Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança – Associado Correspondente

O Brasil sempre foi uma grande atração para os botânicos e etnólogos. Sobretudo os cientistas de língua alemã se distinguiram.
Entre os primeiros que se notabilizaram, encontrava-se Maximiliano de Wied-Neuwied, o qual se aventurou no nosso interior de 1815 a 1817.
Numa obra notável e ricamente por ele ilustrada, tornou o Brasil mais conhecido.
Se até então uma grande parte de exploradores eram colecionadores, com a vinda de Dona Leopoldina ao Brasil isto mudou.
Uma série de cientistas aproaram, em grande parte financiados pelos seus soberanos.
Longa seria esta relação, mas não podemos nos subtrair de mencionar von Martius e von Spix. Mundialmente são conhecidas as obras destes eminentes sábios, que percorrendo o Brasil entre 1818 e 1820 deixaram, entre as inúmeras obras, a famosa “Flora Brasiliensis” universalmente conhecida, que Oliveira Lima denominou como “um dos mais notáveis monumentos da mente humana”.
Não devemos esquecer também o grande naturalista Pohl, com a sua importante obra publicada entre 1832 e 1837, sobre a sua expedição ao interior do Brasil.

Na longa lista de cientistas que analisaram o interior, sua famosa flora e etnologia merece outrossim uma menção, o Príncipe Alberto, sobrinho do Rei Guilherme III da Prússia. Este desembarcou no Rio em 1842, trazendo uma selecionada comitiva.
Iniciou a sua viagem homenageando Dom Pedro II, pois trazia nas suas malas a Ordem da Águia Negra para ele, a maior distinção do seu país.
Cumprida a missão diplomática, iniciou a missão científica.
Esta consistia na exploração do Xingu, o então desconhecido afluente do Amazonas.
Esta aventurosa expedição também teve como resultado uma importante publicação em 1842/43 que é um diário ilustrado pelo próprio Príncipe que encontrou grande apreciação de Humboldt.
Na guarnecida lista de cientistas, von Martius permanece todavia a maior glória.
Até ao fim da sua vida ele manteve contatos com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do qual era membro, e Dom Pedro II em 1872, passando por Munique, foi depositar flores na sua tumba.
Nós conhecemos o grande interesse da Imperatriz Dona Leopoldina pela fauna, flora e mineralogia do Brasil.
É a primeira mulher que se interessou pela mesma e que através dos cientistas trazidos em sua comitiva, como Johann Natterer, enviou importantes objetos indígenas, os mais variados minerais, plantas e animais empalhados para o Museu de História Natural de Viena. O famoso Natterer ficou depois 18 anos percorrendo os pontos mais recônditos do país, casando inclusive com uma moça brasileira.

Completamente desconhecida é uma mulher cientista que no século XIX se tenha aventurado nas nossas matas para estudar a natureza.
Esta é a Princesa Theresa da Baviera a qual nós podemos indicar como uma das fautoras e pioneiras da emancipação feminina nas pesquisas da botânica e da etnologia.

Princesa Teresa da Baviera   Pintura de Auguist von Kaulbach (1850-1920) (Propriedade privada)

Princesa Theresa da Baviera
Pintura de Auguist von Kaulbach (1850-1920)
(Propriedade privada)

Theresa foi uma figura profundamente humana e de alta formação intelectual e moral.
Mesmo sendo o estudo dos países desconhecidos uma moda no seio da nobreza da época, sobretudo a alemã, no caso da Princesa Theresa era uma vocação.
Ela teve uma vida das mais interessantes e das mais fecundas.
O seu espírito observador, sua curiosidade pelas ciências, sua vida cheia de humanidade, de modéstia e de uma grande retidão, a fazem uma das mais admiráveis damas do seu tempo.
Apesar de ter visitado e escrito sobre o nosso país, ela é desconhecida no Brasil.

No dia 13 de novembro de 1850, o Príncipe Luitpoldo da Baviera, o futuro Regente, fazia anunciar que no Palácio Real de Munique, a sua esposa, a Princesa Augusta, nascida Arquiduquesa da Áustria, do ramo dos Grão Duques da Toscana, havia enriquecido a dinastia com o nascimento de uma filha.
Esta foi baptizada dois dias depois pelo Arcebispo de Munique de Fresinga, na sala do trono, com os nomes de Theresa Charlotte Marianna Augusta.
Ela nasceu num berço de ouro, como podemos ver, fruto de um matrimônio de amor, raro naquele tempo nos ambientes reais.
Os pais haviam casado na Catedral de Florença. Augusta tinha nascido naquela cidade, então capital do Grão Ducado.
Sabemos que ela foi uma grande amiga de infância de Dona Theresa Christina a qual se referia a ela como “la mia cara cugina”.
Augusta faleceu cedo, deixando profundo pesar.
Theresa tinha 14 anos.
Três irmãos ainda compunham a sua família, que precisa ser apresentada.
O mais velho foi o futuro Rei Ludwig III, Leopold casado com Gisella, filha do Imperador Francisco José e o irmão Arnulfo fechavam o cerco dos companheiros de sua juventude.
Theresa teve uma educação muito severa e estudou com professores particulares. Estes logo perceberam o seu notável grau de inteligência e a sua grande vontade de apreender.
A família morava no Palácio Leuchtenberg de Munique que a casa real bávara tinha adquirido.
Theresa, portanto, foi criada nos mesmos quartos onde viveu a nossa Imperatriz Dona Amélia, frequentando também os mesmos salões.
A sua educação foi impregnada de uma profunda religiosidade que ela sempre conservou apesar do espírito liberal da época.
Coisa rara naquele tempo ela se exercitou nos mais variados esportes.
Os seus estudos continuaram e continuariam após a morte da mãe.
Esta havia supervisionado e seguido pessoalmente com seriedade a instrução dos filhos.
O falecimento da mesma causou uma profunda ferida no coração da jovem Theresa, a qual se aproximou ainda mais do pai, o bondoso Príncipe Luitpold.
Este teve que exercer a regência durante longos anos, por causa da incapacidade dos Reis Luís II e Otto I.
O regente foi muito amado pelo seu povo e ele encontrou um grande apoio na filha.
Theresa passou a ser a Primeira Dama do reino. Assim mesmo, ela conseguiu reunir este cargo, que não lhe condizia, com os seus estudos de botânica e etnologia.
Estes eram a sua verdadeira vocação ao mesmo tempo ligada a um espírito de aventura.
Atingida a maioridade, foram-lhe propostos diversos casamentos. Cada qual mais tentador. Theresa os recusou todos. A paixão de sua vida tinha sido o Príncipe Otto, seu primo, o qual após o irmão Luís II, deveria ter sido rei da Baviera.
Ocorreu a infeliz doença de Otto. Foi um grande choque. Todos os anos, pelo menos duas vezes, ela ia visitá-lo na clínica e olhando-o, via com infinita tristeza o inexpressivo e vago semblante do mesmo.
Este estado, esta profunda tristeza devem tê-la animado ainda mais a desenvolver seus estudos e a empreender pesquisas, visitando os mais variados países.
Petrificada em sua grande dor, ela nunca casou, renunciando sempre todas as importantes propostas matrimoniais.
A corte no entanto a chamava.
Teve que aceitar o cargo honorário de Abadessa do Convento das Damas Nobres de Sant’Anna, em Munique, e acompanhar o regente em muitas viagens oficiais.
Finalmente, conseguiu livrar-se dos empenhos da Corte e em 1875 empreendeu uma viagem com o irmão predileto, Leopold, para a Tunisía, Argélia, Espanha, Portugal e França.

Apareceu em seguida a sua primeira publicação: “Excursão à Tunísia”.
Seguiram-se viagens para a Dinamarca, Suécia e Noruega.
Em 1885, realizou uma longa e interessante viagem na Rússia, que visitou de São Petersburgo até ao Mar Negro.
Várias outras viagens se seguiram na Europa e nos Estados Unidos, sempre seguidos de relatórios científicos e enriquecimento das suas coleções e as do Museu de História Natural da Baviera.
Em 1888, seguiu com um pequeno séquito para o Brasil.
O império do Brasil era o país que mais a atraiu na América do Sul.
As suas viagens não eram como hoje as poderíamos imaginar, realizadas por uma senhora de alta posição social, mas eram sem conforto e luxo.
Foram em tendas no meio do mato e em pequenas pensões e albergues no mais absoluto incógnito.
Theresa fazia-se acompanhar por uma Dama da Corte, a Baronesa Francisca de Lerchenfeld, a qual naturalmente também devia renunciar a toda e qualquer mordomia.
A acompanhava um servidor que era também taxidermista, isto é, esperto em empalhar e embalsamar os muitos animais raros encontrados.
Acampanhava o grupo, um alto oficial, o General Maximiliano von Speidel, que devia providenciar e organizar as várias expedições.
Este era uma pessoa idosa, da confiança do Regente.
A Princesa fotografava com maestria o que na época era uma raridade.
A viagem ao Brasil de 1888 foi para o Museu de História Natural de Munique uma continuação da viagem de von Martius e von Spix, pelas muitas peças trazidas.
Estas incursões, as mais arrojadas representaram não poucos perigos. A princesa sempre afirmava: “eu nunca tive medo na vida”.
A viagem científica ao Brasil foi muito bem preparada e estudada nos mínimos particulares. Estavam equipados com tudo aquilo que havia do mais moderno e prático naquele tempo.
Theresa despediu-se do tão amado pai, o Regente, e dos numerosos parentes.
Atravessaram a França e a Espanha chegando em Portugal nos primeiros dias de junho de 1888.
A bordo do navio inglês “Manauense” deixou Lisboa com a sua pequena escolta no dia 14 de junho.
Tocaram a Ilha da Madeira, passearam pelo Funchal que já tantos parentes tinha acolhido, como a Princesa Dona Maria Amélia, filha de Dom Pedro I do Brasil, o Arquiduque Maximiliano, futuro Imperador do México, e a Imperatriz Elisabeth da Áustria.
Finalmente chegaram a Belém do Pará. Era o dia 26 de junho. A entrada no porto de “Ver o Peso” desde logo a fascinou. Estava num outro mundo. Cheia de novas emoções e feliz com o começo da almejada viagem.
Desceu do navio, visitando a cidade, hospedando-se no Hotel Central.
Ficaram em Belém até o dia 1º de julho, percorrendo detalhadamente os arredores, colhendo plantas e fotografando.

A Princesa viajava em incógnito sob o nome de Condessa Elpen, nome que figurava também no seu passaporte.
Começaram as anotações sobre a flora e fauna e sobre o Brasil em geral.
O resultado desse meticuloso relatório deveria dar um grosso volume que a Princesa publicou 9 anos depois, em 1897.
Este livro, ela dedicou com as seguintes palavras ao último soberano do Brasil:
“Dedicado à memória de sua Majestade, o tão venerado e inolvidável Imperador Dom Pedro II do Brasil”.
Depois de alguns dias, subiram o Rio Amazonas.
Vestida de maneira quasi masculina, mas mesmo assim ela dava na vista pois uma exploradora mulher a gente ainda não tinha visto naqueles lugares.
Pararam em Óbidos e por fim chegaram em Manaus.
Não sabemos se realizou uma visita à cidade, o que era presumível, mas o seu interesse era adentrar-se na floresta.
O paternal General von Speidel fretou uma embarcação e assim, durante 13 dias, subiram os rios Negro e Solimões.
Foi uma viagem aventurosa nas margens desses rios.
Adentrando-se na floresta, encontraram índios que conquistaram com diversos presentes. Caçaram, empalharam e encontraram plantas desconhecidas e muitos insetos.
Com uma série de interessantes informações e com um abundante material voltaram para Belém.
Estava chovendo quando desembarcaram no porto.
Tinham as roupas sujas e rasgadas quando voltaram para o hotel.
O próximo objetivo teria sido a Ilha de Marajó.
Theresa queria ver a flora e visitar os grandes rebanhos de búfalos.
Não encontrou um vapor que a levasse.
Tomar uma chalupa teria sido demasiadamente arriscado e a princesa não quis expor a um perigo os seus acompanhantes.
Assim a solução foi ficar em Belém.
A primeira coisa que realizaram naquela bela cidade foi visitar o Museu Etnográfico que hoje deveria ser o conhecido e conceituado Museu Goeldi.
Esta visita foi demorada e tantas foram as perguntas que a ilustre visitante fez, que o encarregado ficou admirado com a erudição daquela senhora estrangeira.
Várias famílias a receberam e não sabemos quem foi o mediador desses encontros.
Possivelmente algum representante consular alemão, ou um comerciante germânico realizou os contatos.
De uma família ela gostou particularmente, pois além de todas as gentilezas recebidas, a dona da casa tocou para ela, no piano, árias do Guarany de Carlos Gomes.
Devemos lembrar mais uma vez que a viagem tinha um intuito puramente científico e por isso não podemos ficar admirados em ver da parte da ilustre viajante um interesse relativo, podemos dizer marginal, pelas cidades em geral.
Interessavam as malocas dos índios, os quais ela distinguia perfeitamente conhecendo o nome de cada tribo.
Os dias estavam passando e o navio que iria tomar estava demorando.
Para ocupar o tempo, decidiu visitar “Ilha das Onças” que não estava muito distante.
Nesta excurção viu a “Hevea Brasiliensis” e encontrou uma casa de um seringueiro que lhe forneceu todos os detalhes da extração do latex, até a sua comercialização.
Na mesma ocasião, encontrou na ilha uma grande variedade de orquídeas, das quais tomou nota e as fotografou.
Já conhecia também todas as lojinhas perto do cais do porto, onde abundavam os mais variados animais exóticos.
A coleção de animais já era grande, mas assim mesmo, Theresa se deixou tentar e comprou diversos exemplares de pássaros.
Uma “Boa Constricta” não teve a “sorte” de ser aquirida pelos problemas de transporte.

Finalmente chegou o “Ita”, que na realidade era o “Maranhão” da Companhia Brasileira de Navegação a Vapor.
Vários ajudantes levaram as volumosas bagagens, gaiolas e embrulhos vários para o navio.
No dia 28 de julho deixaram Belém.

Tiveram uma viagem calma, bordejando a costa e chegando no dia 30 em São Luiz.
O navio ficou ancorado na barra de São Mateus e assim uma pequena embarcação levou Theresa com os seus acompanhantes até o cais.
Ela logo constatou que a maré naquele litoral é a mais acentuada de toda a costa do Brasil, variando de 6 a 8 metros.
A parada foi curta, deu tempo para visitar superficialmente a cidade.
Entrou na Sé e visitou a Igreja de N. S. dos Remédios.
Uma coisa que a surpreendeu foi a limpeza das ruas e gostou da linda arborização das praças.
Naturalmente ela entrou em algumas lojas, como costumava fazer, e foi acolhida com um grande entusiasmo e com uma gentileza fora do comum.
Estranhou, mas depois soube, achando muita graça que tinha sido confundida com uma famosa cantora que estava sendo aguardada na cidade.

A próxima etapa seria Fortaleza.
Já viu a distância, que a costa era mais árida e não mais tão verde como o litoral amazônico.
Ao longe apareceu a serra de Maranguape e, finalmente, o “Maranhão” entrou no porto.
As praias cearenses a encantaram e ainda mais as dezenas de jangadas que se moviam no horizonte.
Não resistiu em dar uma pequena volta numa jangada, que achou muito original e única no seu gênero.
Não sabemos como esta excursão se realizou e como terminou.
As pessoas de sua escolta deviam ter ficado preocupadas, apesar de Theresa ter sido uma ótima nadadora.
A divisa dela sempre foi, como já dissemos: “Eu nunca tive medo de nada na vida” e ela, também no futuro, o demonstrou sobejamente.
Grande era a alegria de Theresa, quando o vapor aumentava, fora do programa, as suas permanências nos portos.
Em Fortaleza isto aconteceu.
Reuniu o seu grupo e decidiu tomar o trem para Maranguape.
Foi a sua primeira experiência ferroviária no Brasil.
O que para um europeu é uma pequena distância, esta, no Brasil, tem outras dimensões.
A serra de Maranguape, com o Pico da Rojada, de 980m de altura, parecia de imediato alcance. Na realidade, distavam 28 quilômetros.
O trem se pôs em movimento, os vagões estavam de janelas abertas por causa do calor e as fagulhas perigosamente se depositavam e estragavam as roupas dos passageiros.
A locomotiva era aquecida com lenha.
Na primeira elevação parou.
Tinha que aumentar o vapor para poder superá-la.
Isto não preocupou os viajantes habituais.
O vizinho que conversava alegremente se virou para a princesa e disse “a locomotiva está cansada!”
Este espírito acomodado e fatalista do simpático vizinho causou nela uma certa hilaridade.

Uma paisagem diferente estava desfilando. No começo viam-se grandes extensões de cerrado e depois, aos poucos, começaram a aparecer palmeiras de Carnaúba, as quais Theresa reconheceu, anotando a importância econômica das mesmas.

Quanto mais se estavam aproximando da serra, viam-se plantações de algodão e de café.
Por fim apareceram extensões de cana de açúcar ao redor de alguns pequenos engenhos.

Quanto mais se aproximaram de serra, mais linda estava ficando a paisagem.
Depois de algumas paradas, o trem chegou a Maranguape, pequena cidadezinha que então tinha 12.000 habitantes.
Theresa pediu ao general para descobrir um hotel, mas este voltou desanimado, dizendo que somente havia encontrado uma casa particular, que alugava quartos mas sem conforto algum.
O chuveiro era numa casinha perto da casa principal, assim como a toilette.
Por cama existiam redes à maneira nordestina.
Os quartos não tinham teto, para facilitar a ventilação.
Após ter feito a devida pré-anotação foram fazer um passeio na direção da mata. Antes de chegar na mesma, pararam numa fazenda de gado e Theresa ficou espantada em ouvir falar da praga dos morcegos, que tantos estragos estava causando aos rebanhos.

Para o dia seguinte, às cinco horas, o general havia arranjado cavalos a fim de que todos pudessem subir a serra.
Theresa desejava fazer uma pesquisa na flora, lá em cima.
Após uma noite mal dormida, estavam aguardando os cavalos, que não vieram.
Grande foi a desilusão, mas Theresa resolveu que todos seguiriam a pé, pelo menos até uma parte da serra. Para subir ao pico da Rojada, o tempo não seria suficiente.
Ainda estava escuro e seguiram assim mesmo numa estreita picada ao clarão da lua.
Passaram perto de umas malocas de índios Potiguaras, já bastante civilizados, que não se mexeram ao vê-los passar.
O dia estava clareando e um espetáculo magnífico se abriu diante deles.
No fim, longe no horizonte, apareceu o mar.
O nascer do sol completou o lindo panorama.
Theresa avistou diversas plantas, ainda desconhecidas que logo seriam fotografadas e levadas para serem secas.
Ficou deslumbrada com a quantidade de árvores de Ipê Amarelo e pela quantidade de côrregos que desciam da Serra.
Não foi possível ficar mais tempo na serra de Maranguape, pois o trem da Estrada de Ferro Baturité devia partir em breve.
Ficou muito triste em não ter completado a escalada à serra.
Já na cidadezinha, a caminho da estação, viram numa quitanda um pequeno “mocó” que Theresa logo reconheceu como sendo uma “Cavia Rupestris Wied”.
Acharam-no lindo e o acariciaram, seguindo para frente.
Ao chegar à estação, Theresa foi alcançada pelo dono da venda e mais duas pessoas desconhecidas “as quais com a provérbial gentileza brasileira”, conforme anotou Theresa, lhe ofereceram o “mocó”.
Ficou encantada, pois não aceitaram alguma recompensa. Virando-se para a comitiva deixou escapar: “agora temos uma mala a mais”.
Realmente estava levando uma pequena arca de Noé.
O trem desta vez funcionou, e justo em tempo, chegaram para embarcar-se no navio.
A bordo o comandante era muito gentil, mas naturalmente estava-se ocupando mais pelos seus conhecidos.
Theresa, ajudada pelo taxidermista e pela sua dama, aproveitou a viagem, mesmo sendo esta um pouco borrascosa, para catalogar e descrever plantas, pássaros e animais adquiridos durante toda viagem.
Após ter contornado o Rio Grande do Norte, no dia 4 de agosto chegaram na foz do rio Paraíba.
O “Maranhão” lançou as âncoras em frente de Cabedelo.
Como a permanência devia ser bastante longa, para permitir as cargas e descargas, o general fretou uma lancha e assim subiram o rio até a localidade de Martins.
Desceram perto de um grande coqueiral.
Um simpático mulato lhes ofereceu água de coco.
Estavam com sede e a acharam muito refrescante, com um “sabor estranho”.
Theresa levou alguns cocos e após gratificar o amável guardião, voltaram para o navio.
Uma grande sensação foi a chegada no Recife onde atracaram dois dias depois.
Theresa não estava esperando um tal movimento no porto, com a quantidade de navios transatlânticos que o visitavam.
Parece que estes eram alguns milhares por ano.
Além de conhecer os arredores do Recife, um dos desejos era visitar as cataratas de Paulo Afonso .
Esta aspiração não se realizou, pois o navio que a iria conduzir até Penedo tinha seguido dois dias antes e a ferrovia até lá estava interrompida pelo mau tempo.
Theresa ficou então conhecendo a cidade, passando pelas pontes dos rios Beberibe e Capibaribe.
Passando pela rua Princesa Dona Leopoldina, chegou ao Palácio do Presidente da Província, o “Palácio do Campo das Princesas”.
Achou ainda uma certa influência holandesa no estilo de certas casas do centro.
Visitou o Museu no bairro de Santo António, que achou desguarnecido de objetos indígenas.
Não podia deixar de visitar os comerciantes de animais exóticos.
Não resistiu e comprou um “Urubu Rei”, com quase um metro de altura.
O séquito já devia estar sobrecarregado…também a volta ao navio deve ter sido um espetáculo.
Feliz com a aquisição, aguardou a saída do “Maranhão” o qual, após uma rápida passagem por Maceió, no dia 9 de agosto dava entrada na Bahia de Todos os Santos.
Finalmente tinha chegado na primeira capital do Brasil, em São Salvador da Bahia.

Esmerou, com uma meticulosidade germânica em descrever toda a entrada na baía, a passagem pela Ilha de Itamaracá até a chegada ao porto.
Também a Bahia, como o Recife, era alvo dos navios transatlânticos que se dirigiam ao Rio, ao Sul do Brasil, para Montevideo e Buenos Aires.
Os hotéis estavam lotados e assim ficaram numa pensão primitiva, no bairro Vitória.
E o conforto da mesma era mínimo, a vista que se desfrutava no entanto, era uma coisa espetacular.
Theresa queria entrar no mato, as cidades pouco interessavam e assim ela tomou, levando sempre a sua escolta, um pequeno vapor que a levou para Santo Amaro, onde desejava adentrar-se na floresta.
Ao chegar, grande foi a desilusão pois todos os caminhos estavam impraticáveis por causa das fortes chuvas.
Visto o insucesso para uma eventual pesquisa, no dia 11 dedicou-se à cidade.
Naturalmente as belezas e a riqueza da mesma não passaram despercebidas.
Após esta visita, ela fez um passeio a pé até ao farol de Santo António, o qual com o velho forte apresenta um quadro de rara beleza.
Um outro desejo que infelizmente não se realizou, foi fazer uma visita a uma fazenda de cacau, mas isto teria representado uma deslocação maior.
O tempo de permanência já estava acabando.
De Salvador até o Rio ela mudou de navio, tomou o “Cidade de Maceió” com o qual no dia 13 de agosto rumou diretamente para a capital do Império.
Com grande entusiasmo, ela descreve com muitos pormenores a entrada na barra da Guanabara.
Ela narra meticulosamente a cidade e as redondezas, assim como a natureza e as montanhas que a cercam. É necessário dizer que visitou tudo, desde o Jardim Botânico, os vários bairros e Niterói.
Subiu ao Corcovado usando o bondinho, que três anos antes Dom Pedro II tinha inaugurado.
Alojaram-se em Santa Teresa, no “Hotel Vista Alegre” naturalmente como condessa de Elpen, conforme constava nos seus documentos.
Um vasto programa ainda estava pela frente:
Espírito Santo, São Paulo e naturalmente Petrópolis estavam faltando.

Princesa Teresa da Baviera no acampamento no Rio Doce  Foto de Edmund Beringer - Museu Thereseana, nº 32,1 Munique

Princesa Theresa da Baviera no acampamento no Rio Doce
Foto de Edmund Beringer – Museu Thereseana, nº 32,1
Munique

No plano estava também Minas e assim, depois de alguns dias, deixou o “Hotel Vista Alegre” e seguiu, sempre com a sua escolta, para Minas, visitando Ouro Preto e os bosques ao seu redor.
Visitou a Escola de Minas e a fabulosa coleção de minerais, guiada pelo Dr. Gorceix que a presenteou com diversos minerais existentes em duplicata.
Usaram o trem e assim, dia 20 de agosto estavam novamente no Rio.
Theresa ficou extasiada com a coleção ornitológica e a variedade de pássaros existentes no Jardim Zoológico da capital.
Viajou de bonde e assistiu, sempre em incógnito, à volta dos Imperadores da Europa, em 22 de agosto de 1888.
Ficou impressionada com a festiva acolhida que o povo reservou aos monarcas.
Já era uma conhecida e uma parente muito estimada de Dom Pedro II e de Dona Theresa Christina.
Havia visitado-os diversas vezes durante a permanência destes em Baden-Baden e em Munique; e parece, inclusivamente, que Dom Pedro II a tinha animado muito vir ao Brasil, oferecendo-lhe, inclusive um manual turístico sobre o país.
A Imperatriz foi, como já dissemos, uma das mais íntimas amigas de infância da mãe, a Princesa Augusta.
Naturalmente uma visita a São Christóvão não podia faltar.
Depois de alguns dias foi convidada, com a comitiva, para um encontro em São Christóvão.
Logo que chegaram na Quinta Imperial, penetraram no palácio e estranharam a ausência de guardas. Encontraram somente alguns lacaios, vestidos com libré verde que se moviam pelos corredores e escadarias.
Theresa foi convidada a acompanhar um camarista, atravessando alguns salões, na sua opinião “mobiliados modestamente”, até chegar à presença das Majestades.
“A acolhida foi simples e afetuosa como sempre,” ela descreveu a Imperatriz “pequena, não de aspeto majestático, porém mostra uma nobreza, distinção e bondade que conquista os corações.”
Dom Pedro II é mencionado como surpreendentemente alto, com um porte imponente, com um belo e distinto semblante e uma indescritível expressão de bondade que emanava dos seus olhos azuis.
Theresa estava encantada com o Imperador.
Achou que o seu porte majestático provoca uma atmosfera de respeito e ao mesmo tempo inspirava confiança.
“A sua maneira amável e jovial e a sua conversação interessante e animada têm algo de extremamente empolgante. O seu constante e incansável interesse pelo bem do seu povo nota-se a cada instante e merece a maior consideração.”
A princesa continuou com as suas interessantes observações sobre o Imperador e sobre a sua maneira sábia de governar e o seu grande espírito de justiça. Ressalta a sua enorme cultura e saber, que ele não guarda egoisticamente mas é toda dirigida para o bem do seu povo.

O que muito sensibilizou Theresa, foi que o Imperador pessoalmente lhe mostrou o Palácio de São Christóvão.
Encontramos uma detalhada descrição sala a sala e quarto a quarto.
Muito a emocionou ver no salão da Imperatriz uma fotografia da mãe, a Princesa Augusta, a grande amiga de Dona Theresa Christina.
Viu a sala do conselho, onde uma vez por semana se reunia com o Imperador o ministério.
Em seguida o Imperador orgulhosamente lhe mostrou a sua biblioteca particular que estava sistematizada em três salas contíguas.
A quantidade e a variedade dos volumes refletiam a grande cultura e os vastos conhecimentos e a quantidade de línguas dominada por S.M.
Com grande interesse Theresa examinou a coleção mineralógica, iniciada pela Imperatriz D. Leopoldina e continuada pelo seu ilustre filho.
Com uma memória extraordinária, Theresa guardou os mínimos detalhes dessa emocionante visita, que confiou ao seu diário de viagem.

Após a visita à Quinta de Boa Vista, voltou fascinada para a cidade para iniciar os preparativos para uma estadia em Petrópolis e uma visita mais demorada na Serra dos Órgãos.
No dia 17 de setembro às 6 horas de manhã, deixou o hotel em Santa Teresa com a comitiva para Mauá. A viagem para Petrópolis foi interessante pelas diferentes vegetações e paisagens que viu.
Hospedou-se no Hotel Inglês.
A flora de Petrópolis muito a atraiu e começou logo uma detalhada visita na floresta que cobre os morros da cidade serrana.
Evidentemente, após as pesquisas tão bem sucedidas, o motivo principal da estadia em Petrópolis era o maior convívio com os Imperadores.
Achou lindo o parque do palácio, em estilo francês e parte inglês.
Ela se maravilhou com a facilidade, com que as pessoas podiam aproximar-se dos monarcas. Com que simplicidade qualquer cidadão era acolhido. Não existia formalidade.
“Era um ser humano entre seres humanos”.
Assim também podia-se exprimir livremente a própria opinião, sobretudo porque o Imperador aceitava as discussões e respeitava os pontos de vista dos outros.
“A maneira inconvencional como se tratam as pessoas entre si, também a encontrei no Palácio Imperial. Tudo muito diferente da vida na Corte Portuguesa.”
Foram a Correias, a Cascatinha, etc.
Em Petrópolis a Princesa aproveitou o tempo para sistematizar o abundante material que colheu nas matas do Espírito Santo.
O “Herbário” era imenso e assim também a coleção de animais empalhados e devidamente embalsamados.
Theresa observou com muita atenção a população alemã de Petrópolis, conversando com muitas pessoas, perguntando às mesmas sobre a localidade de origem e as suas ocupações.
Um habitante lhe disse que o Imperador era um “bom homen”, ao qual ela acrescentou “e também um homem excepcional.”
Os dias em Petrópolis iam passando, quando no dia 20 ela recebeu um convite para almoçar no palácio. Foi um repasto rápido, pois é sabido que Dom Pedro comia pouco e muito rapidamente.
O casal imperial em seguida lhe mostrou todo o interior do mesmo e a Princesa nos dá um testemunho interessante.
Poucas são as descrições existentes sobre o Palácio de Petrópolis.
Este, portanto, é um depoimento valioso. Theresa assim se exprimiu:

“ A quinta imperial que foi construída apenas pelo atual Imperador, tem em sua maioria quartos amplos e comunicantes, os quais não estão todos arranjados no gosto brasileiro. No rés-do-chão encontra-se o quarto do camarista de serviço como também a pequena e bastante desguarnecida sala de jantar. Segue a sala do bilhar, o salão da Imperatriz, no qual a família se reúne à noite e o salão de recepção.
Este é muito simples e mobilado com cadeiras de vime, à maneira brasileira, dispostas ao redor das paredes.
No andar superior, encontra-se em primeiro lugar o quarto de trabalho do Imperador. Este tem o aspecto de um aposento próprio de um sábio.
Sobre uma grande mesa de trabalho estão inúmeros livros e brochuras em desordem.
Encostada à janela, encontra-se uma escrivaninha.
Neste quarto concentra-se o Imperador, o qual se levanta todas as manhãs às 6 horas, para ocupar-se das suas muitas atividades de Governo e da ciência.
A única decoração do quarto são dois quadros pintados pelas filhas, a princesa herdeira e a falecida Dona Leopoldina, Duquesa de Saxe.
Depois seguem os quartos de vestir, um vão para o criado e o quarto de dormir de Suas Majestades.
Também neste, encontra-se uma grande mesa sobre a qual estão colocados muitos livros. Isto porque o Imperador lê à sua consorte, todas as tardes às 15 horas, por uma hora e meia, livros italianos.
Este quarto é contíguo a um grande salão, o qual está tão desguarnecido como os demais quartos e cuja única decoração se limita a cadeiras colocadas ao redor das paredes.
Naquele andar se encontram também os quartos destinados aos filhos da pranteada e prematuramente falecida filha [Dona Leopoldina], Dom Pedro Augusto e Dom Augusto.
Todo o palácio é de uma simplicidade personificada, assim como também se distinguem as almas de seus augustos proprietários.
A verdadeira grandeza não se mostra com a pompa e a ostentação, mas em magnanimidade do coração e esta se encontra aqui em grande quantidade.”

À tarde visitaram o Vale de Quitandinha onde viram a leitaria do francês Buisson.
Este, além de fazer queijo, tinha uma importante coleção de orquídeas.
Assim terminou a visita à cidade serrana.
A Princesa que desejava ver tudo, chegando ao Rio, foi ver a Capela Imperial e o Paço da Cidade.
Na capela imperial, Theresa teve ocasião de voltar no dia 27 de setembro, a convite da Condessa d’Eu quando esta recebeu a Rosa de Ouro.
Foi uma cerimônia solene, ouvindo-se música de Mozart e de Bressmeyer, presentes os Imperadores, Dom Pedro Augusto e Dom Augusto, os filhos da Princesa D. Leopoldina, Duquesa de Saxe.
Celebrou a missa o Núncio Apostólico Monsenhor Spolverini.
Após a leitura em latim da mensagem apostólica do Papa Leão XIII, Dona Isabel se prostrou diante do altar-mor, em profunda devoção, recebendo das mãos do Núncio a Rosa de Ouro, qual símbolo de sua submissão ao Papa e em reconhecimento por ter assinado a Lei Áurea.
Theresa teve ocasião de conhecer, entre outras pessoas, os Bispos de São Paulo, do Pará e de Olinda.
A recepção no Palácio da Cidade, conforme a escreve a ilustre viajante, realizou-se sem alguma etiqueta.
Ficou impressionada em ver senhoras levando as crianças a circularem a torto e a direito pelos salões.
Tudo acabou com um imponente desfile militar, ao qual assistiu com a família imperial do balcão central do palácio.
No mesmo dia à tarde, Theresa realizou uma visita ao Palácio Leopoldina, a residência do Duque de Saxe, naquele tempo já propriedade dos Príncipes Dom Pedro Augusto e Dom Augusto.
Foi recebida pelos dois jovens príncipes: “conduziram-nos [toda a comitiva] através dos altos salões, dignos de serem vistos.
Estes são em parte arrumados à maneira brasileira e em parte europeia.
Ao lado das amplas salas para recepções, decoradas com quadros de família, encontra-se uma valiosa coleção mineralógica.
Existem na mesma os mais raros e valiosos exemplares de minerais do Brasil.
São minerais e diamantes das províncias.”
Além dos minerais, Dom Pedro Augusto tinha uma notável coleção de moedas do Brasil e de várias partes do mundo, inclusive exemplares gregos e romanos.
Theresa ficou muito impressionada com estas coleções e com a erudição do jovem Dom Pedro Augusto.
Depois da detalhada visita ao Rio, seguiu-se a visita à Província de São Paulo, que ela descreve em detalhes, atravessando o Vale do Paraíba.
Menciona as várias localidades, como Queluz, Jacarey, Lorena, etc.
Muito a impressionou a colonização italiana e visitou a plantação de chá da fazenda do Senhor Dietrichsson.
Em São Paulo ela foi ao Ipiranga, ver o lugar onde Dom Pedro I proclamou a independência, descendo em seguida para Santos.
Finalmente, no dia 2 de outubro chegou de trem ao Rio de onde no dia seguinte voltou a Petrópolis para despedir-se dos Imperadores.
Dom Pedro II, como ele sempre o fazia, quando se encontrava em Petrópolis estava ao chegar do trem na estação.
Assim que se cumprimentaram, Dom Pedro a convidou para participar, com a comitiva, da inauguração de um orfanato fundado por um padre.
De lá voltaram ao Hotel Inglês.
No dia seguinte à tarde, Theresa esteve no palácio para a despedida.
“Pela última vez, pelo menos no Brasil” escreve Theresa em seu livro, “tive a sorte de estar em companhia do magnânimo casal cuja única aspiração era o bem do seu povo. Mais uma vez me alegrei com a rica e instrutiva conversação do Monarca.
Uma coisa que me avivou foi a sua ausência de preconceitos, a sua simplicidade, o seu amor pela liberdade e o seu interesse incansável pelas ciências. Tenho que observar que esta vai de par e passo com a sua desaprovação do materialismo e do ateísmo.
Da Imperatriz me restou impresso o quadro de uma ilimitada bondade e do Imperador, como se pronunciou de maneira acertada, o sábio alemão Karl von Steinen é “o melhor dos brasileiros” e que muitos dos seus compatriotas, “infelizmente não sabem que pessoa eles possuem.”
O Imperador presenteou Theresa ainda com várias traduções por ele feitas do latim, do tupi, do hebraico e do sânscrito.
A última saudação foi na estação para onde ela foi acompanhada pelos Monarcas.
Voltando ao Rio, Theresa ainda foi à Tijuca e à Laranjeiras.

No dia 8 de outubro, a bordo no navio “Frankfurt” deixou o Rio com grande saudade no coração.
Estava levando uma grande quantidade de animais vivos e empalhados, plantas vivas, sementes e uma quantidade de plantas secas formavam uma enorme e valiosa coleção.
Durante anos, a “Princesa do Mato” , a simpática e culta princesa da Baviera elaborou este material em doutos estudos que ela publicou, deixando suas coleções aos museus.
Não satisfeita com as suas pesquisas, em 1898 ela empreendeu uma nova expedição bordejando toda a América do Sul do lado do Pacífico, penetrando na floresta amazônica pelo Equador.
Os seus muitos estudos que resultaram em 19 valiosas obras foram premiados com numerosas distinções da maior relevância. Entre estas, o Doutorado Honoris Causa da Universidade de Munique e de Membro Honorário da Academia das Ciências da Baviera.

Convém notar que esta distinção foi a única que tinha sido conferida, naquela época, a uma mulher: esta foi a culta e corajosa Theresa da Baviera.

O seu importante trabalho sobre a flora, a terra e fauna do Brasil termina com estas significantivas palavras:
“ No mais íntimo do coração ficou a saudade daquele país maravilhoso, além do Oceano, onde a natureza prodigou as suas mais ricas dádivas, num quadro que em nenhuma parte do mundo poderá ser igualado.”

Princesa Teresa da Baviera,  Presidente da Cruz Vermelha  da  Baviera (pintura a oleo, de R. Seitz, Lindau  1918 ) (propriedade privada)

Princesa Theresa da Baviera, Presidente da Cruz Vermelha da Baviera
(pintura a oleo, de R. Seitz, Lindau 1918 ) (propriedade privada)

Bibliografia

• Bayern, Therese von, «Meine Reise in den brasilianischen Tropen» Doyen Verlag, 2011
• Böhm, Christiane, « Wie lebten Prinzen und Prinzessinen in Wirklichkeit? » August Dreesbach Verlag, München, 2010
• Bragança, Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo, « Palácio Leopoldina » Rev.I.H.G.B. Vol. 438, 2008
• Bussmann, Hadumod, « Ich habe mich vor nichts im Leben gefürchtet » Die ungewöhnliche Geschichte der Therese, Prinzessin von Bayern 1850-1925 Verlag C.H.Beck, München, 2011
• Grimm, Claus « Bayern und Brasilien 1500-2000 ( Therese von Bayern ) » Catalogo da Exposição, Pag. 16
• Hamann, Brigitte « Die Habsburger = Ein biographisches Lexikon = Überreuter Verlag, Viena, 1988
• Herzog-Schröder, Gabriele « Prinzessin Therese’s völkerkundliche Reisestudien in Brasilien und dem westlichen Südamerika » in Bussmann/Neukum-Fichtner, 1997
• Neukum-Fichtner, Eva « Freiheit, Freiheit war es, wonach ich leidenschaftlich lechzte » Bussmann / Neukum-Fichtner, 1997