OS CINQUENTA ANOS DA ESCOLA DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS

Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette

No transcurso do cinqüentenário da Escola de Engenharia da Universidade Católica de Petrópolis, é oportuno lembrar um pouco da história de sua luminosa trajetória.

A referida Escola nasceu de um convênio entre as Faculdades Católicas Petropolitanas e o Centro Industrial do Rio de Janeiro, tendo sido instalada em solenidade realizada no recinto da Câmara Municipal de Petrópolis e iniciado suas atividades em 7 de abril de 1961.

No decorrer destes cinqüenta anos, a Escola de Engenharia tem contado com um abalizado corpo docente e foi dirigida pelos seguintes professores: Oscar Lisboa da Graça Couto (1961-1963); Affonso Pontes de Medeiros Filho (1963-1973); Josias da Silveira (1973-1981); Gilberto Gomes de Andrade (1981-1982); Sergio Murilo Barboza de Cavalhaes (1982-1985); Josias da Silveira (1982-1989); Ricardo Grechi Pacheco (1989-2002); José Ricardo de Souza Ramos (2002-2003); Gisele Maria Ribeiro Vieira (2003-2006); Alexandre Sheremetieff (2006-2009), Giovani Quadreli (2009…).

A aula inaugural da Escola de Engenharia foi ministrada pelo Professor Oscar Edinaldo Porto Carreiro que discorreu sobre o relevante tema “Sentido da Máquina no Mundo Moderno”. O Professor Porto Carreiro foi também o fundador da cadeira de Complementos de Matemática e integrou por muitos anos o Conselho Superior de Administração da Universidade Católica de Petrópolis.

Oscar Lisboa da Graça Couto, natural da cidade do Rio de Janeiro era engenheiro civil pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro e foi Diretor Superintendente da Graça Couto S.A. Na Escola de Engenharia lecionou a Cadeira de Higiene Geral Industrial e dos Edifícios. Faleceu em 7 de janeiro de 1980, no Rio de Janeiro. Seu irmão Haroldo da Graça Couto integrou o Conselho Superior de Administração da Universidade Católica de Petrópolis, por muitos anos.

Affonso Pontes de Medeiros Filho, natural de Fortaleza (CE), Doutor em Química pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, Docente Livre, por concurso, de Química Analítica, na mesma escola, Diretor do Instituto de Química da Universidade do Estado da Guanabara, Vice-Diretor da mesma Universidade, na qual exerceu ainda as funções de Chefe dos Departamentos de Física, Química e Geologia. Além disso, desempenhou as funções de Chefe do Laboratório de Provas e Pesquisas Químicas da Diretoria Nacional do Serviço de Defesa Civil, Diretor Técnico da Destilaria de Óleos de Xisto S.A. e Professor dos Colégios Padre Antonio Vieira e Santo Inácio.

Em nossa Universidade o Professor Pontes lecionou Química Tecnológica na Faculdade de Engenharia, foi o segundo Diretor da mesma e recebeu pelos relevantes serviços que prestou à Universidade o título de Professor Emérito.

O Professor Josias da Silveira, natural de Macaé (RJ), era Engenheiro Industrial Mecânico, formado pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, foi engenheiro chefe da Divisão de Manutenção Mecânica da Refinaria Duque de Caxias e exerceu inúmeras atividades didáticas, tendo sido professor responsável pelas cadeiras de Tecnologia Mecânica, Manutenção de Equipamentos e Máquinas Operatrizes no CENAP.

Um de seus trabalhos mais importantes foi sua atuação destacada nas obras do porto do Malhado, em Ilhéus (BA).

Na nossa Escola de Engenharia, foi responsável pela Cadeira de Construção de Máquinas e foi Diretor da mesma por cerca de dezesseis anos, tendo ocupado também o cargo de Vice-Diretor da FUNPEC (Fundação Cultural Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra).

Karl Kurt Litzmann, nascido em Hamburgo (Alemanha), naturalizado brasileiro, fez seus estudos iniciais na Barmbecker Real Schule, em Hamburgo e no Realgymnasium Kirchen Pauer, na mesma cidade. Posteriormente cursou da Universidade Técnica de Hannover, Engenharia Eletrotécnica e Mecânica.

Lecionou no Instituto Militar de Engenharia (IME), a disciplina de Subestações Usinas Termoelétricas, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Estado da Guanabara, a disciplina Aplicações Industriais da Eletricidade e em nossa Universidade, a disciplina Instalações Complementares.

A UCP, pela Resolução n.º 46/78, do Egrégio Conselho Universitário, lhe outorgou o título de Professor Emérito, por sua competência e dedicação.

Ilia Joffe, natural de Riga (Letônia), era graduado pela Latvijas Universitãte, em seu país de origem.

Lecionou na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, no Departamento de Mecânica, de 1961 a 1972, e no Instituto Militar de Engenharia (IME), como professor conferencista, nas disciplinas Máquinas Técnicas a Vapor, Geração de Energia Elétrica, Subestações Elétricas e Materiais Elétricos.

Lecionou vários anos da UCP, paraninfando várias turmas, com grande empenho e competência, sendo agraciado pela mesma, com o título de Professor Emérito em 1981.

O primeiro Secretário da Escola de Engenharia da UCP, Lúcio Vasconcellos de Oliveira, nascido em Petrópolis, bacharelou-se em Direito, pela Universidade Federal Fluminense, em 1967 e licenciou-se em História pela Universidade Católica de Petrópolis. Lecionou História e Organização Política e Social Brasileira em vários colégios da cidade e Direito Civil no Curso de Direito de nossa Universidade.

Foi funcionário das Faculdades Católicas Petropolitanas, de 1955 a 1965, exercendo as funções de subsecretário das referidas faculdades e, posteriormente, secretário da Escola de Engenharia.

Durante sua vida acadêmica na UCP, foi Diretor Cultural do Diretório Acadêmico Santo Tomás de Aquino, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e o primeiro Presidente do Diretório Central dos Estudantes.

Sentindo-se atraído pela política, foi Vereador à Câmara Municipal de Petrópolis, por três períodos legislativos, exercendo ainda os cargos de Secretário de Educação e Cultura, Secretário de Governo, Assessor Jurídico, integrando ainda o Conselho Municipal de Cultura.

Em 1979, foi aprovado no Concurso Público para o cargo de Juiz Substituto, exercendo esta função na 2ª Vara Cível e Comercial da Comarca de Colatina, no Estado do Espírito Santo.

Em 12 de outubro de 1974, pela Portaria n.º 191/74, do então Reitor da Universidade Católica de Petrópolis, D. José Fernandes Veloso, com a aprovação do Conselho Universitário, objetivando propiciar aos alunos da Escola de Engenharia “melhores e mais apropriados ensinamentos técnicos, integrando ensino e pesquisa”, foi criado o Centro Técnico de Engenharia (CETEG).

Passaram e integrar o referido Centro todos os professores e alunos da Escola de Engenharia e do Instituto de Ciências Exatas e Naturais (ICEN). Esta integração, aliada a uma interação com empresas, criou um ambiente multidisciplinar facilitando o desenvolvimento de um novo perfil para os futuros engenheiros formados pela Universidade Católica de Petrópolis.

A primeira Comissão Diretora do CETEG foi composta pelos professores Josias da Silveira e Carlos Alberto Martins, pela Escola de Engenharia; Antonio Eugênio Taulois e Francisco Santoro, pelo ICEN; engenheiros Alfredo Caufer e Ivan Martins Fiúza, pelos ex-alunos e Fernando Henrique Carvalho, pela Secretaria de Desenvolvimento da UCP.

A partir de sua criação o CETEG desenvolveu intensa atividade, proporcionando palestras e conferências sobre os mais variados temas, todos de grande importância para a formação dos futuros engenheiros, destacando-se entre eles: “Dispositivos de Comando de Baixa Tensão”, ministrado por engenheiros do Siemens (SP); “Tecnologia de Rolamentos”, ministrado pelo engenheiro Curtis A.I. Jones; “Instrumentação Industrial”, ministrado pelo engenheiro Riolando da Silva Rosa Júnior; “Torres de Arrefecimento d’Água”, ministrado pelo engenheiro Arides Albizatti; “Desenvolvimento da Indústria de Motores Aeronáuticos”, ministrado pela equipe de Divisão de Motores do CTA, de São José dos Campos;. “Engenharia Biomédica”, ministrado pelo professor Newton Guilherme Winderhecker, e tantos outros.

Do mesmo modo proporcionou o CETEG, inúmeras “Mesas Redondas de Engenharia Municipal”, reunindo prefeitos, secretários municipais, empresários e professores.

De 8 a 12 de setembro de 1986, foi realizado importante “Seminário de Altos Estudos Sobre Contenção de Encostas”, reunindo expositores de renome internacional sobre a matéria.

O citado Seminário foi aberto pelo presidente da GULERPE, Professor Heitor Gurgulino de Souza. Com Seminários e Cursos dessa natureza, O CETEG procurava atender a um dos mais graves problemas de nossa cidade, o deslizamento de encostas.

O citado Seminário visava a assistência, acompanhamento e assessoramento de obras de contenção de encostas e estabilidade de talude, às firmas de Engenharia e às prefeituras de Petrópolis, Teresópolis, Cantagalo, Cordeiro, Angra dos Reis, Nova Iguaçu, Caxias, Magé, Nova Friburgo e Três Rios.

O CETEG promoveu com grande regularidade as concorridas “Mostras de Produtos e Serviços de Engenharia”, favorecendo o conhecimento das recentes conquistas da Engenharia Civil, Elétrica, Mecânica e Informática, bem como os “Encontros Anuais de Ex-Alunos da Escola de Engenharia.

Uma das mais notáveis iniciativas do CETEG foi o desenvolvimento do “Programa de Ajuda Técnica ao Irmão Carente” (PATIC), objetivando atender técnicamente os pretendentes à construção de casas populares. O atendimento gratuito era feito por alunos da Escola de Engenharia, supervisionados por professores da mesma, incluindo medição do terreno, projeto, cálculo, orientação na escolha do material, no cumprimento das posturas municipais, no financiamento e acompanhamento da construção.

Em 26 de novembro de 1986, a UCP criou pela Portaria n.º 254/86, o Centro de Engenharia da Qualidade (CEQ), destinado ao desenvolvimento da Pesquisa no Setor da Tecnologia Industrial Básica, na área de qualidade.

O Centro não tardou a planejar o 1º Curso de Pós-Graduação em Engenharia da Qualidade, na ocasião o único na América Latina, com o apoio do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia).

O mencionado curso foi realizado de setembro de 1988 a janeiro do ano seguinte, com uma carga horária de 450 horas, habilitando engenheiros para atuar tanto no Brasil, como no exterior.

Outra iniciativa de grande alcance, visando estimular os alunos do Curso de Mecânica a praticar os conhecimentos obtidos no decorrer de seus estudos, foi o desenvolvimento de um projeto, tendo à frente o Professor Carlos Eduardo Reuther de Siqueira, para que a Escola de Engenharia da UCP disputasse a Fórmula Mini Baja, que vinha acontecendo todos os anos, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

A Fórmula Mini Baja, era uma competição patrocinada pela Society Automotive Engineers e a Petrobrás que reunia equipes de alunos e professores das principais Escolas do país.

A SAE emprestava o motor de 4 tempos, 1 cilindro e 8 HP, ficando por conta dos alunos o projeto da suspensão, chassis e gaiola. O carro era testado em três provas: velocidade, frenagem e carga, além de participar de um enduro de 4 horas em estrada de barro.

A criação do CETEG foi, sem dúvida, uma importante realização no sentido de desenvolver e intensificar a pesquisa na Escola de Engenharia de nossa Universidade.