MONSENHOR NEY AFFONSO DE SÁ EARP

Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel

 

Tive a alegria de conhecer o Sacerdote Monsenhor Ney Affonso de Sá Earp nos anos 60. Depois, em momento triste por ocasião de seu falecimento em 14.09.1995, quando foi velado na Catedral São Pedro de Alcântara em Missa de Réquiem presidida pelo Bispo Diocesano Dom Veloso e concelebrada pelo Bispo Emérito Dom Cintra. A Missa de Sétimo dia foi celebrada na Capela do Colégio Santa Isabel onde o menino Ney fez sua Primeira Comunhão. Está incluído em minhas orações. Rezo por tão aureolada alma na certeza de sua beatificação.

Ney Affonso foi o filho primogênito do casal Nélson de Sá Earp e Amélia Maria Costa de Sá Earp, que teve, ao todo, sete filhos: quatro homens e três mulheres. São eles, por ordem de nascimento: Ney Affonso nascido a 17.12.1935 em Petrópolis, Arthur Leonardo, Maria Cecília, Maria Angélica, Antônio Carlos, Pedro Paulo e Maria Gabriela. Os pais tinham uma profunda formação religiosa; o ambiente familiar foi decisivo para desabrochá-lo à vocação sacerdotal do primeiro filho. Pertencia à Ordem Terceira Franciscana.

Ney Affonso fez o curso primário no Colégio Dona Hilda Maduro, tradicional de Petrópolis. O curso ginasial no Colégio São Vicente de Paulo, dos cônegos premonstratenses. No intervalo entre um curso e outro, ocorreu um acidente em 16.12.1946, véspera do seu aniversário de 11 onze anos. Seu irmão, o ilustre historiador Arthur Leonardo em comovente matéria publicada na Tribuna de Petrópolis “Uma tragédia – cinqüenta anos” (15.12.1996) discorreu sobre o lamentável acidente, que marcou a sua vida. Concluiu o curso de Teologia em 1960, ano de sua ordenação em 3 de julho. O recém-ordenado Padre Ney Affonso de Sá Earp não voltou logo ao Brasil. Permaneceu em Roma para fazer novos estudos. A história registra a celebração de sua primeira Missa cantada na Catedral de Petrópolis em 19 de abril de 1964. “Retornou a Roma e a Toronto (no Canadá) para completar sua tese doutoral, laureando-se brilhantemente em 1974” tudo conforme relata a Revista Ação. O então Pe. Ney  assumiu a paróquia de Bemposta. Ela integrava, dentre outras, a Igreja de Hermogêneo Silva, distrito de Três-Rios bem no início de sua ordenação Sacerdotal. Sua permanência ali se deu por pouco tempo. Lecionou no Seminário Diocesano de Corrêas e na Universidade Católica. Foi Secretário Diocesano de Pastoral Familiar. Serviu à Arquidiocese do Rio de Janeiro, com a qual continuou a colaborar mesmo havendo regressado a Petrópolis. No Rio fora Professor da P. U. C., da Universidade Santa Úrsula, da Faculdade João Paulo II e da Escola Mater Ecclesiae. Foi até seu falecimento membro da Comissão Arquidiocesana para a Doutrina da Fé e da Comissão Teológica da Arquidiocese do Rio de Janeiro. A grande marca do seu sacerdócio foram seus estudos e empenho pastoral em defesa da vida. De seu pai, médico de grande projeção em Petrópolis e profundamente sintonizado com a doutrina da Igreja a ela sempre se mostrou fiel, herdou os conhecimentos e possuía sobre aspectos científicos da transmissão da vida. E a Teologia, sempre cultivada com amor, orientava e dava sentido a seu apostolado predileto. 

Padre Ney era poliglota. Dominava não apenas o latim e o grego, mas também o inglês, o francês, o italiano o alemão. Era estudioso também do hebraico.  Em todos os relatos lidos por mim noticiam que “era um  excelente professor de Filosofia”. Ele dizia, “São Tomás de Aquino tinha um pensamento original.” E tal originalidade o deixava curioso. A Faculdade ensinava a filosofia tomista, mas nem todos os professores colocavam Santo Tomás no pedestal, mas, o ilustre Sacerdote o colocava no pódio dos maiores em cultura e virtudes. Valorizava a contribuição de vários outros filósofos. Descartes, Kant, Santo Agostinho não deveriam ser descartados. Mas a primazia da Metafísica cabia a São Tomás de Aquino.  Cumpriu a Divina missão. O Sacerdote é servidor de uma causa sublime, no zelo e cuidado da Igreja de Cristo e testemunha dum reino, se inicia neste mundo, mas se completa no além. Monsenhor Ney interceda junto à Santíssima Mãe de quem é filho dileto a merecermos clemência, não por méritos, mas, pela misericórdia Divina. Vele por nossa terra, pela paz no mundo e rogai por nós.