DO SOBRADO AO PALÁCIO AMARELO

Maria de Fátima Moraes Argon, associada titular, cadeira n.º 28, patrono Lourenço Luiz Lacombe

Na casa n.º 12 da Rua Paulo Barbosa, residência da Família Rocha, onde hoje se encontra erguido o Edifício Rocha, foi instalada a Câmara Municipal de Petrópolis em 17 de junho de 1859, tomando posse os vereadores Albino José de Siqueira, Manuel Francisco de Paula, Manuel Cândido do Nascimento Brito, Augusto da Rocha Fragoso, João Batista da Silva, Inácio José da Silva. A referida casa e os móveis foram emprestados à Câmara pela Superintendência da Fazenda Imperial de Petrópolis, conforme informação extraída da ata da 2ª sessão da Câmara, de 21 de junho de 1859.

Em 10 de fevereiro de 1862, o Imperador D. Pedro II visitou este prédio, conforme relata em seu diário: “Fui ver o edifício da Câmara Municipal. Tinha avisado o presidente da Câmara que aí se achava bem como o procurador. A casa não é má; porém conviria em lugar de pagar aluguel de um conto comprá-la […].”

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Correio – Rua do Mordomo – Museu Imperial

O legislativo petropolitano provavelmente permaneceu neste prédio até 1863 quando então transferiu-se para o sobrado de propriedade de André Flaeschen. No dia 17 de novembro de 1863, o procurador da Câmara, Gregório José Teixeira e o proprietário da casa sita à Rua do Imperador n.º 1, André Flaeschen celebraram o contrato de arrendamento por quatro anos da referida casa, a contar do dia 15 de novembro de 1863, para servir de sede do legislativo. Tratava-se do prazo n.º 1416 da Renânia Inferior, onde funcionou o Bali Beer, esquina das atuais ruas Professor Pinto Ferreira e Dr. Nelson de Sá Earp. O contrato certamente foi renovado, pois na ata da 13ª sessão ordinária, de 17 de setembro de 1877, André Flaeschen apresentou um requerimento de 11 de agosto, no qual pediu pagamento dos aluguéis da casa que a Câmara ocupou de janeiro a julho do corrente ano.

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2_CMP_12 Museu Imperial

Em 9 de março de 1877, na 4ª sessão ordinária, o Vereador Paulino Afonso Pereira Nunes apresentou uma proposta para que a Câmara mudasse para a casa da Rua do Imperador n.º 52, sobrado, em frente ao jardim público (mais tarde foi o n.º 555/571 da Av. 15 de Novembro), já que o proprietário da casa em que atualmente a Câmara funcionava tinha elevado o aluguel para 1:000$000 réis. Os vereadores aprovaram a proposta e, em 11 de junho de 1877, na 9º sessão ordinária, por requerimento do Vereador Bartolomeu Pereira Sudré, foi consignada na ata um voto de louvor e agradecimento ao Presidente Paulino Afonso Pereira Nunes pelo relevante serviço que prestara à Câmara, “preparando com gosto, com toda a decência e conveniência a casa em que principiamos hoje a funcionar, o que tudo demonstra a dedicação e o capricho com que o mesmo cidadão exerce o cargo de presidente da nossa municipalidade”.

O legislativo petropolitano permaneceu na casa n.º 1 da Rua do Imperador provavelmente até dezembro de 1877 e, no ano seguinte, mudou-se para novo endereço. O contrato formal entre o arrendatário José Kallenbach e a Câmara foi celebrado em 19 de março de 1878, mas a sua ocupação se deu antes da assinatura conforme se verifica na ata da 7ª sessão ordinária de 4 de abril de 1878, na qual ele requer o pagamento de aluguel referente ao período de janeiro a março daquele ano.

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2_I-5-2-1-9-Nº73 – Museu Imperial

A Câmara recebeu, neste prédio da Rua do Imperador n.º 52, em 25 de fevereiro de 1881, a visita de D. Pedro II.

Segundo informação de Walter Bretz (Tribuna de Petrópolis, 17/06/1919), em virtude de sucessivas enchentes, a Câmara passou a funcionar por um determinado tempo no sobrado do prédio n.º 649 da Av. 15 de Novembro, anteriormente ocupado pela Farmácia Simas (depois Petrópolis) e, mais tarde, pelo Banco Nacional de Minas Gerais. Em 1895, voltava a Câmara para o sobrado de José Kallembach, conforme notícia publicada na Gazeta de Petrópolis, 29/01/1895.

Provavelmente a Câmara permaneceu neste prédio até transferir-se para a sua sede própria designada oficialmente Paço Hermogênio Silva, mas conhecida popularmente como Palácio Amarelo. O palecete anteriormente de propriedade de José Carlos Mayrink da Silva Ferrão, veranista e servidor da Casa Imperial, foi vendido à Municipalidade pelo então proprietário o Barão de Guaraciaba, em 5 de julho de 1894, pela quantia de sessenta contos de réis.

O prédio passou, durante quase três anos, por várias obras e a Câmara Municipal de Petrópolis só se instalou nele em janeiro de 1897, conforme a Gazeta de Petrópolis, de 30 de janeiro de 1897.

A Câmara Municipal de Petrópolis, instalada há cento e doze anos no Paço Hermogênio Silva, registra mais uma ação significativa na sua trajetória: A abertura do Palácio Amarelo à visitação pública!