FOTOGRAFIA E CIÊNCIA
Pedro Afonso Karp Vasquez, associado correspondente
1. Calvert Jones — Coliseu, 1846
Calvert Jones (1804-1877) foi um matemático e pintor que estudou em Eton e Oxford e foi reitor de Longhor. Amigo de Fox Talbot, ele foi autor, em 1841, do primeiro daguerreótipo realizado no País de Gales, uma vista do Margam Castle. Como era pintor paisagista, acabou desenvolvendo um processo de realização de panoramas fotográficos com a combinação de vistas sucessivas. O Anfiteatro Flaviano, mais conhecido como Coliseu, foi o maior edifício construído pelos romanos. Erigido entre os anos 70 e 80, tinha 48 metros de altura e capacidade para 50 mil espectadores, tenho sido usado até o século VI, data bem posterior à queda do Império Romano, ocorrida em 476.
2. Jean-Baptiste Louis Gros — O Propileu visto do interior da Acrópole, 1850
O Baron Gros (193-1870) foi um diplomata francês que serviu em Bogotá, Londres e Atenas e liderou a Expedição Anglo-Francesa à China entre 1856 e 1860, tendo sido responsável pelo estabelecimento de relações diplomáticas entre a França e o Japão, em 1858. Foi também um dos pioneiros da daguerreotipia, reputado pelas vistas das ruínas de Atenas. O Propileu é o portal para a parte sagrada da Acrópole, construída em torno de 450 a.C.
3. Maxime Du Camp — Colosso sentado de Ramsés II, Abu Simbel, 1850
Filho de um rico médico, Du Camp (1822-1894) viajou muito, visitando o Egito em 1851 em companhia de Gustave Flaubert e publicando no ano seguinte o livro de fotografias Egypte, Nubie, Palestine, Syrie. Como escritor interessado em temas históricos, foi autor de um estudo sobre a Comuna, Les convulsions de Paris (1878-1880), e de Paris, ses organes, ses fonctions, as vie dans la seconde moité du XIX siècle (1869-1875). Ramsés reinou entre 1279 e 1213 a.C., teve diversas esposas, 96 filhos, 60 filhas e morreu com mais de 90 anos. Esse colosso (com cerca de 20 metros de altura) é chamado de “colosso sentado” para diferenciar daquele de Mênfis, onde o faraó está de pé, numa estátua de 13 metros de altura e 120 toneladas. O Grande Templo de Abu Simbel havia permanecido enterrado na areia até 1812, quando foi descoberto por Jean-Louis Burckhardt. Com a construção da barragem de Assuã e o conseqüente aumento do nível das águas do Nilo, os templos foram desmontados e transportados para local mais alto entre 1964 e 1968.
4. Maxime Du Camp — Entrada do hipostilo do Templo de Carnac, Tebas, 1850
O Templo de Carnac era dedicado ao deus Amon. Hipostilo é uma sala cujo teto é sustentado por colunas. O Templo de Carnac era, na verdade um enorme complexo de templos, interligado com o grande Templo de Luxor por uma avenida de 2 milhas ladeada por esfinges, o Dromo. Acredita-se que em seu auge, no tempo do faraó Ramsés III, mais de 80 mil sacerdotes serviam nesses templos em Tebas (hoje Luxor).
5. J. Andrieu — Ponte de Argenteuil, 1870-1871
Andrieu fotografou as ruínas de Paris após a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871) e do episódio da Comuna de 1871. Sua série intitulava-se Désastres de la Guerre. A ponte de Argenteuil já reparada foi pintada em 1874 num quadro célebre de Claude Monet, danificado (com um rasgo de 10 cm) em 7 de outubro de 2007 no Musée d’Orsay por um grupo de cinco bêbados. Monet gostava tanto dessa ponte que a pintou em sete versões diferentes.
6. Juan Gutierrez — Efeito do torpedo no encouraçado Aquidaban, Revolta da Armada, 1894
O Aquidaban era a mais importante embarcação da Marinha brasileira e seu torpedeamento e conseqüente afundamento em 16 de abril de 1894 é considerado o marco final da Revolta da Armada (no Rio de Janeiro) e da Revolução Federalista (em Santa Catarina). O Aquidaban foi construído na Inglaterra e incorporado à nossa marinha em 1886, sendo armado com oito canhões, 16 metralhadoras e cinco tubos lança-torpedos. Seu torpedeamento foi tão importante que o torpedo que o atingiu está conservado até hoje no Centro de Mísseis da Marinha, no Rio de Janeiro.
7. Nadar — Primeira fotografia aérea, Paris, 1858
Balonista pioneiro, Nadar realizou a primeira vista aérea do mundo a uma altura de 520 metros, mostrando uma seção da avenida parisiense do Bois de Boulogne. Gaspard-Félix Tournachon (1820-1910) foi também precursor da fotografia subterrânea, ao fotografar as Catacumbas de Paris neste mesmo ano.
8. Pieter Oostherhuis — Chegada do balão de Nadar em Amsterdã, 14 de setembro de 1875
Nadar construiu o balão Le Géant em 1863. Era o maior balão do mundo, com capacidade para 6.000 metros cúbicos de ar quente, e inspirou Jules Verne a escreveu Cinq semaines em ballon.
9. James McDivitt — Edward H. White III durante o primeiro passeio no espaço, 3 de junho de 1965
A Gemini IV foi a décima missão espacial tripulada e o décimo oitavo vôo espacial. Tinha apenas dois tripulantes, McDivitt e White, autor do primeiro “space walk”, com 22 minutos de duração. A missão durou do dia 3 ao dia 7 de junho e foi transmitida pela TV para os EUA e mais 12 países europeus.
10. Louis Boutan — Primeira fotografia submarina, Banyuls-sur-Mer, 1893
O professor Louis Marie-Auguste Boutan (1859-1934) realizou essa fotografia (que faz parte de um par) na estação Zoológica de Banyuls-sur-Mer, nos Pirineus orientais, em 1893, e a publicou juntamente com diversas outras em 1900 na obra La Photographie sous-marine et Les Progrès de la Photographie. En 1892, Boutan décide de photographier la vie sous-marine. Il fait construire en 1893 avec son frère Auguste une boîte étanche pour un appareil de type Detektiv à 6 plaques de 9 cm x 12 cm, avec lequel il prend plusieurs clichés en pose entre 3,5 et 11 m de fond. [Wikipedia] Depois construiu uma câmara de grande formato (18 x 24 cm).
11. Nadar — Primeira fotografia subterrânea, Catacumbas de Paris, 1858
12. Câmara automática — Acidente com um B-17 durante o bombardeio de Berlim, 1944-1945
As B-17 Flying Fortress eram aeronaves quadrimotoras construídas pela Boeing, consideradas “soberbas armas de guerra” tendo lançado mais bombas que todos os outros tipos de aeronaves americanas. Sobre a Alemanha foram lançadas ao todo 1.5 milhão de bombas, 500 mil das quais pelas B-17.
13. Câmara automática —A bomba atômica lançada sobre Hiroshima, 6 de agosto de 1945
A explosão dessa bomba de urânio foi equivalente à de 20 mil toneladas de TNT, destruindo dois terços da cidade, matando 75 mil habitantes. A bomba de Nagasaki era maior que a de Hiroshima (donde o apelido, Fat Man), empregava plutônio e o processo de implosão, equivalendo a 21 mil toneladas de TNT. Matou 73 mil pessoas e feriu 75 mil.
14. Warren De La Rue — A Lua em 7 de setembro de 1857
De La Rue (1815-1889) foi um químico e astrônomo inglês que se tornou célebre como precursor da astro-fotografia. Já em 1850, construiu um telescópio de reflexão de 13 polegadas que instalou primeiro em Canonbury e depois em Cranford (ambas no Middlesex). Depois, construiu um instrumento para fotografar o Sol, denominado Photoheliograph, com o qual registrou, na Espanha, o eclipse de 18 de julho de 1860. Foi presidente da Chemical Society e da Royal Astronomical Society. Era filho de Thomas De La Rue, que imprimiu diversas emissões de nosso dinheiro, e tem uma cratera lunar batizada em sua homenagem.
15. George Willis Ritchey — Crateras lunares, década de 1920
O professor Ritchey (1864-1945) foi professor de astronomia da Chicago University entre 1910 e 1905, projetou e supervisionou a construção do telescópio de 60 polegadas do Mount Wilson Observatory, foi diretor do Observatoire de Paris entre 1924 e 1930 e foi criador (em parceira com George Lutz) do telescópio de reflexão Richtey-Chrétien.
16. NASA — A Terra vista pelo satélite ATS III, 10 de novembro de 1967
É a primeira imagem completa de nosso planeta, mostrando a Antártica encoberta por nuvens. Foi tirada a cerca de 36 mil quilômetros de altura. O presidente Eisenhower assinou o National Aeronautics and Space Act em 29 de julho de 1958 e a NASA abriu oficialmente as portas em 1º de outubro deste ano. Em 25 de maio de 1961, Kennedy anunciou que os EUA chegariam à Lua antes do fim da década e, com efeito, em 20 de julho de 1969, Neil Armstrong pisava pela primeira vez no Mar da Tranqüilidade. Era integrante da missão Apollo 11, integrada também por Michael Collins e Edwain Aldrin.
17. George Willis Ritchey — Céu noturno, década de 1920
18. Fotógrafo não-identificado — Fotografia noturna colorida da constelação do Cisne, 1959
Foi feita com o telescópio Schmidt do Observatório Hale, na Califórnia.
19. Edmond Becquerel — Fotografia do espectro solar, Paris, 1848
Alexandre Edmond Becquerel (1820-1891) foi um físico francês que estudou magnetismo, eletricidade e óptica e foi o primeiro a fotografar o espectro solar, em 1848, descobriu também o efeito fotovoltaico, base do funcionamento da célula solar.
20. NASA — Marte fotografado em tricomia pela sonda Viking Orbiter I, c. 1980
21. NASA — Primeira fotografia colorida de Marte, feita pela sonda Viking Orbiter I, 21 de julho de 1976
O ângulo de visão coberto é de cerca de 67º com o horizonte situado a cerca de três quilômetros de distância da câmara de bordo. A imagem também foi feita em tricromia, com a cor reconstituída com o auxílio de um computador.
22. Louis Lumière — Moça com lilás, Autochrome, entre 1906 e 1910
Os irmãos Lumière, Auguste (1862-1954) e Louis (1864-1948), são considerados inventores do cinema, tendo realizado a primeira sessão pública em 28 de dezembro de 1895. Em 1903 eles patentearam o processo colorido positivo sobre vidro autochrome, comercalizando-o entre 1907 e a década de 1930, quando começaram a surgir os primeiros filmes coloridos flexíveis.
23. Kodak — Ektachrome convencional + Ektachrome Infrared, década de 1970
A primeira fotografia infravermelha foi publicada em 1910, por Robert W. Wood. De início esses filmes eram empregados apenas em paisagens, em virtude do longo tempo de exposição requerido, mas foram aperfeiçoados para fins militares de aerofotogrametria durante a Segunda Guerra Mundial. A Kodak lançou comercialmente o Ektachrome Infrared Aero Film, Type 8443 na década de 1960, quando foi usado para várias capas de discos de rock em virtude de seu clima “psicodélico”.
24. Henry Irving — Aeschulus hippocastanum (Castanha-da-Índia) c. 1907
A castanha-da-Índia é usada na medicina popular para tratar de problemas circulatórios e também como antiinflamatório.
25. Anna Atkins — Algas em cianotipia, entre 1843 e 1854
Filha do cientista John George Children, Anna Atkins (1799-1871), foi uma botânica e fotógrafa inglesa, que publicou os livros: Cyanotypes of British and Foreign Flowering Plants e Ferns (1854).
26. E. Fox — Castanheiro no verão e no inverno, década de 1860
O castanheiro pertence à família das Fagáceas e ao gênero Castanea, composto por 12 espécies espalhadas pelo mundo, entre as quais a mais importante é a brasileira, a Castanea sativa. Possui folhas dentadas de 10 a 20 centímetros e pode viver até mil anos.
27. Laure Albin-Guillot — Microfotografia de ostras em formação, década de 1920
Parisiense, Laure Albin-Guillot (1879-1962) se tornou conhecida como autora de retratos de gente da cena cultural e, sobretudo, de microfotografias que fazia para o marido, que era cientista. Publicou um livro com fotografias originais que exploravam o lado estético dessa especialidade: Microphotographie Décorative.
28. Julius Widmayer — Microfotografia de cristais, década de 1920
29. Le Charles — Libélula, década de 1920
É um inseto alado da subordem Anisoptera, de corpo fusiforme com abdômen muito alongado, olhos compostos e dois pares de asas semitransparentes. Para alguns círculos místicos, a libélula se relaciona com os sonhos e as ilusões que tomamos por realidade.
30. Robert Howlett — Construção do Leviathan, 1857
Depois oficialmente denominado Great Eastern, foi o maior navio de seu tempo, com uma capacidade de deslocamento de 32 mil toneladas, contra as 3.618 do Great Britain e as 2.300 toneladas do Great Western.
31. Auguste-Hippolyte Collard — Rotunda da Ferrovia do Bourbonnais em Nevers, entre 1862 e 1867
Auguste-Hippolyte Collard (1812-1885?) é autor do álbum Chemin de fer du Bourbonnais, realizado em julho de 1861, com imagens desta ferrovia tiradas durante uma viagem do imperador Napoleão III.
32. Piallat — Fábrica de Edmond Ganneron, especialista em equipamentos agrários, entre 1865 e 1870
33. Wilhelm Conrad Roentgen — A primeira radiografia, 1895
Dr. Roentgen (1845-1923) físico alemão, professor da universidade de Würzburg, e Prêmio Nobel de 1901 em virtude da descoberta dos raios que receberam seu nome, mas são mais conhecidos como raios-x. Sua descoberta foi efetuada na noite de 8 de novembro de 1895, e a mão vista na imagem é a de sua esposa, Bertha, que posou pacientemente para a exposição de 30 minutos.
34. Josef Maria Eder + Eduard Valenta — Serpente Aesculapius, 1896
Eder (1855-1944) e Valenta (1857-1929) eram austríacos e foram visitados em 1896 pelo professor Ernest March (1838-1916) no centro de pesquisas de ambos em Viena, o Graphische Lehr-und Versuchsanstalt, e juntos os três conceberam a radiografia estereoscópica que objetivava dar um sentido de volume nas imagens, ao invés de mostrar as superfícies chapadas características dos primeiros raios-x.
35. Josef Maria Eder + Eduard Valenta — Coelho recém-nascido, c. 1896
36. Fotógrafo não-identificado — Sala de radiologia do exército inglês no Egito, 1896
A precariedade das instalações mostra o enorme risco que corriam os médicos operadores desses equipamentos. Consta que entre 1896 e 1903, tenham ocorrido 14 mortes comprovadas por excesso de exposição aos raios-x somente na Inglaterra.
37. Fotógrafo não-identificado — Unidade de radiologia do Hospital Militar do Grand Palais, 1914-1916
O Grand Palais foi construído entre 1897 e 1900, para a Exposição Universal desse último ano. Seu objetivo era o de ser um “monument consacré par la République à la gloire de l’art français”, e foi amplamente utilizado para eventos oficiais durante a Terceira República (1870-1940) iniciada na época da Guerra Franco-Prussiana.
38. Roger Fenton — Dinornis Elephantopus (Heavy-Footed Moa), c. 1858
As Heavy-Footed Moa eram aves pré-históricas da Nova Zelândia. Fenton (1819-1869) passou quatro meses na Criméia, em 1854, documentando a Guerra da Criméia — conflito ocorrido entre 1853 e 1856, opondo a Rússia à França e à Inglaterra — produziu ao todo 360 imagens em condições bastante difíceis. Em 1856, foi publicada a obra Photographs taken under the patronage of Her Majesty the Queen in the Crimea by Roger Fenton, contendo 160 dessas imagens.
39. Fotógrafo não-identificado — Coronel Michael com ossos da perna de Dinornis Elephantopus, c. 1872
A foto foi realizada em Madras, possivelmente por um fotógrafo de origem inglesa que lá trabalhou na década de 1870.
40. Autor não-identificado — Cirurgia no Massachusetts General Hospital, empregando óxido nitroso como anestesia, 16 de outubro de 1846
Dois processos de anestesia inalatória surgiram nos EUA na década de 1840, graças a dois dentistas. Em 1844, Horace Wells, de Connecticut, começou a usar óxido nitroso (hoje vulgarmente conhecido como gás hilariante). Em 1846, William Thomas Green Morton, de Harvard, passou a usar éter.
41. Erich Salomon — Aula de medicina na Alemanha, 1930
Berlinense, Salomon (1886-1944) estudou direito, zoologia e engenharia entes da Primeira Guerra Mundial, passando a fotografar em 1927 com uma Ermanox, celebrizando-se com imagens do meio diplomático. Com a ascensão de Hitler ao poder, refugiou-se na Holanda, mas foi traído e morto, juntamente com sua família, no campo de concentração de Auschwitz, em 1944.
42. Fotógrafo não-identificado — Soldado Charles N. Lapham, mutilado na Guerra de Secessão, 1863
O Armed Forces Institute of Pathology produziu, entre 1864 e 1876, 62 álbuns de fotografias de ferimentos de guerra, contendo o aspecto inicial dos ferimentos, o tratamento e o resultado final. O objetivo destas imagens era o de subsidiar futuras práticas médicas, mas também foram usadas por algumas das vítimas em processos de indenização de mutilados de guerra.
43. Dr. Albert de Montmeja — Incisão linear no olho, Paris, 1871
Era um famoso oftalmologista parisiense e um dos precursores da fotografia médica. Clinicava no Hôpital Saint-Louis e fez parceria com o dermatologista Alfred Hardy na edição de um Atlas Dermatológico em 1868. Em 1870, lançou Pathologie iconographique du fond de l’oeil. Traité d’Ophthalmoscopie.
44. Dr. Alfred Hardy + Dr. Albert de Montmeja — Sicose (imagem pintada à mão), Paris, 1872
Esse parece ser a Sicose da barba, causada pelo staphylococus aureus, considerada uma das foliculites primárias. Pela descrição deve ser a variante denominada sicose hipóide, “caracterizada pela presença da placa atrópica central, sem pêlos, que se estende perifericamente, marginada por pústulas e crostas”.
45. Léon Vidal — Tinha tonsurante, 1878
Léon Vidal (1833-1906) era francês e publicou o Traité pratique de photoglyptie, considerado o melhor manual de woodburytype, escreveu também o Traité pratique de photolitographie. A tinha tonsurante (tinea capitis) microscópica tem como agentes M. canis e M. audouini e surge de forma muito contagiosa nos jovens, sendo “caracterizada pelo aparecimento de placas grandes e de limites circulares, ao nível das quais a tonsura é total”. É a popular “pelada”.
46. Fotógrafo não-identificado — Interna em hospital psiquiátrico com diagnóstico de melancolia, Inglaterra, 1876
Galeno, médico do imperador Marco Aurélio, definiu como as duas características principais do melancólico a tristeza e o médico. Aristóteles achava que uma certa dose de humor melancólico era característica da genialidade. Hoje a melancolia talvez seja melhor definida como depressão. O Prozac foi lançado comercialmente em 1987, cinco anos mais tarde, metade da população dos EUA já o havia consumido.
47. Dr. R. Clarke — Termografia, década de 1970
A termografia estende a visão humana através do espectro infravermelho, que é a freqüência eletromagnética normalmente emitida por qualquer corpo.
A radiação infravermelha foi descoberta em 1800 por William Herschel, astrônomo inglês de origem alemã e pai de John Herschel, matemático e astrônomo que estudou o daltonismo, nomeou sete luas de Saturno, quatro de Urano, deu origem ao sistema Juliano na astronomia e estudou o poder químico dos raios ultravioletas. No campo da fotografia, criou a cianotipia e foi o introdutor, em 1839, do hiposulfito de sódio como agente fixador — em uso até hoje.
48. Fotógrafo não-identificado — Cristais de bifenilo fotografados com luz polarizada, c. 1980
Os policloretos de bifenilo são um grupo de hidrocarbonetos aromáticos clorados de fórmula empírica.
49. Dorothy Rutherford — Microfotografia dos tubos renais, 1981
Minha dúvida é se essa imagem mostra os néfrons (as estruturas funcionais dos rins). Cada rim possui um milhão de néfrons, também denominados nefrónios.
50. NASA — Delta do Nilo fotografado com filme infravermelho, década de 1970
O delta do Nilo tem 160 km de comprimento e 250 de largura. Na Antigüidade era nele que se localizava o baixo Império Egípcio, aquele que sofreu a influência helênica. É uma região pantanosa infestada de crocodilos. O Nilo foi considerado durante muito tempo o maior rio do mundo, com 6.852,15 km de extensão, mas novas medidas concederam 6.992,06 km ao Amazonas, que passou a ocupar então o primeiro posto.
51. Eadweard Muybridge — Cavalo em movimento com cavaleiro nu, prancha do livro Animal Locomotion, 1887
Muybridge (1830-1904) era inglês, mas desenvolveu seus trabalhos de cronofotografia nos EUA, a partir de 1872. Em 1878, patrocinado por Leland Stanford, ele realizou a célebre série de 24 imagens conhecida como Horse in motion, comprovando que no galope o cavalo fica em determinado momento com as quatro patas no ar.
52. Etienne-Jules Marey — Movimento do ar contra corpos de formatos variados situados num campo de linhas paralelas de fumaça, 1900-1901
O francês Marey (1830-1904) começou fazendo pesquisas científicas sobre circulação sanguínea e depois se orientou para a cronofotografia, tendo criado um rifle fotográfico em 1882. Em 1901 ele conseguiu construir um túnel de fumaça de 58 linhas que é considerado um dos primeiros exemplos de túnel de vento aerodinâmico.
53. Harold Eugene Edgerton — Wesley Fesler chutando uma bola de futebol americano, c. 1937
Harold Eugene Egerton (1903-1990) foi professor de engenharia elétrica no Massachusetts Institute of Technology, grande pesquisador do uso do flash estroboscópico na fotografia.
54. Harold Eugene Edgerton — Tenista rebatendo uma bola, 1939
55. Harold Eugene Edgerton — Carta cortada por uma bala numa velocidade estimada em 2.160 km/h, década de 1970
56. Lennart Nilsson — Primeira fotografia de um feto (de 15 semanas), Estocolmo,1964
Nascido em 1922, Nilsson começou a se interessar pela fotografia ainda na adolescência, depois de assistir a um documentário sobre Pasteur que o deixou fascinado com o microscópio. Iniciou suas pesquisas com microfotografia na década de 1950, acelerando-a na década seguinte com o uso de endoscópios. Em 1965 lançou o livro A Child is Born, que vendeu 8 milhões de exemplares em apenas uma semana! Em 1969, passou a empregar microscópios eletrônicos de varredura (scanning eletronic microscope, ou SEM). Sendo considerado um dos primeiros a fotografar o vírus HIV e, em 2003, o primeiro a fotografar o vírus da Síndrome Respiratória Aguda Severa (em inglês, SARS).
57. Nadar — Chevreul em seu centésimo aniversário, Paris, 1886
O químico francês Marie Eugène Chevreul foi a primeira pessoa centenária a ser retratada pela fotografia, num momento também especial: a realização da primeira entrevista documentada fotograficamente, por Nadar e seu filho, Paul, em 31 de agosto de 1886. As imagens foram publicadas no Journal Illustré, sob o título de L’Art de vivre cent ans.
58. Le Blondel — Retrato póstumo em daguerreotipia, c. 1850
Não existem muitos dados biográficos sobre esse fotógrafo ativo em Lille entre 1842 e 1892, mas a qualidade de seu trabalho é atestada pelo “album des grands travaux et embellissements commandé par la Ville de Lille pour l’Exposition universelle de 1878”.
59. Nicholas Nixon — Tom Moran, janeiro de 1988
Essa imagem faz parte do livro People with Aids (Imago Mundi, 1988), que retrata 15 pessoas aidéticas. Tom Moran foi fotografado entre agosto de 1987 e fevereiro de 1988, dias antes de sua morte.
60. Rosalind Franklin — Radiografia da estrutura do DNA, feito em Kings College, inverno de 1952-1953
Rosalind Franklin (1920-1958) foi uma biofísica anglo-americana pioneira da biologia molecular e reputada pelos estudos de cristalografia de raios-x, que deu importantes contribuições para o estudo da estrutura do DNA, dos vírus, do carvão e do grafite. Seus trabalhos em difração por raios-x do DNA permitiram que Francis Crick e James Watson formulassem, em 1953, a hipótese deles a respeito da estrutura helicoidal dupla do ácido desoxirribonucléico. A dupla ganhou o Nobel de Medicina em 1962, mas Franklin morreu muito cedo, de câncer no ovário. Poderia ter sido em conseqüência das radiações recebidas?
61. David Octavius Hill + Robert Adamson — Professor James Miller, 1846
James Miller (1812-1864) era professor de cirurgia na Edinburgh University e um dos fundadores da Free Church of Scotland retratados pela dupla Hill (1802-1870) e Adamson (1821-1848). Adamson abriu um dos primeiros estúdios do mundo, em 1843, em Edimburgo, e foi apresentado a Hill por Sir David Brewster (o inventor da fotografia estereoscópica), pois este tencionava fazer uma grande pintura comemorativa da fundação da nova igreja pelos 400 pastores que haviam rompido com a Church of Scotland em maio de 1843. Teve início assim a mais célebre parceria fotográfica da história da humanidade.
62. Franz Hanfstaengl — Carl August von Steinheil, c. 1860
Franz Seraph Hanfstaengl (1804-1877), foi um pintor alemão que se tornou célebre como litógrafo, fundou um estúdio fotográfico em 1853 e se tornou depois fotógrafo da Corte da Baviera. Carl August von Steinheil (1801-1870) foi um físico e astrônomo alemão, considerado o pai da telegrafia eletromagnética, que se tornou fabricante, em Munique, de telescópios, espectrômetros e refletores, com a firma C.A. Steinheil und Söhne. No campo da fotografia, foi o inventor do fotômetro e é considerado o autor do primeiro daguerreótipo feito na Alemanha.
63. Daguerreotipista não-identificado — Dom Pedro II, entre 1845 e 1850
Esse daguerreótipo pertence ao Museu Histórico Nacional e deve ter sido utilizado como base para uma gravura ou uma medalha.
64. Albert Henschel — Brasileiros ilustres, c. 1870
Essas imagens foram extraídas de um álbum de retratos pertencente ao Museu Imperial. Henschel (1827-1882) era alemão e chegou ao Recife em 1866, onde fundou a Photographia Allemã. Posteriormente, abriu estúdios com esse mesmo nome em Salvador e na cidade do Rio de Janeiro, na década de 1870, e com o nome de Photographia Imperial em São Paulo, na década de 1880, pois lá já existia um estabelecimento com o mesmo nome.
66. Marc Ferrez — Tipos indígenas, década de 1870
Esses retratos foram realizados provavelmente quando Ferrez integrou a Comissão Geológica do Império em 1875-1877, chefiada pelo naturalista norte-americano Charles Frederick Hartt (1840-1878). Ferrez (1843-1923) foi o mais conhecido fotógrafo brasileiro do século XIX e o único a ter o título de Photographo da Casa Imperial.
67. Christiano Júnior — Tipos africanos, Rio de Janeiro, c. 1865
Essas imagens pertencem ao Arquivo Central do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. José Christiano de Freitas Henriques Júnior (1832-1902) atuou na cidade do Rio de Janeiro nas décadas de 1860 e 1870, antes de se radicar em Buenos Aires e se tornar um dos mais importantes fotógrafos da Argentina.
68. Alexander Gardner — Lewis Payne, um dos conspiradores do assassinato de Lincoln, 1865
Gardner (1821-1882) é mais conhecido pelo Photographic Sketchbook of the War, sobre a Guerra de Secessão, mas ele documentou inteiramente o julgamento e a execução dos acusados da conspiração para matar o presidente Lincoln, dando ensejo ao álbum The Lincoln Conspiracy, que ele editou em Boston em 1865. O assassinato foi cometido por John Wilkes Booth em 14 de abril de 1865 e os criminosos foram enforcados em 7 de julho na Washington Old Penitentiary.
69. Fotógrafo não-identificado — Criminosos presos, c. 1880
Cesare Lombroso (1835-1909) foi um médico e cientista italiano alinhado com o pensamento positivista e considerado um dos grandes nomes da antropologia criminal. Foi diretor do Hospício de Pádua entre 1871 e 1876, publicando nesse último ano o livro O homem delinqüente, no qual advogava a tese da existência do “criminoso nato”, a partir de determinadas características somáticas.
70. Fotógrafo não-identificado — Fotografias de perícia do assassinato da Sra. Gilles, 11 de outubro de 1904
Alphonse Bertillon (1853-1914) era chefe da identificação criminal da polícia parisiense na década de 1880 quando introduziu o sistema de identificação baseado na combinação de medidas do corpo, descrição precisa e fotografias apelidado de bertillonage, hoje consagrado com o nome científico de antropometria — valendo lembrar que os egípcios e os gregos foram os primeiros a estudar as relações entre as diferenças medidas humanas na formação dos diversos biótipos. Em 1890 ele publicou o livro La Photographie judiciare explicando seu método. As imagens aqui reproduzidas constituem um exemplo da documentação que ele exigia de um homicídio antes da remoção do corpo.