MUSEU NACIONAL

Alessandra Bettencourt Figueiredo Fraguas, Associada Titular, Cadeira nº 27- Patrono José Thomáz da Porciúncula

Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe

 

“É preciso formar no Rio uma coleção semelhante das riquezas do Brasil e em cada capital de Província outras das respectivas.” (Diário de D. Pedro II, v. 17, 1876. Museu Imperial).

Frases como esta são frequentes na correspondência do imperador D. Pedro II que durante toda a sua vida se dedicou ao estudo das ciências e ao colecionismo de documentos e objetos, dando origem ao seu Museu particular, que funcionou no Paço de São Cristóvão onde nasceu e morou até ser exilado do Brasil.

Do exílio, D. Pedro de Alcântara enviou ao procurador da Família Imperial, José da Silva Costa, em 8 de junho de 1891, meses antes de morrer, uma carta doando a sua coleção particular ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Biblioteca Nacional e Museu Nacional. Nela fez um único pedido, que as coleções fossem denominadas “Imperatriz Leopoldina” e “D. Teresa Christina Maria”, em homenagem respectivamente a mãe e a esposa:

Sñr. Silva Costa

Queira pedir em meu nome ao Visconde de Taunay, Visconde de Beaurepaire, Olegario Herculano de Aquino e Castro, e Dr. João Severiano da Fonseca que separem os meus livros podendo por sua especialidade interessar ao Instituto e h’os entreguem, a fim de serem parte de sua bibliotheca. Esses livros serão collocados em lugar especial com a denominação de D. Thereza Christina Maria. Os que não deverem pertencer ao Instituto offereço-os á Bibliotheca Nacional, que deverá collocal-os também em lugar especial com a mesma denominação.

O meu Museu dou-o também ao Instituto Historico, no que tenha relação com a etnographia e a historia do Brasil. A parte relativa ás sciencias naturaes, e á mineralogia sob o nome de “Impera-/triz Leopoldina”, como todos os herbarios, que possão, fica para o Museu do Rio.

A corôa imperial, a espada e todas as joias deverão ser entregues, e pertencer á minha filha.

Espero que me dê noticias suas e dos seus sempre que possa, e creia na estima affectuosa de D. Pedro d’Alcantara

Versailles, 8 de Junho de 1891.

 

Em seu “ofício de fé”, escrito pouco antes de morrer, menciona a importância do Museu Nacional para o desenvolvimento científico do Brasil e sublinha os seus esforços para a revitalização e modernização da instituição, como a criação do laboratório de fisiologia experimental. Mas infelizmente os sucessivos governos não entenderam o legado do ex-imperador.

Nesse momento de dor, angústia e decepção, o Instituto Histórico de Petrópolis manifesta a sua solidariedade ao Museu Nacional e a todos os pesquisadores pela perda irreparável desse patrimônio que serviu e serviria como fonte de pesquisas para os seus trabalhos acadêmicos.

Como instituição que tem como objetivo a preservação da memória, o Instituto Histórico de Petrópolis também se irmana a todos os brasileiros na profunda tristeza pela tragédia que foi a perda de praticamente vinte milhões de itens museológicos, documentais e bibliográficos de valor inestimável.