, aos 56 anos. A mãe de Caetano era Adelaide Matilde Taylor, descendente do Almirante João Taylor, Comandante da Fragata Niterói na Guerra da Independência da Bahia em 1824 e que teve como piloto praticante, o mais tarde Almirante Tamandaré, o Patrono da Marinha de Guerra do Brasil e do 6º Grupo de Artilharia de Campanha em Rio Grande-RG. Caetano Taylor integrou a guarnição do encouraçado São Paulo em operações na 1ª Guerra Mundial.

Saudade e gratidão da Princesa Isabel ao Visconde da Penha e Senhora
O Visconde da Penha, o seu último retrato tirado em Paris e que me foi fornecido pelo acadêmico citado D. Beto e ao lado o seu brasão.

A Princesa Isabel em seu precioso documento auto biográfico publicado em 15 de maio de 1949, sob o título Alegrias e Tristezas, menciona que o Visconde da Penha às 10 horas de 15 de novembro de 1889, foi o primeiro junto com o Barão de Ivinhema a dar noticia à Família Imperial de estar ocorrendo no Rio o movimento que culminou com a Proclamação da República . E que durante este difícil momento o Visconde da Penha permaneceu junto ao Imperador. E que por ocasião do embarque do Imperador para o exílio o acompanhou até o Cais Faroux. E mais tarde em Paris visitou a Princesa Isabel que incluiu o Visconde da Penha e família neste agradecimento:

” de tanto devotamento, na aflição destes terríveis dias, a minha melhor saudade e simpatia sincera”.

Cumpriu assim com devotamento e lealdade as suas funções de Veador (secretário) da Imperatriz Tereza Cristina e Ajudante de Campo (secretário) do Imperador D.Pedro II.

Foi fiel até o fim a sua função de Veador da Imperatriz e a de Ajudante de Campo do Imperador D Pedro II. Concluímos este resgate com uma síntese de sua vida militar no serviço ativo por cerca de 49 anos de efetivo serviço.

Síntese da carreira no Exército do Visconde da Penha 1841- 1842-1890

Ingressou no Exército como voluntário em 19 mar. 1842 com 19 anos, sendo reconhecido 1º cadete, em 20 ago. 1842, contando antiguidade de 6 mar. 1841 data de sua matrícula na Escola Militar do Largo de São Francisco.
Foi destacado, em 2 dez 1842, para o Rio Grande do Sul em plena Revolução Farroupilha, sendo nomeado Alferes em comissão para o 2º Batalhão de Fuzileiros, por ato do Barão de Caxias, Presidente da Província e Comandante do Exército em Operações que a pacificaria em 1º mar.1845.
Em 11 de mar. 1842 foi promovido a Alferes Aluno e a 2º Tenente, 3 dias depois e a 1º Tenente em 23 de julho 1843.
Integrou o Destacamento do 1º Batalhão de Artilharia a Pé enviado a Bahia, em 26 dez 1845, onde permaneceu pouco mais de 2 meses, retornando ao Rio para concluir seu curso na Escola Militar.
Em 13 set. 1847 foi nomeado Ajudante de Ordens do Comandante das Armas da Corte, depois de concluir seu curso de Engenheiro, tendo apresentado seu Diploma de Bacharel em Matemática, em 5 jan 1848.
Em 21 jun. 1851 seguiu para a Província do Rio Grande do Sul, como Ajudante de Ordens do Barão de Caxias, comandante do Exército em Operações na Guerra contra Oribe e Rosas 1851-52.
Em 24 mar. 1851 foi classificado por Decreto no Corpo de Estado-Maior de 1ª Classe.
Promovido ao Posto de Capitão em 19 jun. 1852, decorrido e cerca de 4 meses do final da citada guerra. Em 10 jul. de 1852, foi nomeado Ajudante de Ordens do Comandante das Armas da Corte.
Em 21 fev. 1855 foi servir na Baia com seu pai, o Brigadeiro Antonio da Fonseca Costa, como seu Ajudante de Ordens.
Em dez 1856, foi promovido a Major por Merecimento, aos 33 anos e foi nomeado em 13 fev. 1857, Assistente do Ajudante General do Exército.
Em 2 dez 1861 foi promovido a Tenente Coronel por merecimento e, em 1 junho 1865, foi nomeado comandante interino da Província de Santa Catarina.
Em 28 jan. 1866, durante a Guerra do Paraguai, foi promovido a Coronel por Merecimento aos 43 anos, sendo em 16 mar. 1866 nomeado interinamente para o cargo de Quartel Mestre General. Era a cúpula na época do hoje Serviço de Intendência.
E em 10 out. 1866 passou a disposição do Marquês de Caxias, Comandante e Chefe de todas as forças do Império em Operações contra o Governo do Paraguai, sendo nomeado Chefe do Estado-Maior de Caxias, em 11 nov. 1866.
Foi promovido a Brigadeiro em 10 jan. 1868 com cerca de 45 anos, tendo sido elogiado por:
“haver se portado com galhardia no ataque ao forte Estabelecimento em 19 fev. 1868, pela ajuda que prestou na execução das ordens que recebeu antes e depois do combate”.
O Marques de Caxias em sua Ordem de Dia 19 jan. 1869 lhes fez o seguinte elogio, antes de se retirar do Teatro de Guerra depois de conquistado o objetivo político da Tríplice Aliança Brasil Argentina Uruguai:
“Não posso nem devo deixar de fazer expressa menção do Brigadeiro João de Souza Fonseca Costa, pela inteligência e dedicação completa com que tem desempenhado constantemente as ordens e os variados deveres do elevado cargo de Chefe do Estado-Maior do Exército, prestando-me em todas as ocasiões a mais dedicada cooperação em tudo quanto tem dependido do seu alto emprego, não só na marcha regular de todos os ramos do serviço público a seu cargo, como nas batalhas e combates a que tem assistido sempre ao meu lado, recebendo e transmitindo minhas ordens e expondo-se com sangue frio e abnegação aos riscos e perigos decorrentes”.
Em 16 fev. 1869 se apresentou a repartição do Ajudante General vindo do Teatro de Guerra com seu comandante o Marquês de Caxias.
Em 30 mai. 1869 decorrido cerca de mês e meio retornou ao Teatro de Guerra acompanhando o novo comandante da Forças do Império em Operações contra o Governo do Paraguai, o Marechal Gastão de Orleans e Conde D’Eu. Personagem que estudamos na História da AD/3 Artilharia Divisionária da 6ª Divisão de Exército Artilharia Marechal Gastão de Orleans. (Porto Alegre:AHIMTB/Promoarte, 2003, em parceria com o Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis. Obra apresentada pelo então Gen Bda Gilberto Arantes Barbosa, comandante da AD/3.
Apresentou-se no Rio de Janeiro em 22 jul.1869, licenciado para tratamento de saúde.
Foi incluído nas felicitações que a Assembléia Provincial do Rio Grande do Sul fez ao Exército e Armada em 13 jul. 1869.
Em 17 mai. 1870, finda a guerra do Paraguai foi nomeado Comandante do Corpo de Estado-Maior de 1ª Classe do Exército.
Em 30 ago. 1870 foi encarregado de organizar o Almanaque Militar. Em 16 nov. 1870 foi nomeado o membro da Comissão de Promoções como encarregado de organizar o quadro de preenchimento de vagas existentes no Exército e a escala de promoções.
Em 16 fev. 1871 foi nomeado Ajudante General interino em substituição a seu pai e por cerca de mês e meio, assumindo o Comando Geral do Estado-Maior de 1ª Classe. Ajudante General era a maior função no Exército. Comandava direto a guarnição da Corte e todos os comandos de armas provinciais. Função criada pelo Marques de Caxias em 1855 junto e substituída pelo Estado- Maior do Exército em 1896.
Em 20 de jul. 1876 foi promovido a Marechal de Campo (equivalente a General de Divisão).
Em 7 ago 1880 foi promovido a Tenente General graduado (equivalente a General de Exército) aos 57 anos. Foi efetivado neste posto em 13 jan 1883.
Em 9 ago. 1888 foi nomeado Conselheiro de Guerra, tomando acento no Conselho de Guerra junto com seu pai. E ironicamente eram chamados de “gravatas de ouro”.
Em 31 jan. 1890, em decorrência da Proclamação da República foi reformado a pedido, tendo a seguir ido residir em Paris onde faleceu em 9 jan. 1902. Prestara ao Exército cerca de 49 anos de efetivo serviço.

E assim devolvemos ao culto da História do Exército de ontem, de hoje e de sempre a figura do Visconde da Penha que acreditamos tenha sido o maior amigo e colaborador de Caxias em nossas lutas externas 1851 a 1869

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Composição fotográfica que realizamos no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, em maio de 1980 como comandante de Guarda de Honra e Segurança integrada por Cadetes, para transportar, com pompa e circunstância, a invicta espada do Duque de Caxias à Academia Militar das Agulhas Negras, na comemorações, em caráter nacional, ali realizadas do Centenário de Falecimento do Duque de Caxias. Na foto a invicta espada de Caxias tendo ao lado o Espadim de Caxias, arma privativa dos Cadetes do Exercito, cópia fiel em escala da relíquia, o binóculo do herói, sua foto e peças do uniforme histórico do Cadete, criado pelo Coronel José Pessoa como elo entre o Exercito do Império e o da República, o Exercito Brasileiro de sempre.