AFRÂNIO PEIXOTO EM PETRÓPOLIS

Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira

Bastos Tigre, nosso grande poeta e cronista, era um inveterado veranista.

Veranista… Era assim chamado aquele que subia a serra e vinha passar alguns meses do verão em Petrópolis. Invariavelmente era de dezembro a março, começando, para alguns, um pouco antes e terminando, para outros, pouco depois.

A regra mais comum era obedecer aos maiores: até 1889, a Corte do imperador D. Pedro II; a partir daí, até os anos 60, ao séquito do Presidente da República. Chegavam os cabeças e vinham atrás os membros.

Petrópolis enfeitava-se de toilettes refinadas, em tempos do final e início do século XX e, em seguida, dos costumes de griffes, dos penteados gomalinados, dos ternos de corte nobre. Era um farfalhar incessante de roçados de muitos tecidos, o cloc-cloc encampainhado de charretes ou, ainda “fon-fons” desagradáveis de rolantes viaturas que faziam latir os cães e provocar estrepolias dos meninos de olhos buliçosos.

Falava de Bastos Tigre, um de nossos mais interessantes e gostosos veranistas. Pois ele teve a cachimônia de cometer um soneto, naquele seu estilo delicioso, que define, com precisão jocosa

“O VERANISTA

O veranista, porque a moda o ordena,
para a Serra dos Órgãos se desloca.
Mal, com os rigores do verão carioca,
os refrescos e os leques vêm à cena.

Mas a chuva, encharcando a serra amena,
faz de cada vivenda escura toca.
Debalde a gente Santa Clara invoca,
Petrópolis está de fazer pena !

Domingo. O “ruço”. A chuva miúda e fina…
E o resto da semana se padece
a tortura dos trens da Leopoldina.

Mas chega Abril. Tudo mudar parece ;
risonha é a serra… o ambiente se ilumina,
chega o bom tempo. O veranista desce…”

Naqueles idos dos anos 20 a 50, período do fervilhar de forasteiros sazonais, Petrópolis era enriquecida com a mais fina concentração de personalidades brasileiras e internacionais.

Dizia o jornalista e publicista João Roberto d’Escragnolle: “Petrópolis é o melhor tônico !”

Subir para Petrópolis, no verão, era imperativo da nobreza por títulos ou por boas e razoáveis finanças ou, ainda, meros interesses políticos

Nossa cidade era encantadora.; a coqueluche do país; o tônico rejuvenescedor dos aflitos imigrantes da canícula carioca. Guilherme de Almeida, “habitué” da cidade, em deliciosa crônica na revista “Ilustração Brasileira”, abril de 1938, comentando o findo verão daquele ano, assim descreveu agruras dos veranistas para estar em Petrópolis e o que podiam usufruir de bom: “…Petrópolis viu agora: os seus hotéis superlotados – os raros bons que existem, e os péssimos, que são muitos – não aceitarem mais hóspedes por absoluta falta de lugares. O Palace Hotel deu reuniões elegantíssimas e o Tênis Clube proporcionou festas agradabilíssimas aos elegantes veranistas. Houve no Teatro D. Pedro o recital de danças de Francis & Ruth, o que resultou numa linda noite de arte e no desfile de toda a mais fina sociedade que ali se achava”.

A revista “Verão em Petrópolis”, criada por d’Escragnolle, circulava apenas nos meses de verão, teve muitos diretores e redatores, colaboradores de nomeada e era veículo literário e mundano. Uma de suas colunas mais lidas tinha o interessante título de “Trepações”, em uma fase, ou “Trepando”, em outra, o que signifIcava, naquela época, com muita dignidade e respeito, o mesmo que subir a serra, escalar as montanhas, vir trepando, enfim, do Rio de Janeiro até Petrópolis, primeiro, pelos trens da Leopoldina e, depois, nas curvas da Estrada Rio-Petrópolis.

Os cronistas esmeravam-se nas imagens românticas, burilavam suas frases com palavras sonoras, espelhava-se Petrópolis como o paraíso na terra, enfim, romance e galanteria, como Aristides Werneck, sob o pseudônimo Paulo Ribas, no início de uma crônica:

“VERÃO. Já há muito a primeira cigarra estridulou no arvoredo, o verão ai está com o seu sol próximo, com o seu calor, com suas trovoadas e, principalmente, com os veranistas”. E termina a crônica mais apaixonado ainda: “…Há muito que a primeira cigarra estridulou no arvoredo… o céu azul mira-se no corimbo azul das hortênsias, onde, às vezes, o róseo das madrugadas se esquece. Aí está o verão…”

O verão petropolitano era chuvoso, com “ruço”. Suas ruas enlameavam as barras dos vestidos compridos e as calças dos cavaleiros. Quando uma charrete mais afoita passava, era certo o respingar desagradável do barro encharcado nas pessoas e nas fachadas das casas. Quando, num fortuito dia, sem avisar, o sol resplandecia, o céu era de um tom azul mágico, o ar úmido um bálsamo, tudo sorria e o alvoroço tomava conta das ruas e das aléias respingadas de flores, em caminhadas a pé ou a cavalo, nas sortidas do alegre descompromisso veranista.

Henrique Paixão Júnior, em artigo “Subindo a Serra”, defende a chuva: Diz: “Todos vêem nessa chuvinha uma beleza. Todos acham que esse céu nublado é um encanto. Pelo que temos visto e notado, a opinião geral é que a poesia de Petrópolis está nessa chuvinha miúda e nesse nevoeiro que estende aquele lençol esbranquiçado por sobre o jardim das hortênsias”.

Eis, para definir o verão petropolitano duas notas da coluna “Subindo a Serra”, de “Ego”, no número de “Verão em Petrópolis”, edição de 15 de janeiro de 1924:

“Melle. Está definitivamente desiludida.
“Há dias, no Capitólio, quando ele entrou, ela sentiu aquele “frisson” de contentamento, que uma ausência prolongada produz, quando vemos o ser que nos ocupou tanto o pensamento e que nos fez curtir saudades.

“Ele, porém, não viu Melle. E foi sentar-se perto daquela lourinha irrequieta, sucedendo-se a isso uma conversa interminável, entremeada de sorrisos, enquanto Melle, alheia a tudo, só via o jovem par e invejava certamente a sua interessante rival.
“Que ingrato, não é, Melle.S.?”

“A par da elegância, beleza e boa música, no reveillon do Clube de Xadrez. Notamos a falta de alegria que não julgávamos encontrar.
“Vimos muitas senhorinhas contrastando com o meio e abstendo-se mesmo de dançar, com fisionomias tristes.
“Seria porque “eles” não foram?
“Notamos uma moreninha que se absteve por completo e recusou mesmo a graça de servir de par a alguns cavalheiros que solicitavam tal honra.
“Outras, para não fazerem feio, dançaram com os velhos, mas suas fisionomias traiam o descontentamento e o sentimento íntimo de tristeza.
“Mas – perguntamos nós – porque foram as senhorinhas se os seus eleitos não iam?”

A revista “Verão em Petrópolis”, nesse ano de 1924, estampava, na página de rosto a seleção de seus colaboradores. Eram intelectuais de Petrópolis e alguns veranistas. De Petrópolis lá estavam: Arthur Barbosa, Aristides Werneck, Armando Lacerda, Alcindo Sodré, Álvaro Moraes, Álvaro Machado, Ernesto Tornaghi, Eugênio Libonatti, Gabriel Kopke Fróes, Henrique Mercaldo, Henrique Paixão, Hildegardo Silva, Joaquim Gomes dos Santos, Leôncio Correia, Luciano Tapajós, Otávio Venancio, Reynaldo Chaves, Arthur de Sá Earp Filho, Vicente Amorim e Walter Bretz. E veranistas Affonso d’Escragnolle Taunay, Álvaro Moutinho Neiva, Bastos Tigre, Brandt Horta, Barbosa Gonçalves, Mme. Crisanthème, Conde Afonso Celso, Carlos de Rizzini, Escragnolle Dória, Julia Lopes de Almeida, Jarbas Loretti, João Batista de Mello e Souza. Maróquinha Rabello, Maria Amélia d’Escragnolle, Oswaldo Orico, Paschoal Carlos Magno, Rocha Pombo e Afrânio Peixoto.

O verão petropolitano convidava às reuniões de amigos, aos passeios, aos teatros, com filmes cinematográficos e peças de teatro selecionados para a época, às festas de arte, aos saraus musicais e literários, enquanto os maiores do poder reuniam-se com seus pares diante das maquinações de comando que não podiam parar. Sobrava tempo, vez por outra, para eles, ao atendimento a convites sociais.

O poeta Leôncio Corrêa, no soneto “Da Minha Varanda”, retrata o outro lado do verão, aquele preferido por Afrânio Peixoto:

“A mata, perto, iría-se, cheirosa,
e, mole, em baixo o riacho serpenteia
sobre um leito de seixos e de areia,
com lânguida volúpia luxuriosa.

Da serra a túnica é de flores… rosa,
hortênsia, lírio branco, e a encosta cheia
do cravo rubro… Um pássaro gorgeia…
Baila uma borboleta buliçosa…

Da presa à espera, súbito, se espanta,
e abrindo as asas repentinamente,
o vôo, a ave voraz de vez, levanta…

A cigarra desgarra num barulho
ríspido, ao qual se casa, irreverente,
de um par de pombos o amoroso arrulho…”

Afrânio Peixoto, colaborando na revista “Verão em Petrópolis”, publicou na edição de 7 de dezembro de 1924, minúscula crônica, que bem define o seu encanto por Petrópolis e a razão de suas vigílias de verão, aqui no alto da Serra da Estrela. Ei-la:

“A MATA VIRGEM

Na mata que subia a encosta do morro, de um verde escuro e profundo, à distância velada por uma gaze azul de umidade, que lhe apagava os relevos e depressões, descobriam-se agora de perto, à passagem, manchas alegres, como um sorriso da floresta. Os ipês, mudados em inflorescências de ouro claro, pareciam hinos ao sol. As paineiras tocavam-se no alto dos galhos de uma cor de rosa suave e delicada, e juncavam o chão de pétalas desbotadas. Adiante a vista pousava na tristeza mansa das quaresmas, de um roxo macerado, que mitigava, numa reminiscência piedosa, todo o excesso de vida comunicativa da paisagem. E, aqui e além, altas, graciosas, com elegância de palmeira no tronco fino e direito, as imbaúbas abriam o leque de suas folhas de longo pecíolo, tintas por uma pátina fosca de prata, pondo uma mancha cinzenta no manto verde da serra. O ar úmido e fresco, saturado do aroma indistinto da mata e lavado pela luz forte da manhã, era a graça dispersa, a alma contente daquele recanto”.

Eis a síntese da vida de Afrânio Peixoto veranista; a contemplação da natureza que se abria ao derredor da magnífica casa de seu cunhado Alberto de Faria, edificada para residência do Barão de Mauá. Naquele recanto mágico, de estonteante verde, de jardins amplos, de morros ensombreados, ele meditava, alí criava seus enredos literários. Nada mais adequado para um criador de magníficas descrições da natureza, em romances essencialmente brasileiros, do que a magnitude da serra petropolitana, a calma e a tranquilidade daquele espaço, que tomava um quarteirão urbano avantajado e nesgas de morros ainda em mata virgem.

Dentre tantos veranistas que coloriam de simplicidade suas estadas sazonais em Petrópolis, era Afrânio Peixoto um dos maiores, porque de fama internacional, porque de cultura polimorfa por talento e abnegação de preparo, porque, acima de tudo, um pesquisador de Brasil. Médico, catedrático de “Medicina Legal” e “Higiene”, da Universidade do Distrito Federal; político de carreira bissexta, com dois mandatos de deputado federal por seu estado, a Bahia; ensaísta; romancista; cronista; pedagogo, com passagem pela direção da Instrução Pública do Distrito Federal e cátedra na Escola de Altos Estudos; crítico de literatura; historiador. No dizer de seu amigo Claudio Ganns “Uma das maiores figuras das letras brasileiras contemporâneas”.

Acadêmico titular da Academia Brasileira de Letras, da qual foi presidente, estas culminâncias não alteravam, em Afrânio Peixoto, a sensibilidade e o completo ser humano que era. Afrânio Peixoto, sem dúvida, sentimental, bom esposo e bom pai de família foi, infelizmente, colhido pela tragédia de perder o único filho prematuramente.

Irônico, inteligência perspicaz, era um criador extraordinário de imagens literárias do mais exuberante talento. Seus romances, suas crônicas, seus livros técnicos, são escritos em linguagem primorosa, bem brasileira, bem regionalista, com diálogos deliciosos e descrições primorosas de paisagens e ambientes. Cada livro seu era saudado pela crítica com entusiasmo. Vendeu milhares de exemplares de muitos deles e alguns foram traduzidos em diversos idiomas e bem vendidos no Exterior.

Sofre críticas dos modernistas de 1922 por seu estilo romântico, sua fina ironia que incomodava aqueles reformistas. Viu orquestrada uma enorme campanha demolidora pelo modernismo nascente, porém sua obra já se firmara no gosto do leitor, por seu puro regionalismo das fazendas e das personagens singelas e ingênuas, bem como a análise do cosmopolitismo dos grandes centros, visto pelo olhar realista-impressionista, no modelo do início do século XX, tão combatido pelos modernistas.

O tempo implacável rói a humanidade por cerca de suas décadas post-modernistas brasileiros. Afrânio Peixoto continua uma trajetória de sucesso, reconhecido como um dos melhores escritores daqueles dias. De repente, seu nome começa a desaparecer. Surgem dificuldades para editar. Seu prestígio diminui, embora a obra, continuamente produzida, melhorasse de qualidade e gabarito.

Acontecera algo. Sim, acontecera.

Afrânio Peixoto teve a coragem acadêmica de negar publicamente o seu voto ao ingresso de Getúlio Vargas na Academia Brasileira de Letras. Declarou que não julgava o Chefe de Governo à altura de pertencer à Casa, por falecerem méritos literários e saber que seus discursos – única bagagem “literária” do Ditador – eram escritos por terceiros. E foi mais longe ao declarar que a Academia desejava eleger o Ditador para usá-lo em mecenato, julgando alguns confrades bajuladores no alimentar da vaidade pessoal do presidente. Foi aposentado da cátedra universitária e solerte trabalho nas sombras serviu para que Afrânio Peixoto se visse, de repente, projetado no limbo editorial pela ação dos intolerantes.

Em Petrópolis escreveu a maioria de sua obra, sempre nos meses de janeiro e fevereiro. Aqui encontrava o merecido descanso de sua labuta do Rio de Janeiro. Aqui dedicava seu tempo ao que mais apreciava: escrever, criar, produzir encantos literários. Não frequentava amiúde a sociedade local ou os grupos de veranistas. Comparecia à Sociedade Médica de Petrópolis e ao Instituto Histórico de Petrópolis, a cujos quadros se aliou. As reuniões sociais não o tinham como participante diuturno. Ia, sim, mas em ocasiões especialíssimas.

Bom conversador, tinha alguns amigos, que vinham do Rio de Janeiro e outros de Petrópolis, com os quais trocava muitas idéias, ria, brincava, falava de coisas sérias. Segundo Claudio Ganns, era o informal clube do “Lero-Lero” que tirava Afrânio Peixoto de seus escritos e preocupações. Disse Ganns: “Gostava de ouví-lo, porque ao saber juntava a expressão clara e persuasiva, pontilhada de ironia, com que ensinava, despreocupadamente, sorrindo. A feição permanente de seu espírito era a da compreensão intelectual, larvada de ceticismo acolhedor”

Na casa, na qual se hospedava com mais frequência, e onde escreveu seus romances, Alberto de Faria, ali produziu a monumental obra biográfica sobre o “Barão de Mauá”; o crítico e sociólogo Octavio de Faria edificou o profundo monumento literário, a “Tragédia Burguesa”; Vinicius de Moraes poetou com desenvoltura. Uma casa de habitantes memoráveis, recentemente restaurada para funcionar o Gabinete do Prefeito Municipal e hoje a sede da companhia de turismo de Petrópolis, a Petrotur.

Quando o Prefeito Paulo Monteiro Gratacós fez restaurar aquela casa, para ela levando o seu Gabinete, do qual tive a honra de participar, sabíamos da importância daquele sítio e, na mansitude ou na agitação dos rudes trabalhos políticos, tínhamos a consciência de que o cenário transpirava eflúvios benfazejos e o vento do passado certamente trazia palavras, versos, gestos daquela plêiade de ilustres criaturas que haviam vivido emoções santas e, mesmo, tragédias da vida comum, nas salas, alcovas, meandros nervosos de corredores com segredos sepultados para sempre. De Afrânio Peixoto, certamente, as delícias das frutas do mato, com seus odores, que respirávamos no calor das decisões. Ou ouvindo razões do coração de sinhazinhas cujas vidas eram tão simples que faziam corar as esfinges enrodilhadas em seus enigmas. Ou, ainda, encantos secretos de bugrinhas e joaninhas tão assemelhadas às mais lindas marias-bonitas dos sertões de Afrânio Peixoto que remontavam das remansosas paragens do seu poético rincão baiano, Lençóis.

Afrânio Peixoto não tinha apenas uma ligação de verão com Petrópolis. Embora, na área da medicina, dedicado cientista, pouco clinicando, sempre que requisitado subia a serra para atender enfermos. O “Diário da Tarde” de 19 de setembro de 1919, listava o emérito médico na relação de médicos atuando em Petrópolis.

No ano de 1923 participou na organização do “Sindicato de Iniciativa de Turismo do Município de Petrópolis”, idealizado pelo industrial Pedro de Cerqueira Lima e que elegeu presidente a Alberto de Faria, ficando o idealizador Cerqueira Lima como Secretário Geral. Nas vice-presidências os Drs. Oscar Weinschenck, João Proença e Coronel Américo de Guimarães. Ainda, secretários, os Drs. Octávio da Rocha Miranda e Eduardo Pederneiras, o engenheiro que construiu, para Santos-Dumont, “A Encantada”. Nos diversos cargos altas personalidades nacionais e petropolitanas. Afrânio Peixoto integrava o Conselho de Honra com mais 37 cidadãos do mais alto prestígio. Uma das reinvidicações do Sindicato – e vitoriosa – foi apoiar a iniciativa do Automóvel Clube do Brasil no sentido da construção de uma estrada de rodagem Petrópolis-Rio.

Ao falecer, no ano de 1947, aos 71 anos de idade, Júlio Afrânio Peixoto teve sua memória recordada com uma sessão solene no Instituto Histórico de Petrópolis, falando sobre sua personalidade e obra histórica, o historiador Claudio Ganns.

Por decreto-lei nº 155, firmado pelo Prefeito Municipal Dr. Mário Medeiros Pinheiro, em 19 de maio de 1947, a cidade nominou a uma artéria do bairro Bingen: “Rua Afrânio Peixoto”, que começa na Rua Bingen, antes do nº 1636 e termina na Rua Dr. Henrique Cunha, em frente ao nº 424.

O grande brasileiro, nascido na Bahia, profissional no Rio de Janeiro, escritor de renome internacional, foi um petropolitano que soube exprimir o grande amor que nutria por nossa cidade, da forma mais romântica, mais bela, mais sugestiva. Coroou sua presença sazonal com uma passagem tão brilhante quanto, paradoxalmente, íntima, ao ponto de torná-lo imortal no âmago mais doce do coração dessa cidade. Imortalidade que a Academia Petropolitana de Letras reaviva, obedecendo a uma sugestão feliz da acadêmica Hebe Machado Brasil.

Se o seu nome não esteve no rol dos acadêmicos de nossa Casa, se não aparece em honra patronímica, foi porque sua atividade intelectual de escritor não foi notada pela Academia ou a ela não foi apresentada.

Afinal, as criaturas que trabalham e produzem para a Humanidade no desmonte dos pilares da auto-vaidade, em proveito da redenção do chão caloso dos humildes, não têm tempo para as vãs veleidades submersas no oceano da indiferença dos séculos.