OS QUARTEIRÕES DE PETRÓPOLIS
Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva
Característica básica do plano ordenador da nascente Petrópolis, designado Plano Koeler, foi a divisão do território da cidade em quarteirões. E eles não são coisa do passado, que só pela vontade de uns poucos ainda estejam na memória e no uso de alguns. Eles existem.
O que tem acontecido é que, por causas diversas, se tem deixado de empregar os nomes corretos das regiões da cidade e assim, pouco a pouco, o esquecimento vai se alastrando, o desconhecimento passa a imperar e se tem, então, a idéia de que apenas a teimosia dos saudosistas trata do assunto. Mas, como disse, a realidade é outra.
Não tenho a intenção de aqui falar das virtudes do Plano Koeler. Quero apenas fixar dois pontos. O primeiro se refere à afirmação de que os quarteirões não desapareceram. O segundo chama a atenção para a necessidade de se usar a designação dos quarteirões para que a realidade seja revigorada e se retome o caminho de exploração de todas as riquezas que o projeto original da cidade contém, e assim se alcance o objetivo deste, o bem viver da população, tema mais que essencial nos tempos da ecologia.
Todo bom petropolitano de nascença ou de vivência deve ter a absoluta convicção de estar respondendo certo à pergunta de como se divide a cidade, o primeiro Distrito de Petrópolis, ao dizer que ela se divide em quarteirões.
Sem dúvida. Para o Registro de Imóveis é assim. Para a Prefeitura é assim. Para a Companhia Imobiliária é assim. Isto ocorre hoje como desde os primeiros anos da cidade e do surgimento dos instrumentos e órgãos controladores da divisão do solo. Quem tiver em mãos uma recente escritura de compra e venda de imóvel situado na cidade, pode ver, lendo-a e lendo a certidão do Registro de Imóveis, que o quarteirão lá está mencionado. Continua sendo ele a chave da localização. Quem for ao Cadastro da Prefeitura, verificará que o mesmo ali acontece, salvo alguns lapsos que no correr das administrações se instalaram. Quem se dirigir à Companhia Imobiliária, encontrará o esquema dos quarteirões em pleno funcionamento.
Portanto, para o propósito de preservar e desenvolver os valores da cidade de Petrópolis, como tal, nada mais é necessário fazer, em um primeiro passo, com relação aos quarteirões, a não ser usar o nome deles, de todos os modos, em cada oportunidade, sem cansaço.
E isto não se choca com nada. As demais designações não conflitam com a dos quarteirões, nem a substituem, porque estes, enquanto quarteirões, são básicos e únicos na divisão do território da cidade, ontem e hoje. O uso dos nomes dos quarteirões só enriquecerá o conhecimento de todos quanto à realidade e possibilitará os avanços posteriores em direção ao bem estar coletivo.
Petrópolis, entre as cidades brasileiras, tem o privilégio de poder se apresentar, ainda neste 1992, com as pitorescas e reais denominações, para as suas regiões, de duas vilas e vinte e um quarteirões, se se utilizar como fonte apenas a Planta de Otto Reimarus, de 1854. As vilas são: Vila Imperial e Vila Teresa. São quarteirões: Renânia Inferior, Renânia Central, Renânia Superior, Worms, Inglês, Siméria, Castelânea, Palatinato Superior, Palatinato Inferior, Suíço, Francês, Westphalia, Brasileiro, Nassau, Mosela, Woerstadt, Darmstadt, Bingen, Ingelheim, Presidência e Princesa Imperial.
Como os quarteirões ainda estão vivos, tenho me dedicado ao trabalho de identificar os seus limites, por sinais visíveis por todo o povo, como os números das casas, a fim de que possamos de novo saber onde estamos. Em outros artigos, com a finalidade de sanar dúvidas e tornar geral o conhecimento, poderei descrever quarteirão por quarteirão, ou seja, indicar onde começa um e termina outro nas vias públicas.
O Quarteirão Darmstadt não acabou! Nem os outros!