A CÉSAR O QUE É DO POVO

Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira

Nunca uma homenagem foi mais justa, mais sincera, mais necessária e petropolitana do que a lembrança do Maestro César Guerra Peixe para um logradouro público.

Ele nasceu em Petrópolis, de tradicional e querida família; em nosso chão estudou e foi educado e instruído, com iniciação musical com o pai e mestres da Escola de Música Santa Cecília. Ganhou notoriedade no País e recebeu homenagens da Família Musical Mundial, como Mestre do mesmo nível de outros brasileiros (Villa-Lobos, por exemplo).

Dedicou-se à composição, à regência, ao magistério e foi divulgador da cultura brasileira através de sua obra magnífica.

Para atestar sua brasilidade, seu talento, seu amor ao País, compôs o mais executado dobrado brasileiro, presente no repertório militar de todo o País, a marcha “Fibra de Herói”, que Nosso Batalhão D. Pedro II executa prioritariamente em todas as suas formaturas festivas.

Pois muito bem: a homenagem ao Maestro foi feita com a inauguração de uma praça e um monumento, de bela e sugestiva composição, em cerimônia com a presença das mais altas autoridades municipais, que conferiram autenticidade ao ato, sob apresentação de música coral e a presença da Escola de Música Santa Cecília, onde Guerra Peixe descobriu e iniciou sua prodigiosa vocação. O local escolhido foi a Rua Aureliano Coutinho, nas proximidades da Escola que o menino freqüentou e onde viveu seus melhores anos de criança.

Se a homenagem foi justíssima, o local foi adequado e, sob a vertente do asfixiamento do Centro Histórico , abriu-se um logradouro para o complexo comercial da Rua Teresa, transformando a Praça Maestro César Guerra Peixe, em pulmão aberto à respiração dos turistas compradores, dos petropolitanos que passeiam pela Teresa e para todos os comerciantes do grande “shopping” a céu aberto. Assim, em meio à variedade compactada de estabelecimentos comerciais, uma praça veio colorir e alegrar ao tempo em que constituir-se em área receptiva para lazer, descanso e bálsamo para olhos e mentes.

Sem discutir a legalidade ou não do que se pretende ali fazer, o importante é que a Rua Teresa conquistou um espaço para meditação e reflexão que não pode perder.

É bom recordar que para a Petrópolis planejada pelo Major Júlio Koeler foram separados terrenos para construção de praças em todos os quarteirões, diante da magnífica visão urbanística de nosso fundador. Com o passar dos anos os terrenos das praças projetadas foram sendo ocupados por construções, quase nada restando da cidade mais inteligente idealizada por ele.

Assim, a Praça Maestro César Guerra Peixe é um resgate para nossa gente de uma ínfima parcela do grande projeto de Koeler, colaborando para a humanização do complexo malharístico da Rua Teresa, antes que ela toda se transforme em uma selva de pedra tão compactada que iniba o sol e robotize os tipos de usuários que a compõem.

A quem de direito, por justiça e visão de futuro, acabe-se a discussão. Que se eterniza por ali a praça, conferindo a César o que é do povo.