DISCURSOS – FINAL DO MANDATO DE 1981 A 1982

Ruth Boucault Judice, associada titular, cadeira n.º 33, patrono Padre Antônio Tomás de Aquino Correia

Consócios Amigos,

2 de dezembro de 1982!

Chegamos ao fim do nosso mandato de 2 anos.

Pouco fizemos, sei disto. Mas… pouco é mais do que nada e o começo de muito. Por isso, sempre vale a pena começar.

O Instituto comemorou todas as festividades enumeradas pelo estatuto, condignamente. Assim se sucederam os: 16 de Março, 29 de Junho, 29 de Setembro.

Terminamos hoje em 2 de dezembro, quando entrego a vocês que me depositaram confiança, o meu cargo de Presidente.

Admitimos alguns sócios, entre eles:

Evany Rita Noel – sócio efetivo
Wolfran Spitzner – sócio correspondente (Alemanha)
Hubert Knauber – sócio correspondente (Alemanha)
Pimentel Wing – sócio correspondente
José Kana Matta – sócio correspondente

Começamos a nossa gestão, como já relatamos no final do ano passado, mudando para a Casa de Cláudio de Souza, gentilmente cedida pelo Museu Imperial, na pessoa do Prof. Lacombe. De início, no 2º andar mal instalados, com um pouco de barulho para nossas reuniões. Hoje já descemos para o térreo, onde as reuniões correm com mais calma e onde temos mais possibilidades de conforto.

Conseguimos uma caixa postal de nº. 90.472 que colocamos à disposição dos interessados e onde recebemos as assinaturas gratuitas da Tribuna de Petrópolis e do Jornal de Petrópolis.

Usamos por algum tempo o Jornal de Petrópolis com crônicas comparativas sobre Petrópolis: Ontem e Hoje.

Criamos na Tribuna, uma seção nossa, que ainda continua ativa com o título – O Instituto Histórico que ser a Memória de Petrópolis – com a contribuição de alguns membros do Instituto, (aproveito agora para estender o convite a todos que tiverem um recado a dar sobre a nossa cidade, quer do seu passado, do seu presente e mesmo do seu futuro). Dirijam-se a nossa secretária com os possíveis assuntos para palestras. Será mais fácil organizar depois.

O nosso consócio, Carlos Rheingantz tem publicado, no mesmo jornal, seu artigo Quem povoou Petrópolis, que desperta grande interesse em toda população.

Tivemos preciosas palestras sobre as nossas coisas, a nossa história através dos sócios Prof. Vicente Tapajós, Dr. Eppinghaus, Prof. Froes, Dr. Claudionor de Souza Adão além da palestra de âmbito maior do Prof. Gunter Weimer sobre arquitetura alemã promovida por SPHAN e IHP e Clube 29 de Junho e também Centro de Cultura.

A idéia de palestras em colégios e clubes de serviços (Rotary, Lions, Elos, CDL, Colégio São José, etc.) foi bem-vinda, só não foi efetivada por mudança das secretárias. Mas é um contrato a ser continuado, inclusive com o percentual de “pro-labore” para cada conferencista.

Ficou efetivada a reforma dos Estatutos com o devido registro em cartório, e a inscrição do mesmo no Conselho Nacional do Serviço Social em Brasília.

As providências para publicação do 3º volume da nossa revista, estão praticamente no final. Já estamos recebendo os valores dos anunciantes, mas ainda com algum receio, pois o orçamento que tínhamos meses atrás agora atualizado, ultrapassou nossas expectativas. O remédio é vender mais anúncios!

Somos sobretudo otimistas, chegaremos lá!

Conseguimos realizar o I Festival Germânico do mês de maio p.p. e das despesas feitas, tirada a porcentagem doada às obras de caridade da Primeira Dama da cidade, ainda guardamos um pequeno troco que está rendendo juros na caderneta de poupança do Instituto. Para maiores informações é só consultar o nosso tesoureiro, o Prof. Eloy.

Devemos receber em 1982 uma doação do então deputado estadual, Paulo Torres, que virá juntar-se à nossa poupança. Estamos começando a criar receita e chegaremos, se Deus quiser, a ter nosso capital de giro. Aí poderemos seguir imprimindo tantas informações preciosas que nossos sócios guardam, por enquanto involuntária mas egoisticamente, para si próprios. Queremos, a longo prazo, vê-las todas no prelo. Estaremos então seguindo as instruções do estatuto no seu art.º 3 que diz: Por força do objetivo com que foi fundado o Instituto deve:

I – Velar pelas tradições de Petrópolis.

II – Reverenciar a memória dos fundadores da cidade e outros que lhe tenham prestado serviços relevantes.

III – Comemorar anualmente, com a realização de sessões solenes as de 16 de Março, etc…

IV – Realizar investigações históricas…etc.etc.

V – Promover conferências públicas sobre assuntos ligados à História do Município…etc.

VI – Publicar a Revista do Instituto Histórico.

E segue até o parágrafo XIII que seria monótono rememorar.

Participamos ativamente de Comissão Consultiva que ajudou as entidades estaduais e federais a instituir, o Zoneamento do Uso do Solo do Município de Petrópolis, através do Decreto n.º 90 – depois de algum estudo – no 25 de junho de 1981….

Tínhamos presença maciça nas reuniões.

A presença da presidente – Ruth Judice – do vice-presidente na pessoa de Dr. Eppinghaus e ainda, mesmo que representando outras instituições, mais dois sócios nossos, o Prof. Lacombe e a nossa neófita Evany Rita Noel. Todos com presença atuante, opinando, concordando e discordando dentro da lógica e da ética que uma instituição como a nossa exige.

Estamos, a pedido de membros do SPHAN, trabalhando os descendentes de D. Ana Mayworn, para que sua casa, hoje tombada, não se perca relegada ao abandono em que se encontra. É um trabalho delicado porque não pode ser imposto. Tem que ser compreendido e aceito, de livre e espontânea vontade. Já tivemos um primeiro contato, que não foi tão desanimador como nos pareceu nos primeiros minutos. Há que retomá-lo.

Enquanto fomos presidente nossa intenção primeira era de reorganização.

Retomar as rédeas, para o caminho certo. E já que falamos em rédeas, como equitadora, vou me permitir uma figura de retórica. O cavalo é o animal que mais coopera na educação do Homem. Segundo Churchil, “A educação de um jovem só será completa, depois que você o fizer montar um cavalo”. Você criará então a autoridade carinhosa. “O cavalo pode ser mais forte que você, mas nunca mais inteligente”. São os comandos na hora certa, e os carinhos quando se fizerem justos. E quando um cavalo é lento, não responde bem às suas mãos e às suas pernas, dizemos que ele é “atrás de perna”. É o que está acontecendo com o Instituto. Está um pouco “atrás da perna”.

Qual a solução? A mesma que um cavalo assim precisa. Rédeas curtas e uma esporinha pequena. Temos que mantê-lo (o cavalo) atento todo o tempo, enquanto trabalhamos com ele. Hoje, chego à conclusão, que acertei com as rédeas. Só esqueci de usar as esporas. Mas usá-las dentro dos altos padrões hípicos. Usá-las com cuidado para não machucar o animal, apenas mantê-lo atento, ativo, trabalhando certo na hora exata.

Quanto ao mais, tenho a agradecer àqueles que de fato cooperaram conosco trabalhando, participando, quebrando lanças às vezes, para conseguir alguma coisa, sem desistir. E àqueles que não participaram, fica a esperança de uma cooperação futura.

Todos somos ocupados, todos trabalhamos, mas a soma de um pouquinho de cada um, fará o muito que o nosso Instituto precisa e merece.

Obrigado.