ANOTAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA DE ITAIPAVA

Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette

ORIGEM DO NOME ITAIPAVA

O 3º Distrito de Petrópolis é o único que ostenta um nome tomado do idioma indígena. A palavra Itaipava significa “recife de pedra que atravessa o rio de margem a margem, provocando o desnivelamento da corrente; pequena queda d’água” (1).

Sua sede, comenta João Fernandes, abrange toda a área do sítio de Itaipava e parte das fazendas que lhe ficavam contíguas. Após a Samambaia, o rio Piabanha percorre vários quilômetros em leito desprovido de pedras; somente ao término da antiga fazendinha Itaipava se manifesta o primeiro acidente, afetando o curso das águas. Ali o rio é cortado por um bloco granítico, aberto ao meio, o qual o povo conhece pela denominação de Pedra do Salto (2).

Esta origem parece confirmada, se atentarmos para o fato de que Ita significa pedra, rochedo; Peva significa baixo, chato, inferior; Ipaba significa modo de levantar-se.

(1) – LIMA, Hildebrando; BARROSO, Gustavo. Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Civilização Brasileira, 1957, p.699.

(2) – MACHADO, Antonio. Origem dos distritos rurais. Tribuna de Petrópolis, Petrópolis, p. 1, 1 de janeiro. 1934.

PRIMITIVOS HABITANTES

Sem dúvida alguma, os primeiros habitantes de Itaipava foram os índios. A denominação “Sertão dos Índios Coroados” inicialmente dada às terras que hoje constituem o Município de Petrópolis nos leva a crer que estes índios, assim denominados pelos portugueses “porque cortavam os cabelos de maneira a formar uma espécie de coroa enrolada no alto da cabeça” (3), seriam os antigos goitacases que, combatidos pelos portugueses e ou tribos hostis, buscaram refúgio no sertão.

Por outro lado, a descoberta de vestígios de objetos indígenas, nos rios petropolitanos, reforçou a tese de que, na realidade, muitas picadas no caminho para Minas Gerais e que, posteriormente, foram aproveitadas pelos colonizadores, na realidade foram abertas pelos índios em seus movimentos migratórios.

Do mesmo, a Carta Topográfica da Capitania do Rio de Janeiro, datada de 1767, assinala uma vasta área da margem direita do rio Piabanha e da margem setentrional do rio Paraíba, até Minas Gerais, a qual denomina “Sertão ocupado por índios bravos” (4).

Na realidade, por esta região erravam os índios Puris, da mesma raça que os Coroados, divididos em várias tribos, constantemente em guerras, o que é confirmado por Debret quando se refere aos Patachos, da mesma raça que os Puris, os quais “habitavam as florestas do sertão, à beira do rio Piabanha” (5)

(3) – DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e História do Brasil. São Paulo: Universidade de São Paulo, Tomo I, p. 52.

(4) – LEÃO, Manuel Vieira. Carta Topográfica da Capitania do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1767. Redução, desenho e cópia da planta existente no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por Dória Soares, em 1941.

(5) – DEBRET, op. cit. p. 71.

A PARÓQUIA DE SÃO JOSÉ DE ITAIPAVA

O aumento da população do Município e conseqüentemente o aumento das necessidades espirituais de seus habitantes, levaram o Bispo Diocesano, D. José Pereira Alves a constituir canonicamente a Paróquia de São José de Itaipava, desmembrando-a da Paróquia de Cascatinha. A nova Paróquia, abrangendo Cuiabá, Secretário, Barra Mansa, Itaipava e Pedro do Rio, foi criada pelo Decreto Diocesano de 26 de abril de 1944.

A 7 de maio de 1944 assumiu a funções de Vigário Ecônomo o Padre Clemente Antônio, sendo recebido festivamente, com a presença de Associações Religiosas de Itaipava e Pedro do Rio, Escolas Públicas e grande massa popular. Na oportunidade, a saudação ao padre Clemente e os agradecimentos ao padre Monteiro Luiz, vigário de Cascatinha, foram feitas pelo ilustre Comandante Saint Brisson Pereira, o qual proferiu magnífico discurso, cheio de fé, sabedoria e patriotismo (6).

(6) – NEWLANDS, Tomás. A Nova Paróquia de Itaipava. Jornal de Petrópolis, Petrópolis, p. 2, 9 de maio. 1944.

Foram vigários da referida paróquia, a saber: Pe. Clemente Antônio (Vigário Ecônomo); Pe. Miguel Larréa (Vigário Ecônomo); Pe. Manoel Pinto Vilela (Vigário Ecônomo); Pe. Luiz Brasil Cerqueira (Pároco); P. Guido Ceotto (Vigário), Monsenhor Severino Ramos Lins; Pe. João Carlos e Monsenhor José Maria Pereira.

Destes, o que permaneceu mais tempo nas funções foi o Pe. Luiz Brasil Cerqueira (de 1945 a 1979). Nascido no Rio de Janeiro a 20 de dezembro de 1916, era filho de Antonio Guia de Cerqueira e Alice Brasil Cerqueira. Cursou o Seminário do Coração Eucarístico, de Belo Horizonte, tendo sido ordenado sacerdote a 5 de novembro de 1943. Inicialmente foi coadjutor da Paróquia de São Sebastião do Barreto, em Niterói, desempenhando estas funções até ser nomeado por D. José Pereira Alves para a Paróquia de São José de Itaipava, tomando posse a 1º de janeiro de 1945.

Realizou um apostolado intenso, extenso e bem sucedido. Fundou e dirigiu as seguintes Associações Religiosas: Congregação Mariana, em 15 de agosto de 1945; Associação das Filhas de Maria, em 8 de dezembro de 1945; Obra das Vocações Sacerdotais e Apostolado da Oração e Cruzada Eucarística, fundadas em 21 de junho de 1945.

Inaugurou, a 4 de fevereiro de 1945 a Casa Paroquial em cerimônia que contou com as presenças do Bispo D. José Pereira Alves e do casal Leite Chermont (embaixador e embaixatriz), grandes benfeitores da obra.

Desenvolveu ainda uma bem sucedida obra de assistência social, com a criação de um ambulatório e uma escola, transformada sucessivamente em Ginásio São José de Itaipava e Liceu Municipal de Itaipava que continua prestando relevantes serviços à educação no Município.

Merece ainda destaque a obra de assistência social desenvolvida pela Família Cápua, no Vale da Boa Esperança, onde em 1948, foi construído um ambulatório, e dois anos mais tarde uma escola, funcionando inicialmente com 127 alunos, que, além da instrução, recebiam roupa e material didático. Na mesma ocasião começou também a funcionar um gabinete dentário. Em 7 de novembro de 1951, foi inaugurada a Capela de Santa Terezinha.

Em sinal de reconhecimento por sua piedosa dedicação à causa da Assistência Social Católica desenvolvida naquela região, D. Marília de Almeida Cápua, esposa do Dr. Júlio Cápua, recebeu do Santo Papa Pio XII a Comenda “Pro Eclesia et Pontífice”.

CEMITÉRIOS

Itaipava possuiu um cemitério na Fazenda Santo Antonio, outro em Sumidouro, segundo nos informam as crônicas da época.

A respeito do atual cemitério municipal, localizado nos fundos da Igreja Matriz, encontramos a seguinte nota no jornal “O Mercantil”, datado de 7 de abril de 1880: “a Câmara Municipal em sessão ordinária realizada em 7 de fevereiro de 1880, aceitou e agradeceu a José Francisco da Silva o donativo por este feito, de um terreno no lugar denominado Itaipava, para edificação de um cemitério”.

Segundo nos informa a “Tribuna de Itaipava”, de 31 de agosto de 1991, “não há registro de data do primeiro sepultamento, mas a lápide mais antiga, e que mantém condições de legibilidade data de 1896. É o túmulo de Seraphin Lourenço Tavares”.

A ESTRADA UNIÃO E INDÚSTRIA

Por ocasião da construção da Estrada União e Indústria, cuja primeira seção entre Petrópolis e Pedro do Rio foi inaugurada em 18 de março de 1858, Itaipava ainda não existia como localidade. A Companhia de Mariano Procópio Ferreira Laje não teve ali estação de muda, já que a primeira muda processava-se em Correias e a segunda em Pedro do Rio. Todavia a Companhia instalou, junto à ponte sobre o Rio Santo Antônio, segundo nos informa Machado, “um posto de barreira, segundo ele o mais rendoso no trecho de aquém Parahyba” (7).

As obras da União e Indústria, cumpre assinalar, foram executadas sob a direção dos engenheiros Antônio Maria de Oliveira Bulhões e José Keller. A eles se devem o estudo e a execução das duas seções desta estrada, considerada a “Pioneira das Estradas de Rodagem Brasileiras”.

A construção da União e Indústria foi um dos fatores responsáveis pelo progresso da localidade, já que o povoado foi se desenvolvendo ao longo da mesma. Não há como negar que a construção desta estrada, aliada à excelência do clima e à criação da Estação Ferroviária, contribuiu para transformar um vilarejo pobre, que vivia da agricultura e da indústria de tijolos, num pólo de atração de veranistas, inclusive de grandes personalidades da vida política, econômica e social brasileira.

(7) – MACHADO, Antonio. Origem dos distritos rurais. Tribuna de Petrópolis, Petrópolis, p. 1, 1 de janeiro. 1934.

A ESTRADA ITAIPAVA A TERESÓPOLIS

Surgiu do chamado caminho do Gregório, nome de um antigo proprietário da Fazenda Santo Antonio, posteriormente, sofreu uma série de melhoramentos por conta do Dr. Antonio Fialho, outro proprietário da referida fazenda.

Por esse caminho viajaram a cavalo, em 1870, a Princesa Isabel e o Conde d’Eu, por ocasião da visita que fizeram ao Barão Escragnolle, proprietário da Fazenda do Quebra-Frasco, em Teresópolis.

Durante a administração de Raul Veiga, Governador do Estado do Rio de Janeiro, o caminho sofreu melhoramentos que o tornaram transitável para automóveis. Na oportunidade “O Século”, em sua edição de 18 de setembro de 1920, comentou: “Embora não sendo definitiva a obra realizada, os automóveis podem viajar perfeitamente e mantendo uma velocidade apreciável” (8). O Rei Alberto da Bélgica e sua esposa, quando de sua visita a Petrópolis, passaram por este caminho, vindos de Teresópolis, motivo pelo qual durante muito tempo a estrada ficou conhecida como Estrada Rei Alberto.

Em 1933, a estrada conheceu novos melhoramentos, ficando as obras sob a direção do competente engenheiro Dr. Xavier Pacheco que aproveitou oito quilômetros da antiga estrada Rei Alberto, modificando o restante do percurso, transformando-a numa moderna rodovia.

O CASTELO DE ITAIPAVA

O Barão Jayme Smith de Vasconcellos, renomado industrial e ilustre médico, escolheu Itaipava para sua residência de verão. Em propriedade adquirida a Nilo Peçanha, demonstrou todo o seu espírito empreendedor com a construção de um magnífico castelo, em estilo normando, que acabou se transformando num dos mais justos motivos de orgulho dos habitantes do 3º Distrito de Petrópolis. Embora não sendo engenheiro, ele próprio fez questão de dirigir a construção do imponente edifício.

O Barão Jayme Smith de Vasconcelos era Bacharel em Ciências e Letras pelo Colégio Pedro II, formando-se posteriormente em Medicina, mas foi seduzido pelas atividades industriais, tendo sido Diretor da Companhia Mecânica e Importadora de São Paulo.

Possuía um grande espírito altruístico, o que ficou comprovado por sua ação voluntária, como médico, no combate à terrível epidemia de gripe que assolou o Rio de Janeiro, em 1918.

A respeito de seu espírito altruístico, encontramos no Suplemento do Jornal de Petrópolis, de 14 de maio de 1933, o seguinte comentário: foi sempre um cooperador dedicado de todas as iniciativas que visassem fins altruísticos. Fazia tudo isto sem alarde, sem preocupação de aparecer, apenas para satisfação de seus nobilíssimos sentimentos filantrópicos (9).

(8) – O SÉCULO. Petrópolis, p. 1, 8 de setembro. 1920.

(9) – JORNAL DE PETRÓPOLIS. Petrópolis, p. 2, 14 de maio. 1933. Suplemento.

Faleceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, onde se encontrava em tratamento, no dia 10 de maio de 1933, sendo sepultado no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.

Sua esposa, a Baronesa Smith Vasconcellos, foi uma das grandes colaboradoras das obras sociais desenvolvidas por Monsenhor Luiz Brasil Cerqueira em Itaipava.

DAS OLARIAS ÀS CERÂMICAS ARTÍSTICAS

Quando a Estrada de Ferro criou a estação de Itaipava, a localidade constituía um simples arraial que vivia da agricultura e da indústria de tijolos, um vilarejo pobre e um casario rústico, espalhado ao longo da Estrada União e Indústria. Quando o notável estadista Nilo Peçanha adquiriu terras pertencentes a D. Maria Júlia Clavery, viúva de José Clavery, transformando a fazendola ali existente numa bela propriedade, Itaipava começou a atrair inúmeros veranistas, modificando o panorama anterior. A respeito do assunto, comenta o Dr. José Mattoso: Itaipava representa um dos esplêndidos subúrbios de Petrópolis, pela suavidade de sua temperatura e benignidade de seu clima. O progresso local, com as construções que se multiplicaram, foi iniciado pelo saudoso estadista Nilo Peçanha, quando ali adquiriu uma fazenda mais ou menos abandonada e na qual fez boas pastagens e excelente pomar (10).

Das Olarias existentes na região destacavam-se as de propriedade de Guilherme Carlos e de João Bernardo Vichers e, posteriormente a de José Fernandes Carlos, em Benfica, especializadas na fabricação de tijolos e telhas, com revendedores na cidade.

Em 1926, o engenheiro Alberto Augusto da Costa e o artista francês Henri Gonot, se associaram para transformar uma olaria existente na região numa cerâmica artística. Alberto Augusto da Costa era casado com D. Maria Augusto de La Rocque da Costa, filha de Augusto La Rocque, o qual vindo do Pará, adquiriu inúmeras propriedades (a Chácara das Rosas, no Retiro, terras em Moura Brasil, Paraíba do Sul e Itaipava). Alberto mudou-se para Itaipava a conselho médico, passando a administrar as terras de seu sogro, segundo informações fornecidas por sua filha Mathilde ao autor, em entrevista concedida no dia 20 de agosto de 1995. Henry Gonot veio para o Brasil após a Guerra de 1914. No Rio de Janeiro, doente e com dificuldades financeiras, conheceu o poeta Raul de Leoni que o convidou para ficar em sua casa em Itaipava. Em Paris, Gonot havia trabalhado numa fundição denominada Lachenal, onde se fabricavam peças artísticas.

Alberto Costa e Henry Gonot eram apaixonados pela cerâmica marajoara e “procuraram se impregnar do espírito dos ceramistas indígenas e adivinhar o segredo perdido da composição do esmalte, das cores e das terras” (11).

(10) – FERNANDES, João. op. cit. p. 1.

(11) – A Cerâmica de Itaipava. O cruzeiro. Petrópolis, p. 15, 22 de março. 1930.

Todavia é necessário esclarecer que a cerâmica não produzia apenas vasos e pratos no estilo de Marajó, mas uma grande variedade de vasos, bustos, estatuetas, painéis de azulejo etc., chegando a mesma a manter na cidade de Petrópolis, à então denominada Avenida 15 de Novembro, uma sucursal regida por Gelmino Fazzioni e outra no Rio de Janeiro, no hall do Edifício de Touring Club do Brasil, situado à Praça Mauá, com mostras permanentes da produção artística da referida cerâmica.

Esta Cerâmica foi, a nosso ver, um verdadeiro cartão de visitas do 3º Distrito, sempre atraindo inúmeros veranistas, pela beleza das formas dos objetos artísticos por ela produzidos. Foi também a primeira de uma série de outras que se seguiriam como as de José de Almeida, de Luiz Salvador e a Santa Ettienne, dentre outras.

NOGUEIRA

Deve seu nome a Domingos de Souza Nogueira, o qual se tornou um grande proprietário de terras naquela região. Em 1891, montou uma olaria, no local onde é hoje a estação de Nogueira, cujo nome lhe foi dado em sua homenagem, pois segundo a Tribuna de Petrópolis, de 18 de junho de 1932, “além de propugnar pela criação da referida estação, ainda contribuiu com a doação de uma faixa de terra e cerca de 125 mil tijolos” (12).

(12) – Domingos de Souza Nogueira. Tribuna de Petrópolis. Petrópolis, p. 1, 18 de junho. 1932

O Coronel Domingos de Souza Nogueira nasceu em Rio Mao, na província do Douro, em Portugal a 6 de maio de 1862, vindo para o Brasil com 15 anos incompletos, para a cidade de Rezende, onde se empregou no estabelecimento comercial de seu irmão. Posteriormente, em 1879, veio para Petrópolis, onde trabalhou como caixeiro na casa comercial do Sr. Carlos Alves de Mesquita, estabelecida à Rua do Imperador. Em 1881 fez sociedade com Antonio Esteves Pereira, num armazém de secos e molhados, localizado na mesma rua e, em 1888, adquiriu o armazém e hotel de José Manoel Gomes, à rua hoje denominada Doutor Porciúncula.

Pelo seu esforço e anos de trabalho, prosperou e transformou-se num bem sucedido comerciante e industrial e num dos maiores proprietários de terras no Município. Amigo de Nilo Peçanha, fez também escala pela política, exercendo os cargos de vereador, presidente da Câmara e prefeito interino, de 2 a 4 de maio de 1917.

Domingos de Souza Nogueira foi casado com D. Maria de Freitas Nogueira e faleceu em Petrópolis, a 17 de junho de 1932.

RAUL DE LEONI EM ITAIPAVA

Raul de Leoni, notável poeta, nasceu em Petrópolis a 30 de outubro de 1895 e faleceu a 21 de novembro de 1926, em sua residência de Itaipava, conhecida como Vila Serena, localizada à Estrada União e Indústria, n.º 14.210, a qual apesar dos inúmeros apelos no sentido de ser preservada acabou sendo demolida para ceder lugar a um condomínio.

Referindo-se a esta residência do poeta em Itaipava, assim se referiu Salomão Jorge: “No seu retiro de Itaipava, onde começou a morrer aos poucos, brincava com as abelhas, plantava rosas de raça, bolia com o macaco Simão e criava marrecos” (13).

O autor de “Luz Mediterrânea” e “Ode a um poeta morto” teve uma relação muito estreita com o 3º Distrito, para ele atraindo alguns amigos como Nilo Peçanha, Henri Gonot e muitos outros.

(13) – JORGE, Salomão. Raul de Leoni. Pequena Ilustração, Petrópolis, p. 3, 17 de novembro. 1940.

CRIAÇÃO DO DISTRITO DE ITAIPAVA

O Distrito de Itaipava foi criado pelo Decreto n.º 1, de 8 de maio de 1892, o qual dividiu o Município de Petrópolis em seis Distritos: 1º Cidade, 2º Cascatinha, 3º Itaipava, 4º Pedro do Rio, 5º Areal, 6º S. José do Rio Preto.

Em 3 de junho de 1892, o Decreto n.º 1 A, retificou o anterior, anexando o Distrito de Areal ao Município de Paraíba do Sul. Itaipava continuou sendo o 3º Distrito, compreendendo as terras da “Fazenda Santo Antonio”, “Santo Antonio de José Alves” e todas as terras entre o alto da serra de Teresópolis e o Rio Piabanha, de um lado, e as terras entre a Serra da Maria Comprida e o mesmo Rio Piabanha, de outro, inclusive a Fazenda do Sumidouro (14).

ESTRUTURA POLÍTICA DO MUNICÍPIO

Em 1892, Petrópolis possuía a seguinte estrutura política: “Vereadores Gerais, Vereadores Distritais, Juízes de Paz e Juntas Distritais (composta pelos Vereadores Distritais mais os Juízes de Paz” (15).

(14) RUDGE, Alfredo de Mattos. História dos Limites de Petrópolis. Revista da Academia Petropolitana de Letras, Petrópolis, ano I, n. I, p. 26-27, abril. 1934.

(15) – JORNAL DE PETRÓPOLIS. Petrópolis, 25 de dezembro. 1934.

Em 19 de dezembro de 1892, Itaipava teve como Vereador Distrital, Zózimo da Silva Werneck e como Juízes de Paz, João Baptista de Souza Mendonça e João Evangelista de Souza. Já em 1894, concorreram, às eleições para Vereador Distrital, Guilherme Carlos Filho (60 votos) e Antonio de Oliveira Matos (7 votos) e, às eleições para Juiz de Paz, João Baptista de Souza Mendonça (67 votos), João Evangelista Ribeiro (60 votos), José Clavery (57 votos), Antonio Almeida Macedo (10) votos e Manoel Raposo Borges Júnior (7 votos), segundo Ata da Câmara Municipal, datada de 24 de dezembro de 1894.

Guilherme Carlos Filho foi um vereador muito atuante, apresentando inúmeras propostas como a instalação de mais duas escolas no 3º Distrito, a construção de um pontilhão, no caminho para Santo Antonio, por conta do Distrito, a construção do muro do cemitério e um necrotério, entre outras.

Na segunda legislatura (1895-1897), Guilherme Carlos foi reeleito, sendo também eleito o Dr. Antonio Fialho que mais tarde foi Vice-Presidente do Estado do Rio e Deputado Federal. O Dr. Fialho integrou também a Câmara Municipal na legislatura de 1901-1903.

Pelo Decreto 1496, de 26 de julho de 1816, o Presidente do Rio de Janeiro, Dr. Nilo Peçanha criou a Prefeitura Municipal de Petrópolis, ato executivo aprovado pela Assembléia Legislativa (Lei n.º 1306, de 29 de dezembro de 1916).

Na 1º Câmara Municipal, eleito durante o regime da Prefeitura, em 26 de janeiro de 1919, Itaipava teve como representante o Coronel Jeronymo Ferreira Alves.

De 1942 a 2008, passaram pela nossa Câmara Municipal, como representantes do 3º Distrito os seguintes vereadores: Agostinho Cabral de Mello*, Valentim Portas Valente, Eugênio Dias Xavier, Nelson Vieira Costa*, Osmany Rodrigues Lima*, Mounir Elias Dumas*, Lucélio Ribeiro da Silva*, Argenário Xavier de Moraes*, Dr. José Veríssimo.

* Eleitos em mais de um mandato.

IMIGRANTES JAPONESES E PORTUGUESES EM ITAIPAVA

Dedicaram-se sobretudo à agricultura. Tais lavradores “eram pequenos proprietários, e com a exceção de um pequeno grupo de japoneses, eram descendentes dos primeiros colonos ou de imigrantes vindos de Portugal e das Ilhas da Madeira e dos Açores” (16).

“A primeira família japonesa a residir em Itaipava foi a família Fukuda, cujo chefe, Kazuto Fukuda desembarcou em Santos, em outubro de 1913, e foi contratado como motorista pelo barão Schimidt Vasconcellos. Mais tarde adquiriu um terreno, tornando-se agricultor e convidou outras famílias a se estabelecerem na região, as quais se dedicaram ao cultivo de hortaliças” (17).

Quanto aos imigrantes portugueses da Ilha da Madeira e dos Açores, radicaram-se os mesmos por todo o Vale do Piabanha, como foreiros e arrendatários, dedicando-se à lavoura, à criação de gado bovino e suíno e também ao comércio, deixando marcas de sua cultura, sobretudo no Vale do Cuibá, onde graças aos seus esforços, foi construída a Igreja do Espírito Santo.

Segundo nos informa Antonio Machado, “aos domingos, reuniam-se ora em casa de um, ora em casa de outro, e os bailes faziam-se ao som da harmônica e emendavam a noite com o dia. Do mesmo modo entoavam ladainhas na casa do devoto, a quem coubera guardar naquele ano a bandeira do Divino {…}. Realizavam ainda leilões de prendas em que predominavam vitelos, leitões, vinhos, bolos e roscas de pão doce {…}” (18).

(16) – ARBOS, Philipe. Petrópolis: Esboço de uma Geografia Urbana. Trabalhos da Comissão do Centenário. Petrópolis: Prefeitura Municipal de Petrópolis, vol. VI, p. 202. 1938.

(17) – COMISSÃO DE EVENTOS COMEMORATIVOS DA IMIGRAÇÃO JAPONESA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Cem anos da imigração japonesa no Estado do Rio de Janeiro. p. 171, São Paulo, 2008.

(18) – MACHADO, Antonio. Modestos, mas valorosos. Tribuna de Petrópolis, Petrópolis, p. 1, 27 de abril. 1930.

ATIVIDADES ECONÔMICAS DESENVOLVIDAS NA REGIÃO NO ANO DE 1900

As atividades econômicas desenvolvidas no território de Itaipava compreendiam, basicamente, o comércio de gêneros alimentícios, a fabricação de telhas e tijolos (Olarias) e a produção de fubá (Moinhos).

Entre aqueles que se dedicavam a tais atividades destacamos: Ivan Antonio Gonçalves, comércio de madeiras e José Pinto Dias Carneiro, comércio de gêneros alimentícios (Bonsucesso); José Lopes de Castro, Carlos Boltor, Manoel Rabelo Muniz e José Cândido Monteiro de Barros, Olarias à força humana e Francisco Medeiros, Moinho de Fubá (Ponte dos Arcos); Jeronymo Ferreira Alves e Cia., gêneros alimentícios e Guilherme Carlos, Olaria a vapor e Engenho de Serra (Ponte de Santo Antonio); Antonio Pereira Carvalho, Moinho de Fubá e Matheus Homem de Menezes, gêneros alimentícios (Itaipava); José Clavery, Destilação de Açúcar e Moinho de Fubá, Antonio Almeida Lima, Moinho de Fubá e Destilação de Aguardente e Emílio Zanata, Açougue (Sumidouro); Faria/ Ribeiro, Moinho de Fubá e João Evangelista Ribeiro, gêneros alimentícios (Cuibá); Manoel Cabral e Manoel Couto Raposo, Moinhos de Fubá (Arca).

CORONEL SEBASTIÃO SOARES DE AZEVEDO MARCIAL

Português, naturalizado brasileiro, residiu por muitos anos em Itaipava, onde era muito estimado e onde prestou relevantes serviços. Era um chefe político exemplar, extremado Nilista, servindo ao partido do grande estadista brasileiro, com grande lealdade.

Foi Subdelegado em Itaipava, exercendo este cargo com grande dignidade. Segundo nos informa a Tribuna de Petrópolis, de 17 de fevereiro de 1931, “era um homem de princípios e convicções, razão porque era respeitado até por seus adversários políticos, com os quais nunca rompeu os laços de amizade”. (19)

Faleceu em Correas, na residência de seu genro, em 15 de fevereiro de 1931, onde se encontrava enfermo.

(19) TRIBUNA DE PETRÓPOLIS. Petrópolis, p. 14, 17 fev. 1931.

ORIGEM DA PALAVRA CUIABÁ

O padre A. Lemos Barbosa, em sua obra “Pequeno Vocabulário Tupi-Português”, (Livraria São José, 1955, p. 10), afirma: “no estudo da toponímia popular de origem indígena, é indispensável ter em conta a correspondente documentação histórica. Decompor topônimos exclusivamente com o auxílio do dicionário é ignorar o fato da evolução e expor-se a graves equívocos, pois acontece amiúde que as formas atuais estão alteradas por força da analogia com outras palavras tupis ou portuguesas, ou por outros fatores”

Existem várias versões para o topônimo Cuiabá. Assim, Moacyr Costa Ferreira, em seu “Dicionário Morfológico Tupi Guarani” (Ed. Edicon, 1928), pretende que Cuiabá seja o resultado de “Ku’i (farelo, farinha fina) + a’ba (homem) seja o homem da farinha. Já Luiz Caldas Tibiriçá, em seu “Dicionário Tupi Português” (Ed. Traço, 1984), pretende que Cuiabá seja uma espécie de cabaça grande; que serve de cuia.

Na versão popular, local, o nome Cuiabá teria se originado da forma de cuia, que o vale apresenta.

PRESIDENTES DA REPÚBLICA EM ITAIPAVA

Itaipava era um vilarejo pobre, com um pequeno comércio, quando o grande estadista Nilo Peçanha, comprou as terras onde hoje se encontra o Castelo de Itaipava.

Sua presença no 3º Distrito não tardou a mudar tal situação, atraindo muitos veranistas, multiplicando-se as construções, acentuando-se o progresso local.

Homem de fino trato, Nilo Peçanha fez, entre os moradores da região, vários amigos pessoais e correligionários políticos, destacando-se entre eles o Tenente Coronel Sebastião Soares de Azevedo Marcial, proprietário de terras na região e que, por diversas vezes, exerceu as funções de subdelegado; o Tenente Coronel Jeronymo Ferreira Alves, comerciante, industrial, com passagem pela política, onde exerceu o cargo de vereador à Câmara Municipal e também Domingos de Souza Nogueira, grande proprietário de terras em Nogueiras e Itaipava, também com passagem pela política, já que exerceu as funções de vereador à Câmara Municipal, presidente da Câmara e prefeito interino de 2 a 4 de maio de1917.

Pela firme moral de suas convicções, pelo exemplo de honradez e probidade pessoal, Nilo Peçanha exerceu sobre seus correligionários de Itaipava e Pedro do Rio um fascínio irresistível.

Também o Presidente Epitácio Pessoa, uma das personalidades mais ilustres das letras jurídicas, da magistratura e da política em nosso país, residiu vários anos em Nogueira, onde faleceu a 13 de fevereiro de 1942, aos 76 anos, em sua residência na Granja Nova Bethania.

Em Petrópolis, quando presidente, fez construir o prédio dos Correios e Telégrafos e o primitivo quartel do 1º BC.

O Presidente Getúlio Vargas, embora não tenha possuído residência em Petrópolis, esteve em Itaipava em diversas ocasiões, conforme ele mesmo informa em seu Diário (1937-1942), vol. 2, Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1995.

Frequentou a residência do casal Armando de Alencar, a 1ª vez em 28 de março de 1937, por ocasião do aniversário do Ministro.

Armando de Alencar, como se sabe, foi Desembargador da Corte de Apelação do Distrito Federal (1926-1937) e Ministro do Supremo Tribunal Federal (1937-1941) e possuía uma residência de verão, no 3º Distrito, na Granja Nossa Senhora do Carmo.

Visitou também, por diversas vezes, a Fazenda da Manga Larga, na ocasião propriedade do Sr. Renato da Rocha Miranda; a Fazenda de Santo Antônio, propriedade do Sr. Argemiro Machado, onde costumava jogar golfe e a Fazenda do Ministro Salgado Filho, no Vale do Cuiabá.

O Presidente Vargas inaugurou ainda, juntamente com o Ministro da Viação, a estrada de rodagem Petrópolis-Teresópolis, em 12 de maio de 1937.

PRIMÓRDIOS DA EDUCAÇÃO NO 3º DISTRITO

Tudo indica que as primeiras escolas do 3º Distrito foram estaduais e regidas, segundo nos informa a Gazeta de Petrópolis, “pelos professores Beatriz Freitas de Souza Martinho (Escola Feminina) e Ignácio de Souza Martinho (Escola Masculina), nomeados em 13 de fevereiro de 1900” (20)

Em 1921, segundo nos informa a Tribuna de Petrópolis, ao receber Nilo Peçanha, que retornava de sua viagem a Europa, foi o ilustre político saudado pelos alunos Alda Serpa, da Escola de Itaipava, regida pela professora Amélia Altair Antunes e Oswaldo Carlos, da Escola de Santo Antonio, regida pela professora Theodora Eckardt Eloy. (21)

Já em 1938, funcionavam no referido Distrito: 2 escolas municipais, uma em Benfica, regida pela professora Thereza Serpa, outra no Cuiabá, regida pelo professor Paschoalino Gatti, as duas com um total de 206 alunos; uma escola subvencionada pela Prefeitura, com doze alunos e as duas escolas estaduais, regidas na época pelas professoras Anna Braga e Noemia Pinto de C. Xavier.

(20) – INSTRUÇÃO PÚBLICA. Gazeta de Petrópolis, Petrópolis, p. 1, fevereiro. 1900.

(21) – O SECULO. A Visita do Senador Nilo Peçanha. Petrópolis, 13 de junho de 1921, p. 1.

O CARDEAL D. SEBASTIÃO LEME DA SILVEIRA CINTRA EM ITAIPAVA

Nascido em Pinhal, São Paulo (1882) e falecido no Rio de Janeiro (1942), foi professor de Teologia e Filosofia no Seminário Episcopal da capital paulista, Pró-Vigário-Geral de São Paulo, Bispo Auxiliar do Cardeal Arco Verde, Arcebispo de Olinda e, em 1930, por morte do Cardeal Arcoverde, foi elevado à púrpura cardinalícia.

Foi ele quem tomou a iniciativa do levantamento do monumento do Cristo Redentor, no Corcovado e introduziu no Brasil a adoração perpétua do Santíssimo Sacramento, com sede na Igreja de Santana, segundo a Manhã, de 29 de outubro de 1941.

Dom Leme possuiu uma residência de verão em Itaipava, onde hoje se encontra a “Casa dos Protegidos do Menino Jesus”, tendo sido ele quem adquiriu a sede da Fazenda da Arca, ao então proprietário da mesma, o lavrador Luiz Cordeiro.

Ali instalou uma estação de retiro espiritual, bem como de veraneio dos alunos do Seminário de Paquetá, construindo um majestoso edifício, em estilo colonial, por ele denominado Seminário de São Joaquim da Arca.

O HIPÓDROMO PETROPOLITANO

Existiu há muito tempo, por volta de 1894, “em Itaipava, próximo ao local conhecido como Ponte dos Arcos” (22), segundo nos informa Alcindo Sodré.

O historiador Gabriel Fróes, num de seus trabalhos, afirma que “na Ponte dos Arcos, em Itaipava, no mês de setembro de 1894, foram realizadas diversas corridas” (23).

Acredito que tal hipódromo deveria ter existido na área que hoje constitui o Parque Municipal.

CINEMAS EM ITAIPAVA

O primeiro cinema de Itaipava “foi inaugurado em 31 de julho de 1920, tendo como proprietário o Sr. Antonio Pereira da Silva, também proprietário do Hotel Recreio” (24). Funcionava aos sábados e domingos e consta que oferecia satisfatório conforto aos seus freqüentadores.

(22) – SODRÉ, Alcindo. Aspectos da Vida Municipal. Trabalhos da Comissão do Centenário. Petrópolis: Prefeitura Municipal de Petrópolis, vol. II, p. 160, 1939.

(23) – FRÓES, Gabriel. O Esporte em Petrópolis. Petrópolis: Vozes, 1957.

(24) – TRIBUNA DE PETRÓPOLIS. Cinema Itaipava. Petrópolis, 9 de agosto. 1920.

O segundo cinema de Itaipava ocupou, durante muitos anos, o prédio conhecido como “Arranha Céu”. Era de propriedade do português José Soares, o qual possuía uma residência de verão no 3º Distrito. O referido cinema também funcionava aos sábados e domingos, sempre com elevado número de frequentadores.

O terceiro cinema da região foi o São Luís que ocupou durante anos um prédio pertencente ao Sr. Casanova e era explorado por Luís Severiano Ribeiro. Funcionava com sessões diárias e oferecia bastante conforto aos seus frequentadores. Posteriormente foi adquirido pelo proprietário do 2º cinema, funcionando até sua desativação, provavelmente devido à concorrência da televisão.

O LAGINHA FUTEBOL CLUBE

Surgiu ligado à antiga “Sociedade Beneficente das Arcas”. Em 1960, devido a uma discordância entre os diretores da referida Sociedade, acabou sendo extinto.

Mais tarde, em 23 de agosto de 1965, ressurgiu com um campo localizado na Estrada das Arcas, em terreno doado pelo Sr. José Crescêncio Costa, seu grande benemérito, filiando-se, em 1976, à Liga Petropolitana de Desportos, tendo sido bi-campeão da cidade, em 1995 e 1997.

SUMIDOURO

A palavra Sumidouro significa “abertura por onde um rio desaparece terra adentro, ressurgindo em outros sítios, mais abaixo” (25).

Francisco de La Porte, Conde de Castelnau, em sua visita à América do Sul, entre 1843-1847, refere-se ao Sumidouro como um arraial “que além da venda e do rancho só contava com três casas habitadas, uma das quais, a melhor, foi posta à disposição de sua comitiva”.

Em 1867, era negociante nesta região o Tenente Francisco Caetano do Valle, que também exercia as funções de Subdelegado de Polícia.

TRANSPORTES

Em 1938, foi criada a Viação Itaipava Entre-Rios, com sede à Rua Frei Caneca, 164, ligando Rio de Janeiro (Praça 15 de novembro), Petrópolis (Casa D’Angelo), Itaipava (Hotel Fontes), Entre-Rios (Confeitaria Guarano).

Em novembro de 1942, foi inaugurado um serviço de ônibus mistos para Cuiabá pelo proprietário da “Rodovia Sul-Petrópolis”, Sr. João Varanda.

“Participaram da viagem inaugural os Srs. Romão Júnior, Argemiro Machado, Antônio Gonçalves Pereira, Cordolino Ambrósio e respectivas esposas, além de representantes da imprensa” (26).

(25) – Multidicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977, p.1.

(26) – RESOLVENDO PROBLEMA VITAL DE TRANSPORTES. Pequena Ilustração, Petrópolis, p. 8, 22 de novembro. 1942.

TAPERA

É um vale, localizado em Itaipava, na região em que esta confina com Teresópolis.

Em 1952, as Missões foram pregadas naquela localidade por Frei Vital de Moema (Capuchinho), capelão das obras de Assistência Social de Santa Terezinha, no Vale do Cuiabá.

É interessante assinalar que a palavra Tapera, segundo nos informa Antônio Houaiss, em seu Dicionário (Editora Objetiva Ltda., Rio de Janeiro, 2001), é de origem tupi (tawa= taba + pwera= que foi), aldeia indígena que foi abandonada. No caso, pode significar fazenda em ruínas, tomada pelo mato.

AS FESTAS DO PADROEIRO

Eram muito concorridas as festas em homenagem a São José de Itaipava. A respeito da festa realizada em 1921, a Tribuna de Petrópolis assim se manifestou: “Itaipava civilizou-se e o seu digno povo é atingido pela mais nítida e brilhante compreensão dos seus deveres religiosos” (27), destacando ainda a importância da Comissão encarregada dos festejos: Major Henrique Serpa, Coronel Sebastião Marcial, Coronel Jeronymo Ferreira Alves, Major Diogo dos Santos Oliveira, Major J. Alves Miranda e Coronel Alfredo Ferreira Chaves.

No ano seguinte, os festejos voltaram a alcançar grande brilhantismo, tendo como presidente da comissão o Barão Smith Vasconcellos e, como demais membros: Coronel Luís Prates, Major José Gaspar da Rocha, José Fernandes Carlos, Alkvaro de Matos, José de Souza Ribeiro, Antonio Gonçalves, Manuel Lourenço Tavares e Francisco Medeiros Gamboa.

No decorrer dos festejos, “houve corridas de resistência, salto em altura e corridas a cavalo (esta última modalidade a cargo do Coronel Luis Prates). As inscrições para tal fim foram feitas na conceituada “Casa Serpa” (28).

O PASSA LIGEIRO – UMA INTERESSANTE LENDA

O Passa Ligeiro ficava localizado nas proximidades da Fazenda Magé, e na ocasião era atravessado pela estrada de ferro. Com a construção da BR 40 desapareceu este caminho que ia da entrada para a Fazenda da Manga Larga até a Estação de Trens.

Segundo a lenda, montavam guarda no local “almas do outro mundo” que se compraziam em assustar os viajantes. Estes ouviam vozes misteriosas, murmurando: “Passa Ligeiro!” (29). E se não passavam depressa, acabavam apanhando, sem saber de quem e por que.

(27) TRIBUNA DE PETRÓPOLIS. Petrópolis, p. 2, 5 de abril. 1921.

(28) TRIBUNA DE PETRÓPOLIS. Petrópolis, p.2, 14 de fevereiro. 1922.

(29) FERNANDES, João. Toponymia Episódica. Jornal de Petrópolis. Petrópolis, p. 17, 25 de dezembro. 1934.