Processo de Indexação dos Jornais Operários Petropolitanos (1) / (2)

Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, Associado Titular, Cadeira nº 13 –

(1) Este ensaio inédito é resultado do processo de indexação que realizamos em 1982, nos jornais operários da hemeroteca pública petropolitana, pertencente ao Arquivo Público e Histórico do município, sediado na Biblioteca Municipal de Petrópolis, e não publicados até a presente data.
(2) Consideramos essencial a condição de efetivar em registro todos os trabalhos e ensaios realizados e não publicados sobre a história da imprensa e do operariado em Petrópolis, que são fruto de pesquisa no decorrer dos últimos vinte anos. Assim procede neste momento com a indexação destes únicos exemplares de jornais operários que eram presentes à época, 1982, ao conjunto da coleção da hemeroteca petropolitana.

A ORDEM
Edição no. 3 – 10/10/1917

pg. 2 – “Centro Operário Primeiro de Maio” – A diretoria convoca os sócios para reunião em 14/10/1917, às 16 horas para assunto de interesse do proletariado e convoca os delegados para entregarem listas dos associados;

“Operários” – artigo defendendo o operariado e alertando contra as injúrias cometidas contra o Centro Operário Primeiro de Maio e conclamando-os a se unirem ao centro para organizar melhor o poder de lutar – autor, Orlindo Xavier;

“Petelecos” – “Porque os operários da Fábrica da Cometa do Alto da Serra foram revistados à saída do trabalho? – Ora! Não sabes o porquê? – Surrupiaram o “bigode”(3) do “fantasma”.”;

pg. 3 – “O Fantasma Azul” (4) – Crônica mostrando ser a problemática da Cia. de Tecidos Cometa de ordem técnica e da péssima qualidade da matéria prima e dos maquinários, isentando-se a responsabilidade dos operários que são pressionados e culpados pelo péssimo produto. – autor, Cometa (pseudônimo) (5);

(3) Expressão usada na época para designar “arma de fogo”.
(4) Dirigido indiretamente a um dos vários capatazes da Empresa, segundo informações de um de seus ex-funcionários da época, já falecido, que não quis identificar-se no ensaio
(5) Provavelmente à época um operário que tenha passado a informação a Bertho Condé.

“Operários”- Alerta para a organização em partido político pelo operariado para que não sejam ludibriados – Feito isto fortalecera a classe elegendo seus próprios companheiros – O governo exige a presença de todos e é lamentável que as classes produtoras, que formam a maior parte da população, não tenham seus representantes.
Edição no. – 13/10/1917

pg. 1 – “Notas & Fatos” – Reunião, em 13/10/1917, dos delegados do Partido Operário de Petrópolis, na rua Marechal Deodoro, 94;

Dia 21/10/1917, o Dr. Bertho Antonino Condé recomeçara suas conferências de propaganda do Partido Operário Autonomista do Município de Petrópolis, no Itamaraty;
“O Fantasma Azul” – Denúncias de empreguismo, puxa-saquismo e espionagem dentro da Cia. Cometa – autor Cometa, pseudônimo;

pg. 2 – “Operárias Maltratadas na Fábrica da Castelânea” – Perseguição dos contra-mestres às operárias, fazendo com que as mesmas cheguem a ser despedidas. A coluna alerta dizendo que se tal abuso continuar, seus nomes serão publicados;

“Fábrica Cometa” – Esta coluna acerta para o que foi frisado no artigo passado do “Fantasma Azul”. De não ser por culpa do operariado a deficiência do produto, já que o fio, matéria prima, é de péssima qualidade, a direção deve tomar conhecimento disto e não a título de restituir o prejuízo pagar baixos salários em comparação com outras fábricas. Alerta também para o conluio “neofeudal” que se instalou na Fábrica do Meio da Serra, onde existe um armazém que fornece os gêneros aos operários da fábrica com privilégio exclusivo deste fornecimento, não há o direito de comprar em qualquer outro lugar, e chega-se ao ponto do proprietário do estabelecimento receber o valor das vendas diretamente da fábrica, não sendo confiado ao operário o seu próprio salário. É uma nova modalidade de escravatura a se instaurar (6);

(6) O que levava, geralmente, ao desconhecimento das pessoas do centro de Petrópolis na época era o isolamento em que se encontrava a comunidade operária do Meio-da-Serra, vivendo em sua vila, com armazém da própria fábrica, nunca necessitava de viajar ao centro do município, estando, portanto entregues a um domínio e abuso por parte dos capatazes e gerentes da fábrica. A vila ainda contava com abastecimento de água de mina, e uma capela onde periodicamente um pároco celebrava missas e obrigações religiosas, além de uma cadeia cujo registro surge nas notas sobre greves. Somente viajantes passavam pela região em direção ao município, mas não se detinha na mesma vila. A vila na atualidade é uma das poucas relíquias de arquitetura do modelo de Vila Operária no país, localizada em uma reserva de eco-sistema que passa por depredações e invasões com a cumplicidade das autoridades constituídas do município, abandonados e sem cuidados próprios pelo SPHAN.

pg. 3 – “A Arma Operária” – Comenta o episódio ocorrido na Fábrica Cometa, onde o operário Manoel Rodrigues, após disparar a garrucha sobre o gerente, foi perseguido por um contra-mestre que sacou de um revolver. Episódios como este não podem acontecer, principalmente advindos de um chefe que dá o mal exemplo aos subalternos abrindo o precedente para que todos andem armados – que a arma dos operários são outras; harmonia, amor, preparo intelectual, que poderão afastar os elementos perniciosos;

“Encrenca na Cometa” – Bate-boca entre os operários que foi parar na polícia;
Convocação do Centro Operário Primeiro de Maio, para a reunião no dia 14/10/1917 às 16 horas;

Folhetim: Título: “Os Parias”, autor: Frederico Carlos (pseudônimo) – Um romance inédito da Vida Operária.
Edição no. 9 – 31/10/1917

pg. 1 – “Notas & Fatos” – Não havendo oposição entre o estado atual do pa´ss e a formação do Partido Operário, a propaganda deste, por meio de conferências, recomeçará, provavelmente, no próximo domingo 04/11, na sede da Sociedade São Pedro de Alcântara, na Castelânea;

Carta-resposta de um contra-mestre da Fábrica Santa Helena que se sentia ofendido em artigo do número anterior do jornal. “Desafia a provar qual o parente seu que ao trabalhar menos de um ano chegou a quantia de 100$”;

“O Fantasma Azul”- Mostra a incompetência profissional de um contra-mestre e da intimidade dele de lutar contra a organização operária no estabelecimento;

“Conhecem o tal de Pé Grande?” – outra denúncia de um funcionário bem situado na Cometa e que luta contra a “péssima situação” dentro da mesma;

O Partido Socialista do Brasil (7) levará a efeito amanhã 01/11 uma manifestação de apoio ao Governo da República por motivo da declaração do “estado de guerra” entre o Brasil e a Alemanha;

Pg. 2 – Outro comentário ao “Fantasma azul”;
“Novos Mendigos” – Denúncia o assédio por parte de um certo gerente de fábrica, engenheiro, aos operários, os comprando por mais 500 ou 1.000 réis, para que não participem de movimentos, tudo isto por ocasião da última greve e coloca os mestres a policiá-los;

Procurando desmentir o que dizemos – Alertando o gerente para que não proteja o “Fantasma Azul” e não faça pressão na comunidade contra o movimento e a imprensa, que tente ele dinamizar e ver os erros da Cometa;

Pg. 3 – “Operários” – Em defesa da idéia da organização político-partidária na comunidade e no país, a União do Partido Operário acabará com a política-propagandista dos grupos politiqueiros e que se consideram representantes (8).

(7) O jornal apresenta-se, como faz frisar, como seguidor mais do socialismo e não dos socialistas-anarquistas.
(8) A Ordem seguia na contra-mão do ideais que caracterizavam a maioria dos jornais operários do período, o repúdio à formação do partido político operário, à participação eleitoral, (segundo estudos de Gisálio Cerqueira Filho).

Edição no. 10 – 03/11/1917

Pg. 01 – “Fábrica Cometa” – O artigo comenta que não houve defesa, por parte da empresa contra as acusações formuladas pelo comportamento “neo-feudal” da fábrica do meio-da-serra, aproveita para acusar um desvio de verbas das contribuições operárias destinadas ao Fundo de Assistência Médica e critica a idéia da criação de uma caixa;

Pg. 03 – Carta criticando a falta de cooperação e desunião da classe operária petropolitana que monta a casa de 15 mil operários, que se deixam levar pelos vícios que operam na cidade e depois se queixam, caso contrário firmassem nas associações teriam voz e representatividade junto aos patrões e às instituições – autor, o Pequeno Operário (pseudônimo);

“O Fantasma Azul” – Denúncias contra o mau comportamento por parte de um gerente da Cometa (9) que anda armado e praticando atos corruptos contra os subalternos e contra o estabelecimento – autor Cometa (pseudônimo);
Denúncias de acontecimentos no interior do estabelecimento do meio-da-serra – autor, Cometa (pseudônimo).

(9) Como podemos observar, a Fábrica Cometa era a campeã de reclamações no seio do operariado.

Edição no. 11 – 07/11/1917

pg. 1 – “Incompreensíveis” – Comenta o engodo armado por um funcionário do estabelecimento junto a gerentes, chefiando a greve para só conseguirem e aceitarem os 10%, e o abandono que realizaram contra o Centro Operário Primeiro de Maio só pelo não pagamento das contribuições que mantêm vivo o Centro que é o único que pode lutar legalmente – autor, Orlindo Xavier;

pg. 2 – Denúncias contra a situação em que se encontram os banheiros dos funcionários da Cometa; contra os abusos dos contra-mestres e imoralidades dentro dos estabelecimentos; agradecimentos ao gerente da Cometa que tem procurado se mostrar ativo quanto às injustiças.
Edição no. 12 – 10/11/1917

Elogios ao procedimento da Cia. Petropolitana da Cascatinha mantendo uma ótima escola e uma creche;

Pg. 2 – Transcrição da carta-apelo dos operários belgas aos operários de todo o mundo;
Demissões de operários alemães dos estabelecimentos petropolitanos (10);
Denúncias de mau-comportamento na Cia. Santa Helena.

(10) Uma conseqüência da primeira grande guerra na região. Tal fato poderia ser mais bem pesquisado e estudado caso fossem indexadas e traduzidas as noticias pertencentes ao único jornal alemão da época e que foi empastelado, Nachrichten, que chegou a ser empastelado pela população. Além da abertura dos documentos da Delegacia de Polícia local à pesquisa, e que se encontram há duas décadas sob a proteção do Arquivo do Museu Imperial.

A ALVORADA
Edição no. 1 – 31/03/1921(11)

(11) N/A sobre falha de pesquisa – Como a indexação destes jornais, realizou-se, sem qualquer patrocínio, nos intervalos do magistério, uma falha ocorreu quando da indexação de A Alvorada, faltou a numeração das páginas dos exemplares, como praxe necessária ao processo de identificação do noticiário durante a pesquisa. Porém, releve-se como fato mais importante o registro histórico desta preciosidade ante a dilapidação por que passam arquivos públicos.

Editorial: “Antes de Tudo” – Jornal de orientação, de propaganda socialista-associativa, luta em prol do povo, dos trabalhadores;

Conferência do acadêmico Salomão Pedro Jorge, domingo 03/04/21 no Sindicato dos Operários de Cascatinha, à Rua da Saudade, com o tema: O Valor da Solidariedade Operária;

“Pela Instrução dos Proletários” – Homenagem à iniciativa do Grêmio Artístico Renovação, que tudo fará pela instrução do proletariado, retirando-o da ignorância para a verdadeira revolução social (aula diária de Esperanto com quinze alunos) – autor Américo Falleiro;
“Uma Bela Idéia em Marcha” – Nota sobre o surgimento do “Grêmio do Proletariado” para a educação moral e intelectual do proletariado – autor D. Gildo (pseudônimo);

“O Pavor da Carestia” – A alta dos gêneros alimentícios, o aumento dos impostos, os armazéns abarrotados de mercadorias, próximas semanas críticas com o aumento do câmbio, o contraste capitalista X trabalhador, “Trabalhadores! A situação é verdadeiramente angustiadora! Só em vossas mãos reside remédio para tantos males e perigos. Organizai-vos, associai-vos, fortalecei-vos em vossos sindicatos! …” – autor Aldo (pseudônimo);

Edital: da “União dos Trabalhadores de Petrópolis” – Às classes de operários em construção civil e ao operariado em geral, o artigo conclama todos os trabalhadores à união, que sejam esquecidas as diferenças – autor comissão executiva;

“Aos Tecelões” – o artigo lamenta o estado de desorganização da classe e conclama a reorganização da mesma e conscientização ante o momento de exploração – autor João da Costa;

Nota: sobre o segundo aniversário de fundação do Centro dos Operários das Pedreiras de Petrópolis, seção solene na sede social às 7 horas da noite, convida a todos;

“Kropotkine” – Artigo descrevendo o funeral do grande revolucionário, citando a presença da anarquista americana Ema Goldmann que falou em nome dos trabalhadores da América;
Notas: Elogiam o aparecimento do novo jornal e ressalta, sua linha nacionalista e trabalhadora – autor Amil (pseudônimo);

Última Hora: Assembléia Geral na União dos Operários de Fábricas de Tecidos no dia 02/04/21 e também a programação de uma reunião do Grêmio de Informação Proletária no dia 07/04/1921;

“Trabalhadores da Prefeitura” – o artigo cita a situação de indiferença da classe diante da organização, cita que chefes de família com sete e oito filhos ganham em média ordenados de 5$ a 8$, e os da prefeitura com $3 a $4 – Que deixaram morrer o Sindicato dos Operários da Prefeitura que foi durante a década tão ativo na reivindicação de seus direitos e de organização de greves. Conclama todos à União dos Funcionários de Petrópolis para lutarem;

“Vida Operária” – discute a autonomia dada pela União dos Funcionários das Fábricas de Tecidos ao novo Sindicato(12) formado em Cascatinha, resolvido na assembléia geral de quarta-feira passada e que se encerrou às onze horas da noite ao som da “Internacional”;
Internacional: Os operários e industriais italianos chegam a um acordo sobre a fiscalização daqueles nas fábricas (15/03/21) – do correspondente, Giuseppe Sprovieri (13).

(12) Este fato deve ser observado com grande importância nesta nova fase do sindicalismo petropolitano, que critérios conduziriam a uma autonomia no movimento da Cascatinha? As relações mais estreitas entre os gerentes da fabrica e o movimento? Ou as condições especificas do operariado local em maior número na cidade?
(13) Giuseppe Sprovieri foi no mesmo período proprietário de uma famosa galeria futurista em Roma, para a qual acorriam inúmeros artistas italianos como Fortunato Depero, Marinetti, Balla e Cangiullo, com o objetivo de expor e ganhar consagração, já que Giuseppe, foi organizador de famosas exposições, 1914/1920. Em 1947, reinicia a publicação do diário. “A Província”, em Roma, com Mario Levi, Mauro Morone e o escritor Fiorino Soldi, autor de Capital do Pó” em 1957. http://www.casatosoldi.hpg.ig.com.br/paginas/bibliografia_fiorino.htm; http://www.guggenheim-venice.it/italiano/06_artisti/depero.htm.

Edição no. 5 – 15/06/1921

“A Carestia da Vida” – Os trabalhadores das fábricas em tecidos correm perigo com a questão das oito horas e as porcentagens conquistadas. – Os industriais se organizam e concebem planos para a derrubada dos direitos, argumentando a baixa do algodão e o câmbio, a conclusão foi tirada pelo estabelecimento da semana de cinco dias na Fabrica Cometa do Alto da Serra, e que este ardil continuará na medida que for para 4 e 3 e, então, propor-se-á os seis dias na condição que se cancele as oito horas e a porcentagem;

“Civilização” – Análise do quadro de fim de guerra na Europa, mortalidade, fome, nascimento (demográfico), uma guerra burguesa, estatísticas que devem ser decoradas por todos os militantes revolucionários – autor, Astrogildo Pereira (14);

“Grito Rebelde” – Conclamação a toda a juventude para lutar contra os tiranos, para levantar o proletariado para se libertarem – autor, Romeu Bolelli;

“Postais” – Porque hoje não contamos, o proletariado, mais com a mesma força a mesma organização de antes. Porque em 1917 todos concorriam com solidariedade às associações em busca de lutar por melhores condições e vantagens – autora, Ada Alves (15);

“Retificação” – Solicitada pela União dos Operários das Fábricas de Tecidos em Petrópolis da notícia quanto a um possível acordo entre esta e a Fábrica de Tecidos Donna Anna, na pessoa de seu diretor, quanto à questão do “serão”, o que não houve;
“Ao Operário”- Poema de Joaquim dos Anjos (16);

(14) Consagrado jornalista e líder comunista brasileiro.
(15) Grande líder feminista e grande ativista do operariado petropolitano.
(16) Ao que tudo indica seria um dos inúmeros pseudônimos de Lima Barreto ou de Graciliano Ramos, para os jornais anarquistas da época. (N.A Não conseguimos avançar em maiores investigações, permanecendo no campo da hipótese – Não encontramos qualquer poeta ou escritor em Petrópolis com tal nome ou pseudônimo).

“Centralização de Forças” – Reclama do desânimo por parte do operariado para a luta, para o momento que se acerca na união dos irmãos de todo o mundo “são por acaso, os trabalhadores petropolitanos, incompetentes para a luta social?” A fiscalização que se faz nas obras e fabricas não permitindo as conversas que resultariam num fortalecimento. Não houve reação porque os trabalhadores se mostraram covardes. Devem-se se reunir, centralizar forças para abater as injustiças – autor, Domingos Braz;

Anúncios e editais:
“Casa Brasileira” Bazar, pg. 03;
“Vida Operária” – A União dos Operários das Fábricas de Tecidos convida os operários petropolitanos cobradores ou não a virem saldar suas contas, para apresentação do balancete da União – Convida toda a “Vanguarda” para a reunião especial no dia 16/06/1921, às 19 horas – Sucursal do Centro dos Operários das Pedreiras, reunião sábado, 18/06/1921;

Outros Anúncios:
A Fortaleza (17) (Chaves, Cruz & Com.);
Armazém Petrópolis (Rua Floriano Peixoto, 238);
Casa Seabra;
Fábrica de Móveis (Manoel Gonçalves);
Água Mineral Lambary;
Vermífugo Fluminense. (18)
Edição no. 8 – 16/07/1921

(17) Tradicional loja diversificada do centro da cidade, que possuía grande clientela e já havia recorrido ao expediente de um jornal gratuito de distribuição direcionada para dar publicidade aos seus produtos.
(18) A grande variedade de anunciantes nesta folha já de características anarco-sindicalistas é impressionante para um órgão como este.

“A Tomada da Bastilha”- Artigo comemorativo da “queda da Bastilha” durante a Revolução Francesa e conclamando o povo a seguir o exemplo francês e realizar o seu próprio 14 de julho derrubando a fortaleza burguesa das “bastilhas industriais”;

“Postais” – 10/07/1921, posse da Comissão Executiva, nova, da União dos Operários das Fábricas de Tecidos, foi convidado para realizar uma conferência, Maurício de Lacerda (19), não havendo comparecido, e sendo substituído por Luiz Palmeira que trouxe carta do ex-deputado explicitando os motivos e, na palestra, disse ser necessário “transigir” para poder alcançar alguma coisa, no que foi aparteado pelo professor Adelino, que o contestou;

“O Camponês e o Patrão” – Crônica anônima;

Frase de Ordem – “Aumenta a falta de trabalho nas fábricas. O lar do operário enche-se de miséria e fome. De quem é a culpa?”;

Coluna: O proletariado nos Estados:
18/06/1921 – Conferência de Domingos Passos (20), secretário excurssionista do 3o. Congresso Operário Brasileiro, por iniciativa da Federação Operária Mineira, em Juiz de Fora, apresentado por J. Gomes Filho, presidente da Federação, e exaltado por Walkiria Ribeiro, representante do Grêmio Recreativo Tiradentes – Analisou o atual momento da humanidade, a necessidade de organização dos trabalhadores para defenderem-se da exploração capitalista. Analisou a ação do clero na humanidade, o contraste do segundo mandamento e a ação dos “corvos batineiros”, benzendo as armas – Depois a Legislação X Carestia – Cecília Ribeiro fala sobre a emancipação da mulher. – Despedida de Francisco Prado, chefe político local e patrono da Federação, de partida para assumir o cargo de deputado no Ceará. – Às 10 horas encerramento do Congresso ao som da Internacional , e com um baile.

(19) Pai do jornalista Carlos Lacerda e, na época, um dos irmãos presos por Artur Bernardes.
(20) Chamado de o “Bakunin Brasileiro” por seus companheiros. Um jovem negro, carpinteiro de profissão, anarquista e membro ativo da União dos Operarios em Construcção Civil (U.O.C.C.): Passos era, já naquela época, o alvo preferido da Polícia carioca e, se não o mais, um dos mais queridos e respeitados militantes operários do Districto Federal. A divulgação de sua presença na conferência conduz a uma observância do estreitamento dos grupos operários e de imprensa locais com os de Juiz de Fora. Petrópolis ficava no caminho, o que nos indica também uma relação estreita com os militantes de passagem.

19/06/1921 – Segunda conferência na Reunião dos Condutores de veículos em Petrópolis;

21/06/1921 – Palmira, na sede da Filial da Federação Mineira, temas “A Organização Obreira” e “Política e os Trabalhadores”

26/06/1921, Juiz de Fora – Convidado pelo professor J. Esteves Dublin, debate oral, tema: “Evolução ou Revolução?”, ao término afirma que “Só a revolução, concretizará a concepção libertária da humanidade” – autor, correspondente (não identificado);

“Grito Rebelde”, cita os males causados ao povo pelo capitalismo e por sua dirigente sociedade burguesa, a inércia do Estado devorando a todos. “Marcham idéias para o advento de um mundo novo. É castigo para os tiranos…” – autor, Romeu Bolelli;

“Critério sobre o Cooperativismo” – Que a cooperativa baseia-se na exploração capitalista…, embora aparentemente sem intermediário. É favorável a avidez dos lucros, a transformação de novos burgueses explorando seus companheiros de ontem – autor, Carlos Dias (21);

(21) Carlos Dias assim como os intelectuais José Oiticica, e Fábio Luz, além de Domingos Passos, eram, freqüentemente, convidados para conferências nas sedes sindicais, tanto do Rio como do interior do Estado, como comprova a informação aqui presente. Também participava ativamente dos festivais operários, atuando nas peças teatrais, declamando poesias e palestrando sobre temas sociais.

“Governos e Bandidos” – Crônica comparativa, onde a vileza dos governos é acentuada ante o fato dos bandoleiros só realizarem sua sobrevivência – Retirado de Leon Tolstoi, Governos Instituições Inúteis;

Passeio em Areal – 18/06/1921, promovido pelos operários da Fábrica de Tecidos Donna Anna;

Anúncios: Os mesmos das edições anteriores, somado ao de M. H. Khan, Avenida Rio Branco, 129, Rio de Janeiro.

FICHA TÉCNICA DO JORNAL
Titulo: A ALVORADA
Inicio: 31/03/1921
Término: ?
Proprietário: “Grêmio de Instrução Proletária”
Redação: Avenida XV de Novembro, 1037 (então sede do Grêmio)
Características: Intitulava-se “Porta-voz das Classes Operárias”, edição quinzenal, “com colunas dedicadas a ação das classes operárias e um informativo do movimento operário local, nacional e internacional”
Tamanho: 35,5 X 26,5 cm
Páginas: 4
Colunas: 3
Observação: Existiam os exemplares números: 1, 5 e 8, a época da indexação.
FICHA TÉCNICA DO JORNAL
Titulo: A ORDEM
Inicio: 03/10/1917
Término: 17/08/1918
Proprietário: Bertho (Antonino ou Antonio) Condé, até o no.18, desde em diante passa a pertencer a uma associação tornando-se posteriormente Órgão da Classe Operária.
Redação: Rua Marechal Deodoro, 94
Características: Política municipal, política trabalhista, ideologia, temas operários e em defesa das classes operárias. Expressão literária com um folhetim intitulado “Romance da Vida Operária”
Tamanho: 37,5 X 28 cm
Páginas: 4
Colunas: 4
Observação: Existiam os exemplares números: 3, 4 de 9 à 25, de 27 à 53 e o de 55, a época da indexação, 1982.
Depositados na Hemeroteca Pública pertencente à Biblioteca Municipal de Petrópolis.
As fac-similes foram publicadas junto com as respectivas fichas técnicas pela Tribuna de Petrópolis em 1984.