O COLONO THEODORO EPPINGHAUS

Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette

O colono Theodoro Eppinghaus nasceu em Berlim, em data que não pode ser precisada com segurança, possivelmente em 1800. Consta que era descendente de família nobre e que teria sido deserdado pela mãe por ter se casado com uma plebéia, Katrim Lakes (ou Laks), holandesa, natural de Amsterdam, que se dedicava à criação de cabras.

Na verdade, não possuímos dados precisos sobre sua família. Este fato e a originalidade do nome “Eppinghaus”, nos levaram a recorrer a um interessante estudo levado a efeito pelo Dr. Padberg Drehkpol, alemão, nascido na região denominada Westphalia, que residiu em Petrópolis, onde possuía uma casa na Presidência e que, tornando-se amigo do Dr. Guilherme Eppinghaus, se interessou em descobrir o significado etimológico da palavra.

Assim, afirma o referido estudioso que “o segundo elemento (haus = casa) corresponde em antigo e baixo alemão a “hus”, em inglês “house” e em holandês “huis”, concluindo deste modo que o nome pertence à classe numerosa dos apelidos de proveniência local, tirados do nome da residência ou origem, quer dizer: “Eppinghaus” chamava-se primitivamente alguém que era natural de uma localidade deste nome ou que tinha qualquer relação com ela.

Quanto ao significado do primeiro elemento “Epping”, o citado pesquisador nos fornece uma série de possíveis significados que ele mesmo acaba por refutar, por reconhecer não resistirem os mesmos a uma crítica filológica apurada.

Deste modo acaba concluindo que “Eppinghaus” com “pp” corresponde a “Ebbinghaus”, com “bb”, significando a terminação “ing”, deste segundo nome, a filiação ou descendência de um pai ou troco comum”(1).

(1) Anotações das informações fornecidas pelo Dr. Padberg Drehkpol ao Dr. Guilherme Pedro Eppinghaus.

Theodoro Eppinghaus era ebanista (marceneiro; entalhador), especializado na construção de móveis para piano. Este fato, provavelmente, explica sua presença em várias cidades alemãs, antes de embarcar para o Brasil.

Assim além de Berlim sua cidade natal, esteve com certeza em Wesel (Reno-Prússia), onde nasceu seu filho Pedro e Leipzig, onde nasceu sua filha Marie Sophie, pois mesmo numa Alemanha impregnada pelas composições musicais de Ludwig Van Beethoven (1770-1827) e Richad Wagner (1813-1835), o mercado de trabalho para um especialista na construção de móveis para pianos deveria ser até certo ponto restrito.Theodoro veio para o Brasil em companhia da esposa e dos filhos Pedro, Rosine Teodora, Algedunda (ou Hildegonde) e Marie Sophie, a bordo do navio “Marie”, tendo chegado ao Rio de Janeiro, em 22 de julho de 1845.

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Pedro Eppinghaus, nascido em Wesel (Reno-Prússia) a 11/02/1830 e falecido
em Petrópolis a 28/07/1906, filho de Theodoro e Katrin Eppinghaus.
(Acervo da família).

Em Petrópolis, segundo nos informa Auler, “recebeu o prazo de terras n.º 241, localizado no Quarteirão Vila Imperial, e a gratificação de 30$000 (família de seis pessoas)” (2).

(2) AULER, Guilherme. Famílias Germânicas da Imperial Colônia de Petrópolis. In: COLÓQUIO DE ESTUDOS TEUTO-BRASILEIROS, 1, Petrópolis

O referido prazo de terras ficava localizado à Rua da Garganta, posteriormente chamada Rua Aureliana, mais tarde Rua Bolívar e atualmente denominada Rua Aureliano Coutinho, englobando parte do terreno ocupado hoje pelo Edifício Príncipe de Joinville.

Dos filhos que acompanharam Theodoro Eppinghaus ao Brasil, Peter casou-se com Catarina Magdalena Konrad, viúva do colono Jacó Feeldmann, que havia recebido o prazo de terras n.º 242, no Quarteirão Vila Imperial; Rosine Teodora casou-se com Johann Mussel, filho do colono Adão Mussel que havia recebido o prazo de terras n.º 3229, no Quarteirão Suíço; Aldegunda (ou Hildegonde) faleceu prematuramente e Marie Sophie casou-se com Henrique Cristiano Hart (ou Hardt), filho do colono Pedro Hart (ou Hardt), que havia recebido o prazo de terras n.º 2028, no Quarteirão Siméria.

Além dos filhos que acompanharam o casal ao Brasil, nascidos na Alemanha, temos informações da existência de mais duas filhas que teriam permanecido naquele país, cujos nomes desconhecemos.

Em Petrópolis, Theodoro e Katrin Lakes tiveram os seguintes filhos nascidos entre 1846 e 1854, cujos nomes são encontrados nos Livros de Batismo da Igreja Evangèlica: Henrique Theodoro (Livro 1/2 – 1848 –A – 5/24); Elizabeth Henriqueta (Livro 1/10 – 1850/A – 19/110); Henrique Luiz (Livro 1/6 – 1852/A -30/176); Anna (Livro 1/27 – 1851/1852-1-7/4) e os gêmeos Eduard Wilhelm (Livro 1/38 – I – 13/ 109) e Georg Carl’ (Livro 1/38 – 1854/1855 – I – 13/105). (3).

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Henrique Luiz Eppinghaus, nascido em Petrópolis a 25/06/1852 e
falecido em Paraibuna em 1919, filho de Theodoro e Katrin Eppinghaus.
(Acervo da família)

Em dezembro de 1859, segundo nos informa Auler: “o colono Theodoro Eppinghaus já não se encontra mais em Petrópolis. Foi viver em Jacareí (SP), sendo desconhecido o motivo que o levou a deixar nossa cidade” (4).

(3) Livros de Batizados da Igreja Evangélica de Petrópolis.
(4) AULER, Guilherme, Famílias Germânicas da Imperial Colônia de Petrópolis. In: COLÓQUIO DE ESTUDOS TEUTO-BRASILEIROS, 1, Petrópolis., p.30.